18.02.2008
Ação pelo meio ambiente

Nascente do Rio Taquari, na Serra das Almas, onde a água é pura e cristalina
O município de Livramento de Nossa Senhora, na Bahia, localizado no final da Chapada Diamantina, a sudoeste do Estado, possui verdadeiros paraísos ambientais, incluindo a caatinga e matas ao pé de serra, além do vale do Brumado, onde se destaca impressionante queda d’água, na forma de “véu de noiva”, com cerca de 300 metros, batizada de “Cachoeira de Livramento”, principal “cartão postal” da região.
Um desses paraísos, que clama por preservação, encontra-se em num canto da Serra das Almas, quase em ângulo reto, a pouca distância do Pico das Almas, próximo ao povoado de Itaguassu. O local se chama “Alto dos Teixeira”, onde nasce o Rio Taquari, de água pura e cristalina, mas que chega morto e fétido ao Rio Brumado, do qual é afluente. No percurso, recebe toda sorte de poluição, inclusive o esgoto da cidade de Livramento.
Mais de 40 professores filiados ao Sindicato dos Profissionais da Educação de Livramento visitaram o local, último dia 10 de fevereiro, como uma das ações do “Projeto Meio Ambiente. Multiplicadores em Ação”, cujo lema é “conhecer, refletir e agir”. Segundo o presidente do sindicato, professor Nairton Rego, o objetivo é colocar os educadores em contato com a riqueza ambiental, conscientizando-os das ameaças que pairam sobre a natureza, originadas da própria ação predadora do homem.
Sinais preocupantes de degradação e poluição ambiental foram detectados pelo grupo, inclusive o descarte de embalagens plásticas, já a partir da nascente do Rio Taquari. O mais grave, porém, foi a constatação da ação de uma mineradora, que escavou o coração da Serra das Almas, onde despeja resíduos de um dilatador de rocha químico, suspeito de ter alto poder intoxicante, que podem escorrer para as correntes de água, indo direto para o rio.
O Sindicato pretende reunir em um relatório todas as observações e levantamentos feitos, a ser enviado para as autoridades ambientais e também servirá de apoio didático ao trabalho educativo que os professores planejam desenvolver nas escolas.

Rio Taquari, no Taquari, onde se encontra morto e poluido pelos esgotos
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18.02.2008
Dormindo na fila da Educação

Pais e alunos dormiram duas noites na fila, para garantir vaga em escolas estaduais
Dezenas de pais, mães e estudantes dormiram duas noites em frente ao portão da Escola Polivalente de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, segundo eles, para garantir uma vaga na rede estadual de ensino, em 2008. A matrícula, centralizada no Polivalente, começaria na terça-feira, dia 12 de fevereiro, mas eles começaram a chegar ao local ao meio dia de domingo, dia 10, apesar da Secretaria da Educação do Estado garantir que havia vaga para todo mundo. A preferência por determinados colégios, principalmente o Centro Educacional João Vilas Boas, onde sonham estudar os alunos que vão para a quinta série, e a desinformação sobre o processo da matrícula foram as causas da fila. De qualquer modo, gerou cenas tristes e revoltantes, que já se repetem pelo terceiro ano consecutivo, revelando o descaso com que a Educação é tratada na Bahia e no Brasil.
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18.02.2008
Estátua embeleza praça

A estátua mutilada por vândalos foi substituida por uma nova, embelezando a praça
Muitas vezes, a beleza e a alegria das praças estão em pequenos detalhes, representados por obras de arte ou por peças simples, anonimamente moldadas e produzidas, como as pequenas estatuetas tão comuns na ornamentação de logradouros das pequeninas cidades do sertão, como Livramento de Nossa Senhora, na Bahia. Numa das esquinas da pracinha denominada Francisco Guimarães Tanajura, mais conhecida como “Praça do Graúna”, point da juventude local, principalmente dos estudantes, havia uma dessas estatuetas, uma bela escultura, que parecia um anjo barroco, mas foi mutilada por insanos atos de vandalismo. Uma outra, porém, de igual porte e beleza, foi colocada no lugar, segundo soubemos, por elogiável iniciativa da Primeira Dama do Município, D. Suzete Spínola, resgatando aquele traço singelo, mas significativo para o embelezamento do local.
