Administração – 28.10.2009

TCM aprova contas, com ressalvas

O Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia (TCM) aprovou hoje, por unanimidade, embora com ressalvas, em parecer prévio, a prestação de contas da Prefeitura do Município de Livramento de Nossa Senhora, relativas ao ano de 2008, cujo gestor é o prefeito Carlos Roberto Souto Batista. Quebrou, assim, uma série de duas rejeições, ocorridas nas contas de 2006 e 2007, o que premia o anunciado esforço da administração para evitar repetição das catástrofes anteriores, que ficaram na história do município.

Por conta das ressalvas, porém, foi imputada uma penalidade de multa ao prefeito, no valor de R$5.000,00. O inteiro teor do relatório, apresentado pelo conselheiro José Alfredo, assim como a ata da sessão estarão disponíveis no site da TCM, a partir da próxima semana.

Diz-se “parecer prévio” porque a competência constitucional para julgar as contas dos gestores municipais é da Câmara de Vereadores, que representa a comunidade. O parecer do TCM, órgão técnico capacitado para realizar as análises – legal e contábil, serve de embasamento aos vereadores e só deveria ser derrubado mediante fundamento técnico autorizado. Mas, na prática, o que acontece é a adoção de critérios políticos, como nas contas de 2006 e 2007, eivadas de graves irregularidades, conforme apontou o Tribunal, mas vergonhosamente aprovadas pela Câmara local.


Comentário – 26.10.2009

A “prefeita” Marizete Pereira

Jornalista Raimundo Marinho

Não se trata de usurpação de função, mas de uma realidade fática, cujo lado bom é a vinda de algum benefício para Livramento de Nossa Senhora, Bahia, ainda que pífios, em forma de migalhas. Mas tem o lado negativo que é a confirmação da existência de uma administração municipal sem planejamento e carente de identidade própria. Refiro-me ao modo como a comunicação oficial sempre tratou a atuação da deputada estadual Marizete Pereira, esposa do vice-governador Edmundo Pereira, como a principal responsável por tudo de bom, na linguagem oficial, que vem acontecendo no município no âmbito da gestão municipal.

Fica a impressão de que ela é a prefeita de fato, pois a ela são atribuídas todas as obras anunciadas e dadas como inauguradas, no município, obras de pequeno porte, é bom que se frise. Um exemplo gritante é o que vem ocorrendo na zona rural do Tingui e adjacências, na estrada para o povoado de Itaguassu, onde já é lugar comum que todos vão votar nela, como autora da água que teria levado para lá, coisa que, segundo os moradores, ninguém conseguiu antes, nem os próprios prefeitos. A comunidade ignora que o benefício integra o projeto “Água para todos”, do governo estadual, que independe da parlamentar.

Tem sido reiteradamente atribuído funções executivas à deputada, sem mesmo se falar em intermediação, como verdadeiramente acontece na atuação parlamentar, o que passa uma falsa imagem à população. A ânsia de atribuir a ela a autoria das obras é tão grande, que a figura do próprio prefeito muitas vezes é deixada de lado e não são dados os créditos verdadeiros às pequenas obras anunciadas, como esta do Tingui, que integra o “Água para todos”. E assim é também com o “Luz para todos” e diversos outros programas estaduais e federais.

O objetivo evidente é angariar votos para reeleição da deputada, no próximo ano. E quem lhe deveria fazer oposição até agora não tem se manifestado, no caso seu principal concorrente, o deputado Nelson Leal, que praticamente abandonou sua base eleitoral, em Livramento. De tudo fica uma conclusão, nossa prefeita de fato é uma deputada e não temos um representante parlamentar genuíno, nem federal nem estadual.

Se confirmada a saída de Edmundo Pereira do PMDB e a opção de destino cogitada seria o PC do B, em razão do rompimento, com cara de simulação, entre seu chefe político Geddel Vieira Lima e o governador Jaques Wagner, o quadro político local ficará embaralhado e toda essa propaganda pré-eleitoreira pode ter um resultado confuso e complicado. Aliás, o ministro Geddel sumiu da região, não apareceu nem para inaugurar sua adutora em Itanajé.

