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Atualizado em 27.11.20143,11h

Jadher Assunção
(e-mail omitido, a pedido)
 

Senhor Editor-Chefe,

Cumprimentando-o cordialmente, e considerando as recentes reportagens referentes ao que se convencionou chamar de "Novembro Negro", em homenagem a um debate respeitoso e sadio sobre a questão racial, gostaria de convidá-lo a se debruçar aos seguintes fatos e fundamentos abaixo apontados, para que possamos refletir melhor o mérito da questão.

Inicialmente, registro apoio a Vossa Senhoria pelos ataques injustamente sofridos por uma leitora que, assim como eu, resolveu criticar a reportagem veiculada no dia 19 de novembro de 2014. Considero que o exercício da liberdade de expressão, sobretudo nos meios de comunicação virtual, não pode ensejar ofensas, condutas desrespeitosas ou acobertar ataques à intimidade e à individualidade de quem quer que seja. Em sentido diverso, estaremos deteriorando o verdadeiro valor da liberdade de expressão, cuja conquista e defesa permanente já impôs o sacrifício de muitas vidas humanas. Por isso, todas as colocações feitas devem levar em consideração o respeito ao próximo (na filosofia cristã, "amai-vos uns aos outros como eu vos amei") para que lhes seja assegurada a liberdade de expressão, sob pena de o direito à livre exteriorização do pensamento ser reduzido a fim de que protejam os direitos violados em função de seu uso inadequado. Filio-me ao pensamento da leitora, que trouxe ao debate
 um excelente texto de Abramovay, antigo Secretário Nacional da Justiça e militante na defesa dos direitos humanos. Todavia, deixamos de enxergar o brilhantismo do argumento em virtude das desnecessárias colocações da leitora.

Em seguida, mais uma vez, gostaria de convidá-lo a refletir sobre a questão racial no Brasil, que é um assunto constrangedor, pouco debatido e, infelizmente, contaminado por standards de preconceitos e posições que, além de não enfrentarem o mérito, subsidiam a sofisticação do racismo em função de seu conteúdo preestabelecido e tido por neutro e indiscutível.

Primeiramente, discordo da posição de Vossa Senhoria quando propõe solucionar os conflitos raciais por meio da doutrina cristã. Apesar de igualmente comungar dos valores cristãos, vejo-me obrigado a perguntar: como é possível apresentar uma proposta de solução se o problema sequer foi apontado? Ou seja, não há soluções sem problemas, uma vez que a razão de existir da solução é de se aplicar a um problema. E, tratando-se da questão racial, não há intenção de aprofundar no mérito no intuito de construir a melhor solução possível, garantindo a participação democrática de todos os seguimentos da sociedade.

O racismo integra a realidade brasileira desde seus primórdios a ponto de a Constituição Federal repudiar no mesmo dispositivo o racismo e o terrorismo, demonstrando que o Congresso Constituinte considerou que o racismo possui gravidade tão intensa quanto o terrorismo. Pergunto: tal dispositivo legal está inserido na Constituição Federal (a maior de todas as leis do Brasil) por mero acaso?

O racismo constitui um problema de grande importância no Brasil que foi necessário incluir na Constituição o compromisso do Estado de combatê-lo sob as mais diversas formas, criminalizando as condutas de racismo, promovendo a igualdade racial através de mecanismos jurídicos e políticas públicas que encontram total validade e sintonia com a Constituição Federal. Então, não se trata de um simples problema em que se pode aplicar de imediato a filosofia cristã. Qualquer solução prematura, que pregue ignorar o passado e olhar o futuro, que alegue não existir discriminação racial, será afastada por força da Lei Maior e, principalmente, por agravar o problema da questão racial, passando ao largo da finalidade de conquistar a igualdade racial.

Também, cumpre registrar que o genocídio possui diversas significações, sendo a definição legal apenas uma das possíveis características da prática de genocídio. Nesse sentido, a Lei de Genocídio (Lei n. 2.889, de 5 de outubro de 1956) criminaliza apenas algumas condutas que estão aptas a se moldarem no conceito de genocídio. Assim, a lei está incompleta por não abarcar outras práticas que são também genocídio. De igual modo, está defasada por não acompanhar novas condutas cuja finalidade seja exterminar, no todo ou em parte, a cultura, a religião, os costumes, os idiomas, a fertilidade das mulheres e as vidas de determinado grupo étnico ou povo. Logo, convido Vossa Senhoria a fugir da letra fria da lei, que merece o juízo crítico em razão do tempo da edição da lei e da ocorrência de novos fatos que o Estado brasileiro se obrigou a repudiar por força da Constituição Federal, não apenas nas formas apresentadas pela lei, mas sob todas as formas.

Longe de ser uma prática apenas interpessoal ou social, o racismo é um fenômeno elástico que se inseriu e fez surtir efeitos também nas relações institucionais, sobretudo no Estado. Trata-se do Racismo Institucional, praticado por agentes públicos, sobretudo por policiais que executam sumariamente os jovens negros, não havendo repetição de antedita prática com pessoas de mesma faixa etária de pele branca. Isso é, sim, racismo, não apenas desigualdade financeira ou social.

Estudos jurídicos interessantes e devidamente fundamentados apontam a existência de prática de racismo na área tributária e no âmbito da proteção ao meio-ambiente, o que já se chama, respectivamente, de Racismo Tributário e de Racismo Ambiental. Desde logo, recomendo a leitura, a fim de que possa refletir sobre a questão, acaso tenha interesse.

Respeito o direito de Vossa Senhoria de entender a questão racial de modo diverso, mas saiba de antemão que advogam contrariamente aos seus posicionamentos estudos sociológicos, jurídicos, políticos, antropológicos e científicos de que há racismo na sociedade brasileira, bem como os números apontam a configuração, em tese, de prática de genocídio. Ocorre que, pela antiga Lei de Genocídio, a responsabilidade penal é subjetiva, ou seja: recai apenas sobre pessoa certa e determinada a acusação de prática de crime. De tão defasada que é, a lei ignora que o Estado pode conduzir a prática de genocídio de negros mediante a utilização do aparato da segurança pública, composta por diversas pessoas e funções, de modo a dificultar a identificação deste ou daquele culpado.

