O vídeo postado no Youtube, referente a um show nas comemorações do Dia da Consciência Negra, no Colégio Estadual João Vilas Boas, em Livramento de Nossa Senhora, Bahia, e as criticas relativas à excursão à cidade turística de Lençóis, na Chapada Diamantina, não têm amplitude suficiente para afetar a grandeza sexagenária da instituição nem para desqualificar o trabalho de dedicados profissionais que lá atuam.
Todavia, sinalizam para uma preocupação que impõe reflexão, pela diretoria da casa e por todos nós, o “João Vilas Boas” é uma das poucas referências para a juventude de Livramento, como fonte de ensino, educação e formação de nossos jovens. Não se trata de valorizar atos impulsionados pelos arroubos da juventude, mas de defender condutas que sejam modelos impecáveis para meninos e meninas em formação.
A reação e interesse manifestados pelos alunos, em gritaria típica de ambiente circense, diante do show retratado no vídeo, bem justifica a preocupação para a qual chamamos a atenção. O espetáculo, de quatro minutos, consistiu na performance, por sinal elogiada, de um estudante travestido de Lady Gaga, caricatura considerada símbolo do lixo cultural norte-americano, que a televisão brasileira redistribui fartamente em programas de qualidade discutível.
Lady Gaga é nome artístico da roqueira nova-iorquina Stefani Joanne Angelina Germanotta, 24 anos, sobre quem a mídia sensacionalista faz suposições de ser hermafrodita, o que ela nega, com expressões tão “liberais” que pais e mães livramentenses certamente não permitiriam fossem reproduzidas em seus lares. Diz-se que ela se inspira em grupos e artistas como David Bowie, Queen, Madonna e Michael Jackson.
Deve ser respeitada como tal, pois longe de nós qualquer preconceito ou xenofobismo. Ressaltamos apenas a ausência de razoabilidade na inclusão dessa caricatura na programação do Dia da Consciência Negra, nem mesmo em nome da liberdade de expressão. Trata-se de efemérides brasileira que homenageia o escravo sofrido, martirizado e assassinado em luta pela sua libertação e de seus companheiros de infortúnio, principalmente os que se refugiaram em Palmares, que se estimam em 50 mil pessoas, todas dizimadas ou recapturadas após a morte do líder.
Calcula-se que, durante 300 anos, do Século XVI ao XIX, o Brasil sequestrou, no continente africano, e trouxe, através do Atlântico, para serem escravizadas e tratadas como bichos, mais de 10 milhões de pessoas. A abolição foi concedida em 1888, mas até hoje os afro-descendentes continuam, em sua maioria, sob alguma forma de escravidão, em uma sociedade ainda mais capitalista, escravocrata, racista, preconceituosa, perversa e exploradora da maioria negra e pobre deste imenso país.
Essa é parte da consciência que deveríamos ter e repassar para os jovens educandos. Por aí se vê não se tratar de exagero ao se qualificar de irrazoável e fora de propósito a caricatura aqui referida, dentro de uma programação destinada a despertar a consciência negra, não como elemento discriminatório contraposto, mas uma tomada de posição ante os problemas que enfrentamos, notadamente quanto aos índices de pobreza entre a população negra.
A reação da platéia, no pátio do Colégio, como visto no vídeo, bem demonstra a inconsciência em que vivemos, bem diferente do último dia da programação, em que se abordou seriamente o tema, embora com menos alunos que uma sala de aula, dos mais de mil que estudam no local. É como mandar às favas, por exemplo, consciência, estudos, Zumbi, negros, Palmares, escravidão. Bastaria a caricatura norte americana, com suas apelativas insinuações corporais, que parecem fascinar bem mais as mentes em formação.
Quanto à citada excursão estudantil a Lençóis, que deveria ser um momento de confraternização, alegria e estudos, por parte de um grupo que encerra o ensino médio, tem gerado muita polêmica e, como costuma acontecer em Livramento, a culpa é do site, que postou as denúncias feitas. Não somos irresponsáveis, a postagem só foi feita depois de tudo confirmado. Foram pessoas que lá estiveram e ficaram decepcionadas. Nem todo mundo, claro, participou das condutas criticadas.
Penso que a responsabilidade pela apuração e esclarecimento do que efetivamente aconteceu é da direção do “João Vilas Boas”, para tranquilidade dos pais e preservação da tradicional imagem do estabelecimento. Todos nós que estudamos na instituição e por ela cultivamos grande carinho temos certeza que nem Lady Gaga, nem bebida e muito menos a abdicação da ética são bons exemplos para nossa juventude.
Os jornais de Salvador divulgaram ontem (26) que os servidores da Empresa Baiana de
Desenvolvimento Agrícola-EBDA, presidida pelo ex-prefeito de Livramento de Nossa
Senhora, Emerson Leal, ocuparam, na manhã de quinta-feira (25), o pátio da sede da
empresa, em Salvador, reivindicando o pagamento de passivo trabalhista, que teria sido
objeto de acordo, em 2008, não cumprido pela diretoria da empresa.
Além disso, pedem o afastamento do presidente da empresa, segundo noticiou o jornal
A Tarde. A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Área Agrícola da
Bahia-Sintagri, Dinorah Lobo, afirmou à Tribuna da Bahia On Line que, pelo acordo de
2008, “teríamos a recuperação de 30% das perdas históricas dos últimos 20 anos. Eram 80%, mas negociamos 30% e perdemos 50%, e o passivo desse período receberíamos em, no máximo, 180 dias. Até hoje não recebemos nada”.
Ao mesmo jornal, o diretor executivo da EBDA, Elionaldo Teles, disse que “Não existe
nenhum acordo, o que existe é um processo de negociação de um passivo trabalhistas de muitos anos atrás”.
O vice-presidente do Sintagri disse a A Tarde, que dos 500 empregados do escritório
central da empresa, cerca de 300 ocupam funções comissionadas e que “várias pessoas do município de Livramento de Nossa Senhora, onde Emerson Leal é prefeito [na verdade foi], têm cargos garantidos aqui”.