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18.02.2008
Pocilgas contaminam rio
A água do aprazível Rio Brumado, que margeia a bucólica cidade de Livramento de Nossa Senhora, na Bahia, encontra-se contaminada por esgotos residenciais e por dejetos que escorrem de pocilgas mantidas em suas margens (fato já denunciado aqui por um leitor). Os criatórios de porcos ficam praticamente dentro do rio e são inundados quando há uma enchente. Pelo menos duas pocilgas foram localizadas pelo “O Mandacaru”, no trecho entre o bairro Rua do Areão e a localidade denominada Valérios, que fica a jusante. Tudo isso sem falar do próprio esgoto da cidade vizinha de Rio de Contas, de bares e outras atividades poluidoras desenvolvidas às margens do Rio.

Criatórios de porcos estão contribuindo para contaminar a água do Rio Brumado
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18.02.2008
Obras vão ao ar, no rádio
Os políticos e os administradores públicos descobriram o poderoso efeito da comunicação radiofônica, como há muito já faz o próprio presidente Lula e, agora, o governador Jaques Wagner. Em Livramento de Nossa Senhora, Bahia, o prefeito Carlos Batista e seus auxiliares vêm utilizando as ondas sonoras da Rádio Portal FM para divulgar as realizações da Prefeitura. O programa, com duração de 15 minutos, às 7h das sextas-feiras, não foi veiculado nas últimas semanas, mas as edições anteriores já divulgaram, por exemplo, que a atual gestão já melhorou e construiu 60 km de estradas, fez e mantém 78 poços artesianos; construiu 185 banheiros na zona rural e já calçou 15.300 metros quadrados de ruas, na cidade, com recursos próprios, e mais 5.180 metros quadrados, no bairro da Estocada, com recursos da Caixa Econômica Federal.
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03.02.2008
E N T R E V I S T A
Michele Moura Lima

Aluna do Colégio Estadual João Vilas Boas, de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, a estudante Michelle Moura Lima vai representar seus colegas de escolas públicas na 1ª Conferência Nacional de Educação Básica, em Brasília-DF, próximo mês de abril. Participante da Conferência Municipal, realizada pela Diretoria Regional da Educação da Bahia, na cidade de Brumado, foi escolhida para representar os alunos das escolas públicas da região na 1ª Conferência Estadual, em Salvador, ocorrida de 13 a 15 de dezembro de 2007, durante a qual foi indicada para o encontro nacional. O objetivo dos encontros é reunir subsídios destinados a alimentar o projeto do governo federal para a implementação de ações articuladas, no setor da educação básica, envolvendo municípios, estados e União. Michelle, filha de Vilmar Maria Moura e Silva e José Basílio de Oliveira Lima, tem apenas 16 anos, vai cursar em 2008 a terceira série do ensino médio e é considerada uma aluna bem acima da média da sua geração. Provoca encanto entre o professorado e a admiração dos colegas. Mede 1m82 e pratica boxe. Na música, prefere a bossa nova. Na literatura, já leu obras como “Memórias Póstuma de Brás Cubas” (Machado de Assis), “Triste Fim de Policarpo Quaresma” (Lima Barreto), “Tenda dos milagres” (Jorge Amado), “Helena” (Machado de Assis), “Senhora” (José de Alencar), “O Tronco do Ipê” (José de Alencar), “Viva o Povo Brasileiro” (João Ubaldo Ribeiro), “Clara dos Anjos” (Lima Barreto), “O cortiço” (Aluisio de Azevedo), “Vidas Secas” (Graciliano Ramos), “Memórias de um Sargento de Milícias” (Manoel Antônio de Almeida) e “Quincas Borba” (Machado de Assis). Atendendo solicitação do editor, Michelle concedeu a seguinte entrevista ao “O Mandacaru”:
O Mandacaru - Quem é Michele, o que ela faz, além de estudar, que tipo de diversão ela gosta? Tipo de música, livros, cinema, comida? Enfim, quais são seus objetivos de vida? O que acha da cidade onde nasceu e mora?