E, então, Carlão morreria abraçado com Marizete, como temeu seu filho Lucas, ou todos embarcariam na reeleição de Wagner, abandonando o chefe Geddel? Nesse caso, a candidatura a governador do ministro da Integração nacional seria uma farsa e tudo acabará ficando como está.  Diante de tudo isso, é de se perguntar quando Nelson Leal vai deixar o conforto do camarote? E quando a população vai acordar e repudiar esse nefasto jogo político?

Festival – 26.10.2009

Aluno do Boaventura na final do FACE

Sergio Amador dos Santos na
Concha Acústica do TCA

O estudante Sergio Amador dos Santos (1° ano, noturno), primeiro colocado do Colégio Estadual Edivaldo Machado Boaventura, de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, na primeira fase do Festival Anual da Canção Estudantil – FACE, edição 2009, com a música intitulada “Procurando pela paz”, foi o melhor de toda a Diretoria Regional da Educação – DIREC 19, em Brumado, ficando entre os 15 finalista do Estado.

A informação é do professor José Maria de Jesus, diretor do Boaventura, acrescentando que, embora Sérgio não tenha ficado entre os três primeiros, na final, sua participação recebeu muitos elogios, desde a primeira face, em Livramento. E que terá, ainda, muitas oportunidades, pois cursa a 1ª série do ensino médio e terá pelo menos mais duas chances de ser campeão, em 2010 e 2011, “Esperamos que o governo estadual invista mais em educação de qualidade e que continue promovendo eventos tão importantes como o FACE”, afirma o diretor.

A final do FACE – 2009 ocorreu dia 23 de outubro de 2009, na concha acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador, tendo como 1º colocado o estudante Sivaldo dos Santos, do município de Seabra, na Chapada Diamantina, com a música “Cultura Ameaçada”, um xote misturado com baião.  O Festival reuniu cerca de um milhão de estudantes da rede pública estadual. A TV Educativa da Bahia vai reapresentar a festa, no próximo dia 30 deste mês, a partir das 22 horas.

Vereadores – 22.10.2009

Representação contra ato da Câmara

O advogado Guto Rodrigues Tanajura interpôs representação, junto à Promotoria de Justiça local, contra a Câmara de Vereadores de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, pela matéria paga, subscrita por todos os vereadores, em que felicitaram o município pela passagem de seus 88 anos de emancipação político-administrativa, ocorrida em 6 deste mês.

O advogado diz ter se baseado no caput e parágrafo 1º do art. 37 da Constituição Federal de 1988, os quais, segundo ele, “impedem que haja qualquer tipo de identificação entre a publicidade e os titulares dos cargos, alcançando também os partidos políticos a que pertencem”. Ou seja, os vereadores desrespeitaram a lei.

O causídico acrescenta que, em tese, o ato do Legislativo caracteriza promoção pessoal dos vereadores, pela via de verdadeiro marketing político, custeado com o dinheiro público, prática vedada pela Carga Magna do país e pela chamada legislação infraconstitucional.

A norma constitucional impõe observância rigorosa do princípio da impessoalidade e que toda publicidade oficial seja revestida de caráter educativo, informativo ou de orientação social. Ou seja, veda a menção de nomes, símbolos, imagens e slogans, que caracterizem promoção pessoal de servidor público e ou de agentes políticos.

O anúncio que ensejou a representação foi veiculado na edição nº. 916, de 11/10 a 23/10, de 2009, página 14, do jornal regional Tribuna do Sertão, com sede em Brumado-Ba.