Cento e cinquenta e uma crianças das escolas municipais Gil Ferreira Pessoa, Rômulo Galvão e Lélis Piedade, de Livramento de Nossa Senhora, receberam, na tarde de ontem (25), certificados de conclusão do curso ministrado dentro do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), pela 46ª Companhia de Polícia Militar do Estado da Bahia.
Padre Edilberto: pais, abracem os seus filhos |
O evento, que começou com uma hora de atraso, constou também de palestra do padre Edilberto Araújo Amorim, presidente da Comunidade Terapêutica “Fazenda Vida e Esperança” – Cotefave, de Vitória da Conquista, que comoveu a platéia ao contar sua experiência no resgate de pessoas viciadas em drogas, algumas delas atuando hoje como palestrantes junto com ele.
O padre revelou que se converteu a esse trabalho ao ver um portador do vírus da AIDS caído na rua, quando se lembrou da parábola do bom samaritano. Disse ter refletido bastante e decidiu criar uma entidade de resgate de pessoas viciadas. Lembrou que, infelizmente, o ser humano se afastou de Deus, desviando-se para prazeres perigosos e alegrias momentâneas, como as drogas.
Destacou que o vício é um caminho difícil e sem volta, recomendando aos jovens que “ao invés das drogas, busquem a amizade, busquem o carinho dos pais”, sugerindo aos pais que abracem os filhos e os protejam das drogas. Um dos integrantes da equipe do padre fez bonita reflexão musical, movimentando crianças e adultos no amplo salão do Clube Caiçara.
O Proerd, inspirado em idéia semelhante dos EUA, começou no Rio de Janeiro em 1992 e hoje é executado em todo Brasil, pela Polícia Militar. Em Livramento, o instrutor é o subtenente Washington de Souza Magalhães, que foi homenageado com uma placa, pela sua dedicação ao projeto, cujo objetivo é esclarecer e alertar crianças e jovens sobre os perigos das drogas, ensinando-lhes a reconhecer e a resistir às pressões e seduções dos aliciadores.
Subtenente Washington Magalhães: reconhecimento |
Mostra, por exemplo, como um jovem ou mesmo uma criança pode ser assediada e instigada a fumar um cigarro e depois a maconha e a se iniciar na bebida alcoólica. Os aliciadores geralmente se utilizam da carência dos jovens e sua necessidade de auto-afirmação, muitas vezes pelo descaso e falta de vigilância e carinho dos pais.
Fazem parte ainda, lições de valorização da vida e fortalecimento da cultura da paz, mostrando os muitas vezes irreversíveis estragos causados ao corpo e à mente pelas substâncias psicoativas, genericamente chamadas de drogas. Sem falar na violência que o vício acaba gerando. Belo trabalho da PM, que se espera seja intensamente adotado e ampliado pela gestão municipal, que já colaborou com a promoção do curso nas três escolas citadas.
Aplicando o art. 20, §1º, do regulamento do torneio, a junta de julgamento da Liga Desportiva Livramentense, reunida ontem (24), declarou a perda dos pontos da equipe do Monteiro, em favor do Humaitá, referentes à final do campeonato de futebol de 2010, de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, ocorrida em 13 de novembro. A decisão da junta, formada por Gonçalo Novais Castro, Joselito Cardoso Soares Lima e Jorge Lessa Timbó, baseou-se no relatório do árbitro que suspendeu a partida por temer ameaças e alegando atitudes desrespeitosas e falta de ética de jogadores do Monteiro.
Os atletas monteirenses são acusados de inviabilizar a competição, praticando o anti-jogo, alguns desafiando e desrespeitando a arbitragem, chutando a bola, propositadamente, para fora de campo. Um deles teria afrontado o juiz, dizendo que se fosse expulso lhe daria um murro na cara, mas o relatório do árbitro não detalhou esses pormenores, como lhe era exigido. Ao ser suspensa, a partida estava empatada e o Monteiro tinha a vantagem do empate.
A mera perda de pontos, pela ostensiva prática do anti-jogo, não agradou os dirigentes nem os atletas do Humaitá, que esperava a exclusão do Monteiro do campeonato, situação em que ele, o Humaitá, seria declarado campeão. No entanto, a junta de julgamento da Liga optou por sugerir a realização de um terceiro jogo, embora o regulamento seja omisso, nesse sentido.
Os dirigentes do Humaitá e alguns observadores entendem que a interpretação mais correta seria considerar que, no caso da final, os pênaltis fazem parte da partida e estariam incluídos na declaração de perda de pontos. Julgam que, ao dar causa à suspensão do jogo, o infrator frustra também a eventual decisão por pênaltis, que nada mais seria senão continuidade da partida, que não lograra definir o campeão.
O Monteiro é apontado como contumaz em fatos semelhantes, mas seus dirigentes e principalmente a torcida se defendem, dizendo-se vítimas de discriminação por serem da zona rural, o que, entretanto, perde substância se considerado que a maioria dos seus jogadores é de fora e, principalmente, pela clara falta de educação esportiva e de respeito revelada na partida em que se registraram os lamentáveis acontecimentos.
Mas os dirigentes do Humaitá já sinalizaram que aceitam a terceira partida, em respeito aos torcedores, mas estabelecem algumas condições, como o afastamento dos atletas monteirenses envolvidos na inviabilização da partida anterior, bem como a garantia de que haverá rigoroso esquema de segurança no estádio, incluindo a presença ostensiva da Polícia Militar.
Veja o que diz o regulamento do campeonato de futebol de Livramento, no Capítulo VIII, referente ao adiamento e suspensão de partidas (transcrito conforme o original):
Art. 19 – A partida suspensa ou adiada pela Liga Desportiva Livramentense ou Arbitragem, será marcada uma nova data conforme consta do Capítulo II, art. 4º, alínea (c). [diz a alínea: designar datas, hora e local para a realização das partidas].
