Raimundo Marinho
Jornalista
Um público estimado em mais de 40 mil pessoas, súditos de todas as idades, saltitou de alegria e muitas emoções, durante o apoteótico show, de luzes, cores e muitas canções, do Rei Roberto Carlos, o mais popular dos cantores do Brasil, ontem, na Arena Fonte Nova, em Salvador (BA).
Diferente da última vez em que esteve na cidade (Teatro Castro Alves, 2011), Roberto Carlos, 73 anos, pareceu cansado e apático. Sorriu e brincou pouco com o público. Mas ninguém se importou, pois a maioria estava ali mais para ver o mito, ao vivo. E ele retribuiu: “Eu amo vocês!”.
Cantou 18 sucessos, em 1h40min de show. Iniciou, como sempre, com Emoções. Os pontos altos foram “Eu te amo, eu te amo, eu te amo”, “Detalhes”, “Desabafo”, “Outra vez”, “Lady Laura”, “Nossa Senhora”, “Propostas”, “Esse cara sou eu” e “Como é grande meu amor por você”.
Encerrou com “Jesus Cristo”. Fez a costumeira distribuição de rosas. Em seguida, curvou-se diante dos súditos, acenou e desapareceu nos fundos do palco. Mas não terminava, ainda, a partida na apoteótica Arena. No peito da multidão, uma saudade antecipava: “mais uma, mais uma...”.
O Rei volta, cantando “Você meu amigo de fé, meu irmão camarada, amigo de tantos caminhos e tantas jornadas...”. E o grande público - crianças, jovens, idosos e muita gente com dificuldade de locomoção - se dispersa.
Valeu, mesmo para quem precisou enfrentar a precariedade de transporte, ao voltar para casa, já na soteropolitana madrugada de domingo!
Carlos Alberto Di Franco (*)
No seu primeiro pronunciamento desde a prisão de dirigentes de empreiteiras no escândalo da Petrobras, a presidente Dilma Rousseff exaltou o mérito do governo de estar investigando a corrupção “pela primeira vez na história do Brasil”. Fantástico!
Em primeiro lugar, amigo leitor, o governo não está apurando nada. Ao contrário. Está sendo investigado. O juiz federal Sergio Moro não é um contínuo do Palácio do Planalto. É representante de outro poder da República. A Polícia Federal, independente e eficiente, não é um departamento subordinado aos interesses, caprichos e ordens da doutora Dilma Rousseff. O pronunciamento da presidente só pode ter duas explicações: cinismo ou preocupante desligamento da realidade.
A Operação Lava Jato vai compondo um quadro de corrupção que arranhou gravemente a história, a saúde financeira, a marca e o futuro de um ícone do Brasil. A atual presidente da República não é uma espectadora passiva da tragédia. O escândalo permeou os mandatos de Lula e estourou com força no atual governo. Dilma foi ministra de Minas e Energia, chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras no governo Lula. A presidente, conhecida por seu perfil centralizador e autoritário, não pode fazer de conta que está em outro planeta. Ela está, queira ou não, no olho do furacão.
Mas o cinismo ou desligamento da realidade é uma doença que vai contagiando todos os integrantes do governo e seus aliados. Graça Foster mostrava surpresa e indignação com as denúncias de corrupção na empresa sob sua responsabilidade. Nada sabia, nada tinha visto. Agora, premida pela força dos fatos, reconheceu, por exemplo, que sabia “há meses”, por empresa holandesa, de pagamento de propina na estatal. Mas o que mais surpreende é a decisão “saneadora” de Graça Foster: criar uma diretoria de governança para o “cumprimento de leis e regulamentos internos e externos”. É como se a Petrobras, nos dois mandatos de Lula e no governo Dilma, não tivesse mecanismos de autocontrole. É brincadeira! A nova estrutura, uma nítida jogada de marketing, é quase um insulto.
Chegou a hora da verdade para governantes e políticos. A sociedade está cansada da empulhação. Os culpados pela esbórnia com dinheiro público, independentemente da posição que ocupem na cadeia corruptora, devem ser exemplarmente punidos. E isso não significa, nem de longe, ruptura do processo democrático, golpismo ou incitamento à radicalização.