 

Artigo – 22.10.2009

Orgulho de ser brasileiro

Cláudio Marques
Estudante de Jornalismo
claudiomarques.jornalista@hotmail.com

Por diversas razões, sentimos, cada vez mais, orgulho de sermos brasileiros. O Brasil vive seu auge. O mundo todo agora nos observa. Pode-se até dizer que ser brasileiro está na moda. Pela primeira vez passamos de devedor para credor. Este ano, vamos emprestar para o Fundo Monetário Internacional (FMI) cerca de US$ 10 bilhões de dólares. Estamos entre os países que estão conseguindo superar bem a crise econômica mundial. Quando os nossos vizinhos estão com problemas internos, o nosso país, supostamente democrático, logo é chamado para pacificar as divergências. É o que acontece hoje no Haiti e, agora, em Honduras.

Temos, ainda, a matriz energética mais equilibrada entre as nações mais ricas do planeta. Cada dia descobre-se uma nova jazida de petróleo. Recentemente, disputamos com poderosíssimas cidades, como Chicago, Tóquio e Madri para ver quem sediaria as Olimpíadas de 2016, e com uma vantagem expressiva a nossa Cidade Maravilhosa conseguiu vencer. Somos destaques no futebol. O carnaval brasileiro é a maior festa do mundo.

Somam-se a tudo isso as características peculiares do nosso país que são ensinadas desde quando nascemos. Aprendemos que por nossa terra passa o maior rio do mundo e existe a maior floresta tropical do planeta. Aprendemos que somos “um dom de Deus e da Natureza” porque nossa terra desconhece catástrofes naturais (ciclones, furacões, vulcões, desertos, nevascas, terremotos) e que aqui, “em se plantando tudo dá”. Sabemos que somos um povo novo, formado pela mistura de três raças valorosas: os corajosos índios, os estóicos negros e os bravos e sentimentais lusitanos.

Aprendemos também que nossa história foi escrita sem derramamento de sangue, com exceção de nosso Mártir da Independência, Tiradentes; que a grandeza do território foi um feito da bravura heróica do Bandeirante, da nobreza de caráter moral do Pacificador, Caxias, e da agudeza fina do Barão do Rio Branco; e que jamais passamos por derrotas militares. Se formos olhar só por este lado, o das representações simbólicas que estão interiorizadas em nós, realmente, devemos, sim, sentir orgulho de sermos brasileiros.
 
Porém, se formos analisar o Brasil a fundo, deixando de lado todo o universo simbólico, que cobre a nossa percepção sobre a verdadeira realidade brasileira, iremos descobrir que vivemos em um país de sucessivos contrastes vergonhosos e que não há muito o que comemorar. O Brasil é um dos líderes do ranking das desigualdades sociais. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 10% da população detêm 75% da riqueza nacional. Sobram 24,6% dos bens e do dinheiro para ser dividido entre 165 milhões de brasileiros. Hoje, há 20 milhões de pessoas na extrema pobreza. O número só não é maior devido a programas assistenciais, como o Bolsa Família que beneficia 11 milhões de famílias, o que segundo o governo corresponde a 20% da população. Entretanto, programas desse tipo funcionam apenas como medidas de emergência, não exercem uma transformação permanente na concentração de renda.

Essa concentração de renda relaciona-se, também, com a falta de acesso da população mais pobre a educação de qualidade. Apenas 10% da população estão inseridos na Universidade. Na Bahia, o número é ainda pior, 3,4%, somente. A cor da pele é outro fator que se relaciona com a concentração de renda no nosso país. Os negros (pretos e pardos) recebem menos do que a metade do rendimento dos brancos. 

Recentemente, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou um dado assustador: 1% da população detêm 50% da terras brasileiras. Tem gente que tem terra equivalente a um país europeu, dá pra acreditar? E ainda falam que os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), que lutam pela reforma agrária, são um bando de invasores, baderneiros e assassinos.

Segundo dados do IPEA, 6,9 milhões de pessoas moram em favelas e 54,6 milhões vivem em moradia inadequada no nosso país. A existência dos sem-terra, dos sem teto, dos milhões de desempregados é atribuída à ignorância, à preguiça e à incompetência dos miseráveis. Trabalho infantil também faz parte do nosso país. Mais de 200 mil crianças, entre 5 e 10 anos, são exploradas em média 12h por dia.

