Livramento

Kilza Lúcia Silva Trindade

Professora

 

“Terra Mãe” da Bahia,

mistura da manga e do coco,

frutas gostosas que vem do lar,

experiência coletiva de civilização.

 

Dos lajedos à Cachoeira,

“Véu de Noiva Tropical”,

Brumado ao Perímetro Irrigado.

Das frutas maduras da terra de Lindembergue Cardoso,

do outro lado,

o milho verde no São João.

 

Da eterna vista dos canaviais

à beleza singular dos coqueirais.

Terra da religiosidade

e das eternas micaretas,

de Alan Cruz e Emerson Freitas.

 

Lugar de manias e tradições,

água boa, ritmo de verão,

centro de exportação.

 

Herança mágica e divina,

é esse nosso lugar,

recebida dos antepassados,

cuja beleza nos cabe preservar.

 

Transmitir aos que virão

a certeza de que “Livramento

é um Oasis no nosso sertão”,

a nos encher de orgulho,

pois somos os únicos no mundo

a ter irrigação por gravidade.

 

Município de solo fértil,

jamais sairá da linha,

e será o maior produtor de pinha.

 

Somos a terra da manga:

comum, palmer, espada,

tommy e rosa.

Também produzimos uva,

frutas essas, colhidas

com tesouras e luvas.

 

Aipim, banana, batata,

melão, verduras, seriguela,

mamão verde e maduro,

frango caipira na panela,

rapadura e azeite de dendê.

 

Mas há um alerta a se fazer:

cuidado com os agrotóxicos,

pois eles podem até matar.

 

Na religião, há muito a lembrar:

padres Daniel e Zé Dias,

e outros párocos que aqui estiveram,

que não serão esquecidos.

 

Crianças, adolescentes , jovens,

catequese, perseverança,

JUEC e TIME de CRISTO;

 

Oh, sol do mês de agosto

e Torre do Taquari,

feita por padre Sinval,

mas idealizada por Pai Saló, Mãe Nini!

 

Grande arquitetura de pedras,

bela entre “outras mil”, destaca-se

em forma de cruz, mais alto

monumento do Brasil.

 

Gruta da Mãe de Lourdes,

erguida atrás da Catedral,

criada pelo padre Sinval.

 

Cercado por serras e pedras ,

muita gente assim falava,

traí muito jovem farrista,

São Gonçalo de Canabrava.

 

Em 1715, período colonial,

bandeirantes aqui passaram,

explorando o pessoal,

mas ergueram uma capela

que se tornou a Catedral.

 

Santo Antônio, São João

e São Pedro, festa de Norte a Sul:

Passa-Quatro, Estocada,

Rua do Areão e Itaguaçu.

 

Se tem festa todo dia,

tem a cara da Bahia,

nossa cidade “canta”, “encanta”

e nunca desencanta.

 

Queima de Judas na Aleluia,

Missa do Galo no Natal,

fogueiras no São João,

Ah! Que saudades do Pantanal!

 

O Pantanal foi um clube,

que todos queriam ver,

festas, shows de calouros, desfiles,

matinês e muitas bandas famosas.

 

O carnaval foi no passado,

palco de felicidade,

onde o Trio Beleza Pura,

animava toda a cidade,

e o povo todo brincava

sem violência e sem maldade.

 

Houve um tempo de mudanças,

falava-se em futebol,

maracubom, micamanga,

e até micarembol.

Micareta foi uma festa

que não teve outra melhor.

 

Micareta em Livramento,

na cidade cheia de luz,

animada pelas bandas

Lordão e Vera Cruz.

 

Festivais de música,

feitos com muito amor,

mostraram muitos talentos,

muita gente se revelou.

 

Clube de Campo Caiçara,

era muito interessante,

chegada da Primavera

e festa das debutantes,

serestas e Réveillon elegante.

 

Antes era bem melhor!

E o que nos restou da história?

Tinha festinhas, matinês,

Cine Teatro União Vitória!

 

Era a cidade do arroz,

tudo era muito legal,

Igreja, Diocesano,

Casa Paroquial!

 

Atenção para nomes que irei citar,

Nada a ver com política, é algo particular,

é que gente inteligente gosto de admirar.

 

São nomes que fazem

parte da nossa história,

por suas marcas deixarem.

 

Dr. Lourival, D. Hélio Paschoal,

D. Armando e Emerson Leal,

homens sábios e inteligentes,

cuja cultura não tem igual.

 

Hermes Lima, grande ilustre,

cheio das táticas e dos saberes,

foi embora de livramento,

exerceu os três poderes.

 

Zulmira, Bela, Genário, Kiriri

e outros mais.

Zé de Ana, o mais conhecido,

por ser esperto e bom rapaz.

 

Minha mãe Luiza Leandra,

uma pessoa especial,

trabalhava para os padres

e cantava no coral,

quem a conheceu sabe

que era uma pessoa legal!

 

Lindembergue foi um Maestro,

que em Livramento nasceu,

fez homenagem ao papa,

muita coisa aconteceu,

um terço de ouro

do Pontífice recebeu!

 

Jornalista e advogado,

seu nome direi agora,

Raimundo Marinho dos Santos,

ele é o autor do livro

Livramento é de Nossa Senhora.

 

Dona Joca, outra artista

que hóstias e terços fazia,

e com muita simplicidade

para a Igreja oferecia,

tem sempre no rosto um sorriso,

nos ombros usava uma manta,

com o seu jeito humilde e bondoso

se parece com uma santa.

 

Veja só o casarão, nosso cartão postal,

tem um quê misterioso,

com suas portas e janelas

no formato ogival.

Tinha até espelho de ouro

e presépio no Natal.

 

Juazeiro, Graúna e Cuscuz,

muitos não lembram mais,

nomes dados às pracinhas

do “João”, de “Miro” e do “Hospital”,

a “Praça da Igreja”, que já foi da “Bandeira”

e hoje é “Dom Hélio Paschoal”.

 

E a Biblioteca Pública,

que lindo era aquele lugar!

Em um período do ano,

crianças a desfilar,

pelas ruas da cidade,

querendo logo chegar,

o que todos desejavam

era um livro encontrar.

 

E por falar em livros,

para o pobre era difícil ter,

romances, enciclopédias,

atlas, clássicos, nem pra ver.

Só tinha esse direito

era quem estava no poder.

 

Os Brincando, de Joanita de Souza,

eram da atualidade: números, letras, sociais,

escritos com simplicidade para esclarecer as crianças, do campo e da cidade.

 

Aniversário da Cidade tinha

uma face cultural.

Alvorada, bandinha , gincana e festival.

Fanfarra, tiro de guerra, tudo muito legal.

 

Quando o desfile passava,

a fanfarra abrilhantando,

a multidão acompanhava.

À noite, Os Magnatas a festa

sempre animava.

 

Das oito denominações,

que a cidade teve outrora,

entre todas, a mais bonita é

Livramento de Nossa Senhora.

 

No dizer do poeta, “Quem bebe

dessa água não esquece nunca mais”.

Livramento é uma cidade

Que a muita gente atrai, pois tem

“um sorriso para quem chega

e uma lágrima para quem vai”.