Parágrafo único – O árbitro é a única autoridade competente para decidir no campo de jogo, por motivo de força maior, o andamento, a interrupção ou a suspensão de uma partida.
Art. 20 – As partidas suspensas antes dos 30 (trinta) minutos do segundo tempo voltarão a ser jogadas integralmente, se ocorrer nos últimos 15 (quinze) minutos, a partida será mantida, porém deve ser observado se nenhuma das equipes disputantes houver dado causa à suspensão nos dois casos previstos neste artigo.
Parágrafo 1º – Se uma equipe que houver dado causa à suspensão, e na ocasião estava vencedora ou a partida empatada, perderá os pontos em favor do adversário, se era perdedora prevalecerá o resultado no momento da suspensão. (sem grifos no original)
Parágrafo 2º – Se a suspensão prevista neste artigo ocorrer com as duas equipes, ambas perderão os pontos da partida.
Art. 21 – Nos casos previstos neste capítulo, deverá o árbitro narrar na súmula, a ocorrência em todas as suas circunstâncias, indicando os responsáveis quando for o caso.
A partir de 1º de janeiro de 2011, pela primeira vez na história do Brasil, uma mulher (separada em sua vida conjugal) vai governar o país. O fato ganha ainda mais força por ocorrer em uma sociedade conservadora, marcada, entre tantos preconceitos, pelo machismo e sexismo. Pesquisadores afirmam que há um simbolismo nesse fato que se aproxima à eleição de um operário e remete para a questão cultural.
A presidenta eleita, Dilma Rousseff (PT), que recebeu cerca de 56 milhões de votos dos brasileiros, com abstenção de quase 30 milhões, terá de enfrentar uma série de desafios nos próximos quatro anos, entre eles, o fato de ser mulher, condição que poderá ser usada para desqualificá-la. No debate, por exemplo, já houve essa tentativa, por ser a indicada de Lula. Foi assim, também, com outras mulheres presidentas, Michelle Bachelet (ex-presidenta do Chile) e Cristina Kirchner (atual presidenta da Argentina).
Em entrevista ao site de notícias, G1, a cientista política Maria do Socorro Souza Braga, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), afirma que o governo Dilma será “muito simbólico”. “Aos homens, que pode governar como eles, e às mulheres de que outras também podem. Será um exemplo para as próximas que virão”.
Alguns especialistas acreditam que Dilma deverá ter mais facilidade para aprovar projetos do governo do que o seu antecessor. A partir de 2011, o bloco governista de Dilma terá, na Câmara, pelo menos 372 dos 513 deputados - até 2010 eram 357 deputados - e no Senado, 58 integrantes dos 81 - até este ano eram 39.
No entanto, o candidato que disputou à Presidência no 1° turno, Plínio de Arruda Sampaio, do Psol, salienta que essa maioria “é absolutamente fisiológica, vai exigir cargos, vai exigir vantagens”. “Já já, nós temos um outro mensalão por aí", e acrescenta: "A bancada dela é proposta pelos conhecidos partidos, onde estão os maracuteios. De modo que de maracuteio só pode sair maracutaia.”
Em entrevista ao jornal Brasil de Fato, o sociólogo e professor da Universidade Federal de Rondônia (Unir), Luis Fernando Novoa, destacou que a presença contraditória de uma figura como Michel Temer (PMDB) na Vice-Presidência da República elucida a “entronização e institucionalização dessa prática fisiológica”.
“A pulverização e o loteamento dos recursos públicos impede a construção de políticas estruturantes e retira o necessário protagonismo da população na sua condução. Michel Temer será, na prática, um superministro de articulação política, centralizando o intercâmbio de favores entre Executivo e Legislativo.”
O sociólogo e pesquisador do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores (Cepat), César Sanson, por sua vez, vislumbra uma relação tensa entre governo e PMDB. Para ele, o partido promete ser voraz por espaço para atender a sua federação fisiológica de caciques. “O PMDB é o DEM [Democratas] do PT. O partido exigirá mais espaço do que no governo Lula, e Dilma terá que ter muita habilidade para administrar a sede por poder desse partido”.
Não obstante, Dilma terá de enfrentar uma oposição ferrenha da grande mídia, que assumiu uma clara posição em favor de José Serra (PSDB) nestas eleições, fornecendo-lhe munição para atacar a candidata do PT. As forças reacionárias e de extrema direita, que hibernavam desde o fim da ditadura militar, reapareceram com vigor na disputa eleitoral deste ano. Mostraram que não há limites éticos e legais para se fazer ouvir.
As baixarias da campanha, onde o tucano Serra foi um porta-voz, mostrou a força desse segmento social e do que são capazes. O tema do aborto e as campanhas de cunho moralista e religioso, por exemplo, foram providenciais para forçar a realização do segundo turno.
Desafios, como se pode perceber, é que não vão faltar para a primeira presidenta da história brasileira. Os relatados, aqui, são apenas alguns, que, a meu ver, vão exigir muita habilidade da futura presidenta. Inclusive ter de lidar com setores conservadores ao extremo da sociedade brasileira, como José Sarney, Fernando Collor e Jader Barbalho, entre tantos outros caciques políticos do país.
No entanto, talvez o maior desafio de Dilma nos próximos quatros anos seja desconstruir o mito de que política é “coisa para homem” e que não seria um trabalho indicado para as mulheres. Se ela não fizer um bom governo, certamente esse tipo de pensamento arcaico, com o apoio da elite dominante, será retomado como força total. Esse é um grande risco que corre as brasileiras, que hoje representam maioria da população do país.
O Brasil se curvou ao bom senso e começa a formar a consciência de que somos todos humanos e filhos de Deus, seja negro, branco ou de qualquer outra raça. Hoje, 20 de novembro, comemora-se, em todo país, o Dia Nacional da Consciência Negra, aniversário de morte do líder e herói negro, Zumbi dos Palmares, que comandou, e por isso foi morto, a resistência e luta contra a escravidão no Brasil.
