Professor – 02.11.2015

A luta cobre-se de luto!

 

Professora Águeda com um grupo de colegas

Márcia Oliveira

Professora

Podemos eleger outubro o mês do professor. E foram muitas as comemorações. Mas, este ano, em nossa Livramento, ele nos surpreendeu com três grandes desfalques, em nosso campo profissional.

Perdemos os mestres José Aparecido Lima Dourado, Águeda Caires e Leda Stela Tanajura. Nomes que jamais sairão do aconchego de nossa memória, pelo quanto deixaram como legado da árdua missão de ensinar. 

“Tudo na vida passa”, diz o adágio popular. Mas não passam em vão aqueles que tatuaram conhecimentos na alma de cada aluno com que foram presenteados. São nomes impagáveis, na agenda perpétua do saber.

Águeda Miranda Caires

Assim será com Águeda Miranda Caires, que começa com o nome, incomum: Águeda, do grego Agathé, que significa pessoa bondosa. E estendeu-se por sua incansável luta terrena, no exercício da honrosa profissão de professora.

D. Águeda Miranda Caires

Sua voz forte enchia os quatro cantos da sala, repassando, com segurança, o conhecimento adquirido em longos anos de estudo. Irradiava luz própria, no repartir o saber aos discípulos e nas conversas do quotidiano.

Mulher de fibra, tranquila, extrovertida, exigente e solícita, como demonstrado na coordenação escolar do CEEMB, especialmente com os colegas, aos quais orientava para aulas criativas e prazerosas.

Seus olhos brilhavam ao falar do pai, Pedro Mandu, um homem que, embora sem instrução formal, foi um engenheiro nato, pioneiro da energia elétrica em Livramento. Um sábio de coração humilde.

Águeda foi grande divulgadora dos feitos do seu pai, do que é exemplo a monografia citada no livro Livramento é de Nossa Senhora, do jornalista Raimundo Marinho, em coautoria com o professor Eduardo Lessa.

Ela não se casou, nem teve filhos, mas foi tia querida de muitos sobrinhos. Um deles é o Márcio, do qual recebeu um carinho especial, cuidadoso, tal qual um filho amoroso para com sua mãe.

Faltaram palavras aos amigos e colegas para defini-la. Mas, para Cida Moreira, Bete Pessoa, Ritânia Teixeira, José Maria de Jesus, Zé Adalberto, Vandir Luz, Itamar Pereira, Chirley Souza, Neide Dourado, Pedro, Antônio Carlos, ela foi:

Fantástica, incentivadora, companheira, intelectual, enciclopédia, extrovertida, meninona, compromisso, competência, amiga, amor, conselheira, fortaleza. Na missa de corpo presente, voz embargada, D. Terezinha resumiu: “Águeda foi tudo”.

Aos 82 anos, muitos deles dedicados à educação, professora Águeda faleceu na última segunda-feira, dia 26. Seu corpo foi velado onde a mestra dedicou parte da sua vida, o Colégio Estadual Edvaldo Machado Boaventura.

Recebeu de colegas e amigos merecidas homenagens. Quem preza a Educação e a conheceu de perto, reconheceu sua nobre missão de MESTRA!   Fique na paz de Deus, professora Águeda!

Leda Stela Lima Assunção Tanajura

Igualmente impagável será a lembrança da professora Leda Stela, que tive o privilégio de ter como prestimosa e atenciosa vizinha. Daí eu saber o quanto foi mãe e avó amorosa, esposa dedicada, irmã carinhosa e, acima de tudo, uma mestra amiga.

Ela escreveu sua história em 68 anos, 44 deles ao lado do esposo Rubem Guimarães Tanajura, com quem gerou os tesouros de suas vidas: Adriana, Patrícia, Rubem Júnior e Dulcimária.

Nasceu de Dona Maria Regina e Seu Joaquim Assunção. De muita sensibilidade religiosa, aos 14 anos foi para um convento de freiras, em Salvador. Mas lá só permaneceu por três meses.

Estudou o então curso primário na Escola Senador Tanajura, onde a insigne Cremilda Tanajura era a professora.  Fez os cursos ginasial e pedagógico no Colégio João Vilas Boas, à época uma entidade de ensino privada.

Seguindo a escrita da vida, casou-se com Rubinho, após oito anos de noivado. Formada, fez concurso para a rede estadual de ensino e lecionou nas escolas José Maria Tanajura, Polivalente, João Vilas Boas e Lauro de Freitas.

Nunca me esquecerei da sua solidariedade, quando da morte da minha mãe e do meu pai, tão zelosa em servir às pessoas, naquele momento difícil em nossas vidas.  E de sua preocupação mais recente com a minha saúde.

D. Leda Stela Tanajura

A doce avó de Tarcísio, Társio, Tírsio, Thales e Ticiane, infelizmente, foi-se antes do abraço físico na pequena Tháila, que breve vem para este mundo.

De forte tradição e fé católica, como bem frisou o Padre Ademário, Leda tirava da oração a força para enfrentar os desígnios de Deus. Assídua nas missas dominicais e das quartas-feiras, foi participante ativa do grupo Coração de Maria.

Tinha gosto especial pelo tricô e a culinária.  Segundo a filha Dulcemária, há um caderno em que ela escreveu muitos fatos sobre a família e a própria vida.

Em 27 de outubro, um dia após D. Águeda, Leda foi embora. Não deixou um vazio como muitos costumam dizer. Deixou o mundo mais cheio, com o seu jeito de viver, rico de alegria, dedicação e exemplo de vida.

Fez jus ao nome que recebeu – Leda – de origem latina, que significa aquilo que, de fato, representou para seus contemporâneos, especialmente sua família: pessoa alegre, risonha, jovial.

De agora em diante, significará, também, saudade, para o amado Rubem, os filhos, netos, irmãos, sobrinhos, amigos, o genro Manoel, a nora Luane; e para todos nós que a conhecemos de perto!

Mas não vamos chorar, ela voltou para o verdadeiro lar, onde todos um dia nos encontraremos! E a trago para encerrar este artigo, com um fragmento de sentimentos escrito em suas anotações pessoais:

“Meus filhos são minhas pedras preciosas. São os amores da minha vida. Meus netos são azaleias do jardim do meu coração. Eles alegram o nosso lar com suas brincadeiras, e nunca faltam com o respeito para conosco!”.

Que os anjos de Deus a acolham no mundo espiritual!

Vídeos em homenagem ao professor:
https://www.youtube.com/watch?v=F6wg4cbJA-U

https://www.youtube.com/watch?v=wXyLK9-XeCM