C.E.J.V.B. – 28.03.2016                                         

Não hei de te esquecer!

 

Márcia Oliveira

Professora

O C.E.J.V.B. faz 66 anos, hoje.

Berço de inesquecíveis educadores, que nos marcaram com memoráveis lições e uma saudade que o tempo nunca apagará.

Educandário que desperta lembranças de dias emocionantes. Ali, formaram-se cidadãos que levaram para a sociedade os bons frutos do aprendizado que lá colheram.

Querido C.E.J.V.B.! Quanta saudade de ti, que tive a alegria de conhecer tão bem! O chão do teu pátio, tuas paredes de cores vivas, a mudar no tempo. Tuas salas, portas e janelas abertas para nossa imaginação.

Eram como um grande abraço, a acolher tantos alunos, das mais variadas origens sociais. Fui envolvida nesse teu abraço ainda menina, para cursar Magistério e Contabilidade.

Éramos felizes e sabíamos disso. Conclui os dois cursos, mas voltei, alguns anos depois, na dignificante função de educadora, permanecendo em seu aconchego por mais de vinte anos!

Mudaste muito. Aliás, mudaram-te. Ainda temos um vínculo, para mim de muito amor. E gostaria que as lembranças e saudades dos teus alunos de hoje fossem tão doces quanto as que carrego n’ alma.

Sem, contudo, a nostalgia dos áureos tempos, da saudade e da esperança juvenis, da referência que foi para nossa comunidade, o que, tristemente, sentimos que não mais existem.

Amor posto à prova em muitos momentos, como em 1994, quando te ameaçou um vultoso débito trabalhista. Uns desejaram que tu foste tragado no leilão público. Mas, muitos outros, bem mais sensatos, te defenderam.

Tudo ia perdido, pois a ação correu à revelia, por negligência da gestão, o que só veio ao conhecimento da comunidade interna às vésperas do leilão, quando a então diretora, Maria Aparecida Alves Meira (D. Lili), nos reuniu para dar a triste notícia.

Mas um anjo egresso de ti, movido pelas mesmas doces lembranças de todos nós, da época, já advogado, Jorge Soares Oliveira, meu irmão, soube do caso e liderou uma solução jurídica de emergência.

Atuou a meu pedido, levando em conta, também, minha condição de professora e do meu irmão Enésio, o saudoso Bolinha. Graças a ele, a sociedade livramentense não perdeu o seu tradicional ateneu, casa mater da educação de tantos dos seus filhos, muitos tornados ilustres.

Essa rica história não pode morrer, da qual faz parte essa passagem dramática, que terminou vitoriosa. Não obstante, o advogado benemérito, que nada cobrou, não foi para teus anais, nem mesmo é lembrado em ocasiões próprias. Mas eles não podem mudar a história e a verdade que nela existe!

Recordo, por exemplo, com muita tristeza, do artigo de D. Lili, neste site (2014), com detalhes da tua saga, C.E.J.V.B., em que omitiu o nome do advogado que te devolveu a Livramento. A intensa cobiça imobiliária já tinha planos para construir um supermercado no local.

O movimento para te salvar balançou a cidade, ficando claro que seria uma luta em vão. O volume de recursos necessários para saldar a dívida trabalhista era muito grande para ser conseguido antes do leilão.

Mas, de repente, o milagre acontece, graças à eficiente atuação do meu irmão. Todavia, em tempo algum, foi perguntado quem fora o autor do milagre ou da mágica, se preferirem. Como ainda hoje, a memória do povo é curta.

Se, de fato, o brasileiro não tem memória, talvez eu não seja brasileira, porque a minha memória é quilométrica, pelo que insisto em levar essa verdade por onde eu passar, enquanto viver.

Ainda que o salário a receber seja cruel, seja desumano, mas para mim inesquecível, como o que recebi em 05.11.2013, quando fui “expulsa” de ti, amado ateneu, ao ser moralmente agredida por um aluno, de rico histórico de agressões a professores.

A covardia dos meus pares, mesmo diante da clareza dos fatos, transformou-me de vítima em ré, atribuindo-me as mais bestiais condições de saúde, como a justiçar seu cinismo, sua inveja e inferioridade mental.

Nunca vi tantos loucos doutores. Seus diplomas falsos hão de arder em suas consciências, sobretudo por saberem, em seus íntimos, o quanto se distanciam dos verdadeiros mestres e da noção de união pela justiça e pela educação.

Estou na rota feliz dos que Deus nunca abandona, na companhia dos que Ele enviou para me acolher, que sabem viver o sentido verdadeiro da cidadania, com um plano real de trabalho pela comunidade.

Vejo que ninguém se lembrou de ti, hoje, dia do teu 66º aniversário. Nem tua diretoria.

Mas não hei de te esquecer, ateneu luminar! Porque me inspiram a história, o currículo empreendedor e, certamente, o espírito daquele que te veio a dar esse nome tão amado: JOÃO VILAS BOAS!

Feliz Aniversário! Que Deus te proteja desse presente preocupante e te preserve para um futuro luminoso, assim como foi o teu passado!

Leia artigo do Dr. Jorge Soares Oliveira sobre a ação sofrida pelo colégio, em:

http://www.mandacarudaserra.com.br/noticias/2014/jorge_piata_abril.html