Homenagem – 21.10.2021

Dona Teresinha Tanajura

Comemoração do Dia da Criança, na AAL (1969), da esq. para dir., 1º plano: Lia Meira (hoje Lia de Vado), Iracema, Cristina Castro, Alvina Timbó, Maria Idália, Maria Etelvina, Marilena Lessa (ao microfone),Teônia Meira, Claudete Spínola. No 2º plano, Ruybergue  (guitarra), D. Teresinha, Darcy Lessa e Baeco Andrade (violão).

Comemoração dos 25 anos da Diocese de Livramento, instalada em 1967

Reproduzimos, a seguir, algumas das mensagens enviadas em homenagem à professora Teresinha Meira Tanajura, falecida em 09.10.2021, aos 87 anos, cuja missa de 7º dia foi celebrada em 15.10.2021.

Humildade e nobreza!

D. Teresinha, Antonieta e Edilse, em foto de 2019

 

Dom Armando Bucciol
bispo diocesano

Da pessoa de dona Terezinha Meira quero destacar a humilde nobreza, a permanente disponibilidade em acolher e ajudar o próximo, junto com a profunda sabedoria e sincera humanidade. A nossa Igreja Católica lhe deve muito, pelo serviço perene e a ajuda generosa.

Permanece em nossa memória eclesial seu testemunho de fé e amor. Por isso, manifesto meu agradecimento e de toda a Comunidade Católica, enquanto invoco a divina misericórdia: o Senhor dê o prêmio dos justos a essa sua serva.

Zelo pelo sagrado:

Padre Jandir
pároco de Livramento-Ba

O zelo pelo sagrado com certeza é uma marca deixada por Teresinha Meira Tanajura. Inúmeros são os testemunhos de sua dedicação para com a Catedral, igreja mãe da Diocese. Essa atenção e cuidado são marcas de uma experiência de fé e amor a Deus que se tornam serviço. Agradecemos esse exemplo de doação e amor que D. Teresinha nos deixou. Que sua história seja uma inspiração a toda comunidade.

No Mundo Celestinal

Padre Ademário
ex-pároco de Livramento-Ba

Todos os dias, nascemos e morremos! É a dinâmica da vida! Até morrermos para este mundo e nascermos para o outro, o Céu. A morte é certa, nada é eterno neste mundo! Mas não aceitamos facilmente a morte, por esquecermos que a vida na Terra é apenas uma passagem.

A sobrinha Etinha (esq.) e D. Teresinha, em Jerusalém, 2013

É neste contexto de vida e morte que expresso meus sinceros agradecimentos a Deus, pela vida da saudosa Teresinha Tanajura. Eu a conheci, há mais de 20 anos, e nutri grande carinho por ela, respeito e consideração. Sempre fui acolhido em sua casa com amor e um grande e belo sorriso.

Era realmente uma pessoa de Deus, acolhedora e compartilhava com alegria o que  tinha. Na Santa Missa, rezamos: “Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo”.

Acreditando profundamente na misericórdia de Deus, tenho certeza de que esta nossa querida amiga e irmã foi acolhida, na eternidade do Seu Reino, assim que deixou este mundo, em recompensa pela sua generosidade, na Terra. Descanse em paz, minha amiga!

E a vida segue, para os amigos e parentes, neste Mundo, e para ela, no Céu, junto de Deus. Esta é a dinâmica de alma e espírito, vida que acaba e vida que continua, pois o espírito viverá eternamente. Aqui reza o ápice da nossa fé.

Aniversário de 7 anos da sobrinha Silvana, 1979

Ressurreição, vida eterna, que, num primeiro momento, é graça e dom de Deus Num segundo momento, um desejo e uma busca pessoal. Teresinha desejou ardentemente a Ressurreição e disso ela deu testemunho na prática da sua fé, nesta comunidade eclesial de Livramento de Nossa Senhora.

Por fim, manifesto ao Pai Celestial, meus sinceros agradecimentos pela vida desta nossa irmã e amiga Teresinha Tanajura, ao tempo em que peço a Ele que volte seu olhar paterno e misericordioso aos seus familiares e a todos nós, seus filhos e filhas. Descanse em paz Teresinha! Do irmão em Cristo Jesus, este a razão e modelo para nossa fé. (Pe. Ademário da Silva Ledo Filho)

Mensagem do afilhado:

Padre Júlio César
páraco de Dom Basílio

Em uma das aulas de exegese bíblica dos livros proféticos e sapienciais, aprendi que “as palavras não vestem por completo os sentimentos”. Essa é a primeira grande certeza que tenho ao iniciar este breve escrito sobre Teresinha Meira Tanajura, nossa irmã na fé, chamada à presença de Deus, dia 9 de outubro.

