Mensagens – 01.11.2021

A despedida do cantador!

Evellyn Dantas (que ele tinha como neta) - Hoje estou escrevendo essa mensagem com o coração cheio de saudade, mas também com muita gratidão. Gratidão por ter conhecido "Baeco" em vida, por ter vivido momentos incríveis ao seu lado, e por ter tido o privilégio de chamá-lo de avô. Admito que falar sobre ele está sendo um desafio para mim, pois não consigo encontrar palavras que expressem todo o carinho e consideração que eu sinto por ele. Eu cresci ao seu lado, escutando ele tocar vários instrumentos, e apreciando a sua linda voz grave. Me lembro que sempre que eu brincava de casinha ele cantava a música que ele compôs para mim "Evellynha tem uma geladeira, Evellynha tem um fogãozinho, Evellynha tem uma panelinha para fazer a comidinha para dar ao macaquinho...". Infelizmente, esse homem bondoso, criativo e alegre, não está mais entre nós. Mas as histórias que vivemos juntos sempre estarão na minha memória, e o amor que eu sinto por ele permanecerá para sempre, até a eternidade❤️.

Antônio Andrade (Tõe Zoião, irmão) - Eu perdi meu irmão, que era muito querido, estou muito sentido. Nós fazíamos muita farra, eu Baeco, Marino, na casa da minha mãe, todo sábado, era um forró doido! Tô sentindo muita falta dele, meu coração está a mil! Um irmão muito bom, nunca fez confusão com ninguém! Que Deus dê um bom lugar a ele. Nós fazíamos muita farra. Todo sábado era um forró danado, na casa da minha mãe, o povo de fora vinha pra ver nós tocar! Um seresteiro muito famoso! E Deus está esperando ele de braços abertos!

Carlos Andrade (Báu, irmão) – Baeco era uma pessoa muito boa, respeitador. Gostava de pescar!  Agente pescava de tarde, no Rio da Baixa, e de noite ia cantar na porta lá de casa ou no bar de Perpétuo. Cantava muito, cantou até em Salvador, lá num programa, no São João, ele e Tõe Zoião. Todo aniversário dele, ele vinha tocar aqui (casa de Báu), ele Zé Quixim, o filho de Zé Quixim. Zé Primo também já veio aqui, Netinho, coisa muito boa. Nunca brigou com ninguém. Pessoa direita, tinha crédito em todo lugar, mas nunca comprou fiado na mão de ninguém, era sistemático. Um cabra inteligente, quase se forma para professor, mas não quis continuar. Trabalhou no hospital a vida toda, o povo gostava muito dele.  Foi Lega (ex-prefeito Ulisses Lima) quem botou ele lá! Lega ajudou muito nós, eu, Baeco e Tõe Zoião. Nós agradecemos muito a Lega. Ele ajudou muita gente! Baeco também foi muito sofrido, sofreu três acidentes, em um deles o ônibus tirou um pedaço das costas dele. Mas não reclamava de nada. Depois, ficou cego (devido ao glaucoma), e não queria viver mais. Dizia que já estava bom, queria ir embora. Não tava querendo comer mais, nem nada. Eu sempre conversava com ele, para ele comer. Mas ele não queria mais nada, queria ir embora mesmo.

Rosália Andrade (irmã) - São tantas lembranças e coisas boas, que nos deixaram saudades! Desde eu moça, a gente cantava e fazia farra nas festas da roça, era um divertimento danado. Nos barzinhos, como o de Perpétuo e Nilza. Todo domingo, era um ponto certo da gente se encontrar e se divertir. Baeco era uma pessoa boa e prestativa, sofria por cada um de nós, muito preocupado mais com as pessoas do que com ele. Hoje, meu coração está partido, a dor é imensa. Mas Deus o chamou para Ele, né? Porque Deus sabe de todas as coisas, nessas horas de angústia e de dor.  Deus o levou, mas está sempre gravado em nossos corações, principalmente da família, dos amigos, de todos que adoravam ele, com suas músicas, sua  alegria e divertimento. Ele queria ver todo mundo feliz e se sentia feliz, quando estava cantando e tocando para nós. Eu só tenho que agradecer a esse irmão! Que Deus lhe dê descanso e luz eterna. Neste mundo, tudo passa, mas a saudade fica e é eterna. Vamos guardar a imagem dele em nossos corações. Peço a Deus que receba de braços abertos essa criatura bondosa e amável, que foi meu querido irmão Baeco. Deus o tenha no Reino da Sua glória! Que ele descanse em paz! Eu sei que ninguém morre, que ele estará vivo para todos nós. Agradeço os momentos que passamos juntos, nas horas de alegria e também nas de tristeza e de dor. Ele foi um vencedor, um guerreiro e Deus o chamou, agora já não sofre mais. Mas ele  viveu bastante, graças a Deus, e chegou até o dia que Deus quis. Eu só tenho que agradecer o que ele fez por nós, por cuidar da minha mãe, com muito amor, eu presenciei isso. Agradeço a ele e peço a Deus para dar força a ele. Fica o meu abraço de saudades e de amor a um irmão que será eternamente querido por nós. Fique com Deus, meu irmão! Que Deus o tenha no Reino da Sua glória! Saudades eternas! Um beijo da sua irmã, que fica aqui com saudades de você! Jamais te esquecerei! Obrigada por tudo, meu irmão Baeco! Deus te abençoe, na sua eterna morada, junto ao Pai!