Foram mais de 300 anos, séculos XVI A XIX, de exploração humana, em que mais de 10 milhões de pessoas livres foram seqüestradas do outro lado do Atlântico e trazidas para o Brasil, onde eram tratadas e vendidas como gado. A questão, apesar da perversidade que caracterizou a escravidão, sempre foi tratada com certo romantismo pela História.
Mas o Brasil acordou para a necessidade de reparação e promoção da igualdade, principalmente nos governos do presidente Luiz Inácio da Silva, que viabilizou a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, o resgate dos territórios onde se esconderam escravos fugidos, os quilombos, e o apoio às comunidades remanescentes, iniciativa a que aderiu intensamente o Estado da Bahia.
As comemorações da data, em Livramento de Nossa Senhora, Bahia, realizaram-se, na semana, em escolas municipais e no Colégio Estadual João Vilas Boas, com apoio da Prefeitura Municipal, através das secretarias de Governo e de Assistência Social. Fizeram parte do programa “Setembro Negro, mês da consciência negra”, da Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade.
Pontos altos: entrega à Câmara Municipal, pelo prefeito, dia 8, do projeto de lei do Plano Municipal de Promoção da Igualdade Racial; mobilização afro-cultural, no Colégio Estadual João Vilas Boas, dia 18; encontro inter-colegial prestigiando afro-descendentes, no Distrito de Itanajé. Foram lembradas a necessidade de se ampliar a igualdade entre as raças e a importância da presença africana na vida nacional.
No Colégio João Vilas Boas, o dia de mobilização foi encerrado com um debate, com participação de alunos, professores e convidados, em torno da cultura afro-brasileira e das conquistas do negro no Brasil. Houve exposições das professoras Bianca Melo, Maria José Brito e Márcia Oliveira, do jornalista Raimundo Marinho e do coordenador do projeto quilombola da Prefeitura, Marilúcio Marques.
Em Itanajé, reuniram-se as unidades escolares municipais Albino Alves de Amorim (Várzea); Dr. Assis Pichemel (Itaguaçu); Humberto Leal (Taquari); e uma escola municipal de Rio de Contas, sob coordenação de Jirlene Meira, diretora da Escola Dr. Nelson José Leal. Houve exibições de dança afro, capoeira e concurso da beleza negra, em que venceu a dupla Ednei e Naira, da Escola Dr. Nelson José Leal.
Prestigiaram o evento as secretárias municipais Suzete Spínola (Governo) e Silvana Spínola (Assistência Social). No encerramento festivo, a garotada curtiu o som do DJ Janilson Santos.
Um grupo de jovens do bairro Jurema, na periferia de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, vem dando um exemplo de como a força de vontade e o espírito artístico podem vencer dificuldades. Mostra também como uma pessoa, mesmo solitária, consegue lançar uma semente, capaz de gerar bons frutos e mobilizar uma comunidade.
Falamos do Grupo Teatral Jurema, formando por jovens, meninos e meninas, de famílias carentes, que estão levando mensagens positivas, críticas, alegria e animação, inclusive para fora do local onde moram. Por falta de recursos, não possuem local para se reunir e muito menos para construir cenários ou confeccionar figurinos, mas superam tudo com criatividade e improvisação.
Começou, em 2005, com o incentivo da então coordenadora de Cultura do município Maria do Livramento Dourado (Lili). Fizeram parte do grupo original: Carlindo Cruz, Marcos Domingos, Tatiane Rocha, Tais Rocha, Tailson Rocha, Poliana Lima e Sílvio Cruz. Hoje, é formado por Marcos Domingos, 21 anos, Rodrigo Santos, 15 anos, Maria aparecida Silva, 17 anos, Sirleide Silva, 15 anos, Valquíria Santos, 16 anos, Valquíria Cristina, 9 anos, e Fábio Marques, 18 anos.
Todos estudam e ou trabalham e as famílias do bairro trabalham na cultura da manga, homens, mulheres e adolescentes, ganhando de R$18,00 a R$20,00 por dia, menos R$3,00 de transporte. Jurema é bairro muito pobre e sem infra-estrutura, vizinho ao Benito Gama. Mesmo assim, os jovens atores alimentam sonhos, como ser um artista “global’, por exemplo. Têm tudo para ser!
Os trabalhos que produzem são inspirados no próprio bairro. Entre eles estão o filme em curta-metragem “Direito de Morrer” e as peças “Assassinato no botequim”, “Meu primeiro dia de criança”, “Meu primeiro Natal”, “Jacon e Jaconias” (comédia) e “Casos de família”. Atualmente, estão em cartaz: “Histórias da vida real” e “Quem ama a bebida odeia a vida”, esta uma adaptação de texto do professor José Maria de Jesus.
Segundo o coordenador do grupo, Marcos Domingos, o MAKDLIMA, a dificuldade maior é conseguir patrocínios, que não chegam a 10% das necessidades. O resto o grupo banca com seus parcos recursos. Perguntado sobre quem mais ajuda, respondeu: Ismatec, de Carlinhos, que nunca diz não. Os gastos são com cenários (sempre modestos), figurinos, filmagem e divulgação.
O mentor original, Carlindo Cruz, incentivado por Lili, foi catequista e líder comunitário, mas deixou o grupo em 2009, para abraçar uma nova religião, tornando-se membro da Igreja Adventista do Sétimo dia. Segundo ele, sua nova opção de fé é incompatível com a atividade artística. Por coincidência, apareceu na hora da entrevista, mas diz não ter mais contato com o grupo.
Valdíria Cristina ...................................................................Sirleide Silva
Valquíria Santos...................................................................Maria Aparecida
Marcos Domingos................................................................Rodrigo Santos
Carlindo Cruz........................................................................Fábio Marques
O Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) foi uma das maiores conquistas educacionais dos brasileiros ao longo de sua história. Podemos considerá-lo como uma espécie de bolsa família da educação para brancos, pardos, pretos amarelos etc. de qualquer tipo de cor ou raça em especial pertencente às classes sociais menos favorecidas.