Percebendo então esse lado tenebroso do nosso Brasil, toda essa discrepância que nos separa, todos esses dados que nos mostram a cruel realidade em que vivemos, todas as mazelas que invalidam a ordem e o progresso postos na nossa bandeira, fica difícil de afirmarmos que somos um povo feliz, ordeiro, pacífico, sem preconceito, sem apartheid social, que caminhamos rumo a se tornar um país desenvolvido e sentimos o maior orgulho de sermos brasileiros.

 

Comentário – 16.10.2009

Jaques, vago, visita Livramento!

Raimundo Marinho

O governador Jaques Wagner, da Bahia, disse palavras vagas, em Livramento de Nossa Senhora, onde compareceu, dia 4 de outubro, para inaugurar uma singela ponte, no Rio do Paulo, que passa a maior parte do tempo praticamente seco. Certamente aproveitou um dia de agenda fraca, para compor a pauta antecipada de visitas preparatórias da campanha eleitoral do ano que vem, quando pretende se reeleger.  Foi embora antes mesmo das comemorações da data magna do município, dali a dois dias, em 6 de outubro, em que é lembrada sua emancipação política, quando poderia ter firmado compromissos consistentes com os livramentenses.

Nota que a obra local de maior relevância pública, porém, embora inaceitavelmente incompleta, feita com recursos federais, a adutora de Itanajé, que consta como inaugurada, não mereceu a presença, mesmo eleitoreira, do chefe do Executivo estadual, supostamente por ter sido fruto do empenho do seu agora adversário político, ministro Geddel Vieira Lima. Dizemos incompleta porque o clamor do povo, a lógica da engenharia e da racionalidade de recursos indicavam que o projeto deveria estender-se até a Vila de Iguatemi, como sempre se cogitou.

Segundo noticiado pelo site oficial da Prefeitura, Jaques Wagner enfatizou apenas, de modo vago e genérico “(...) a preocupação de melhorar a vida dos baianos e reforçou a disposição em continuar trabalhando para o bem de todos (...)”, sem fazer qualquer referência especifica a projetos para nosso município. Foi tudo na base do ninguém garante nada e nem se compromete com nada, sempre levando a população na conversa, como se somente a presença dos seus belos olhos azuis (ou verdes) e o charme da sua barba branca, adicionados a uma viatura e uma ambulância, bastassem.
O prefeito Carlos Batista até que se esforçou para ser objetivo nos pedidos, como aliás costuma fazer nessas ocasiões, ao reivindicar, em seu discurso, apoio para “(...) asfaltamento das principais avenidas da cidade, apoio para conseguir a Universidade aberta para o município, sinalização do trânsito  e melhoria das instalações físicas do Hospital Municipal (...)”. Mas foi modesto, deixando de fora necessidades mais importantes e urgentes, como um novo e moderno hospital, anel rodoviário, ampliação do sistema de abastecimento de água, nova ligação viária para o Taquari, urbanização do bairro Benito Gama, sistema moderno de trânsito e tráfego da sede municipal, apoio industrial na área da fruticultura etc.

A universidade é importante, sem dúvida, mas já existe um pedido formal, feito por abaixo-assinado, conduzido pelo bispo católico Armando Bucciol, com apoio do governo municipal, e que deveria ser alvo de cobrança veemente, posto que ainda não mereceu a consideração do governador. O calçamento de ruas na sede, não digo asfaltamento, é igualmente relevante, mas a Prefeitura pode fazê-lo sozinha, se administrar melhor seus recursos.

E o prefeito também foi ingênuo, ou descuidado, pois as palavras voam, e voam mais rapidamente e mais fácilmente quando ditas em palanques políticos, durante inaugurações eleitoreiras. Tinha de ter elaborado previamente projetos e protocolos de intenções, para que o governador os assinasse, diante da população, que certamente foi aplaudi-lo. Dessa forma, pelo menos teríamos a expectativa e o consolo de que as palavras ficariam mais pesadas e com mais dificuldades para voar!

