A transmutação de
direitos em favor
Por: Zeferino Neto (*)
zifaneto@gmail.com
(continuação)
“Esta semana, (...) divulgou nota vangloriando-se de que o município poderia ser o primeiro a pagar o salários dos professores com o piso nacional reajustado em 13,01%, passando para R$1.917,78. Aliás, muito pouco! O piso e o reajuste, é bom lembrar, não dependem dos municípios. É regulado por lei federal, sendo o reajuste fixado, anualmente, pelo Ministério da Educação. Pagá-los não é mérito de prefeitos e sim obrigação.”
Vale ressaltar que esse é um comportamento que está no âmago da política livramentense e que nunca se limitou apenas ao executivo, enveredando-se até o Legislativo. Lançando mão do bordão “a voz do povo é a voz de Deus”, gostaria de trazer à baila, também, trecho de um e-mail publicado no Mandacaru da Serra, atribuído a Rosangela Alves, em 17/01/2015:
“Ainda assim, é considerado pela população local um ídolo, porque na hora da doença conta com ele para dar um ‘jeitinho nas filas dos hospitais da região’, ou uma ajudinha no valor de exames particulares, com auxílio das aves de rapina da política.” (Re referindo-se a um representante do Legislativo)”.
Para ser eleito vale tudo, até mesmo aproveitar da falta de informação do povo sobre direitos e deveres. O assistencialismo usado pelos vereadores em Livramento não se diferencia em nada de um traficante do morro. Como é o caso de Celso Pinheiro Pimenta, o Playboy, considerado o criminoso mais procurado do Brasil, que aproveita o cenário desolador (faltando água, luz, escola e sobrando lixo e pobreza) “para angariar simpatia, apoio e poder à base de assistencialismo”.
A postura e o comportamento dos representantes do Executivo e Legislativo de Livramento de Nossa Senhora fazem despertar no homem mais calmo o instinto mais primitivo. Faz despertar o Capitão Nascimento que existe em nós. Não é à toa que, na maioria das salas dos cinemas brasileiros, [o filme] Tropa de Elite foi aplaudido quando Nascimento espanca o deputado que estava envolvido com as milícias.
Mas, antes de bater no corrupto, ele nos brinda com a seguinte reflexão: “No Brasil é muito difícil prender autoridade, político então nem se fala. Imagina a merda que ia dar se o BOPE trabalhasse deputado corrupto como trabalha traficante.”
Enquanto isso, na primeira sessão ordinária de 2015, ocorrida na “câmara dos vereadores”, foi proferido pelo presidente o seguinte: “o compromisso de trazer para a Câmara a realidade do cotidiano dos cidadãos e garantir que os direitos sociais da população serão respeitados. Ressalto a necessidade de reaproximar a população do Poder Legislativo de Livramento de Nossa Senhora e prometo uma gestão voltada para a ética e a total transparência” (Fonte: http://www.l12.com.br)
Por favor, mentiras sinceras já não me interessam mais! Acho que ficaria melhor dizer aproximar o povo do Legislativo, porque dizer reaproximar significa que o povo esteve perto em algum momento do passado, quando na verdade o povo de Livramento só foi até hoje convocado, enxotado, escorraçado das suas casas para votar, e nunca foi convidado para participar dos projetos políticos da cidade.
Ouvir a palavra democracia da boca de um edil que está oito, doze anos no poder, é querer passar para nós o atestado de otário. Isso me faz lembrar a advertência de Nietzsche na sua obra Para além do Bem e do Mal: “Toda palavra é uma máscara, todo discurso é uma fraude, toda filosofia é uma pantomima". Senhores, eu aprendi que, pra se viver em um regime democrático, é preciso que haja rodizio, se não vira monarquia.
É notório o empenho de alguns membros da casa para manter o povo em total dependência. Quando, na verdade, quem deve ser o protagonista desse grande espetáculo chamado política é a população, que é constantemente ridicularizada por não saber a força que tem.
Pois, como dizia o rei do gado, Senhor Bruno Mezenga, em conversa com o amigo senador:
- O senhor senador já viu o estouro de uma boiada?
- Eu nunca lidei com boi.
- Mas lida com o povo, um e outro não sabem a força que tem.