Michelle - Não seria tarefa tão árdua assim caracterizar ou pelo menos tentar idealizar um adolescente e suas peculiaridades nos dias atuais. Claro que ao projetar uma imagem exterior dos mesmos não teríamos tantas surpresas. Esse período de transição é marcado por conflitos diversos. Tenho vários objetivos de vida, e os acho muito importantes. Felizmente, o sonho e ambição de ingressar em uma Universidade continuam a fazer parte do dia-a-dia de muitos adolescentes, principalmente os de ensino médio, e continua a ser meu principal objetivo. Moro em livramento desde que nasci, e tenho por ela enorme carinho e admiração. Uma cidade pequena, que não oferece muitas opções de lazer. Particularmente, procuro distração em algo que faço desde muito pequena, o esporte. Luto boxe há algum tempo e tenho uma paixão especial pelo futsal.
O Mandacaru - Como você foi parar nas conferências de educação? E o que está achando dessa experiência?
Michelle - Um ou dois dias antes da viagem para a primeira Conferência Regional da Educação Básica em Brumado, Tiago, meu colega de classe, contou-me a respeito desse evento, e que tinha sido chamado para representar o Colégio. Achei muito interessante, pois seria uma boa oportunidade para ver de perto as propostas para a construção de políticas educacionais que garantissem a democratização de gestão e a qualidade social da educação. No mesmo dia, ao final da aula, Jânio Soares, diretor do CEJVB (Colégio Estadual João Vilas Boas), perguntou-me se eu poderia ir junto a eles participar também. Minha resposta foi um sim imediato. Achei a experiência fantástica. Foi uma grande mobilização dos sujeitos sociais de diferentes setores e segmentos da sociedade civil. A Conferência Regional em Brumado foi curta. A Conferência Estadual, em Salvador, foi mais exaustiva. Três dias de estudos dos eixos temáticos e mais elaboração de propostas.
O Mandacaru - As conferências de educação, das quais você vem participando, fazem parte do plano do governo federal para coletar subsídios que permitam a formulação e execução de ações integradas, no setor, envolvendo União, estados e municípios. Depois do que observou nos encontros de Brumado e Salvador, no ano passado, que conclusões pessoais você tirou dessa proposta governamental?
Michelle - Esse trabalho de discussão e colaboração entre vários setores que compõem a educação, a fim de criar um sistema integrado de ensino, é uma medida muito inteligente. No entanto, sabemos que a Conferência Nacional, a ser realizada em abril deste ano, não é a primeira. Ainda assim, nada mudou. Ouvem-se propostas, idéias, estudam-se eixos, entretanto, na prática, não verificamos a execução desses projetos. Dados oficiais nos preocupam todos os dias, comprovando inúmeras deficiências na educação baiana. Acredito que, na realidade, seja necessária uma ampla mobilização para desencadear um processo sustentável de avanços sociais, além de muitos investimentos ao setor. Não há como se pensar, por exemplo, em mudanças sociais e exercício da cidadania com a persistência dos índices atuais do analfabetismo e do desemprego. Variáveis altamente correlacionadas entre si e a pobreza. Então, o que parece é que nada disso é válido. Mobiliza-se vários setores da educação, gasta-se dinheiro e, o pior, ilude-se. Cria-se a esperança de que o desenvolvimento dessas conferências nos trará uma educação completa, digna dos nossos vultosos impostos, e acessível a todos, dada a proporção e repercussão do evento.
O Mandacaru - Na sua avaliação, quais são hoje os problemas mais graves afetos à educação, especialmente na Bahia e no município de Livramento de Nossa Senhora? Que sugestões você apresentaria para solucioná-los?
Michelle - O termo sugere algo bem mais amplo que a escola. Começa em casa onde aprendemos as primeiras informações sobre o mundo. Continua na vida pública, nem sempre um espetáculo edificante. Acredito que um dos pontos críticos da nossa educação está na base da aprendizagem. Estamos entre os cinco estados com maior índice de analfabetismo do país. Enquanto isso, vemos políticos concedendo-se aumentos consideráveis aos seus já polpudos ganhos, quando professores recebem salários humilhantes, sem a possibilidade de melhorar sua formação, uma vez que, não são oferecidos a eles cursos gratuitos para esse propósito. Ora, as notícias que assistimos em telejornais em relação ao Governo Federal é espantosa. Investem-se milhões na educação como um todo. No entanto, os índices desmentem os fatos. Onde estaria esse dinheiro? Nos cofres públicos, mofando, ou sendo gastos em outras prioridades da cidade? Intrigante é que não há obras concretizando-se, ou projetos em andamento. Seriam então essas necessidades pessoais? Em Livramento não é diferente. Algumas medidas poderiam fazer com que a educação de qualidade fosse aos poucos se tornando acessível a todos, como: assegurar a educação como a grande matriz do conhecimento; assegurar a educação como um direito, articulado á garantia dos direitos fundamentais e afirmar a escola pública como espaço desse direito; reconhecer os trabalhadores da educação como sujeitos centrais do processo pedagógico; valorizar as inovações e o uso das modernas tecnologias como instrumentos pedagógicos e de gestão; atender as necessidades de zonas urbanas e rurais, etc.