 

Aniversário da cidade – 16.10.2009

Livramento aos 88 anos, feitos e faltas

Dia 6 de outubro, data em que se comemora sua emancipação política, a cidade de Livramento de Nossa Senhora, na Bahia, amanheceu coalhada de faixas relatando os feitos da administração municipal. Coletamos algumas delas que, sempre introduzidas pela expressão “Aos 88 anos Livramento comemora...”, dizem:
. Mais PSF’S  – Atenção básica em saúde da família
. Urbanização de Monte Oliveira
. Maior apoio ao agricultor – valorização do homem do campo
. Funcionamento efetivo da Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente
. Centro de Obstetrícia no Taquari – mulheres mais assistidas
. Implantação do almoxarifado central
. Criação da Secretaria de Esporte, Turismo e Lazer
. Melhoria na saúde – mais especialidades médicas
. Adutora de Itanajé  – mais de 6.000 pessoas beneficiadas
. Laboratório de referência
. Geração de emprego e renda – parceria PML/SENAC
. Laboratório de informática nas escolas da zona rural – mais inclusão social
. Reconhecimento das comunidades quilombolas – resgate da nossa história
. Mais benefícios do bolsa-família – investimento social
. Inauguração da ponte do rio Itapicuru – liga sede a Iguatemi
. Médico residente em Iguatemi – um avança na saúde 

As frases são genéricas e falam por si mesmas e revelam o quanto estamos distantes do verdadeiro desenvolvimento e do efetivo progresso social. É evidente que não puderam conter tudo dos programas a que se referem. Todavia, deixam clara a falta de planejamento e de uma verdadeira preocupação para com o futuro e para com o resgate de necessidades prementes. As informações, cujo meio usado não foi o mais adequado, pecam também pela ausência da correlação necessária entre as obras feitas e os recursos por elas demandados.
Paralela ao arroubo comemorativo deveria haver igualmente o cumprimento da obrigatoriedade da prestação de contas, no sentido de esclarecer o quanto foi arrecadado e o respectivo serviço e obra realizados ou produtos adquiridos. Seria transparente, ainda, destacar o custeado com recursos próprios das obras cujo ônus coube ao Estado e ou à União.

De qualquer modo, a nosso ver, faltaram faixas dizendo, por exemplo,
Aos 88 anos, Livramento lamenta (oposto de comemorar) ainda não ter:
. Todas as ruas da sua sede asfaltadas ou, pelo menos, calçadas.
. Sistema de trânsito e tráfego compatível com seu porte de cidade média.
. Hospital moderno, coerente com o avanço da medicina, incluindo uma maternidade.
. Centros de cultura e de referência para sua juventude.
. Mais um ligação viária para os bairros Taquari e Benito Gama.
. Anel rodoviário, desviando da cidade o tráfego pesado.
. Aterro sanitário, para uma segura destinação do lixo.
. Distrito industrial no segmento econômico da fruticultura.
. Cumprimento do Plano de Desenvolvimento Urbano já aprovado.
. Ampliação do sistema de abastecimento de água na sede.
. Urbanização dos núcleos urbanos de seu território.
. Projeto de aproveitamento de suas riquezas naturais.
. Preservação do seu meio ambiente (caatinga, rios, serras, matas).
. Tombamento da Cachoeira de Livramento, como patrimônio ecológico.
. Recuperação dos seus sítios históricos e arqueológicos.
. Mais apoio aos estudantes carentes que sonham com a universidade.
. Programa estruturado de combate à pobreza.
. Programas de apoio aos pequenos empreendedores.
. Incremento das fontes de recursos próprios.
. Apoio e assistência aos trabalhadores da fruticultura. 

Política e jornalismo – 16.10.2009

“Carlão” quer calar o Folha Regional

O prefeito Carlos Roberto Souto Batista, de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, ingressou com ação judicial, no fórum local, buscando impedir os duros ataques que lhe vem sendo feitos pelo jornal Folha Regional, editado na cidade. A ação judicial é contra o jornal (pessoa jurídica), sua diretora Ana Rodrigues de Lima, e o redator Yonélio Sayd, tendo como autores o prefeito, a primeira dama do município e secretária de Governo, D. Suzete Spínola, e a controladora interna da Prefeitura, Edjaneyde Matos Lopes, também alvos das reportagens do jornal.