Vilma Dantas (esposa) - Meu companheiro, bom marido, pai dedicado, avô amoroso, amigo acolhedor, tio exemplar, irmão esforçado, filho atencioso… Baeco foi o melhor que poderia ser, por onde passou. Honrarei sua memória por toda a minha vida, e para sempre seu legado será lembrado. Será eternamente o amor da minha vida.   A dor não perde a força, mas, com fé em Deus, a gente se fortalece, e segue. Saudades eternas!

Pela família Dantas registrou:  Quantas história Baeco viveu? Muitas e, com certeza, nenhuma delas ofendeu ninguém, pelo contrário, foram de alegria, amizade e amor. Para nós, que ainda estamos aqui, fica o exemplo, a admiração, a gratidão e a saudade, até o dia em que viveremos histórias juntos no céu, com a fé que temos em Deus e a confiança de que tudo está nas mãos dEle.

Catharine Andrade(filha) - Que honra poder dizer que, dentre todos os pais do mundo, você foi o meu. Meu eterno e único "Catarino", que Deus me deu de presente a dádiva de chamar de Papai. Meu pai me deu o que há de melhor em mim, e hoje meu coração se enche de dor e já começa a sentir saudade. As reuniões familiares não serão mais as mesmas sem o canto e o encanto da sua voz. Sem o tocar do cavaquinho e do violão que era a sua marca registrada em todos os nossos encontros. Tudo era festa quando ele estava presente. E que voz, Papai! Seu tocar e sua voz eram únicos e exaltavam a alegria e contagiavam a todos a sua volta. Que orgulho tenho de você! A saudade tá doendo tanto, mas tanto... Você se foi, é verdade, mas deixou todo o seu legado. Tudo o que quis dizer, disse. Tudo que quis realmente fazer, fez. Ensinou seu neto Pablinho, como ele mesmo chamava, o dom lindo de tocar e cantar. Eu adorava vê-lo tocando cavaquinho, violão. Este era o que eu achava mais lindo. E eu sempre registrando. Registrava tudo, e esses registros estarão eternamente guardados na minha memória e no meu coração. Vá em Paz, meu Pai, meu papai! O céu está em festa com a sua chegada. Olhe por nós aqui na Terra, porque não está sendo fácil. Sua missão foi cumprida da forma mais linda que possa existir. Eternamente grata serei a Deus pelo presente que foi ter você na minha vida.

Edy (sobrinha) – Hoje, presto homenagem a meu tio, que partiu deste mundo e deixou um vazio irreparável em nossa família. Nossos corações estão de luto com a sua partida, a dor é enorme, mas a sua memória estará sempre presente entre nós. As lágrimas são inevitáveis, neste momento, mas sempre lembraremos de você com muito amor e um sorriso de tudo aquilo que vivemos. Você deixará saudades eternas em todos aqueles que tiveram a sorte de te conhecer e conviver contigo.  Minha saudade vai ser eterna, descanse em paz, com muita luz!

Gilberto Matias (amigo/admirador) - Baeco representou para mim o que há de mais completo num artista musical: multi-instrumentista, ritmista e um excelente cantor. Este menestrel livramentense tinha um timbre de voz inconfundível escoltado por uma perfeita afinação. Músico performático e portador de uma capacidade rara de identificar a nota musical exata de qualquer som - ouvido absoluto, conseguia com muita facilidade harmonizar qualquer música, para tanto, bastava ouvir as primeiras notas de uma melodia. Trovador de lindas poesias, também era uma das suas expertises. Desde sempre frequentei sua casa. Quando criança, ficava horas e mais horas admirando sua destreza nos instrumentos. Mais tarde, já na adolescência, depois adulto, tive a honra de ser seu aluno e acompanhá-lo em várias cantorias. Tornou-se meu ídolo!