Dilma foi reeleita legitimamente. Pregar um golpe, explícita ou implicitamente, é tudo, menos comportamento democrático. Isso não significa, por óbvio, admitir barreiras protetoras absurdas ou chancelas de impunidade. Todos, incluindo a atual presidente, podem e devem ser responsabilizados por seus atos.
A imprensa tem função relevante no momento que vivemos. Um condenado do mensalão se referiu à imprensa que desencadeia a pressão popular contra homens públicos aéticos e governantes corruptos, comparando-a, com cinismo, à “ditadura militar”. Tais declarações, característica de políticos apanhados com a boca na botija, não devem preocupar. Afinal, todos, independentemente do seu colorido ideológico, procuram o bode expiatório para justificar seus crimes, deslizes e malfeitos. A culpa é da imprensa! O grito é uma manifestação de desprezo pela verdade.
Os meios de comunicação social existem para incomodar. Um jornalismo cor de rosa é socialmente irrelevante. A imprensa, sem precipitação e injustos prejulgamentos, tem o dever de desempenhar importante papel na recuperação da ética na vida pública. Nosso compromisso não é com celebridades, mas com a verdade, com a informação bem apurada, com os leitores. E nada mais.
(Ou: Como é Grande o Tamanho da Piada!)
Jorge de Piatã (*)
Na maioria das vezes não nos damos conta das injustiças que praticamos no dia-a-dia. É o que acontece, por exemplo, quando o noticiário nos surpreende anunciando aquele que aparenta ser o mais recente e sensacional escândalo envolvendo figurões da vida pública brasileira.
Aí vem a vontade de extravasar e despejar todo o nosso arsenal de baixo calão: ladrão safado, filho da puta, corrupto, miserável... E, se o dito, para se justificar, diz alguma coisa que nos parece engraçada, aí explodimos e incluímos no rol dos impropérios a expressão “cínico”, quase sempre com o reforço de “cínico descarado, gatuno, mil vezes safado...”, etc.
Tive essa sensação, por exemplo, quando vi e ouvi, no Jornal Nacional, o Delúbio Soares afirmar que o Mensalão não era mais que uma simples piada de salão. Mal pude conter o impulso de desancar o cara, o que faria sem dó nem piedade. Logo me assaltaram a mente expressões como cínico descarado, nojento, cachorro, para ficar só no que de mais suave e publicável me ocorreu.
Mas, agora, não mais que de repente, a ficha caiu-me sobre a cabeça. Na verdade, uma baita ficha, com o peso do martelo de Thor. Que marretada, meu... uuuuuuuuuuuuuiiii ...
O Delúbio realmente estava se justificando, porque sabia das coisas. Sabia que o Mensalão era mesmo uma merrequinha, coisa de inocente, merdiquinha de nada... se comparado com o Petrolão, ou melhor, com o Hiperpetrolão.
Sabia que, neste mega escândalo, até a corrupção estava inflacionada, saltando da casa dos milhões para os bilhões, sendo a negociação de Pasadena apenas uma simples amostragem da capacidade de arrecadação dos bons companheiros e aliados.
E, agora, seu moço, mais que uma inocente piada de salão, a que estamos escutando é uma senhora piada de putaria que não cabe nem nos maiores sambódromos pátrios, nem mesmo na Marquês de Sapucaí...
E o Delúbio assim o disse, porque, ao contrário dos seus grandes companheiros, sabia e sabe de tudo. Merece, ele, por conseguinte, entrar para a História com o título de Delúbio, o Sábio!
Por isso e tudo mais de mal que pensei e que desejei dizer, começo o mea culpa, mea máxima culpa, prostrando-me, genuflexo, diante de Sua Excelência, o Ínclito, Honorável e Sapientíssimo Senhor Doutor Delúbio Soares.
E, em meu nome e de todos que, como eu, o subestimaram e votaram contra, nas últimas eleições, peço mil desculpas, ou melhor, mais proporcional ao Hiperpetrolão, duzentos bilhões de desculpas, abrangendo outras injustiças em que venhamos a incorrer.
