Artigo – 06.01.2021

Idéia e Mito, papo pós-eleição!

Jorge de Piatã(*)

(Continuação)

Os senhores não se sentem derrotados?

Idéia: Não. Tenho a convicção de que eu só fui traído! Na campanha, esquecero o meu nome, a minha história, o dedo que eu cortei, rasgaro meu retrato e dero sumiço até nas bandeiras vermelhas. E de estrelas só minha testa que ficou estrelada de tanto chifre que os companheiros eleitô me infeitaro. Mim trataro cumo cachorro morto, meu sinhô!

Mito: Claro que não. Derrotados foram meus candidatos maricas, que não seguiram minhas coordenadas. Os boiolas não tiveram coragem nem pra dizer que contavam com meu apoio!  E nem pra mandar os eleitores tomar o coquetel de cloroquina com guaraná-rosa que eu recomendei por ser bom pra tudo, até pra ganhar eleição!

A cobertura da grande mídia foi imparcial

Idéia: Quando eles falavam de mim bem ou mal eu sempre faturava. Hoje nem a Globo fala mais de mim. Já apelei pra artistada toda que eu ajudei encher as burras com a lei Renê pra eles pedir o Bone pra falar mal de mim no Jornal Nacional. Que era pros militantes ficar revoltado e votar em nossos candidato, mas ele não falou nem um pouquim! Uma miséria, companheiro!

Mito: Imparcial, uma ova! Essa crise toda foi criada pela imprensa, que é pior do que lixo. Porque lixo é reciclável, pô! E essa turma da Globo não se cansa de rachar, digo, de encher minha paciência, porra! Mas agora quero ver a cara desse pessoal da Plim-Plim depois que eu mandei transferir as verbas deles pro Baú da Felicidade, pô! Rá, rá, rá!

Afinal, qual sua política na saúde? E os planos de vacinação e imunização?

Idéia: Na imundização eu sempre apostei. E só não dobrei a aposta porque não me elegero mais. Quanto à vacina eu só tô apostano em uma: a vacina contra a traição! Por essa eu pago caro. Vendo até minha alma, ôps, não tenho mais! Vendo o sítio e o triplex, ôps, também não tenho! Risca essa, companhero!

Mito: Na saúde, tá tudo dentro da logística sem pressa do Pazu: eu mando, ele obedece e me agradece, pô! E o meu plano de vacinação é muito objetivo: o que os governadores comunistas dizem, eu mando anunciar o contrário. Se eles assinam protocolo com o meu ministro eu mando desassinar!  E todo mundo sabe que a vacina do Dórea só tem efeitos colaterais: pode até transmitir o vírus do comunismo e o do boiolismo. Ou piorar, se quem tomar é governador. E como vocês da imprensa sabem, ela já causou até suicídio, pô!  Mas se a porra dessa vacina for aprovada mesmo, tudo bem: eu assumo a distribuição e mando aquele boiola calar a boca, pô!

Será que não faltou apoio mais claro e uma campanha mais forte em favor dos seus candidatos?

Idéia: Quando eu tava no poder, eu fazia todo tipo de milagre para eleger companheiros de fichas complicadas. Com a traição deles, meu estoque de milagres pifou! Vocês viro: só de uma vez 51 malas do nosso estoque de milagres que tavam no apartamento do companhero Gedéu foru tirado de nóis pelos perseguidores da PF. Ai nós nusfu! Fazê eleitô, como? Adeus milagres!

Mito: Eu já disse: sou Messias, mas não faço milagres todos os dias, pô! Fiz o milagre do aumento do auxílio, o do aumento das aglomerações, o do desmascaramento geral, o milagre da cloroquina, o da reciclagem de testes vencidos. Fiz até o milagre de encontrar dois aliados honestos no Centrão, pô! Ainda tem os milagres da multiplicação e da lavagem de cheques que eu oriento e os comunistas dizem que foi São Queiroz! São Queiroz a puta que pariu! Querem mais? Vocês pensam que é fácil garantir o milagre das pesquisas a meu favor distribuindo porrada a torto e a direito, pô?  

Mas, a rachadinha não é uma forma de milagre?

Idéia: Eu já disse, nas nossa rachadinhas não tem milagres. Elas vão todas pro meu instituto, contabilizadas. Acontece que fora do poder tamo fora do mundo. Ninguém, nem os empreiteiro mim obedece mais pra rachar!

Mito: Você com essa pergunta de novo, seu comunista escroto? Não gosta mais dessa sua boca porca? Aproveita que hoje estou calmo e só vou te dar um conselho: pergunte a senhora sua mãe sobre os milagres da rachadinha. Ela é quem vai te dizer se a que ela tem entre as pernas ainda presta pra fazer milagres, porra! E sabe de uma: chega! Hoje não tem mais milagres. O último é você sair daqui com a boca inteira, pô! Acabou o milagre da minha paciência, porra! E a porra da entrevista também, porra!

 (*) Jorge de Piatã é o dvogado Jorge Soares de Oliveira,  que nasceu em Piatã-Ba, cresceu em Livramento de Nossa Senhora-Ba e reside em Brumado-Ba