Por fim, registro que qualquer solução que não enfrente verdadeiramente o mérito da questão racial será uma solução fracassada. O racismo no Brasil é amplo, possui diversos efeitos e ramificações, apresenta-se sob as mais variadas maneiras nas relações individuais, sociais e institucionais, todas elas merecendo a devida análise para fins de cumprir o mandamento constitucional de combater o racismo sob todas as suas formas contra negros, índios, ciganos, judeus e demais minorias que são vitimadas por uma prática que não encontra mais lugar no padrão de civilização almejado. Devemos ser todos iguais em direitos e deveres; precisamos, apenas, garantir a mesma possibilidade do exercício dos direitos e deveres para aqueles que sempre foram excluídos e impedidos de serem cidadãos comuns.

Agradeço, mais uma vez, o espaço.

 

Prezado Jadher!

 

O debate é bom e o tema estimulante!

Este espaço, porém, acho mais apropriado para se expor ideias. Prefiro o debate oral e frontal, principalmente em assunto de tão numerosas e diversificadas nuances, a requerer pronta interação.

Mas posso colocar como centro do meu pensamento a certeza cristã de que nossa natureza humana tem origem divina, donde vem, também, as leis fatais que nos regem.

O exemplo eloquente disso é nossa própria organização corporal e espiritual. Tanto as ciências médicas quanto as sociais são meras subsidiárias, haja vista a inexorabilidade do nosso perecimento físico.

Nas ciências sociais, incluo o sistema jurídico, que pode estabelecer igualdade de direitos e de obrigações, mas nunca a igualdade racial, por exemplo, para ficar no tema.

Não podemos separar o que Deus uniu e nem unir o que Deus separou. As leis sociais regulam as relações convivenciais e o máximo que chegam é penalizar transgressões. Não criam nem desfazem sentimentos!

Para o racista, a cor contrária será sempre fedorenta, mesmo que ele tenha de pagar o ônus da lei. Estamos muito distante de mudar isso apenas com os apelos da “igualdade racial” e da “consciência negra”.

Escrevo isso não como projetistas de laboratório, financiados pelo Estado, mas com a consciência de afrodescendente, que não foi chicoteado, nasci mais pra cá, mas sofri e ainda sofro o preconceito, ainda que velado.

Se a consciência cristã, cujos postulados são esposados nos fundamentos divinos, aos quais atribuímos a ordem universal, não resolver a questão, nada mais o fará. E aqui caberia um hipertexto, levando a discussão, por exemplo, para o campo da espiritualidade.

O combate ao racismo, assim como à homofobia, à índole genocida, à exploração do fraco pelo forte, à dominação e ao abuso de poder, à falta de generosidade, à indiferença diante da pobreza e da miséria, diante da destruição do meio ambiente, e a tantas outras mazelas humanas, deve ser ilimitada e sem fim.

Só de cristianismo temos mais de 2.000 anos e a índole humana é a mesma. Sequer se aproximou do desenvolvimento tecnológico. Um fio de esperança estaria na possibilidade de mudança dentro de cada pessoa.

Penso que o essencial é fazermos algo nesse sentido, com os miligramas de pureza que ainda possa existir dentro de nós, ou seja, favorecer, de algum modo, o desencadeamento dessa mudança íntima.

O ideal do cristão é ser reconhecido como filho de Deus, sabedor que é da complacência do Pai. E se é isso que, de fato, queres, alertou Jesus, comportai-vos como irmãos, assim, todos saberão que são filhos de Deus.

Agradeço pelo apoio acima manifestado. Muito obrigado, também, ao meu amigo Antônio Pereira, pelas palavras gentis, igualmente publicadas neste espaço.

Grande abraço!

Raimundo Marinho
Jornalista

 

Atualizado em 26.11.2014, 19h30

Zeferino Neto
zifaneto@gmail.com

O e-mail dessa Carla Guimarães, não sei porque, mas ta me cheirando a praga PC (a Praga do Politicamente Correto) que segundo Luis Felipe Pondé: "é autoritário em sua essência porque supõe está salvando o mundo." Tenho minhas desconfianças nesse tipo de discurso pois "a quem faz o bem para se parecer alguém", para se projetar como socialista, ativista e acaba parecendo chiita mesmo!!! Mas deixar bem claro que é só uma hipótese, somos todos amiguinhos viu?!

 
Antônio Pereira
pereirasilva56@uol.com.br

“Carla”: pela forma rude e grosseira com que se dirige ao conceituado jornalista e escritor Raimundo Marinho, que também é advogado, demonstra que você não o conhece nem como profissional nem como ser humano. Procure se informar melhor sobre ele, e da próxima vez que usar este espaço para emitir alguma opinião, tenho certeza que o fará com mais respeito a esse grande intelectual livramentense, cuja posteridade já está garantida.

 

Jailson Lima
jailsonjlima@ig.com.br

Em relação à reportagem : Parecer TCM – 19.11.2014, Prefeitura de Livramento tem patrimônio líquido negativo, essa novela eu já vi em outras gestões no nosso município e não vale a pena ver de novo e como sempre os vereadores irão ratificar as contas do prefeito.

 

Atualizado em 22.11.2014

Carla Guimarães
caug@hotmail.com

A banalidade do extermínio

Por Atila Roque, diretor executivo da Anistia Internacional Brasil, e Pedro Abramovay, diretor para America Latina da Open Society Foundation, publicado no jornal O Globo em 30 de outubro de 2014.

Seis jovens. Dois com 12 anos, um com 14, um com 15 e dois com 18. Foram vítimas de uma chacina em Duque de Caxias. Um dos meninos de 12 sobreviveu. Esta notícia não estampou a capa de nenhum jornal nacional. E também não mereceu a manifestação de nenhuma autoridade pública.