Seria pouco? De qualquer forma, perdoa-me, cara! Não aguento mais. Te julguei muito mal, mesmo que só em pensamento. Ainda bem que contive o impulso das palavras. Que Deus nunca me deixe cair nessa tentação. Que nunca me deixe roer nem corroer de remorsos. Desculpa, vai...
Raimundo Marinho
Jornalista
Novembro Negro continua, patrocinado pelo Estado. Depois, virão Natal, Réveillon, Carnaval, Quaresma, São João. Depois, Novembro Negro novamente. Nesse colorido, nossa consciência continuará negra.
Os extermínios de hoje reúnem herança escravocrata e crueldade humana. As estatísticas põem os pobres, majoritariamente negros, como alvos básicos. A cor não é definidora, mas tão somente predominante.
Nossa população já foi majoritariamente de africanos e descendentes. Os índios foram reduzidos a números insignificantes e permanecem massacrados pelos modernos colonizadores, donos do capital.
A população negra é maior, mas não a única vitima desse teatro de horror. Quem são os capitães do mato? O conjunto da sociedade? Creio que sim, uns pela ação direta e tantos outros pela omissão e a indiferença.
Desponta a consciência escura de que pobre não é gente, preto não é cor e tidos como extermináveis. Pior se agregada a homossexualidade. Na raiz da violência especializada, está a sordidez da sem-consciência humana.
Querem exterminar os pobres, etiquetados de inúteis, a cor só agrava (Leiam o Horror Econômico: 1997, de Viviane Forrester). A culpa é difusa e só políticas públicas, na forma de migalhas e engodos, não resolvem o problema.
Até na África a beleza negra é ultrajada e confinada na miséria e no apartheid. Nem o princípio religioso salvará, pois vão dizer que Deus foi injusto na divisão colorida dos seres.
Só acredito em solução se o ideal humano, originalmente concebido, for resgatado, pela via da prática dos princípios cristãos! Então, desespero-me, ante o quão a humanidade se distancia disso!
(imagens copiadas da internet)
Raimundo Marinho
Jornalista
A agenda do Governo Federal em relação às raças, no Brasil, é tida como das melhores e mais abrangentes do mundo. Surgiu com a MP n° 111/2013, que criou a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, convertida na Lei 10.678/2003.
Foi assinada pelo então presidente Luiz Inácio da Silva e considerada uma vitória das lutas do Movimento Negro brasileiro, desde os quilombos. Enfrentou penosos caminhos, mas se tornou unificado (1978) e ganhou reforço com a Constituição Federal (1988).
Houve avanços, pelo esforço governamental, modernização e democratização da sociedade, mas a desigualdade social ainda é muito cruel. Na prática e nas pontas, a proposta federal sofre velada diluição, por desvios e uso político, gerando resultados pífios.
Terras indígenas são esbulhadas, negros estão no topo da miséria e da estatística policial. Em nossa comunidade de Livramento, por exemplo, há indícios de desvios, como nas cotas raciais, com surpreendente quantidade de brancos que se declaram afrodescendentes.
Remanescentes de comunidades quilombolas, oficialmente reconhecidas, continuam na mesma miséria de antes. No registro policial, é inédita a quantidade de negros e pobres desovados em matagais.
O Governo Federal é generoso na distribuição de recursos para efetivação dessa política. Só o programa Enfrentamento ao Racismo e Promoção da Igualdade Racial” teve R$47,7 milhões, em 2013. Na Bahia, os gastos para o Dia da Consciência Negra foram de R$410 mil.
O Centro de Formação Comunitária de Livramento (Ceforc) emplacou projeto de simples caminhada, com verba de até R$15 mil. O interesse pelas causas sócio-raciais tem sido proporcional à cor do dinheiro.
Manifestações filantrópicas são raras. Persistem preconceito, discriminação, violência e pobreza dos afrodescendentes. Parece que a única cor que, de fato, interessa é o dinheiro com potencial de desvio.
(imagens tiradas da internet)
Raimundo Marinho
Jornalista
Servidores da educação e o poder público municipal de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, conseguiram se unir em torno de uma mesa de negociação, dentro da campanha salarial da categoria, referente a 2014.