Por mais belas ou poéticas que sejam as palavras, jamais conseguirei expressar a beleza da vida de Dona Teresinha. Assim, recorro à simplicidade do coração, que permite uma mensagem mais fiel. Recordo-me que, quando criança, pelos seis anos de idade, às vezes eu participava da Missa, aos domingos na Catedral.

Celebração  da fundação  do Clube do Calor Humano, 1995

 

Lá, estava Teresinha Tanjaura, ensaiando os cantos com a assembleia, nos minutos que antecediam à Santa Missa. Quando ingressei no Grupo de Coroinhas, criado pelo padre Donizete, passamos a ter uma proximidade maior, pois ela sempre contava com nossa ajuda nos dias de sábado, quando ia arrumar a igreja.
A partir de então, nasceu uma meiga amizade e admiração.

Todos nutriam por ela grande respeito. Mulher dedicada, firme em seu pensamento, decidida nas coisas da vida e totalmente devotada ao serviço do Altar. Cuidava das alfaias sagradas e, nos dias de missa, preparava os vasos sagrados para o ofertório, sempre à tarde, para não chamar a atenção antes das celebrações e sempre preocupada em preservar o silêncio que deve reinar na igreja, e com a oração dos fiéis.

Dona Teresinha atuou em várias pastorais e movimentos de nossa Igreja. Foi catequista de base, a primeira catequista de crisma da Diocese, membra do Movimento Familiar Cristão, contribuiu imensamente na fundação da Pastoral do Dízimo. Fez parte do grupo dos Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Eucarística, também foi Notária do Bispado e, durante longos anos, com maestria, esteve à frente do Coral da Catedral.

Quando o coral foi revitalizado, em 2015, lá estava ela, como um grande pilar, a nos incentivar, corrigindo os erros e conservando o que havia de bom. Também, não podemos nos esquecer de toda a sua atuação nas comunidades rurais, catequisando o povo, enquanto o padre atendia as confissões.

Dona de uma beleza invulgar, cultura erudita e coração generoso. Realizou um célebre discurso no Jubileu de Prata da Diocese e de Dom Hélio, na presença do Cardeal Dom Lucas Moreira Neves. Ao envelhecer, foi revelando as várias faces da idade e conservando a sua beleza. Pois, acredito, todas as idades possuem sua beleza. Porém, maior que beleza física, ela nos mostrou a beleza do coração, que nunca envelhece, ao contrário, renova-se a cada dia.

Esq. para dir.: D. Teresinha, Silvana, Pe José Dias e Edilse, na obra da ponte do Itapicuru, 2007, gestão do prefeito Carlos Batista

Considerando a amizade nutrida, considerando a minha grande e profunda admiração por ela, além da sua maturidade na fé, escolhi-a para ser minha madrinha de confirmação. Em meu coração, sentia ser ela melhor que ninguém para saber me conduzir na fé.

Desse modo, na intimidade da labuta diária, de Tia Teresa, passei a chamá-la de madrinha (que significa mãezinha), não apenas da boca pra fora, mas nutrindo um verdadeiro sentimento de afilhado, pois através dos cuidados dela fui confirmado na fé da Igreja e pude amadurecer como pessoa e como cristão.

Nos últimos anos, madrinha Teresa, acometida pelo Alzhaimer e por outras enfermidades, foi, aos poucos, despedindo-se deste mundo, guiando seus passos rumo à Pátria definitiva. No dia 19 de setembro, depois de um longo dia de trabalho, ao chegar a casa, recebi uma mensagem de tia Di, sua irmã, que dizia: “Teresa não está bem”. Imediatamente, saí de Dom Basílio rumo à Livramento, e lá, no quarto de seus pais, ela recebeu o Sacramento da Unção dos Enfermos.

No dia 30 de setembro, em seu quarto, celebramos a Santa Missa, onde, pela última vez, ela comungou o Corpo e Sangue de Nosso Senhor. Por fim, no dia 9 de outubro, pelas 21h40min, entregamos a Deus a nossa amada Teresinha Meira Tanjaura, que partiu e tinha ao seu lado a irmã Edilse, seus sobrinhos, as cuidadoras, tendo à mão esquerda uma afilhada, que segurava a vela (símbolo de Cristo, Luz do mundo, que nos é entregue no dia do nosso Batismo), e à destra o afilhado padre, que fazia as últimas orações.

Tenho certeza de que madrinha Teresa é acolhida no céu com grande festa. Em sua chácara, “Vila Yayá”, plantava uma roça de flores tropicais, todas destinadas à ornamentação da Catedral. Quando ia ao Santuário Nacional de Aparecida (SP), colhia uma abundante quantidade de flores para ofertar à Nossa Senhora. Gesto nobre e afetuoso que merece ser lembrado.

