Ria um pouco – 09.11.2020

Idéia e mito, a
entrevista e as diferenças!

 

Jorge de Piatã (Em Quarentena) (*)
(continuação)


Perg: Algum dia os Srs deram carta branca a alguém?

Resp: Só quando eu estava no poder. Dei carta branca aos companheiros e aliados pra tomar conta da Petrobras, da Caixa, do BNDES, dos Fundos de Pensão, pra arrecadar fundos pra revolução bolivariana, mais depois eles mim trairo, e os que ainda não abriro o bico tão passando pro outro lado.

Resp: Nunca dei carta branca a ninguém pra porra nenhuma. Porque quem manda nessa joça sou eu, pô! Aquele negócio foi uma montagem descarada da Globo, pô!

Perg: O que os Srs. acham do COAF?

Resp: Num acho porque não tou procurando nada e tenho raiva de quem procura e ainda mais de quem acha!

Resp: Acabei com o COAF, pô! Mandei coafar no brejo, quer dizer no fogo e nas cinzas do Pantanal, longe do Planalto, pô! Rá, rá, rá!

Perg: E a relação dos Srs com os jornalistas?

Resp: Não consigo gostar de jornalista mentiroso igual aquele americano que mim chamou de cachaceiro. Mas tenho o maior respeito pelos companheiros jornalistas que seguem o meu controle social da mídia!

Resp: Já disse e repito: os que me seguem na minha rede social são ótimos, falam e escrevem em verde e amarelo, são patriotas de verdade. Mas os que fazem perguntas safadas sobre meus filhos e minha mulher, só tenho vontade de quebrar a boca deles, pô!

Perg: Como o Sr explica o dinheiro flagrado na cueca de assessor?

Resp: Não sei de nada, mas mim dissero que o assessor de um companheiro nosso, por medo de outros assaltantes andou escondendo um pouquinho de dinheiro na cueca. Mas tenho a convicção de que era tudo dinheiro contabilizado de campanha. Dinheiro limpo, lavado e levado em cueca lavada. Porque no nosso partido nós jogamo limpo!

Perg: Como o Sr explica o flagrante da cueca cagada de velho amigo e líder do seu governo?

Resp: Eu não tenho que explicar nada, pô! Por que você não vai xeretar as cuecas e calcinhas dos senadores e deputados da oposição, pô? E aproveita pra xeretar a cueca da sua mãe e a calcinha do seu pai, pô!

Perg: O que o Sr diz sobre o sítio e o triplex?

Resp: Vou confirmar: todo mundo sabe que eu não sei de nada!

Perg: Como o Sr explica a amizade com o Queiroz?

Resp: Não tenho que explicar nada, pô! M as ele só dava conselhos aos meus zeros. Fora isso o inútil só coçava o saco. Por isso eu tive que dispensar ele, pô!

Perg: Sobre a participação de seu advogado Kakay e do capitão em encontro secreto com supremos amigos ministros seus e dele?

Resp: Eu confesso que como sempre eu não sei de nada. Mas se foi combinado com o companheiro Dirceu, tudo bem! 

Perg: E sobre Dr. Wassef, o advogado de 4 Milhões de Bagarotes?

Resp: Como eu só ando de bom humor vou responder a porra da sua pergunta cretina: Por não precisar mais de advogado eu demiti esse cara ainda quando sua mãe rodava bolsinha, pô! Porque com patente ou sem patente sempre fui inocente, pô!

Perg: Sobre rachadinhas:

Resp: A gente sempre fez. Tudo muito legal. Tudo contabilizado. Pro partido e principalmente pro meu Instituto!

Perg: Nas suas saídas no Cercadinho o Sr ri à toa, rá, rá, ra...chadinha?

Resp: Só se for a da sua mãe, seu porra!

Perg: Como o Sr explica a meteórica riqueza gamepórquica, de orígem telecômica, do seu filho homônimo:

Resp: Meu filho não tem esse apelido. E não sei nem que porra é hormônio, vou perguntar ao Dirceu, mas a riqueza do meu garoto mim falaro e mim garantiro que é puro talento de programador competente! E de muita sorte, claro!

Perg: Como o Sr explica a crescente riqueza do seu filho 01?

Resp: É porque ele atira bem, é valente que nem o Capitão Papai e despequinininho fatura os tubos vendendo chocolate-fino-de-lavanderia da melhor qualidade! Este é o meu Zerão!

Perg: E as bolsas que o Sr dizia ser clientelismo da velha política?

Resp: Eu só moralizei. Juntei tudo e dei o nome de Bolsa Família e graças a todos e a todas ganhei uma porrada de eleições!

Perg: Sobre o Bolsa Família lulopetista que o Sr tanto criticava?

Resp: Troquei a porra do nome, aumentei pra vocês pagar e estou me garantindo pra 2022, pô! Rá, rá, rá!

Perg: Prisão em segunda instância:

Resp: Um atentado ao estado democrático de direito! Porque num dá tempo nem pra nós respirar! Quanto mais pra tal de presquição!

Resp: Prisão em segunda instância boa é só a julgada na décima segunda, pô! E daí, porra? Rá, rá, rá!

Perg: Qual sua bebida preferida?

Resp: Era a 51, mas depois que um troço com esse número tirou o companheiro Geddel de combate eu mudei de marca. Agora eu tomo qualquer outra engasgagato, mas em público só tomo em garrafa de mineral. Estratégia da companheira Greize!

Resp: Todos os patriotas sabem e eu recomendo: É o coquetel de cloroquina misturado com guaraná-rosa mesmo com o risco de virar boiola que nem meus eleitores maranhenses! E daí, porra?

Perg: Maior gratidão?

Resp: Aos meus 9 dedos. Se não fosse por eles eu não aposentava, ia ter que trabalhar e nunca ia chegar a maior presidente desse País!

Resp: Aos meus 10 dedos. 5 pra bater continência e 5 pra quebrar a cara desses jornalistas safados e esquerdistas, pô!

Perg: Qual é seu ídolo?

Resp: Era o Papa, antes dele mim abençoar! Agora eu sou o ídolo dele!

Resp: O General Costa e Silva, que apesar do Silva, foi o maior presidente antes de mim.

Perg: Qual o fato histórico mais importante?

Resp: O Manifesto do Partido Comunista que o Dirceu leu pra mim preparano nóis pra revolução bolivariana… Eu tava tomano umas, cochilei, mas fiquei muito emocionado!

Resp: O Ato Institucional N, 5! Acabou STF, porra! Acabou Congresso, porra! E a entrevista também, porra!

Análise da entrevista : Em extrema exaustão após uma demorada análise desta histórica entrevista em busca de diferenças significativas de caráter, idiossincráticas, teleológicas, teológicas, epistemológicas, teratológicas, antropológicas, filosóficas, morfológicas, astrológicas, fisiológicas, pitecantropológicas, escatológicas, sociopatológicas, psicopatológicas, morais e ideológicas entre a Ideia e o Mito encontramos apenas uma: um deles tem um dedo a menos!

(*) Jorge Soares de Oliveira (Jorge de Piatã), bacharel em Direito (UFBA: 1969), OAB-BA nº 3.401, viveu e estudou em Livramento de Nossa Senhora-BA, hoje com residência e escritório na cidade de Brumado-BA.