O entendimento foi intermediado pela Comissão de Educação da Câmara de Vereadores. Integram a mesa: três vereadores, quatro servidores, secretário da Educação, representantes da APLB-Sindicato e do SPEL (Sindicato dos Profissionais da Educação de Livramento).
As pautas dos dois sindicatos (APLB e SPEL) estarão em discussão, com reivindicações salariais, funcionais e sociais, que serão discutidas na primeira reunião do grupo, agendada para o próximo dia 26.11.2014.
O entendimento obtido suspendeu a greve progressiva de novembro, deflagrada pela APLB-Sindicato, como parte da campanha salarial deflagrada pela entidade desde abril de 2014.
Zumbi dos Palmares |
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Raimundo Marinho
Jornalista
Recebemos pedido de divulgação da 1ª Marcha Livramentense Contra o Genocídio do Povo Negro. O objetivo seria “chamar a atenção da população para a morte de milhares de pessoas classificadas no perfil de pobre, jovem e negro e denunciar a violência contra negros e negras jovens”, contra “o racismo e [pelo fim] do genocídio do povo negro”.
A mensagem, via e-mail, vem do Ceforc (Centro de Formação Comunitária), dirigido por Hugolino Lima. Informa que “o projeto foi aprovado pelo Edital Novembro Negro, da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado da Bahia”. Mas omitiu os R$15.000,00 recebidos do Estado, pelo evento.
A caminhada será amanhã, 20, Dia da Consciência Negra, que homenageia o herói da luta contra a escravatura, no Brasil, Zumbi dos Palmares, ignorado pelo Ceforc. Horário: 16h, do Hospital à Praça João Marques, com a participação de estudantes e apresentações musicais e de capoeira.
A nota causa espanto, pela ignorância total ao líder negro e a referência a “genocídio do povo negro”, sem caracterizá-lo devidamente e sem citar qualquer estatística a respeito. No Brasil existe, sim, assassinatos de jovens, não apenas negros, todos pobres, mas longe de ser genocídio.
O objetivo divulgado pelo Ceforc destoa do Novembro Negro, organizado pela Secretaria da Promoção e Igualdade Racial, para refletir sobre políticas públicas acerca da promoção da igualdade racial, consolidar e aprofundar o enfrentamento das desigualdades de raças na Bahia.
Lembramos que genocídio é definido como assassinato deliberado de pessoas motivado por diferenças étnicas, nacionais, raciais, religiosas ou políticas, que se configura como crime contra a humanidade. Será que isso existe, no Brasil?
Raimundo Marinho
Jornalista
O Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) disponibilizou, em seu site, esta semana, o inteiro teor do Parecer Prévio, datado do último dia 12, em que rejeita a prestação de contas da Prefeitura de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, relativas ao exercício de 2013, do gestor Paulo Azevedo.
Dr. Paulo: contas rejeitadas |
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Aponta falta de planejamento, violação da Lei nº 101/2000 (Responsabilidade Fiscal), falhas contábeis, falta de cobrança da dívida ativa, não recolhimento de tributos, violação da Lei nº 8.666/93 (licitação), desvios no Fundeb, abuso de gastos e falta de controle interno.
Houve, também, variação patrimonial negativa de R$22.994.816,02, que pode sinalizar que a Prefeitura está quebrada, ou seja, tem mais débito que crédito. Extrapolou os gastos com pessoal, o que a impedirá de receber transferências voluntárias e de pleitear crédito.
O prefeito tentou fugir da LRF, na contratação desenfreada e sem concurso de pessoal, terceirizando mão-de-obra, através de cooperativas e prestadores de serviços, mas não encaminhou ao TCM os respectivos contratos de terceirização.
Tem prazo de 30 dias para recorrer contra a rejeição das contas e da multa de R$4.000,00. Se perder o recurso, ficará a mercê da Câmara de Vereadores, em julgamento final, previsto na Constituição Federal.
Raimundo Marinho
Jornalista
A rejeição da sua primeira prestação de contas, relativa a 2013, pode significar a abertura das portas do inferno astral do prefeito Paulo Azevedo (foto), de Livramento de Nossa Senhora, na Bahia.
Por mais desprezo que ele possa ter pelas leis e por maior que seja sua ojeriza em ouvir quem o assessora, o fato vai persegui-lo por bom tempo, na vida política e pessoal.