O Mandacaru - Você pretende levar estas questões para a conferência nacional de Brasília ou há uma pauta específica a ser apresentada? Neste caso, que questões estão envolvidas e como planeja convencer as autoridades educacionais do governo federal?
Michelle - Não acredito que nessa ocasião me seja dada a oportunidade de sugerir novas diretrizes para a educação. No entanto, é possível que me seja concedida a possibilidade de votar. Neste caso, pretendo fazer escolhas condizentes com as sugestões que elenquei na questão anterior.
O Mandacaru - Como representante dos estudantes das escolas públicas, de que maneira você avalia o ensino público em Livramento de Nossa Senhora? O que falta em nossas escolas públicas para proporcionar um bom ensino aos seus alunos?
Michelle - Enquanto estudante beneficiada pela educação pública de Livramento, observo que em alguns casos o ensino público daqui deixa a desejar. Para que possamos ter escolas que proporcionem um bom ensino aos seus alunos acredito que é preciso muito mais que somente investimentos. A educação familiar e escolar benevolente e frouxa que hoje predomina é mais nociva que uma sala de aula com teto e chão furados e livros em frangalhos. Suponho ser necessário que todos os segmentos da sociedade se conscientizem e colaborem para a realização de uma grande reforma interna e externa em nossas escolas, visando assegurar direito á cultura, à arte, promovendo um exercício permanente de democracia, criando-se um espaço de vivência comunitária, de bem-estar, de valorização da criança, do jovem e do adulto. Afinal, o educando não é o único sujeito central no processo pedagógico.
O Mandacaru - O Colégio Estadual João Vilas Boas não possui, nem de longe, a qualificação que tinha, por exemplo, até o início da década de 1970. A Escola Polivalente desviou-se totalmente da sua proposta pedagógica original. O mesmo ocorreu com o Boaventura, que perdeu o curso de formação de professores. As demais escolas públicas estão igualmente em estado precário. Como a comunidade estudantil avalia e encara essa situação?
Michelle - O CEJVB é hoje uma das escolas mais requisitadas em Livramento. Não possui o mesmo ensino da década de 1970, porém, continua a ser respeitada e vem recuperando rapidamente a qualidade e prestígio. Pelo meu pouco conhecimento em relação aos cursos técnicos que antes eram oferecidos pelas instituições de ensino, o que posso dizer é que tais cursos, incluindo o magistério, não foram retirados pelas escolas e sim extintos por determinação de uma lei federal.
O Mandacaru - Ultimamente, tem se ouvido pela cidade que os chamados “conselhos de classe” estão aprovando graciosamente alunos que já estavam perdidos até por falta ou que apresentaram rendimento insuficiente durante o ano. Dessa forma, os colégios apresentam falsos índices de eficiência. Em sua opinião, como isso prejudica o próprio estudante e quais as conseqüências para a imagem dos estabelecimentos?
Michelle - Os chamados “conselhos de classe” prejudicam não só a imagem do estabelecimento como também o próprio aluno. Ao aprovar para a série seguinte um aluno que ao longo do ano não conseguiu o mínimo necessário em uma determinada disciplina, a escola contribui com o descaso com que é tratada a educação em nosso país. Ao perceber as facilidades que lhe são oferecidas para ser aprovado de uma série para outra, o aluno passa a se sentir auto-suficiente e completamente despreocupado com os estudos. Acomodados e desinteressados são na maioria das vezes esses alunos que fazem com que as aulas se tornem cada vez mais incompreensíveis. Acredito que determinada escola deve ser requisitada não pelos defeitos, mas pelas qualidades, objetivando a formação de jovens e adultos competentes e prontos a ingressar em um mundo altamente competitivo, onde os índices atuais apontam para o aumento do desemprego, devido a ausência de qualificação.