É razoável que lidemos com normalidade com a execução de adolescentes? Não se trata de apontar o dedo para a imprensa. Apontemos para nós todos. Convivemos com normalidade com esses fatos. Convivemos com normalidade com a morte de 1 milhão de brasileiros em pouco mais de duas décadas.  É a maior tragédia da nossa história desde a escravidão.

Alguns pensam: “O mundo é mesmo um lugar violento”. Não. Violento mesmo, atualmente, é o Brasil. São 56.000 homicídios no Brasil por ano. Somos responsáveis por mais de 10% dos homicídios do mundo.  Desse total, 30.000 eram jovens com idade entre 15 e 29 anos. O homicídio foi também a principal causa da morte entre adolescentes com idade entre 12 e 18 anos (45,2%), em cidades com mais de cem mil habitantes. Conhecemos esses dados, mas naturalizamos o horror. Como se essas mortes fossem destino. Não era. É uma escolha, um resultado de escolhas que fizemos ou deixamos de fazer.

Um dos desafios de grandes pensadores do século XX foi tentar entender como tantos alemães lidaram com normalidade com a brutalidade da tragédia que ocorria por lá durante o holocausto. Como as pessoas podiam ir trabalhar, comprar seu pão, pensar em coisas triviais, enquanto corpos se acumulavam?

Uma dessas pensadoras, Hannah Arendt, descreveu esse fenômeno como a banalização do mau. As pessoas perdiam a capacidade de perceber a monstruosidade dos fatos. A ideia contemporânea de Direitos Humanos surge daí. A sociedade, o  Estado, todos, devemos nos indignar, nos sensibilizar, nos chocar, quando se violam direitos, quando se produzem tragédias. Achar isso normal não é humano.

É muito difícil, para nós, no século XXI, olhar para a Alemanha dos anos 1930 e compreender como eles conviviam com isso. Olhar para os nossos antepassados e compreender como se convivia com a escravidão. Mas nós estamos indo pelo mesmo caminho. Convivemos com uma tragédia de proporções indescritíveis com uma normalidade que não será perdoada pela história.

E por quê? Não nos enganemos. Os que morrem são em sua maioria negros, são pobres, são invisíveis. Não pensamos que, por trás do número de um milhão de mortos,  há um milhão de mães, de familiares, de vidas roubadas, histórias interrompidas.  Tornamos tudo isso invisível.

Não se resolve o problema dos homicídios com um passe de mágica. Políticas públicas complexas são necessárias. Mas o primeiro passo é perceber que a tragédia não é banal, não é apenas um notícia de jornal, é chamar a atenção de que não queremos passar para a história como outra geração que tolerou a morte em massa de jovens. Não queremos que nossos netos tenham vergonha de nós.

Jornalista: acredito que lendo sua reportagem sobre o 20 de novembro, fica uma dica estude mais as políticas públicas do Brasil, principalmente a questão das Políticas Públicas de Igualdade Racial. O senhor está equivocado. Existe sim Genocídio no Brasil. É uma pena que você mesmo sendo negro não enxerga isso. Volte a estudar, e sai da Terra do Nunca... Veja o site: http//anistia.org.br/jovemnegrovivo.

Carla,

Você não se identificou, como acima solicitado, mas acolhemos a mensagem, pela pertinência do assunto. Pode até ter usado um nome falso. Uma pena, pois ficamos sem saber quem é você. Não sou o ignorante que você afirma. Minha opinião ser diferente da sua não significa que estou equivocado. Na matéria a que você se reporta, manifestei-me tão somente sobre informações que me foram enviadas e escrevi com base no conceito juridicamente aceito de genocídio. Veja que nem mesmo o abalizado artigo que você anexa ousa dizer que há genocídio no Brasil. Respeito sua opinião, do mesmo modo que peço que você respeite a minha.

Raimundo Marinho
Jornalista

 

Atualizado em 20.11.2014

O discurso do rei

Zeferino Neto
zifaneto@gmail.com

 Freud trazia para a sociedade conceitos que veio revolucionar e até mesmo chocar a sociedade de sua época, um desses conceitos é o complexo de Édipo (por favor pegue um google emprestado), dentro desse conceito ele nos brinda com a ideia de substituto paterno, no qual, a grosso e em resumo, o homem se lança pela vida à fora em busca do pai que protege e da mãe que amamenta. É a busca pelos primeiros amores objetais. Essa dificuldade de se libertar da dependência é muito forte, dependência essa já apontada por Nietzsche.

Bom, o indivíduo acaba elegendo, muitas vezes, como substituto paterno, o padre, o pastor, o curandeiro e, principalmente e infelizmente, o político, o que Frei Beto na sua obra A Mosca Azul chama de “o Paizão”.    

Já que é muito difícil a sociedade se libertar dessa dependência (pois existe meios para tentar se libertar, como a filosofia e a psicologia, mais precisamente a psicoterapia) acho necessário que esse pai escolhido pela população possa acalmar os seus filhos. Ainda mais filhos tão carentes como os da minha querida cidade Livramento de Nossa Senhora, filhos esses que eu tive a oportunidade de presenciar, muitas vezes, contribuindo para o processo de transmutação de democracia para monarquia absolutista.

Enquanto na revolução francesa a população derrubava a Bastilha que simbolizava o poder absolutista, aqui um periquito é coroado em praça pública (pude observar isso nas camisetas e nas páginas da internet um pássaro com uma coroa na cabeça acompanhada de frases “o rei está voltando”), mostrando que nós não gostamos mesmo de sermos independentes, muito menos de liderar, queremos é ser liderados e nunca participar do processo democrático. Vale ressaltar que na monarquia quem manda é o rei e não o povo.

Em tempos de crise, como a que Livramento vive agora, se faz necessário que o Líder vá a público para acalmar a sociedade, dizer que está ciente da situação e que não percamos a esperança. O povo clama pela presença do líder.

Fica a dica para o atual prefeito, o filme O discurso do Rei, onde o Rei Jorge VI, mesmo apresentando sérios problemas (como o de gagueira, por exemplo) consegue tomar coragem e ir a radio, já que ele tinha sérios problemas para falar em público.