A educação pública brasileira vem tornando-se um garimpo profundo de difícil acesso, com muitas rochas, mas como no mesmo, às vezes surgem pepitas com chances de serem lapidadas e transformadas em jóias de grandes valores. Isso tudo acontece por falta de condições financeiras para que esses alunos possam deslocar das suas comunidades aos grandes centros, na busca do ensino superior de qualidade.
Atualmente são mais de 102 universidades públicas e várias outras privadas, financiadas por incentivos do governo federal, que estão adotando esse modelo de prova como critério de seleção aos seus diversos cursos de formação; ofertando assim, mais de 400 mil vagas aos alunos oriundos de qualquer região brasileira.
Pois bem jornalista Raimundo! Nos últimos dias através da mídia falada e escrita esse mesmo caminho de ofertar o ensino superior em especial às classes baixas vem sofrendo uma desmoralização generalizada financiada pelo que posso dizer “Indústria do Vestibular” que só tem a perder com o sucesso do ENEM. Eles estão de olho mesmo é no enorme prejuízo que suas instituições poderão sofrer, pois essas pequenas pepitas poderão e vão tomar o lugar daqueles alunos que pagam em média, R$ 800,00 aos cursinhos tais como: Pitágoras, Objetivo, Positivo, Sartre, etc. durante meses e até anos para ser aprovado nos vestibulares pontuais que são realizados Brasil a fora.
Como sabemos a nota do ENEM vale nacionalmente e ao fazer a prova na sua cidade o aluno vai concorrer de iguais condições com esses mesmos alunos que tem esse poder aquisitivo para pagar cursinhos e também deslocar dos seus municípios e estados de origem quantas vezes forem necessárias para fazer vários vestibulares em outras regiões do país.
O ENEM esse ano apresentou uma pequena falha na organização e formulação das suas provas, porém o lote com esses problemas é cerca de 0,02% do montante. Esse valor em números atualizados equivale a 2000 provas num universo de 3,5 milhões, sendo assim pergunto: é mais fácil fazer uma prova com esse que tiveram problemas ou anular todo o concurso? Claro que refazer a prova com essa minoria seria o caminho mais viável, mas os grupos e as fábricas de cursinhos pré-vestibulares preferem mesmo é a extinção do exame, visando induzir a sociedade ao erro de pensar que a melhor saída é acabar com o ENEM.
Devemos ter em mente que somos a 8ª economia mundial, mas a distorção social e educacional do Brasil é uma das maiores entre todos os países do mundo. Agora que temos a oportunidade de estudar e disputar as mesmas vagas que antes eram oferecidas com exclusividade às classes dominantes, não vamos embarcar nesse falso moralismo neoliberal.
Portando, caro jornalista fica aqui a minha opinião aos estudantes livramentese, baianos e brasileiros. Parem, pensem, analisem: quem vai ganhar e quem vai perder com o fim do ENEM? Teremos oportunidades melhores para o ingresso de nossos filhos numa universidade bem conceituada? Penso que nós, a classe menos favorecida financeiramente, da qual faço parte, será a mais desfavorecida com a extinção do ENEM.
Não conseguimos descobrir o nome científico desta flor (quem souber nos informe), mas
consta que só abre de ano em ano, no mês de novembro. Pelo menos é o que garante
D. Maria, em cujo quintal, em um vaso, o jornalista Raimundo Marinho fotografou este
exemplar, de beleza singular. Não tem perfume, mas possui uma trama extraordinária,
formando uma esfera perfeita. Quem a teria projetado? Merece ser compartilhada com os
seguidores de O Mandacaru.
A Pastoral da Juventude da Paróquia Bom Jesus do Taquari, em Livramento de Nossa Senhora, Bahia, reuniu ontem (14) um grupo de jovens para lembrar o Dia Nacional da Juventude, criado há 25 anos e transcorrido no último mês de outubro. O comparecimento não foi o esperado, mas a galera presente pode mostrar a força da juventude e, principalmente, a preocupação com os principais problemas que os afligem: droga, violência, influência negativa da mídia, desajuste familiar, desrespeito aos seus direitos e falta de consciência de suas obrigações como cidadãos.
Sob a coordenação do pároco Padre Aparecido, o evento começou no Ginásio de Esportes, com a recepção aos participantes, da qual constou a apresentação do Grupo de Teatro da Jurema, com uma peça sobre a nocividade da bebida alcoólica; e de uma oração, que introduziu meninos e meninas no clima do encontro. Em seguida, o grupo fez a caminhada “Juventude em marcha contra a violência” até o Colégio Estadual Humberto Leal, onde foram distribuídos em tendas, para palestras e discussões, sob a orientação de monitores e educadores.
A partir das 16h, realizou-se uma “mesa-redonda”, com participação de representantes do Conselho Tutelar, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Polícia Militar, além de jornalista e assistente social. Na sabatina aos convidados, houve certo consenso de que a sociedade não está estruturada para amparar adequadamente os seus jovens, principalmente nos quesitos prevenção e combate às drogas e segurança.
Para o jornalista Raimundo Marinho, por exemplo, o Estado não cumpre seu papel no controle social, quanto à prevenção e repressão da violência e tem uma dívida muito grande para com a juventude. No caso de Livramento, disse que essa dívida é caracterizada, principalmente, pela ausência de verba orçamentária, nesse sentido, e falta de um centro de referência para a juventude. Outra grande dificuldade, citada pela assistente social Maria Isabel Assis, é a resistência das pessoas em aceitar mudanças no seu próprio benefício.
O tenente Washington, da Polícia Militar, mencionou a falta de efetivo policial suficiente para a cobertura necessária à segurança pública. O presidente do Conselho Tutelar, Joselito Cardoso Soares, disse que o órgão é atuante, faz bem seu trabalho, mas esbarra em dificuldades como a falta de estrutura para aplicação das medidas sócio-educativas e nas demandas de certas famílias que extrapolam o âmbito de atuação do Conselho.