O Mandacaru - Os colégios públicos de Livramento de Nossa Senhora sofrem um “natural” descaso dos governantes, o que explica, de certa maneira, o estado precário em que se encontra a nossa educação. Mas se observa, também, que, infelizmente, a maioria dos pais e dos alunos, demonstra o mesmo desinteresse, não exigem, não cobram nada, não acompanham. Ao que você atribui essa realidade?
Michelle - A falta de interesse da maioria dos alunos em cobrar melhores condições de educação está relacionada, muitas vezes, ao desinteresse dos próprios pais em relação a vida escolar dos filhos.Tal fato faz com estes sintam-se livres, no direito de fazer o que bem entenderem,já que não são devidamente cobrados e acompanhados pela família, a qual, de certo modo, priva-se da vida particular e social dos filhos, com a desculpa de que o trabalho ocupa grande parte do seu tempo.
O Mandacaru - Existem muitos bares e os chamados “inferninhos” em Livramento. O poder público permite a venda de bebidas alcoólicas em equipamentos públicos, como ocorre na praça em frente ao Colégio Estadual João Vilas Boas. São apelos muito fortes para toda sorte de vícios, incluindo, além do álcool, drogas pesadas. Que sugestão você apresentaria para amenizar essa realidade?
Michelle - Acredito que acontece em Livramento o mesmo de décadas atrás, os bares e demais lanchonetes transformaram-se quase em uma ”tradição” e hoje faz parte do dia-a-dia da maioria dos moradores, talvez por não possuírem outros meios de distração e lazer. Em relação aos bares que permitem a venda de bebidas alcoólicas a jovens e crianças, penso que a repreensão deve sair de casa. Os responsáveis por esses jovens devem impor suas regras e participar ativamente da vida do filho, pois sabemos que a lei não permite tais vendas, mas sem uma fiscalização adequada essa situação fica a critério da consciência do proprietário do estabelecimento que acaba por optar em vender e obter lucros
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03.02.2008
Anulada concorrência irregular
Conforme divulgado no Diário Oficial do Município, de 25.01.2008, acessível somente via internet, através do link http://www.io.org.br/sitesMunicipios/temp/2008_01_2567004671.pdf, o prefeito de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, Carlos Batista, resolveu anular a Concorrência n.º 004/2007, para construção da adutora do distrito de Itanajé. Na mesma decisão, tornou sem efeito todos os atos direta ou indiretamente relacionados ao processo licitatório e determinou a abertura de nova licitação, com a mesma finalidade, depois de sanadas “as falhas apontadas”. O aviso de licitação havia sido divulgado em 27.12.2007, tornando pública a realização da concorrência em 28.01.2008. Um dos concorrentes, entretanto, teria detectado irregularidades no edital e denunciado ao Ministério Público, levando à sua anulação. Com a pressa em executar essas obras, orçadas em R$3.131.399,66, fica a falta de esclarecimentos sobre a adutora de Iguatemi, que dispensaria a de Itanajé, por cobrir as mesmas necessidades. O que se indaga é se as duas, no trecho comum, ficarão paralelas, quando poderia haver somente uma, gerando incontestável redução de custos.
Também em janeiro, dia 23, a Prefeitura publicou os extratos de contrato para contratação de serviços de engenharia para elaboração dos projetos básicos da adutora de Iguatemi e de transposição das bacias dos riachos Taquari/Vereda para o Rio do Paulo (contratos nº. 186/2007 e nº. 187/2007), ambos pela Ecosfera Engenharia Ltda. Na mesma data, foram divulgados os avisos de homologação das respectivas cartas-convite. No caso da adutora da Vila de Iguatemi, o contrato de liberação de recursos, nº. 075/2007, no valor de R$148.000,00, tinha prazo de execução de 120 dias, contados a partir de 1º de junho de 2007.
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03.02.2008
Adeus triste, a ULES acabou
A notícia triste está na página do Orkut, 13 de dezembro de 2007, com o título melancólico e desanimador: “Adeus, ULES”, seguido do texto ainda mais desesperançoso “A ULES comunica a todos que encerrou as suas atividades. Agradecemos a todos pela cooperação (ou falta dela)”. ULES, no caso, é a sigla da União Livramentense dos Estudantes, que congregava os estudantes do município de Livramento de Nossa Senhora. Sem dúvida, sua extinção representa um golpe nos ideais dos nossos meninos, da nossa juventude. Pouco mais de um mês depois, realizou-se, na cidade, uma “Conferência de Juventude”, onde o assunto se quer foi mencionado. Quem ou o que estaria por trás da impossibilidade do grupo continuar?