Mesmo assim, com todas as dificuldades políticas e pessoais, o Rei ver a necessidade de falar com aqueles que precisava de esperança e vai em frente. Quem sabe, assistindo a esse filme, o nosso rei se inspira e nos dar o ar da graça.

Zeferino de Paula Lima Neto é Psicólogo, atua nas áreas sociais, clínica e política

 

 

Jadher Assunção
(e-mails omitido, a pedido)

 

Senhor Raimundo Marinho,

 

Cumprimentando-o cordialmente, tendo em vista a publicação da reportagem publicada no dia 19 de novembro de 2014, em homenagem a um debate respeitoso e necessário ao tema suscitado no portal eletrônico O Mandacaru da Serra em razão do Dia da Consciência Negra, venho registrar a minha TOTAL DISCORDÂNCIA ao posicionamento de Vossa Senhoria, nos termos abaixo consignados sucintamente, senão vejamos.

O Dia da Consciência Negra é uma das Datas Magnas do Brasil, que deveria ser elevada à condição de feriado nacional (não para alegria dos folgados de plantão, mas por respeito à história da construção da nação brasileira). É dia de refletirmos criticamente os alicerces sob os quais está fundado o Brasil. E, à primeira vista, devo registrar publicamente minha discordância à opinião deste veículo de comunicação por interpretação que eu reputo falha às mobilizações do que se convencionou chamar de “Novembro Negro”.

Inicialmente, historiadores das mais diversas correntes estão pacificados quanto ao ponto de que os negros foram escravizados, suas mulheres estupradas, seus filhos retirados de suas mães e seus insurgentes foram torturados e assassinados. Essas práticas não foram adotadas por um ou outro latifundiário do período colonial no Brasil, mas faziam parte das leis, da prática do Estado à época, que institucionalizou a escravidão por critério racial. Apenas por curiosidade, competia a um funcionário das Câmaras do Senado (órgão equivalente ao que seria hoje a Câmara de Vereadores) castigar fisicamente os negros escravizados, utilizando-se de meios e instrumentos de tortura sofisticados.

Após o mito da Abolição da Escravatura ― sim, um mito, pois quando a “Lei Áurea” foi assinada, apenas 5% da população negra no Brasil ainda estava submetida ao regime escravocrata ―, o Estado brasileiro tentou institucionalizar a farsa do discurso da “democracia racial”, dizendo que, aqui, não há discriminação entre negros e brancos.

Além disso, a vinda de imigrantes europeus para o Brasil, custeada pelos cofres públicos, teve como finalidade não apenas substituir a mão-de-obra negra, mas, sobretudo, de praticar a “eugenia”, consistente na eliminação gradual de traços culturais e étnico-raciais de determinada população. Noutras palavras, o governo brasileiro patrocinou o “embranquecimento” do Brasil.

Devo registrar, também, a discordância sobre a opinião da linha editorial de Vossa Senhoria a respeito do “genocídio do povo negro”, tal como anunciado na reportagem do dia 19 de novembro de 2014. A esse respeito, sugiro que acesse o relatório do Conselho de Defesa das Comunidades Negras (CDCN) da Secretaria Estadual da Promoção da Igualdade Racial da Bahia (SEPROMI) para que todos os leitores saibam que, sim, ESTAMOS VIVENCIANDO UMA VERDADEIRA MATANÇA DE JOVENS NEGROS QUE JÁ PODE SER CONSIDERADA, NOS TERMOS DA LEI, “GENOCÍDIO”. Perdoe-me pela necessidade de enfatizar este trecho, mas se o leitor tiver de captar alguma informação, que seja esta.

De acordo com o relatório acima mencionado, o responsável por conduzir o genocídio da população negra é o Estado brasileiro, o mesmo que institucionalizou a escravidão, o mesmo que quis “embranquecer” o Brasil com a vinda de imigrantes europeus, doando-lhes imensas porções de terras, sem, contudo, agir de igual maneira com os negros.

As Organizações das Nações Unidas (ONU), por diversas vezes, já apontaram que o Brasil é um país de alta discriminação racial, perdendo, apenas, para a África do Sul nos tempos de “Apartheid”. Diante de tantos fatores, creio que a opinião de que não há genocídio motivado pelo critério racial deve ser repensada, senão imediatamente corrigida.

No Brasil, o genocídio é tipificado como crime por meio da Lei n. 2.889, de 5 de outubro de 1956, subscrita pelo então presidente Juscelino Kubitscheck. Após detida análise do texto da lei, percebe-se sua defasagem em razão do tempo e das novas formas de se cometer genocídio. Quero afirmar que o Estado brasileiro, além de conduzir a matança de jovens negros, também conduz práticas de genocídio quando, por exemplo, deixa populações remanescentes de quilombo sem nenhum tipo de apoio ou amparo, fazendo com que centenas de comunidades se dispersem. Essa dispersão, por sua vez, ocasiona na perda dos elementos característicos daquelas comunidades, eliminando a cultura, os rituais, o estilo de vida transmitido por gerações e que vêm resistindo a todo tipo de sabotagem ― venceu capitães-do-mato, bandeiras, milícias, traficantes de negros, policiais, a falta de assistência do Estado brasileiro, dentre outros fatores que convergem para a eliminação da cultura negra, donde que É POSSÍVEL

 CONCLUIR, SIM, QUE ESTÁ OCORRENDO A PRÁTICA DE GENOCÍDIO CONTRA A POPULAÇÃO NEGRA NO BRASIL.

Assim, o Dia da Consciência Negra é um dos poucos e valiosos instrumentos para tentar alertar a sociedade brasileira a tentar mudar a postura racista do Estado. “Para não dizer que não falei das flores”, o racismo, que também pode se manifestar através da xenofobia (aversão a estrangeiros), aconteceu na história recente brasileira quando médicos negros cubanos foram repudiados no saguão do aeroporto por pessoas ditas civilizadas. Esses médicos brasileiros atacaram os colegas cubanos não para discutir o mérito de sua competência profissional, não para protestar em função do programa “Mais Médicos”, mas por suas naturezas eminentemente racistas, preconceituosas.