Em conclusão, pode-se dizer que os jovens estão conscientes das ameaças e riscos que sofrem, mas sem orientação sobre o que fazer. Manifestaram grande desejo pela paz, pelo fim da violência, em todos os sentidos, pelo estancamento do desaparecimento prematuro de tantas crianças e adolescentes. Pedem um basta a tudo isso. Talvez tenha faltado a consciência de que a principal violência que sofrem não vem da bandidagem nem da mídia e sim do descaso com que são tratados pelo Estado, ante a omissão dos gestores públicos.
O que deveria ter sido um belo espetáculo esportivo acabou em lamentável manifestação de falta de educação esportiva e de decepção para as mais de duas mil pessoas que foram prestigiar a final do campeonato de futebol entre Humaitá x Monteiro, no Estádio Municipal Dr. Edilson Pontes, em Livramento de Nossa Senhora, Bahia.
A equipe do povoado de Monteiro era favorita e jogava pelo empate, tinha o domínio do jogo e vencia por 1 a 0, mas teve dois jogadores expulsos e acabou cedendo ao empate, quando faltavam uns 15 minutos para o final da partida. A partir daí, perdeu o controle e começou a praticar o anti-jogo e desrespeitar a arbitragem.
O Humaitá animou-se com o empate e caminhava para a virada, que levaria a decisão para os pênaltis. Então, os jogadores do Monteiro, incentivados pelos dirigentes, começaram a agredir as regras do esporte e da esportividade, chutando bolas para fora do campo, depois tirando os uniformes, obrigando o juiz a decretar a impossibilidade de continuação do jogo.
Já no primeiro tempo, um torcedor, supostamente do Monteiro, teria atirado um objeto em um segurança, contratado para suprir ausência da Polícia Militar. Totalmente descontrolado, o segurança pulou o alambrado para revidar, gerando pânico e corre-corre, com as pessoas procurando abrigo na área privativa do Estádio.
Segundo o presidente da Liga Desportiva Livramentense, Jânio Soares Lima, a decisão, agora, dependerá do que o juiz relatar na súmula. Ele explica, porém, que o regulamento estabelece perda de pontos para a equipe que der causa ao encerramento prematuro do jogo. Também lembrou que o Monteiro é reincidente nesse tipo de conduta.
Ao impedir a progressão da partida, com sua atitude desrespeitosa e anti-esportiva, os jogadores do Monteiro frustraram, inclusive, a possibilidade de realização ou não de uma decisão por pênaltis. Nesse caso, perderia não somente os pontos, mas também o próprio campeonato e o Humaitá seria declarado campeão. O assunto tende a parar na Justiça.
O Município de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, estimou para 2011 uma receita líquida de R$37.727.662,09, equivalente a 52% acima do primeiro orçamento da atual administração, feito para 2006. Do total estimado, 94% (R$35.207.028,18) referem-se a transferências recebidas do Estado e da União, sendo apenas 6% gerados pelo próprio município. A Lei Orçamentária foi tema da audiência pública, promovida pela Câmara Municipal, no último dia 8 deste, comandada pelo presidente Ilídio de Castro.
Embora o auditório da casa estivesse lotado, em sua maioria por servidores municipais, e apesar da importância do assunto, apenas quatro pessoas da platéia se manifestaram, o jornalista Raimundo Marinho, a controladora do Município, Neyde Matos Lopes, o presidente da CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas), Antônio Roberto de Souza, e o representante do Conselho Tutelar, Joselito Cardoso Soares.
O jornalista abriu as falas, apresentando um resumo da leitura que fez da Lei Orçamentária, destacando que se trata da repetição de anos anteriores, em que o Poder Público não especifica as obras nem os programas que serão custeados com a receita estimada. Salientou que faltou a especificação dos programas e obras a serem executados, o que, em sua opinião, dificultará o acompanhamento, pela população, e a própria fiscalização pelo Legislativo.
Destacou a timidez do Município na arrecadação tributária – R$1.648.670,53, salientando que poderia arrecadar mais de um milhão somente em IPTU, mas só estão previstos R$68.109,40, além de R$1.146,40 de contribuição de melhoria; R$494.851,16 de imposto de renda retido na fonte; e R$822.603,02 de imposto sobre serviços. O município gera cerca de um bilhão de reais só na fruticultura, mas a receita nessa área e na indústria foi estimada em zero.
O Município de Livramento não tem um planejamento e, pelo Projeto de Lei Orçamentária em discussão, o gestor poderá gastar os recursos onde bem entender, pois as estimativas não estão vinculadas a nenhum programa ou projeto específico, o que poderá favorecer o desvio de finalidades, caso a Câmara aprove o projeto do jeito que está, alertou o jornalista.
Mas ele viu pelos menos dois pontos positivos no Projeto de Lei. Um é a estimativa de gastos com pessoal e encargos, fixada em 38%, bem inferior ao limite máximo permitido pela Lei de Responsabilidade Fiscal, que é de 60%. Ou seja, foi invertida a equação, o que deveria resultar em mais recursos para investimentos, por exemplo, os 22% (R$8.294.000,00) economizados da folha. Mas o estimado para essa finalidade é de apenas R$3.877.000,00.
O outro ponto positivo foi a fixação das verbas da educação e saúde acima dos percentuais mínimos exigidos pela Constituição Federal. No caso da Educação, a estimativa é de 33% (R$12.322.989,63), enquanto o mínimo legal é de 25%. Na saúde, foram estimados 28% (R$10.260.000), e o mínimo seria de 15%. Resta à população exigir melhoria dos serviços, cuja qualidade atual é considerada insatisfatória.
O jornalista Raimundo Marinho apontou, ainda, a pouca importância dada, com valores irrisórios destinados pela Lei do Orçamento, a itens importantes para o desenvolvimento do município, segurança, assistência social e ao atendimento à criança e ao adolescente, citando os seguintes exemplos:
- segurança pública - R$190.000,00;
- saneamento básico – R$225.000,00;
- projetos de desenvolvimento econômico – R$130.000,00;
- assistência à criança e ao adolescente – R$136.000,00 (Conselho Tutelar);
- defesa civil – R$190.000,00.