Isso inclui imputação de multas e o fantasma da inelegibilidade.
Apesar de sempre aparentar não estar nem ai, vai precisar, mais que nunca, dos vereadores, advogados e algum dinheiro.
O prefeito segue o mau costume local de não ter planejamento público e gasta o dinheiro conforme seu tino pessoal. E conduz uma administração de alta rotatividade.
As áreas mais afetadas são saúde, quatro secretários em menos de dois anos, e educação, com três. Por que, como médico, o prefeito se articula tão mal com colegas da área de saúde?
Sem falar que Dra. Efigênia Cardoso e D. Luzia Machado, ex-secretárias da Saúde, são do seu grupo familiar. O alcaide também é acusado de fugir do contato com a população.
Temos problemas graves a serem resolvidos: saneamento, abastecimento de água, saúde pública. Cresce a incidência de câncer, no município, atribuída ao uso abusivo de agrotóxicos.
Há entre nós até casos de hanseníase (lepra), doença tida como erradicada, no Brasil. Nosso meio ambiente está sendo devastado, incluindo os recursos hídricos.
Precisamos, então, de muita ação e reação! Chega de mercantilismo politico-eleitoreiro! Chega de brincar de casinha de vereador e de prefeito!
Raimundo Marinho
Jornalista
Inadmissível cidade como Livramento de Nossa Senhora, Bahia, ficar sem tratamento de esgoto. Tinha rede insuficiente, talvez cobrindo 30% dos domicílios, além de lagoas ultrapassadas de tratamento aeróbico.
A adutora, como denunciado há vários meses, continua despedaçada, com dejetos lançados em pastagens privadas. As lagoas foram limpas recentemente, mas nenhum sinal de substituição da adutora.
Veja a contundente matéria deste site sob o título “Pisando na merda, literalmente!” (27.05.2014). Ninguém falou mais nada. A Câmara de Vereadores, como sempre faz, nada fez.
Tentamos contato com a Prefeitura, esta manhã, por telefone, mas ninguém atendeu. E o fedor continua! D. Nete (Primeira Dama), por favor, socorro!
Raimundo Marinho
Jornalista
Pode dar com as cangalhas n’água quem apostar na preocupação do prefeito Paulo Azevedo, de Livramento de Nossa Senhora, com o que se passa na Câmara de Vereadores. Ele nunca esteve e, talvez, nunca estará nem aí.
Mesmo numa eventual desaprovação de contas pelo TCM, em que os edis terão a palavra final, ainda acho que o alcaide apostará na volubilidade e venalidade política, das quais o Legislativo costuma ser acusado.
Até aqui tem dado certo, para os que buscam abrigo fora da lei. Por onde quer que se ande, no município, ouve-se que quem, de fato, governa é a Primeira Dama. Para muitos, isso se estende ao desprezo pela tal Casa de Leis.
Mas sempre me recusei a acreditar cem por cento que Paulo Azevedo, em quem votei, pudesse ser um “pau mandado”. Só pode ser a costumeira intriga oposicionista. Só vou acreditar mesmo se vê-lo usando uma gravata floral.
Então, acredito que ele não vai se meter na eleição da Mesa da Câmara, que só interessa mesmo ao ego de 13 pessoas, os vereadores. Assim como, apesar do assédio, evitou se meter na composição do biênio que termina.
João Amorim e Antônio Luiz disputavam encarniçadamente a presidência. Paulo Azevedo foi chamado e respondeu: “não vou me meter”. E o acordo foi
João Amorim (2013/2014) e Antônio Luiz adiado para 2015/2016.
Agora, tudo foi esquecido, sem qualquer reação do principal interessado. Certamente ele achou melhor ter já uma vice na mão (2013/2014) do que apenas acreditar numa presidência voando (2015/2016).
Raimundo Marinho
Jornalista
Foi sepultada, ontem, no cemitério de Livramento de Nossa Senhora (BA), onde nasceu e
viveu, D. Judite Rosa de Souza, 97 anos. Vinha enfrentando problemas de saúde, devido à idade avançada. Era especialista na arte da renda de bilros, tipo de artesanato praticamente extinto no Brasil.