O “adeus” ocorre exatamente dez meses após o então presidente da entidade, Júlio Rodrigues, ter divulgado o relatório das conquistas do grupo e anunciado novos projetos, demonstrando firmeza e determinação. Dizia ele, em 25.02.2007: “Depois de mais de um ano de grandes debates, diversas manifestações e projetos de repercussão estadual, a União Livramentense de Estudantes amadureceu substancialmente a ponto de apresentar para todos um grande programa de mudanças nas principais ‘travas’ da nossa cidade que impedem uma vida mais digna, não só para os estudantes, como para todo o povo. Muitas das bandeiras passadas foram alcançadas graças ao suor de todo um grupo unido. Agora, existe a possibilidade de ousar ainda mais na medida em que mais pessoas entendem o papel que cada um de nós tem nesse mundo. Por isso que o possível foi feito. E o impossível iremos fazer”.
Entre as metas, estavam: residência para estudantes da zona rural, na sede do município; institucionalização, mediante lei, das residências de Salvador e Vitória da Conquista; introdução do ensino e prática do xadrez nas escolas públicas; eleições diretas para diretores das escolas públicas; realização de mostras de cinema e cultura; realização de torneios inter-colegiais de xadrez e futebol de salão; criação do time de futebol da ULES; instituição de um centro de debates de idéias e projetos; luta por uma extensão de universidade pública em Livramento; e reabertura do curso público municipal de pré-vestibular.
Sobre o “Adeus, ULES”, manifestou-se o jovem Vladimir Meira, na própria página do Orkut: “Acho lamentável vocês desistirem dessa forma. Sei que estou de fora, não tenho muito conhecimento do que tem se passado, mas acredito que dificuldades e obstáculos sempre haverão, e é preciso buscar alternativas, sempre, para superá-los. Se realmente essa geração vai desistir, espero que outras venham e construam, outra vez, este instrumento que lida com os sonhos, as esperanças e as conquistas dos estudantes de livramento. Viva a ULES!!!”.
Salvo engano, é a terceira tentativa que se frustra, para recuperação do movimento estudantil de Livramento, em torno da entidade cuja sigla sempre foi ULES, a mesma que tanto empolgou e uniu os estudantes, por exemplo, da década de 1960, incluindo o período negro da ditadura militar. Torcemos para que os meninos da geração nova retomem essa bandeira, sempre adequada para os debates nesse importante segmento de jovens da nossa comunidade e não deixem perecer ideais tão nobres e de que estamos tanto a necessitar!
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03.02.2008
Conferência sem a juventude

Alguns dos problemas afetos à juventude de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, foram expostos por pessoas e entidades representativas da comunidade local, durante a “1ª Conferência Municipal de Políticas Públicas de Juventude”, realizada dia 25.01.2008, na sede da Câmara de Vereadores, sob a coordenação da Secretaria Municipal de Assistência Social. Além de não ter comparecido todas as representações comunitárias, não teve como não ser registrada e criticada a ausência quase total dos beneficiários das propostas, os jovens.
O encontro foi aberto pelo prefeito municipal, Dr. Carlos Batista, que destacou ser preciso atender as demandas específicas dessa faixa etária da população, lembrando que “os problemas dos grandes centros chegam a Livramento” e que é necessário combatê-los. Informou que está em andamento, na Administração, projetos de informatização das escolas, com acesso à internet, como meio de inserir o jovem no mercado de trabalho; de um curso profissionalizante, a ter lugar no Colégio Estadual Humberto Leal; a Universidade Aberta, em convênio com o governo federal; e a Biblioteca Municipal; tudo em benefício da juventude de Livramento.
Resumo das palestras
Ulisses Filho (pastor evangélico) – Pediu para que fossem abandonadas a mesmice e a passividade, substituindo-as pela criatividade. Lembrou que o jovem precisa ter a ousadia e a visão da água, nunca a lentidão da galinha. Que a vida é construída a partir da projeção e realização de pequenos sonhos, pequenas metas, sucessivamente. E solicitou dos governantes projetos concretos para o bem-estar social.
