Artigo – 21.10.2013

Conselhos de Macho
Pra Macho - Parte II

(Ou: Solidariedade Ministerial)


Jorge de Piatã (*)

Bem, aquele foi o primeiro diálogo grampeado. Dois dias depois, quando acabara de revogar, injustamente pressionado pela opinião pública internacional, a ordem de expulsão daquele safado pasquineiro, o nosso presidente veio de ser novamente grampeado em sua fala, justo quando desabafava, indignado, com o seu ministro favorito. A transcrição parcial do presidencial desabafo (sem o bafo, é óbvio, afinal o “spybrazil.com” não chega a ser tão eficiente assim) é a que segue:

Lula – Zé, eu não quero mais sabê dessa merda de ética nem dessa bosta de ideologia, tô de saco muito cheio!

Ufa! Ainda bem que você tomou juízo, companheiro... sua recaída foi breve, mas já estava me preocupando... a mim e a toda a cúpula do partido...

Lula É Zé, ninguém me entende e ainda tão gozando com a minha cara!... Inda mais agora que não me deixaro botar aquele filho da puta pra fora...

Importa não companheiro Lula. O que não falta é reacionário da imprensa pra gente botar no lugar na hora certa. Vamos botar a batata deles pra assar! Mas, agora, pra recuperar os ânimos lembre-se dos bons tempos do ABC quando os lacaios da ditadura ao invés de se preocupar com seus pileques se preocupavam apenas com as suas palavras de ordem... Faça como eu: eu quero mais é que a imprensa e a opinião pública se explodam!

Lula – É Zé mais tá demorando prus companhêro importante assumi isso..., por que será que nenhum ministro importante ainda não teve a corage de dizê que tá se lixando pra opinião pública... É muita falta de solidariedade, Zé...!

– Deixa pra lá, companheiro, um dia ainda haveremos de ouvir até ministro do Supremo jogando essa verdade na cara dessa imprensa fascista que tanto te maltrata! Quem viver verá! Mas, pra te dar uma força nesta sua decisão de mandar as preocupações éticas e ideológicas de uma vez por todas pro espaço quero te lembrar que já fizemos bons avanços ao botar pra correr o Plínio, o Chico, o Ivan, a Heloisa, a Luciana... E é só uma questão de tempo pra gente dar uma regulada no Celso aqui em São Paulo e no Bassuma lá na Bahia... Ah, sim, os companheiros do interior não nos preocupam, os meninos do PMDB tomam conta deles pra gente... Aí então, do norte ao sul, vamos fazer uma faxina geral no partido...

Lula – É, sim, bem pensado Zé, essa turma não tem consideração mêrmo e além do mais não sei porque eles tem tanto medo da imprensa...

Deixa pra lá, companheiro... Ah! Voltando à conversa que interessa, vamos começar a dar uma gelada no palhaço do Suplicy... Primeiro você se faça de desentendido quando ele tentar se reunir com você... Mais adiante, vamos articular a substituição da candidatura dele para colocarmos no Senado um companheiro que seja mesmo da nossa confiança. E não se preocupe: do jeito que ele é besta ele ainda vai fazer campanha pra gente, inclusive pro substituto dele que nós indicarmos...

Lula – É Zé, mais mêrmo assim tô preocupado com as palavra do companhêro Chave...

– Preocupe não, cara, com ele a gente se entende! Enquanto isso, trate de tomar mais umas e outras pra recuperar os ânimos e pra se relembrar de agora por diante só e somente das suas palavras de ordem... dos bons tempos..., quer dizer...!

LulaVô lembrá mêrmo Zé, é isso aí: Trabalhadô unido jamais será vencido, não é? Mais o pior é que tô muito mais preocupado mêrmo é purquê o companheiro Chave, depois desse meu disacerto de não despachá o jornalista americano é capais de não me mandá mais a ôtra caixa daquela cachaça arretada que ele me prometeu...

Se preocupe não companheiro, se isso acontecer a gente requisita outras caixas pelo orçamento público... E você é que vai escolher: pode ser até daqueles conhaques brabos que você tomava antigamente pra afinar seus discursos... Ôpa, companheiro, vou desligar... Tem linha cruzada... estou ouvindo um sussurro em inglês e risadas... Pode ser coisa pra fazer o prato do Assange e do Wikileaks... Vou desligar...”

Lula –Peraí Zé, esses negócio no prato qui ocê tá falando aí é tiragosto, num é?

Telefone – “Tum... tum.... tum...”

(*) Jorge Soares de Oliveira (Jorge de Piatã), bacharel em Direito (UFBA: 1969), OAB-BA nº 3.401, escritório em Brumado-BA, atuando ainda em Livramento de Nossa Senhora, Rio de Contas, Vitória da Conquista e Salvador.