No requerimento ao juiz, conforme processo nº 2893635-6/2009, Carlos Batista, que também se identifica como “Carlão”, alega que “(...) por pelo menos duas edições consecutivas os réus vem fazendo referências à reputação administrativa e particular do prefeito e sua esposa (secretária de Governo), bem como à reputação administrativa da controladora interna, propalando em forma de matérias jornalísticas, reportagens, charges e colunas destinadas a diálogos teatralizando uma fictícia ‘conversa de bar’ entre dois caipiras, dando-lhes conotação de fatos verídicos, depreciando a imagem dos gestores, construída ao longo de uma vida inteira de muito trabalho e profissionalismo (...)”.

E pede claramente para que a Justiça “determine o imediato recolhimento dos jornais que ainda se encontram nos pontos de venda e distribuição (bancas, estabelecimentos comerciais, sede do jornal, etc.) bem como, que os réus se abstenham de veicular, divulgar, noticiar todas e quaisquer alusões e referências, explícitas ou implícitas, depreciativas ao nome, à intimidade, à vida privada, à honra e à imagem de cada um dos autores, ainda que tais alusões e referências ilícitas venham dissimuladas em personagens, existentes ou futuros”.

Para melhor entender o caso, vale lembrar que o jornal Folha Regional foi aliado do prefeito Carlos Batista, em seu primeiro mandato (2005 a 2008), período em que manteve, inclusive, parcerias comerciais com a Prefeitura. Nas últimas eleições municipais, em que Carlão foi reeleito, a diretora Ana Rodrigues de Lima chegou a se candidatar a vereadora, pelo grupo político do alcaide, mas abandonou a candidatura em plena campanha.

A jornalista é  presidente da Associação de Mulheres de Livramento e consta que solicitou do prefeito, que negou, um atestado necessário para a entidade pleitear a condição de utilidade pública em âmbito estadual. Em nota indignada, Folha Regional divulgou, de modo crítico, a negativa de Carlos Batista. Daí até a ruptura definitiva do jornal com o prefeito não demorou, culminando nos contundentes ataques que levou o prefeito a recorrer à justiça, buscando calar o jornal.

A edição mais contundente do jornal foi a de nº 118, de setembro de 2009, que relata vaias ao prefeito no ato de encerramento do desfile de 7 de setembro. Ao se referir aos aspectos negativos da festa, o jornal mencionou que um deles “foram as vaias do público ao prefeito Dr. Carlos Roberto Souto Batista (Carlão) quando iniciou seu discurso de agradecimento pela participação dos alunos e professores (...). Foram apenas alguns minutos de vaias, mas suficientes para constranger as demais autoridades convidadas”, relatou o Folha.

Nos meios jurídicos e, principalmente, entre jornalistas locais, a atitude do prefeito é vista como típica dos tempos da ditadura, sem respaldo na atual constituição da República, que tem como postulados básicos a liberdade de imprensa e de manifestação do pensamento. Quem cometer excessos, responderá por eles, na forma da lei, mas isso está longe de se pretender da Justiça o exercício da censura prévia, papel que, no passado, coube aos militares, no período ditatorial, de triste memória.

O Mandacaru não entra no mérito nem da linha editorial do Folha e muito menos das suas relações com o prefeito e sua administração, mas repudia a perseguição e qualquer tentativa que vise amordaçar jornalistas e a imprensa. 

Advocacia – 16.10.2009

OAB aprova desagravo a advogado

Dr. Vinicius Costa

O Conselho Pleno da Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Bahia (OAB-BA) aprovou por unanimidade, pedido de desagravo em favor do advogado Vinicius Costa de Souza, que é atuante em todo o Sudoeste do Estado, especificamente em Brumado e Livramento de Nossa Senhora.  O advogado teve suas prerrogativas profissionais violadas e foi vítima de “arapongagem”  com transcrição de um suposto diálogo, gravado entre ele e um cliente. 