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Janiquece Aguiar (assistente social) – O jovem é o protagonista da cidade onde mora, mas cerca de 70% dos municípios não dão importância a essa conferência. O jovem pensante e atuante é importante para qualquer cidade, para qualquer país. Um município não cresce se não sabe o que o jovem precisa e como ele pensa. Fez um comparativo entre jovens que morreram lutando, na época da ditadura militar, e a juventude apática de hoje. Disse que o jovem precisa estudar, conhecer e participar, sugerindo que se comece por saber sobre as necessidade da rua onde mora, depois da cidade, do estado e do seu país.
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Dr. Wanderley Guedes (médico)– Chamou a atenção para a grave questão das doenças sexualmente transmissíveis, as antigas “doenças venéreas”, da centenária gonorréia à AIDS dos tempos atuais. Mostrou os perigos que envolvem essas doenças, podendo até levar à morte, além de causar sofrimentos e sérios distúrbios familiares e sociais. Disse que as principais causas da sua disseminação é o desconhecimento e a falta de cuidados com a prevenção, notadamente entre os jovens. Ensinou que é importante não subestimar as doenças, adotar rigorosos cuidados higiênicos, ter um só parceiro sexual, sempre usar preservativos e consultar periodicamente o médico. Lembrou que a mulher é quem mais pode contribuir, recusando as relações descuidadas.
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Renato Luz (estudante) – Disse que o Estado não se preparou para atender os seus atuais 50 milhões de jovens. Citando estatísticas, afirmou que metade destes não trabalha e os que trabalham recebem metade do salário mínimo. Apontou a falta de políticas públicas para os jovens de Livramento; a falta de um pólo universitário no município; falta de acesso à informática para os jovens rurais. Opinou que não há jovens acomodados e sim falta de oportunidades para eles. Sugeriu que o jovem fosse preparado para o vestibular em sua própria cidade. Lembrou que o Estado tem uma conta alta para com a juventude e “tem de pagar”.
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Katherine Meira (pedagoga) – Criticou o que considera forma preconceituosa de se atribuir aos jovens atos de delinqüência, violência e abuso de drogas. Fez críticas também à mídia, dizendo que fala muito de violência e pouco das coisas boas. Propôs a implementação de políticas públicas que criem referencial positivo, que identifiquem os jovens participantes e os mobilizem, que sejam ouvidos e lhes sejam dadas condições necessárias ao seu desenvolvimento (escola, formação, trabalho, lazer, orientação sanitária, auto-realização etc).
Propostas dos participantes
Das pessoas que lotaram o plenário da Câmara, muitas apresentaram propostas de ações e políticas públicas para atendimento das necessidades da juventude. Veja algumas delas:
- Criação de espaços culturais e apoio às iniciativas da comunidade.
- Criação do Conselho Municipal da Juventude de Livramento.
- Instalação de uma universidade, evitando migração dos jovens.
- Prêmio aos jovens que se destacarem em suas atividades.
- Trabalho social para o jovem, fora do horário escolar.
- Tornar ensino mais atrativo e estimular participação dos pais.
- Incentivo e melhoria das estruturas dos grêmios estudantis.
- “Câmara-Mirim”, inserindo o jovem no ambiente administrativo/legislativo.
- Criar Secretaria Especial da Juventude.
- Políticas públicas com oportunidades para os jovens.
- Instalar biblioteca pública municipal.
- Promover eventos poliesportivos.
“O Mandacaru” sugere que seja criado um Centro de Referência para os jovens, que congregue e gerencie todas as propostas acima.
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03.02.2008
Dois anos de Conselho Tutelar
O Conselho Tutelar do município de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, criado com base na Lei Federal nº. 8.069/1990, completou dois anos em 2007. Nesse período, foi detectado pelo órgão que os incidentes envolvendo crianças e adolescentes ocorrem, principalmente, nas seguintes situações: negligência materna, disputa de guarda, falta à escola e abandono escolar, situações de risco por diversos motivos, e menores que não respeitam os pais ou responsáveis. No biênio, foram registradas 488 ocorrências, 306 em 2006 e 182 em 2007. O conselho notificou 234 pessoas, fez visitas regulares a 56 famílias, 45 visitas a estabelecimentos escolares e promoveu 49 inspeções residenciais para definição de tutela. Integrantes: Vilson Silva Santos (presidente), Joselito Cardoso Soares (vice-presidente), Nara Mayr Santos Alves Gomes (secretária), Antônio Ivaldo Neves Silva e Almerinda Pereira Belarmino Oliveira.