Boanerges Castro (amigo) - Baeco (com “é” aberto, como o era seu coração) partiu hoje para integrar a constelação dos seresteiros, da qual também faz parte seu irmão Marino. Florisvaldo é o seu nome. O casal Hygino e Anézia Andrade procriou uma numerosa prole, quase todos com a verve musical: João, Messias e Antônio, instrumentistas, Maria e Báu, cantores. Marino tocava um pouco de violão e batia bem o pandeiro, e ficou famoso por ter uma bela voz e cantar com alma, nas noites enluaradas ou sem lua dos "diáfanos céus de Livramento" (como anunciava o locutor, depois cantor e gramático José Neves de Oliveira,) canções que caíram no gosto do povo brasileiro, sem jamais descambar para a vulgaridade. Baeco foi, antes de tudo, um músico. Sua voz não era tão maviosa quanto a de Marino, mas seu repertório de cantor era mais amplo e descontraído: do forró à música caipira de raiz, do samba-canção ao samba mais animado e espirituoso. Baeco tinha um fino senso de humor, meio cáustico, que me faz lembrar o chansonnier Georges Brassens, até porque Baeco também era um compositor talentoso e original. Tive o prazer de tocar várias vezes com Baeco e Badu, seu cunhado, casado com Maria (pais do polivalente Zé Quixim), quase sempre no bar de Perpétuo. Baeco e Zente (assim Badu também era conhecido) me acompanhavam com perfeição e natural musicalidade, revezando-se no cavaquinho e no violão de 6 cordas, em chorinhos de Pixinguinha, Waldir Azevedo, Jacó Bittencourt, Zequinha de Abreu..., Marino ao pandeiro, a companheira de Baeco no surdo e Zorilda sempre presente com sua animação, como o continua fazendo para não deixar a chama da seresta se apagar. É possível que as composições de Baeco tenham sido gravadas, escritas ou sejam cantadas por outrem, bem mais possível que o Cordel da Bicharada que meu pai, Manoel Conceição de Castro, andou cantando para os estudantes do Colégio Luiz Vianna Filho, em Brotas, na capital baiana, por volta de 1975, e depois na Praça da Bandeira, em Livramento.

Edilamar Paraíso (amiga e parceira nas serestas) - Baeco era um amigo que tive em livramento, na alegria e na tristeza. Era meu parceiro, onde ele tava, com aquele violão, eu estava, porque eu apreciava Baeco cantar e tocar. Quantas noites nós fizemos seresta! Quantas noites íamos para o Primeiro Gole, cantar a noite toda! Íamos para o Tomba cantar! Até três horas da manhã, a gente estava fazendo nossa seresta.  Vai deixar muita saudade em Livramento. Eu falo que ele é um filho ilustre da cidade. Porque foi um seresteiro que jamais vai ser esquecido. Era bom amigo, bom filho, bom marido! Só tenho a dizer coisas boas, não só dele, da família também, porque eu amava muito a mãe dele, amava os irmãos dele, todos.  Baeco é uma pessoa que vai deixar um buraco grande em Livramento. Era nosso amigo, nosso colega e parceiro. Foi uma pessoa maravilhosa em vida. Espero que ele seja bem pra Deus. E que olhe por todos nós que ficamos aqui. Acredito que ele está bem melhor, onde está, agora. Lembro que nós sentávamos na porta da casa dele, aos sábados, para tocar! O povo todo da feira ia ver Baeco tocando, era a alegria da praça, com a família Andrade. Juntava  Baeco, Báu, Toe Zoião, Félix, Zente, João, Messias e outros irmãos tocando. Era uma felicidade, principalmente quando chegava Dr. Halley, na cidade. Era a alegria daquela praça e da família Andrade! Baeco vai deixar muita saudade para todos nós que convivemos com ele!  Que Deus o receba em bom lugar!

Márcia Oliveira (professora) - Fui brindada com uma serenata de Baeco, juntamente com o irmão igualmente saudoso Marino e outros, quando eu ainda era uma normalista. Bem escreveu o filósofo francês Blaise Pascal (1623-1662): "O coração tem razões que a própria razão desconhece". Cantaram célebres músicas, que eu já conhecia, pois cresci ouvindo a Velha Guarda, acompanhando o bom gosto musical do meu pai. Lembro-me da primeira canção cantada por Baeco, naquela noite de lua e estrelas, Última Estrofe, composição de Cândido Neves, interpretada por Orlando Silva, Nélson Gonçalves... Dizia a letra: "A noite estava assim enluarada/Quando a voz já bem cansada/Eu ouvi de um trovador..." Entre outras canções, estava também “Sertaneja” (René Bittencourt), obra prima da nossa música: "Sertaneja, se eu pudesse/Se Papai do céu me desse/O espaço pra voar, eu corria a natureza/Acabava com a tristeza, só pra não te ver chorar...". Também a pueril canção, que marcou a vida de tantas pessoas, composta por Elpídio dos Santos, a Casinha Branca ("Fiz uma casinha branca lá no pé da serra pra nós dois morar/Fica perto da barranca do rio Paraná/O lugar é uma beleza/Eu tenho certeza você vai gostar/Fiz uma capela bem do lado da janela/Pra nós dois rezar..."). Assim foi! Sinto-me agraciada por ter vivido esse momento ímpar! Obrigada, inesquecível seresteiro, Baeco! Rogo a Deus que o acolha em Sua divina morada e console, na fé, seus familiares e todos os amantes da boa música! Saudades!