Pode ter sido uma das últimas remanescentes dessa arte tão delicada e bonita. Em abril de 2011, O Mandacaru fez reportagem com ela, quando revelou ter aprendido o ofício aos 10 anos de idade, com a própria mãe. Sua primeira peça foi um tipo de renda conhecido como “olho de pomba”.
Disse que, no começo, a produção era para uso próprio, feita nos intervalos do trabalho doméstico e na roça. Não soube dizer quanto já tinha produzido, em toda vida, mas estimava ter sido em torno de 10 mil metros de renda.
D. Judite era filha de Francisca Maria de Jesus e Emiliano Militão de Castro. Deixa quatro filhos, entre eles Nilza (Tia Pia), muito conhecia na área de saúde e no movimento católico da cidade.
(Acesse a reportagem em D. Judite).
Raimundo Marinho
Jornalista
Professores e outros servidores das escolas municipais de Livramento de Nossa Senhora aprovaram nova forma de greve. Vão parar dois dias (quinta/sexta-feira) da próxima semana; três na seguinte (quarta a sexta-feira) e quatro dias na última semana deste mês (terça a sexta-feira).
Foi decidido na reunião de ontem, convocada pela APLB-Sindicato, em resposta à administração municipal, que teria ignorado as reivindicações da categoria, na campanha salarial e social (2014), entregues ao Executivo e Legislativo, há seis meses, segundo o diretor da APLB, Jânio Soares Lima.
A categoria pede respeito ao piso nacional (Lei nº 11.738/2008), hoje de R$1.697,00, e ao Plano de Carreira (Lei Municipal nº 1.169/2011), que prescreve a valorização da categoria, promoção por cursos realizados e correção de distorções funcionais.
Querem, ainda, adicional de 1% por ano trabalhado, auxilio alimentação (jornada de 40 horas), licença prêmio em pecúnia, abono para compensar contribuição excedente, devido ao fator previdenciário, assistência médica hospitalar, eleições diretas para diretor e vice, formação profissional.
Em pausa na reunião, na AAL, o grupo foi à sessão da Câmara de Vereadores, do outro lado da praça, onde o representante da APLB-Sindicato, Gerlando Oliveira, no espaço Tribuna Livre, dedicado a entidades de classe, apresentou a pauta do movimento e pediu apoio aos vereadores.
Também houve apresentação da representante do Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde, Cleide Coelho. As duas participações movimentaram plenário e galerias do Legislativo. Foram denunciadas graves precariedades nos dois setores e a indiferença do Poder Executivo.
Cleide Coelho, em resumo, disse que teve de recorrer a serviços médicos da vizinha cidade de Paramirim quando necessitou de atendimento ginecológico, pois falta esse serviço na rede pública local. Afirmou que, em Livramento, quem não pode pagar exames “morre à mingua”.
Gerlando Oliveira, pouco antes da Tribuna Livre, ainda na reunião da APLB-Sindicato, desabafou: “se eu tivesse condições, minha filha não estudava na escola onde leciono”. Na Câmara, relatou atrasos de salários, má qualidade da merenda escolar, e violação da Lei do Piso e Plano de Carreira.
Nove vereadores discursaram, motivados pela presença dos visitantes, mas foram criticados, ao final, pelos servidores, devido à ausência de propostas para sanar os problemas apontados. Só blá, blá, blá, blá, blá... Detalhe: nenhum, nem da situação, defendeu a administração municipal.
Paulo Azevedo, prefeito de Livramento |
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Raimundo Marinho
Jornalista
Em campanha eleitoral, candidatos a prefeito não demonstram a mínima preocupação com a realidade financeira dos municípios. Se da oposição, até apontam má aplicação do dinheiro público, desvios e roubo do erário.
Empossados, mudam os discursos e adotam as lamúrias. Mas nenhum, que se sabe, renunciou ao mandato por causa disso. Sem falar dos que deixam os cargos pessoalmente mais ricos do que quando entraram.
Em Livramento de Nossa Senhora, Bahia, Paulo Azevedo foi um desses críticos ferozes do antecessor. No cargo, teria dito, eufórico, que não sabia que a Prefeitura tinha tanto dinheiro.
