Há mais de cem anos uma simples vila, ponto de pouso de viajantes, hoje uma emergente cidade movida pelo capitalismo, pólo regional do agronegócio, Livramento protagonisa um paradóxo. Vista pela aparência da sede vê-se ostentar um padrão elevado de vida, contrastando com os dados mais atualizados do IBGE, que menciona mais de 50% de sua população como indigentes, endossado pela realidade da sua periferia e regiões interioranas.
Nesse nonagésimo aniversário, nossa cidade tem muito mais a lamentar que comemorar. Nas últimas décadas, mesmo tendo médicos como gestores públicos, a saúde agonisa; o trânsito é um caos; não temos infraestrutura, nem segurança; na educação, somos eternos dependentes das cidades vizinhas, a exemplo de Caetité, Brumado e Vitória da Conquista. É uma vergonha não contarmos com uma universidade ou faculdade, pelo menos. Políticas públicas nenhuma, só políticas próprias, ou melhor, para um pequeno grupo privilegiado.
Por falar em política, “Arte e ciência do bem governar os negócios públicos”, essa nunca teve seu conceito tão esquecido. Escancarados aos olhos do povo, os interesses particulares estão aflorados e o povo, carente de conhecimento, é facilmente ludibriado, ficando a mercê da própria sorte. Com isso, a nossa pirâmide social fica com sua base alargada, o cume mais reduzido e as classes menos favorecidas servindo de ascenção para a elite.
Espera-se que, nos próximos aniversários, essa história seja reeditada. Em seu centenário, quem sabe, teremos o fiel da balança em perfeito equilíbrio. O caminho a trilhar é longo, mas, com prudência, devem-se escolher os caminhos percorridos pelos que conseguiram e imitá-los. Assim, mesmo que não consiga totalmente as virtudes destes, sempre se aproveita muita coisa.
(Texto elaborado e enviado pela diretoria do SPEL - Sindicato dos Profissionais em Educação de Livramento de Nossa Senhora, Bahia)