Os atos injuriosos foram praticados por membros de uma agremiação partidária com distribuição de panfletos em eventos públicos, realizados no município de Rio de Contas.  A matéria cujo relator foi o conselheiro Fabrício Oliveira, determina que Vinicius Costa seja desagravado publicamente, em ato de solidariedade que será promovido pela Seccional, em data a ser fixada oportunamente. (Clique aqui para acessar)

Artigo – 06.10.2009

Palmas para nossos 88 anos!

Raimundo Marinho

Livramento de Nossa Senhora, Bahia, comemora hoje, 6 de outubro de 2009, 88 anos de emancipação política. O município possui uma rica história antropológica, marcada, entre outras coisas, pela garra do seu povo, inteligente e trabalhador. Mas, desfavorecido pela geografia, ao situar-se no malfadado “polígono da seca”, e perseguido por um modelo político coronelista, ainda não ocupa o lugar que merece no mapa administrativo e econômico da Bahia. Ainda respira ares de província, não obstante já ter revelado irreversível vocação para pólo de desenvolvimento, atraindo as regiões vizinhas.

Nos últimos 20 anos, experimentou uma verdadeira revolução na sua economia, principalmente com a fruticultura de exportação e a extraordinária expansão comercial. Isso, entretanto, não veio acompanhado da correspondente melhoria dos serviços públicos e muito menos da infra-estrutura urbana necessária, culpa flagrante de sucessivas administrações ruins, sem qualquer planejamento. Por conta disso, ainda carece de segurança e saúde públicas decentes e de escolas à altura da sua juventude. Sem um adequado sistema de transporte e de tráfego, suas vias de circulação não fazem justiça ao seu crescimento comercial nem à demanda regional por seus produtos e serviços.

Conformam-nos, por seu turno, a beleza de suas exuberantes paisagens naturais, a alegria e a vontade de trabalhar e de vencer do seu povo, circunstancia que nos leva a ter esperanças de, em futuro não muito distante, aprendermos a fazer melhores escolhas políticas e a cobrar responsabilidade, profissionalismo e planejamento por parte de nossos gestores. É certo que temos um futuro grandioso pela frente, para gáudio das gerações vindouras, entre as quais estarão nossos netos e bisnetos. No entanto, para isso, precisamos construir uma base agora. Devemos começar com a reeducação política e o exercício pleno da cidadania, no sentido de cobrar trabalho e prestação de contas de prefeitos e vereadores, para que não tratem Livramento como quintal de suas casas.

Mas hoje é dia de festa, como está a indicar - não as faixas espalhadas pela cidade, de notório viés político, de antecipação da próxima campanha eleitoral - mas o coração compungido de todos nós. Como em anos anteriores, haverá desfile cívico, certamente com muitas alegorias. Que tudo isso sacuda nossa consciência e nos anime o espírito a nos fazer apertar Livramento contra nosso peito, a não ter medo de amá-lo, a lutar por ele, a não perguntar (parodiando um governante norte-americano) o que ele pode fazer por nós, mas o que podemos fazer por ele. Obras públicas, como uma ponte ligando a sede ao distrito de Iguatemi e uma adutora de água para o sertão, estão sendo inauguradas, como marcos das comemorações oficiais.

Fazer obras, entretanto, é obrigação das administrações públicas, não devendo ser, portanto, motivo de alarde. Uma ponte importante, sem dúvida, mas insignificante diante de outras prioridades, pode-se dizer, de primeira necessidade, como a emperrada adutora de Itanagé, cuja extensão até Iguatemi se impõe; o calçamento de tantas ruas esburacadas e poeirentas da sede; redimensionamento do sistema de abastecimento de água; abertura de uma segunda via de acesso ao bairro do Taquari, pelo prolongamento da Avenida Dr. Nelson Leal; e tantas outras necessidades já repetidamente listadas por nós em O Mandacaru.