Termino dizendo que a Constituição da República Federativa do Brasil, com seus vícios e virtudes, obriga que o Brasil repudie o racismo e o terrorismo. Ora, a máxima lei brasileira, a Lei Maior de todos nós, compara o racismo ao terrorismo, e acredito que os constituintes não o fizeram a toa, mas sim pela grave intensidade que o racismo surte na sociedade, de tão enraizado que ele se encontra.

Precisamos, portanto, cumprir a meta constitucional de erradicar todas as formas de racismo, preservando as comunidades negras tradicionais e garantindo aos jovens negros a possibilidade de viver, não de serem exterminados e acusados de “tráfico de drogas” sem que haja inquérito policial atestando a veracidade da fala de muitos policiais nas entrevistas de televisão, momento em que muito de nós acreditamos na palavra do Estado a ser transmitida por um agente da lei, o que só reforça o argumento de que o Brasil é um Estado racista.

Cumpre-me, por derradeiro, agradecer o espaço e felicitar a luta de bravos heróis brasileiros que lutaram pela dignidade e liberdade, enfrentando uma sociedade enrustida de racismo e um Estado que só falta se declarar racista, nas figuras do grande e notável Abdias do Nascimento, a cantora Clementina de Jesus, o Min. Joaquim Barbosa (STF), o jurista Luís Gama, o ilustre marinheiro João Cândido (O Almirante Negro), Mãe Menininha do Gantois, o geógrafo Milton Santos e tantas outras negras e negros desconhecidos da sociedade que foram, em algum momento, importante nas nossas vidas e que enfrentaram as adversidades que lhes foram impostas unicamente em razão da cor de suas peles; nossas segundas mães ― a empregada doméstica que, inevitavelmente, tornou-se a mãe-preta de muitos de nós ― professores, ídolos do futebol, esportistas, artistas, músicos, anônimos ou não.

Podemos querer que eles não façam parte de nós, mas a cultura negra integra a gênese brasileira independentemente das vontades individuais e coletivas de grupos recalcitrantes ao reconhecimento dos direitos da comunidade negra de existir conforme suas origens.

Registro minhas homenagens a esta data justa e honrosa que deveria ser muito mais destacada no calendário nacional, convidando a todos os leitores e ao editor-chefe d’O Mandacaru da Serra que, em homenagem ao contraditório, faça constar esta declarada oposição à linha editorial adotada em razão desta Magna Data.

Viva o Dia da Consciência Negra. Viva os que lutaram pelo Dia da Consciência Negra. Viva o sangue negro derramado para construir o Brasil.

 

Prezado Jadher!

 

É bom revê-lo neste espaço. Esclareço que não me posicionei sobre a “causa negra” e sim sobre o conteúdo do material que recebi para divulgar. Não desejo abrir polêmica, mas insisto que genocídio tem conceito definido, no qual não se encaixa a visão sobre o assunto revelada em sua contradita. Mesmo porque exigiria a obrigatória denúncia, inclusive junto aos tribunais internacionais, sob pena de conivência.

No mais, sou afrodescendente, com muito orgulho, como tal vitima constante do preconceito racista. Todavia, antes de tudo, sou brasileiro e vejo que certas posições sobre a questão racial no Brasil, na verdade, escondem, um desejo de separação entre brancos e negros.

No conceito de promoção da igualdade racial, por exemplo, não poderia haver a expressão “povo negro”, que se contrapõe a “povo branco”, “povo indígena” etc. E isso seria um verdadeiro apartheid. Nutro-me do sentimento cristão, para exercer a cidadania e lutar por um efetivo estado democrático de direito em nosso pais.

Raimundo Marinho

Jornalista

 

Atualizado em 18.11.2014

Genilza Brito Santos
genny_brito@hotmail.com

E Deus?

 As pessoas têm de identificar quem é Deus, como Ele é, como Ele pensa, como Ele sente, como Ele age, etc.. Todos os problemas de planetas em evolução, países, empresas e pessoas é esse.  Todo o problema de casa/carro/apartamento/fazenda/ namorado/etc. é este. Caso isso já tivesse sido entendido tudo já estaria resolvido.

Semana passada uma cliente foi atacada verbalmente por um membro de uma religião diferente da sua. Isso prova cabalmente que esta pessoa que atacou não entendeu nada sobre isso, mas sabe exatamente o que significa: Poder. Atacar outra pessoa por causa de religião é pura questão de poder. Não tem nada a ver com religião e muito menos com espiritualidade.

Vejamos o caso de Moloch (Moloch possuía a estátua de um bezerro de bronze com uma fornalha em seu ventre, onde, em honra à divindade, as mães depositavam seus próprios filhos. Para amenizar o horror dessas mães, os sacerdotes cuidavam para que as trombetas fossem tocadas bem alto afim de que não se ouvisse o choro infernal das crianças sacrificadas).

Esse é um deus com um culto muito antigo na Terra. É muito importante prestar atenção quando se escreve Deus com letra maiúscula e deus com minúscula. São coisas completamente diferentes. Esse deus Moloch exigia o sacrifício humano de crianças, bebês, que deveriam ser jogados num forno em chamas.

Seu culto sobrevive até hoje. Não é divulgado abertamente, mas continua até hoje. A característica de deuses como Moloch é serem deuses vingativos, ciumentos, sanguinários, que gostam de sacrifício humano, que mandam mutilar, que mandam matar, invadir a terra dos outros e matar todo mundo, etc.. São deuses de poder. Provocam sofrimento e querem sofrimento.

Alimentam-se de sofrimento. São deuses que usam a energia gerada pelo sofrimento ou medo. A lista desse tipo de deus é longa. São muito populares na humanidade. Sempre foram. Sua motivação é o poder. Desta forma, todos que querem poder também são atraídos por ele. Essa é a razão de um culto durar milênios.