Enquanto que, segundo observou, itens genéricos, sem especificação da finalidade, foram contemplados com recursos milionários. Exemplos:
- passagens e locomoções – R$1.380.000,00;
- consultoria – R$1.007.000,00;
- serviços pessoas físicas – R$3.322.500,00;
- serviços pessoas jurídica – R$5.262.472,00;
- material de consumo – R$6.410.000,00.
Apenas R$3.877.000,00 foram destinados a investimentos, distribuídos nos itens vagos “obras e instalações” (R$2.346.000,00) e “equipamentos e materiais permanentes” (R$1.470.000,00).
Governo – R$863.500,00
Obras e Serviços Públicos – R$7.023.000,00
Administração e Finanças – R$3.253.200,00
Educação e Cultura – R$12.322.989,63
Saúde – R$10.260.000,00
Assistência Social – R$1.115.500,00
Agricultura, Comércio e Serviços – R$523.000,00
Controladoria Geral – R$197.000,00
Esporte, Turismo e Lazer – R$434.000,00
A controladora geral do Município, Neyde Matos Lopes, com a inércia da Mesa Diretora dos trabalhos, desrespeitou um dos princípios que sempre nortearam as audiências públicas da Câmara Municipal e tentou replicar a fala do jornalista Raimundo Marinho, apesar deste ter se pautado apenas nos dados do Projeto de Lei Orçamentária e no que é cabível ao cidadão no contexto de uma audiência pública. Ele destacou números do projeto sobre os quais emitiu sua opinião, como cidadão.
A ilustre controladora, que não conseguiu controlar a impaciência enquanto o jornalista falava, ao invés de se ater aos esclarecimentos técnicos necessários, tentou descambar para um inadequado julgamento pessoal. De pronto, porém, foi rechaçada pelo próprio atacado, pelo presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas local, Antônio Roberto de Souza, e pelo vereador Paulo Roberto Lessa Pereira, ambos destacando que a manifestação do jornalista se deu de forma adequada, para um leigo em contabilidade, dentro do que se espera em uma audiência pública.
A terceira fala da platéia foi do representante do Conselho Tutelar, Joselito Cardoso Soares, apenas para contestar, segundo frisou, o fato de ter sido dito que o Conselho Tutelar não faz nada. Referia-se à fala do jornalista Raimundo Marinho, que citou o Conselho apenas para mostrar que a única verba destinada à assistência à criança e ao adolescente eram os R$136.000,00 para manutenção daquele órgão. O vereador Paulo Lessa, em aparte, rechaçou o equívoco do Conselheiro, testemunhando que o jornalista não fez qualquer referência às atividades daquele Conselho.
Talvez devesse o Sr. Joselito Soares divulgar mais, entre a comunidade, os relatórios de atividades do órgão e a ater-se a fatos como o bárbaro assassinato de um adolescente, de 17 anos, semana passada, no bairro Benito Gama, supostamente relacionado com o mundo das drogas. Estaria este jovem na lista de assistidos do Conselho? Ou ao caso do membro do Conselho que foi excluído do órgão por ter lesionado a própria filha, menor de idade, com um facão, cuja família vivia e vive em sérias dificuldades, envolvendo os menores. Estas crianças recebiam ou recebem assistência preventiva do Conselho?
Foi suscitada, na audiência pública, a possibilidade de perda de receita, devido à queda da população de Livramento, de 44.568 habitantes, estimada em 2009, para 41.840, contados no Censo 2010. Os gestores do município estão inconformados e tentam junto ao IBGE revisar a contagem.
O assunto levanta a questão dos limites municipais, onde os moradores, como no chamado Bairro Osório, vizinho a Dom Basílio, preferem ser contados para o outro município, alegando que lhes dá mais assistência. Mas há quem diga que esse contingente populacional é inexpressivo.
Seja como for, a preocupação de gestores e vereadores é justa, pois a perda pode superar R$1.238.454,00, baseando-se nas cotas do Fundo de Participação de 2010 (até outubro), segundo dados da Controladoria Municipal, pois o coeficiente cairá de 2.0 para 1.8. Em 10 anos, intervalo dos censos, o montante poderá passar de R$20 milhões, pois a tendência é a arrecadação crescer.
O prefeito de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, Carlos Roberto Souto Batista, foi à Câmara de Vereadores, na sessão de 8 de novembro, apresentar, pessoalmente, o Projeto de Lei contendo o Plano Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, elaborado pela Prefeitura, com apoio técnico da Secretaria Estadual de Promoção da Igualdade (SEPROMI). Ele ressaltou que a iniciativa prevê ações destinadas não somente a superar as desigualdades sócio-raciais, mas também a combater o racismo e viabilizar a promoção humana, no âmbito do município.
Livramento é o primeiro município baiano a tomar a iniciativa e o projeto inclui, ainda, ações voltadas para as áreas de trabalho, saúde, educação, segurança pública, quilombos e as religiões de matriz africana. De acordo com a Assessoria de Comunicação da SEPROMI, a meta do governo da Bahia é atingir os 29 municípios que integram o Fórum de Gestores da área da promoção da igualdade racial.
Segundo a secretária de governo do município, D. Suzete Spínola, “as diretrizes do Plano se orientarão pelo marco legal dos direitos humanos e serão a base para a construção de planos de ações e metas com vistas à realização das políticas públicas a serem implementadas no setor”. Acrescenta que Livramento tem nove comunidades quilombolas certificadas pelo MEC e mais três estão em vias de reconhecimento.
Um caso inédito, na região, de sobreposição de casas de “João de Barro” foi registrado na cidade de Dom Basílio, no sudoeste baiano, vizinha a Livramento de Nossa Senhora. A pequena ave, cujo nome científico é Furnarius Rufus, construiu cinco casas, uma sobre a outra, no suporte da fiação elétrica do 1º andar do prédio do Sr. João Bonfim Ferreira, 51 anos, que faz questão de proteger o “edifício”. “Acho que traz sorte”, diz ele.