Por tudo isso, pela consciência do quanto Livramento já cresceu e mais ainda pelo muito que poderá crescer, esta data deve ser lembrada e comemorada. A contrapor à festa oficial, em que se sobrepõe a política rançosa de sempre, deveriam vir o grito, a insatisfação e as reivindicações da população, certamente consciente de que merece muito mais. Livramento merece ir avante, ir à luta. Merece o abraço, principalmente, da sua juventude, dos seus educadores, dos seus trabalhadores e dos seus empreendedores. Merece palmas e parabéns!

Artigo – 02.10.2009

London, London e nós!

Raimundo Marinho

Londres é um embalo, um encanto! Visitantes de todos os cantos do mundo se curvam à sua sedução. Guarda muito do perfeccionismo de seus fundadores, os romanos. Símbolos como os ônibus vermelhos de dois andares; o majestoso Big Ben, espécie de guardião das casas do parlamento, na Parlament Square; o palácio de Buckingham; somados à Catedral de Saint Paul, ao Royal Courts of Justice, à Tower Bridge e à placidez do St. James‘s Park e do Hyde Park tornam-se inapagáveis na memória do visitante.

Tudo isso combina com a polidez dos habitantes cosmopolitas londrinos, respeitadores implacáveis do espaço do semelhante e das regras de convivência de modo geral. Nesse ponto, assalta-nos o impulso da comparação. E a comparação com o mundo subdesenvolvido. Contudo, em matéria de desenvolvimento, a diferença parece localizar-se predominantemente no mundo mecânico. No sentido pessoal, comportamental, e talvez espiritual, os humanos tendem a ser iguais em qualquer lugar do mundo.

Isso me leva a ver distinção apenas no tocante à educação, como a educação para o respeito ao domínio alheio e às citadas regras de convivência. Entre nós, tupiniquins sertanejos, esse entendimento mostra-se tormentoso, ante o prevalente impulso da esperteza, da sordidez do tirar vantagem sobre o outro. Mas, lá, como em nosso país, jovens são vistos, também, por exemplo, ocupando o lugar dos velhinhos nos assentos reservados do metrô. Talvez com uma sutil diferença: a rapidez com que o assento é desocupado à chegada dos legítimos destinatários.

Mas é a London urbana, a London street, a London square, a London física, em fim, que me seduzem. E, como o ainda tolo menino do Rego Grande, lá nos Coqueiros, não resisto à comparação com a nossa cidade de Livramento, tão mal amada por nós. Posso morar nessa London imperial ou até mesmo na Paris Fashion, a cujos pés a cultura mundial se curva. Mas, por elas não trocaria nossa Livramento, mesmo sabendo que somente a amamos como se ama a uma prostituta. Ou seja, sem o devido valor e respeito, sem reconhecer-lhe a dignidade merecida.

Sim, não se choquem! Se a amássemos de verdade quereríamos vestida como uma Londres de verdade. Paisagens bonitas para isso não nos faltam, como as serras que a emolduram e um rio, outrora cristalino e arenoso, que a margeia. Se a amássemos de verdade, não teríamos deixado o rio morrer, não deixaríamos que sujassem nossa cidade com dejetos de privadas. Se a amássemos de verdade, estaríamos revoltados, indignados, dispostos a matar e a morrer para protegê-la.

Se a amássemos de verdade, não a deixaríamos tão abandonada, tirando proveito dela, no que ela pode nos agradar, e a desprezamos depois. Não é assim, por acaso, que se amam as prostitutas?! E não é somente a descarga da Embasa. É também a descarga de prefeitos incompetentes, de vereadores omissos e preguiçosos. É a descarga de todos nós, covardes e lenientes, indiferentes aos pedidos de socorro do nosso rio que morreu, das nossas ruas sem calçamento, das nossas caatingas virando cinzas, da nossa pobreza escancarada, da nossa saúde precária e, principalmente, da nossa cachoeira ameaçada!