Será que as pessoas sabem distinguir quando estão cultuando um deus desse tipo ou o Deus de Amor? Como distinguir isso? Fácil. Pelos atos das próprias pessoas do culto. Se a pessoa tem amor, ama e faz o bem incondicionalmente, ela está ligada ao Deus de Amor. Óbvio ululante. Se, ao contrário, a pessoa ataca outra, seja de que forma for, é óbvio que ao outro tipo de deus. Como não enxergam isso? Porque não pensam.

Seguir cegamente é típico de não-pensar. Somente assim temos esses ataques, que podem ser verbais, de grupos, de países, guerras religiosas, Inquisição, etc.. Caso essas pessoas pensassem e analisassem com calma, buscassem dados, lessem muito, buscasse a verdade pura e simples, elas descobririam que estão seguindo a Moloch.

E se querem seguir Moloch com livre-arbítrio, o problema é delas. Existem consequências, é claro, mas neste caso é consciente o que fazem. O problema é a inconsciência. Quando se pensa que se está seguindo o Deus de Amor e na verdade é ao outro. É impossível fazer confusão quanto a isso.

Se a pessoa xinga a outra, como não enxergar que é raiva e ódio o que sente? Como ser inconsciente disto? E achar que segue o Deus de Amor? É pura ignorância. E o pior é que não querem aprender, pois toda pessoa que tentar ensiná-las é tratada como inimiga.O fanatismo é uma tragédia. Quando ele entra por uma porta a razão sai pela outra. E aí temos todas as conseqüências do ódio.

As questões levantadas no inicio desta postagem podem ser respondidas por causa do seguinte: tudo que existe tem a mesma essência no nível mais profundo de si. O Amor permeia tudo. Está em tudo. No nível mais profundo. Para senti-lo é preciso ter consciência expandida. É uma questão de percepção.

E percepção é uma coisa complicada para os humanos. Haja vista que um camarão tem mais percepção da realidade que um humano, por exemplo. Para desenvolver a capacidade de amar é preciso expandir a consciência para abarcar cada vez mais a realidade. Até chegar à Realidade Última: Deus, O Todo.

Quanto menos consciência, menor a capacidade de amar e maior a capacidade de odiar. Na razão direta e inversa. À medida que essa capacidade de amar, de compreender a realidade se amplia mais unido se está com Deus. É uma comunicação íntima entre dois seres: o humano e Deus. Sendo que na realidade não há separação alguma entre eles.

Lembra-se que só existe uma Única Onda no Universo? Tudo é uma coisa só. Essa união com Deus expande-se sem parar se a pessoa deixar. Ela tem o livre-arbítrio e decide isso. Quanto maior a união, maior a felicidade, quanto menor maior, o sofrimento. Essa união só pode ser desenvolvida num relacionamento íntimo entre o humano e Deus.

Um relacionamento pessoal. Quando a pessoa se volta para dentro de si e encontra a Centelha Divina. Deus dentro dela. Quando a pessoa sente isso a comunicação aconteceu. Não é um fato mental. Pelo mental não se chegará a Deus. Somente pelo Amor, pelo sentimento. Pois Amor, em principio, é um sentimento. Depois a pessoa pode raciocinar sobre o amor, mas, primeiro, tem de senti-lo.

É por essa razão que é tão difícil os seguidores de deuses do tipo Moloch entenderem como são as pessoas do Deus de Amor. Com o aprofundamento dessa união, cada vez mais a pessoa sente como Deus sente, pensa como Deus pensa, age como Deus, etc.. Isso dentro da capacidade humana de sentir. Aqueles que sentiram um vislumbre do que é o Amor Incondicional de Deus, nunca mais são os mesmos.

É um sentimento e uma emoção arrasadora. Mas, para isso é preciso querer. É preciso estar aberto para isso. Exige catarses sem parar para limpar o instrumento para ser tocado por Deus. Para entrar em fase com Ele.

Somente com uma enorme elevação de freqüência é possível se comunicar com Deus. E essa freqüência é o Amor. Não é a razão. É por esta razão que as religiões que seguem deuses tipo Moloch são religiões mentais, racionais. Óbvio. Quando a pessoa segue o cérebro reptiliano, complexo-R, e não analisa o que faz pelo neo-cortex, ela inevitavelmente seguirá um deus do tipo Moloch. Não há outro jeito.

É puro poder o interesse do cérebro reptiliano. E poder é o contrário do amor. O amor é dar sem esperar nada de volta. Dá porque é sua essência dar. Sem condições. Portanto, por pura lógica, quem ataca outra pessoa por causa da religião ou crença é um seguidor de Moloch. Entenda isso ou não. É por isso que se conhece a árvore pelos frutos. A única maneira de conhecer a árvore é pelos frutos. E a árvore dá os frutos de acordo com a consciência que tem.

Quando a união com Deus chegou num ponto que pode dar frutos, eles não se fazem esperar. É nessa hora que aparece a não-aceitação do mal. A não-compactuação com os que fazem o mal, com os que manipulam, com os que exploram, com os que suprimem a verdade, com os que geram as doenças, fomes, misérias, desempregos, exploração, guerras, etc..

É preciso dar uma prova prática do Amor a Deus. Isso não pode ser retórica. Papo furado. Isso tem de aparecer na vida prática. Com atitudes de não aceitar, não pactuar com o mal. E para isso é preciso ter consciência do que é o mal, de como ele age, de como ele pensa. Senão é pura visão romântica da vida. Caminhando direto para o matadouro. Servindo como bucha de canhão para os seguidores de Moloch. Ou implementando políticas que destroem a civilização humana. Mais uma vez. É chegada a hora em que todos terão de se posicionar. Ou estão de um lado ou de outro. Não há mais muro para ficar em cima.

Hannah Arendt escreveu sobre a banalidade do mal. O que ela quis dizer é que o mal é considerado como algo banal. Sem maior importância e consequência. O filme sobre sua vida é extremamente instrutivo sobre a consciência humana.