João Bonfim Ferreira: acho que dar sorte |
Segundo acrescenta, dois casais da ave levaram um ano para construir as cinco casinhas. Hoje, informa, ”eles aparecem aqui duas vezes no dia, pela manhã e à tarde”. O 1º andar do prédio ainda está em obras e Seu João mora no térreo com a família e onde também mantém uma casa comercial, para venda de material hidráulico. Em um poste vizinho, mais duas casas estão sendo construídas, não se sabendo, porém, se pelas mesmas aves.
Quem deu a dica ao O Mandacaru foi o Sr. Rodrigo Caires Araújo, 80 anos, mais conhecido como “Seu Nem”, que tem verdadeira adoração pelos passarinhos. Ele lembra que “os bichinhos pensam neles [no sentido de se proteger e ter um abrigo] e nós não pensamos em nós”. E acrescenta: “Tem que preservar as coisas. Na minha terra [propriedade], não deixo pescar de rede, para não depredar. Só de anzol”.
O “João de Barro”, que, no sertão de Livramento, também é chamado de “Maria Barreira”, é tido como uma ave engenhosa, o “engenheiro” da floresta, mas que já se adentrou na cidade, aproveitando suas estruturas, principalmente postes e beiradas de casa para construir seus ninhos.
Também parece a "Aurora Boreal", mas igualmente não é. É o alvorecer do dia 5 de novembro de 2010, em Livramento de Nossa Senhora, Bahia, fotogrado pelo jornalista Raimundo Marinho, às 5h, da sua casa, no Bairro Polivalente. Durou menos de 10 minutos.
De acordo com os resultados preliminares do Censo 2010, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a população atual do município de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, é de 41.840 habitantes, bem abaixo da estimativa feita pelo órgão, em 2009, de 44.568.
Foram recenseados 11.180 domicílios, média de quatro moradores, aproximadamente, por domicílio. A estimativa de domicílios foi de 13.505, em 2009. A coleta foi concluída em 28.10.2010, já tendo sido recenseados 94% da população e 83% dos domicílios.
Os números frustraram a expectativa da Administração Municipal, que imaginava ter o município mais de 50 mil habitantes. A preocupação do prefeito Carlos Batista, que se baseava em dados dos agentes de saúde, que não cobrem o município todo, é com a possibilidade de perda de arrecadação, via Fundo de Participação dos Municípios-FPM.
Com a estimativa do IBGE, feita em 01.07.2009, de uma população de 44.568 habitantes, o coeficiente de participação de Livramento no FPM subiu de 1,8 para 2,0. Com a população real de 41.840 habitantes, aquela participação voltará para 1.8, reduzindo a receita.
É, sim, motivo de preocupação, embora não tenha sido divulgado o quanto isso representa em dinheiro. De qualquer forma, a situação financeira da comuna não é ruim, apesar de se tratar de um município pobre. Como não há divulgação sistemática do balanço, a não ser nas herméticas prestações de contas anuais, não é possível se fazer uma leitura precisa.
À vista do que foi declarado junto ao Tribunal de Contas dos Municípios, relativo ao exercício de 2009, a receita líquida do município de Livramento cresceu, na média, mais de 40%, entre 2005, quando Carlos Batista tomou posse, no primeiro mandato, e 2009, saindo da faixa de R$20 milhões anuais para R$32 milhões.
As despesas de pessoal, ainda conforme a prestação de contas de 2009, consumiram apenas 39,51% da receita líquida, bem abaixo do limite máximo fixado pela Lei de Responsabilidade Fiscal, que é de 60%. Isso significa que sobraram mais de 60% para outras despesas e para investimentos.
Quando a Lei fixou o teto de 60% para pessoal, quis evitar abusos na contratação de pessoal e garantir o equilíbrio financeiro dos municípios, que teriam 40% para outras despesas e investimentos. A Prefeitura de Livramento andou muito bem ao inverter a equação, com a folha abaixo dos 40%, e sobrando 60% para outras despesas e investimentos.
O que se pergunta, agora, é onde foram feitos os investimentos e em que outras despesas gastaram-se os recursos, em 2009. De R$32,18 milhões de receita líquida, R$12,71 milhões foram para pessoal, sobrando, dessa maneira, cerca de R$20 milhões, para outras despesas e investimentos, cabendo ao gestor explicar como e onde foram gastos.
Considerando o estado deplorável em que a cidade se encontra e a precariedade dos serviços públicos prestados, é de se desconfiar que os recursos foram mal distribuídos. Saúde e Educação, por exemplo, teriam absorvidos, juntas, perto de R$15 milhões, para uma contraprestação sabidamente insatisfatória. Não há informação sobre investimentos.
Para acessar dados do CENSO 2010, clique abaixo:
Livramento: http://www.censo2010.ibge.gov.br/resultados_graficos.php?CODMUN=2919504
Bahia:
http://www.censo2010.ibge.gov.br/resultados.php?ue=29
Os cemitérios ficaram cheios de vivos, ontem, 2 de novembro, Dia de Finados. No principal cemitério de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, que fica na sede do município, a movimentação foi intensa, durante todo o dia, com dezenas de famílias indo visitar os túmulos e rezar pelos entes queridos já falecidos. Às 17h, foi celebrada missa, no local, pelas almas dos mortos, registrando uma grande afluência de pessoas. Na homilia, o padre Ademário falou da importância do momento da morte, que considerou um fato natural, assim como nascer e viver. E enalteceu as famílias que encaram a morte com dor, pela perda, mas com serenidade e confiança em Deus e nas promessas de Jesus Cristo.
Clique abaixo, para reler o artigo No Cemitério, do jornalista Raimundo Marinho:
http://www.mandacarudaserra.com.br/artigos/2007/artigo_setembro.html