Isso pode tê-lo levado a atos perdulários, como a contratação de pessoal sem concurso. Agora, a Prefeitura vive aparente crise financeira, anunciando demissões e admitindo atrasos no pagamento dos contratados.
O prefeito carimbou essa realidade, ao suspender gratificações, adicionais e horas extras, alegando perda de receita, Lei de Responsabilidade Fiscal e necessidade de ajustes (Dec. nº 196, de 27.10.2014).
Mas conservou seu salário (R$25 mil) e do vice (R$12 mil). Nosso prefeito ganha igual ou mais que a maioria dos colegas de capitais, sendo os maiores São Luís (R$ 25 mil), São Paulo (R$ 24.117,62) e Aracaju (R$ 24 mil).
O Censo IBGE-2010 registra que a renda média dos livramentenses é inferior a um salário mínimo. Dos 42.705 habitantes, mais de 16 mil declararam não ter renda. Outros 16 mil tinham renda entre R$169,50 e R$678,00.
Jânio Lima, diretor da APLB-Sindicato |
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O diretor do núcleo regional da APLB-Sindicato, Jânio Soares Lima, com sede em Livramento de Nossa Senhora, Bahia, que está em campanha salarial, diz que poderá haver greve dos professores da rede municipal de ensino.
A entidade está convocando os profissionais do setor para uma paralisação, nesta sexta-feira, dia 7, com reunião plenária, a partir das 12h, na Associação dos Amigos de Livramento. Pauta: Campanha Salarial e Social - 2014.
O motivo para uma paralisação prolongada seria a recusa da Administração Municipal em compor a mesa de negociações, visando os ajustes salariais e de outras cláusulas constante da pauta de reivindicações.
A APLB assume o papel que, nas gestões de Carlos Batista (2005/2012), foi do SPEL (Sindicato dos Profissionais da Educação de Livramento), cujas lideranças, hoje, assessoram a Secretaria Municipal da Educação.
Com isso, os docentes e outros servidores do setor estão migrando para a APLB-Sindicato, que é novo na região, mas promete dar trabalho ao alcaide, que dar sinais de que não está nem ai.
Raimundo Marinho
Jornalista
O cemitério de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, como na maioria do resto do mundo, encheu-se de vivos, nesta manhã de domingo, Dia de Finados. Centenas de pessoas foram reverenciar entes queridos, aflorando dores que nunca passam, buscando consolo nas velas acesas, flores e orações.
Padre Ademário, vigário da paróquia local, celebrou missa campal em homenagem aos mortos. Preferiu falar da celebração da vida e não da morte, como destacam as leituras bíblicas do dia: “a fé oferece a possibilidade de uma comunhão com nossos queridos irmãos falecidos, dando-nos a esperança de que já possuem em Deus a vida verdadeira” (GS18,2).
Sustentado no ensinamento de Cristo, afirmou: “diante da morte de nossos entes queridos, não devemos pensar numa perda irreparável, mas no destino esperançoso ao qual Deus nos chama”. E lembrou a promessa do Messias: “Vou preparar-lhes um lugar, para que onde eu estiver, estejam vocês também” (Jo 14,3).
Por fim, alertou: “A visita aos cemitérios não deve se reduzir em levar flores aos túmulos, ou acender velas. Convém rezar pelos nossos mortos. É a melhor flor. A Bíblia garante que ‘é santo e piedoso costume rezar pelos mortos’ (2Mc 12,45)”.
Em resumo, o padre falou do que devemos esperar ao confiar em Deus, ao seguir os ensinamentos de Jesus. Mas o humano também gritou alto, com muitas pessoas debruçadas e chorando sobre os túmulos. Muitos buscaram o único consolo visível de lá acenderem velas e depositar flores.
Entre os que lá também deixaram suas lágrimas, estava a mãe diante da foto do filho, morto aos 17 anos, há 17 anos. “Tão novo, meu Deus...”, exclamou e saiu chorando. Muitas vezes, a dor é tanta que impede de se pensar no sentido da vida, da qual a morte faz parte. Pergunta-se, enfim, “por que nascemos, por que morremos?”.