Para se entender a profundidade do que ela disse é preciso entender como é a realidade do universo. A realidade é a consciência. Tudo que existe tem como fundamento último a consciência. Tudo é consciência e tudo tem consciência. Nos mais variados graus. Desde a mínima autoconsciência até a consciência do Todo.

Não há nada fora desta única consciência. A consciência permeia toda a realidade. E existe um campo eletromagnético que atrai tudo que a consciência tem como conteúdo. Inevitavelmente. Em todas as dimensões da realidade. Sem importar o tempo passado, presente ou futuro. O tempo é irrelevante.

O problema de ver o mal como banal é que atrairemos esta mesma situação para nós mais cedo ou mais tarde. A consciência de cada ser cria a realidade deste ser. A consciência é a realidade. Este é um fato. Se a pessoa entende isso ou não é irrelevante. Na prática da vida diária ela pode comprovar isso. Todos os dias e todos os instantes. Basta por um conteúdo na consciência que ele se tornará realidade.

Se não quiser que isso vire realidade basta dizer mentalmente “cancelado” e trocar para outro tipo de pensamento/sentimento. Tudo que sentimos será trazido para a realidade diária, mas cedo ou mais tarde. O tempo não importa. Lembremos disto ou não.

Todo ser autoconsciente pode decidir o que quer ter na sua consciência. Para isso ele pode analisar o que pensa e sente. Isso é ser autoconsciente. Ser capaz de avaliar o que está pensando e sentindo. E mudar isso para que seja melhor para si mesmo. E pelos resultados práticos a pessoa pode ter certeza de tudo que está sendo dito aqui.

Vejamos um exemplo. Uma pessoa trabalha e ganha. Só que por mais que ganhe sempre está na fronteira da sobrevivência. Só tem dinheiro para sobreviver. A vida inteira isso acontece e a pessoa não entende o que está errado. Geralmente a pessoa pensa que o problema é externo à ela.

Se analisarmos o que ela vivenciou quando criança, o que escutou dos pais e parentes, o que viu eles fazendo, chegaremos facilmente a entender o problema dela. Quando criança ela escutou inúmeras vezes que a vida era uma luta pela sobrevivência e que só ganhavam para sobreviver. Isso ficou gravado profundamente na mente dela.

E como a consciência se manifesta na realidade ela criou essa realidade a vida toda. Até entender isso e mudar de estado de consciência. Isto é, mudar a crença que tinha sobre a vida e o dinheiro. Perguntando para essa pessoa qual a importância que tem um carro ou uma casa para ela, a resposta foi que não tinha importância. Essa resposta mostra como ela só quer sobreviver. Só que nem respondendo assim ela não percebia o quanto rejeitava tudo e só queria sobreviver.

Agora atentem para o detalhe. Ela reclamava que não tinha dinheiro na quantidade que queria. Só que lá no fundo da consciência ela não queria ter, já que acreditava somente na sobrevivência. Mas, continuava reclamando que não tinha dinheiro. Bastou uma conversa de alguns minutos para resolver isso. Bastou analisar o que ela ouvia na infância e mostrar que a atitude dela como adulto coincidia exatamente com a crença da sobrevivência. E o problema foi resolvido.

É exatamente isso que acontece quando a pessoa diz que não está sentindo nenhuma mudança na vida prática. A mudança só acontecerá quando mudar o conteúdo da consciência. O que a pessoa acredita que é a vida. A questão é que a resistência à mudar o estado de consciência é tremenda.

Rever as crenças sobre a vida é de fundamental importância. A vida da pessoa é exatamente o que ela pensa que deve ser. Tudo que ela pensa e sente se torna real na vida dela. Mais cedo ou mais tarde. Se algo não dá certo basta olhar para dentro e perceber o que sente. Isto é autoconsciência. Sentir que sente. Para que a vida prática possa mudar é preciso mudar a forma de pensar/sentir.

Mudando isso inevitavelmente o resultado aparecerá mais cedo ou mais tarde.  Por isso é preciso paciência até que a energia criada anteriormente possa ser mudada para a nova energia. O novo estado de consciência. Paciência é a chave do sucesso em qualquer coisa. E isso é o contrário de ansiedade e pressão.

Sempre que se coloca pressão para se obter algo o resultado é contrário. Porque? A ansiedade é medo do futuro. Quando emanamos medo atraímos exatamente isso. O que tem dentro da consciência da pessoa? Medo de algo. É isso que atrairá. Tudo que está na consciência por um tempo determinado acontecerá. Não se pode elaborar na mente algo sem que isso seja criado na realidade.

Caso não queira isso é preciso cancelar o pensamento imediatamente. Dá trabalho fazer isso? Com certeza, mas é a única forma de controlar o que se cria. Pensar exatamente no que se quer criar. A entropia psíquica é inevitável caso não se controle a mente. Entropia é a perda de energia; a tendência à desordem. É por isso que se deixarmos a mente sem controle os pensamentos negativos aparecem imediatamente.

Controlar a mente é a única solução que existe. Um único pensamento cria a realidade. Mais cedo ou mais tarde. Um único pensamento que tenha 100% de certeza de que é real. De que está criado. De que está feito. Então basta soltar tudo e trabalhar com todas as portas que se abrirem. Tendo certeza de que está feito e virá no devido tempo. Sem ansiedade e pressão.

E esta é a questão. Quando se sente que se tem de ganhar de qualquer jeito está se criando exatamente o contrário. A pressão de ter que ganhar impede que se ganhe. Se um vendedor entender isso não há limite para o que pode ganhar. Não por pressão em nada. Porque isso é contraproducente. Acontece o contrário. Para que por pressão se basta um pensamento/sentimento para criar a realidade?

Mas, quando se quer que a realidade se transforme instantaneamente isso não acontece. Porque não é assim que funciona o universo. Tudo que foi criado anteriormente precisa ser resolvido. Limpar a energia. Para que uma nova realidade possa surgir no lugar. E sempre é preciso avaliar o que se tem realmente na consciência que está criando aquilo. Basta fazer uma lista de tudo que se acredita, gosta ou rejeita, para se saber o que se acredita. Em todas as áreas da vida.

Quando há resistência à mudar alguma coisa na consciência a pessoa faz muita força para que isso não mude. É o que se chama “puxar o freio”. Isso é feito de forma consciente ou inconsciente. Não importa. A pessoa faz isso e o resultado aparece imediatamente. É o que acontece quando se fala que nada mudou ou que nada sentiu.

Quando entra energia é impossível não mudar ou sentir. Toda informação é energia e toda energia é informação. Como tudo tem de crescer e evoluir o que cada um tem de fazer é facilitar esse processo inevitável. Porém, quando se quer ficar na zona de conforto e mudar as condições de vida ao mesmo tempo está criado o impasse. Esse impasse é o "puxar o freio”.

É quando se resiste ao crescimento. E isso é a coisa mais comum que existe. Vejam o estado da humanidade atual e percebam o quanto é a resistência ao crescimento e evolução. E tudo isso só depende do estado de consciência. Os conteúdos da consciência. Sugiro a leitura do livro “O eu e os mecanismos de defesa”, de Anna Freud.

Existe um assunto que é um exemplo perfeito de resistência à evolução. Está descrito detalhadamente no livro “Os senhores do clima”, de Tim Flannery. Neste livro você pode ver que apesar de toda a ciência mostrar a raiz do problema, mesmo assim a humanidade resiste à fazer qualquer coisa para resolve-lo. E todos já podem sentir o início das consequências. E mesmo assim é como se o problema não existisse.

Quando a informação entra na consciência, seja através dos olhos, ouvidos ou de uma onda de informação, a própria consciência da pessoa deve deixar passagem para essa nova informação se assentar na própria consciência. A pessoa precisa estar aberta para novas informações e novas consciências da realidade.

Se vocês assistirem ao filme “Hannah Arendt”, verão isso acontecendo no momento em que ela está assistindo ao julgamento e seu olhar vai mudando à medida que ela percebe como o mal é visto como uma coisa banal. A mudança do olhar dela mostra a informação entrando e se assentando. Ela mudou neste instante. Sua consciência ganhou mais complexidade neste instante. E quando ela saiu da sala sua visão de mundo tinha mudado. Ela tinha entendido como os outros pensam que é o mal. Uma coisa banal.

Portanto, basta que a pessoa faça uma auto-analise do que acredita sobre o mundo, a vida, e saberá instantaneamente o que está errado com ela. Porque não consegue os resultados que quer. Ela está conseguindo exatamente o que tem dentro da sua consciência. Existem eventos acidentais? Existem, mas são a exceção, que confirmam a regra.

Basta lembrar que não existe tempo para a consciência. Passado, presente e futuro não importam. É um continuum. Mesmo que a pessoa não se lembre. Mas, se a pessoa olhar para dentro verá que a semente daquilo está plantada lá no fundo da consciência. Mudando isso muda tudo. No devido tempo. Sem pressão e ansiedade.

Existe um recurso de valor inestimável para toda pessoa. É o contato direto com o Todo. Deixar que a intuição flua sem impedimentos. Para isso é preciso silenciar a mente por alguns momentos. Deixar a racionalização de lado e ouvir o sussurro sutil da intuição. Que é a orientação do Todo. Isto é infalível. Só que para “ouvir” isso é preciso deixar o ego de lado. Caso contrário o risco é enorme de ser uma racionalização.

Quando uma pessoa quer fazer algo e não sabe que decisão tomar é muito fácil racionalizar para decidir pela opção do ego. Que é fazer o que é mais agradável para o ego. Continuar na zona de conforto, não trabalhar, não estudar, etc. Tudo que impede o progresso. Por isso existe tanta dificuldade em sentir a intuição.

Sem optar pela evolução pessoal decididamente é impossível sentir a intuição. Silenciar a mente é parar momentaneamente com o “tagarelar” incessante da mente que pula de um pensamento para outro sem cessar. São 70 mil pensamentos por dia. Numa atividade frenética. Aquietando isso logo vem à tona a “voz da intuição”. É um sentimento.

Sente-se que aquela é a melhor forma de resolver o problema. Essa “voz” está à disposição o tempo todo. É a voz do Todo emergindo dentro dos microtúbulos das sinapses. Todos contam com a orientação do Todo o tempo todo. É uma decisão de cada um escutar ou não.

Adaptar-se às circunstâncias da vida é outra coisa fundamental. Tudo muda o tempo todo. Isso é normal. Essa adaptação é indispensável para a evolução. Se não mudarmos quando é preciso estamos pondo pressão para obter algo. É o salto quântico. Adaptação. Podem ver que sempre o ego é a questão principal. Abandonar as pretensões do ego é o que se chama de sabedoria. Soltar o ego. Deixar os interesses do ego de lado e fazer o que tem de ser feito.

Isso é evolução. E o que é o ego? Uma crença. Exatamente outra das crenças que impedem o progresso da pessoa. Quando a pessoa deixa de pensar nos interesses do ego ela enxerga claramente o ego e como não fazer o que ele quer. E desta forma evoluir.

Ninguém perde a identidade própria, mas o ego não é essa identidade. A identidade é a realidade última. E é nesta realidade última que está toda a solução dos problemas da pessoa. Só que esse é um longo caminho para a pessoa trilhar. Entender que o ego é uma crença é a crença mais difícil de se deixar de lado.

O ego é uma construção mental. Ele não é a realidade. É a persona que usamos na vida prática. O papel que se desempenha socialmente. Quando isso é abandonado a pessoa “brilha”. É o que acontece com os grandes artistas. Eles deixam a realidade última atuar na vida deles e por isso “brilham”.

 

Kássius Clay Aguiar
softcellxxi@yahoo.com.br

Jornalista, em nome da minha mãe, Nilza (Tia Pia), meus tios, netos e bisnetos, agradecemos pelas matérias de nossa mãe, avó e bisavó, Judite Rosa de Jesus, apesar da dor da perda, somos gratos a Deus por ter dado a ela 98 anos de vida, mais uma vez agradecemos pela lembrança