D. Teresinha ao lado do irmão Raimundo, irmãs e sobrinhos, na recepção pelos 70 anos dele, 1997

Ao subir aos céus, leva consigo muitas flores para Nosso Senhor; flores das boas obras, cultivadas ao longo de sua existência, no jardim de sua vida. Essas flores vão para Deus, pois pertencem a Ele, mas o perfume de suas boas obras fica conosco, ajudando-nos a ajustar nossas vidas ao passo da fé.

Depois de 37 anos de serviço à nossa Diocese, Dom Hélio regressou a São Paulo, mas antes telefonou para Teresinha Tanajura, agradecendo pelo fato de ela nunca ter causado nenhuma contenda na Igreja. Em sua missa de corpo presente, Dom Armando a adjetivou como “mulher de nobre simplicidade”.

Em nossos dias, onde o ensimesmamento parece tomar conta de todos, guardemos esses exemplos de fé, cuidando da unidade, num serviço generoso e desapegado, buscando viver o nobre dom de nossas vidas, que nos foi dado por Deus, na simplicidade de quem está pronto a servir e a amar.

Vai com Deus, Madrinha Teresa! Vai em paz! Que os anjos te acolham e te levem à presença do Altíssimo. Contigo, vai todo o nosso amor e reverência. Padre Júlio César, seu afilhado que tanto te ama e te quer bem.

Uma grande mulher!

Padre Weverson
páraco de Rio do Pires
 

Esq. para dir.:  Seu “Carrim”, D. Antonieta, Silvana e D. Teresinha, dia da formatura da sobrinha, 1979

Livramento de Nossa Senhora conheceu uma grande mulher, que nos deixou no último dia nove. De família tradicional, cuja história se confunde com a da cidade, Teresinha Meira Tanajura, ou simplesmente Dona Teresinha ou Tia Tê, como a chamávamos, marcou a trajetória destas nossas terras, cujo centenário de emancipação celebramos, três dias antes de sua partida.
 
Coincidentemente à profissão que exerceu, no dia do Professor foi celebrada a Missa de sétimo dia do seu falecimento. Como exímia educadora, contribuiu com a formação da mente e do caráter de muitos que dela se lembram com saudades.

De fino trato e educação impecável, gestos acolhedores e carinhosos, amante do bom gosto e boas maneiras, sua postura elegante e sóbria, aliada à sua reta conduta, por si só já era uma aula de vida.

Deu seu último suspiro num sábado, dia que a tradição cristã católica dedica à Virgem Maria, talvez como sinal de sua dedicação devota a Nossa Senhora do Livramento, nos trabalhos da Catedral, da Paróquia e da Diocese.

D. Antonieta, Silvana e Teresinha (esq. para dir.)

Dona Teresinha viveu para servir à Igreja. Dom Hélio Paschoal, nosso primeiro bispo, Padre José Dias e outros clérigos e leigos que também já nos deixaram ou não, teriam muito a documentar do que significou.

Catequista, animadora, notária, coordenadora e integrante de pastorais, ministra extraodinária da Sagrada Comunhão, foram alguns dos serviços que desempenhou com maestria. Os ensaios de cantos que dirigia, no coral que organizava, eram exigentes, a fim de dar a Deus o melhor.

Sua voz, afinada e doce, entoou tantas vezes, em solo ou coro, para encanto e oração de quem ouvia, os louvores do Senhor na Liturgia. Suas mãos habilidosas cuidavam com esmero das Sagradas Alfaias e decoravam com singular beleza o altar da nossa Padroeira, ornando-o com flores que ela mesma cultivava para Nossa Senhora.

Descanse em paz, querida amiga e servidora! Que contemple agora, em plenitude, a beleza e alegria dos nobres valores que cultivou e ensinou entre nós!

Homenagem à Tia Teresa:

“Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados.” Falar de Tia Teresa para mim e acho que para todos de nossa família é falar da nossa relação com a fé em Deus. Uma pessoa que sempre foi a representação da fé para nós. E, nesse momento de dor e partida, temos que nos lembrar dos ensinamentos passados por ela e pela Igreja que lhe era tão preciosa.

Tia Teresa sempre foi uma mulher altiva, independente, solícita e amorosa com todos a sua volta. Com sua fé inabalável, deixou-nos um legado eterno de sempre procurar a Catedral de Nossa Senhora do Livramento.

D. Teresinha, ao centro, no dia do seu aniversário, 2001

Agradecemos à Diocese de Livramento de Nossa Senhora, ao bispo Dom Armando Bucciol e a todos os padres, em especial ao Pe Júlio, pelo apoio e permissão para que seu corpo fosse velado nessa casa que tanto a mava.

Agradecemos, também, a presença e disponibilidade de todos nesse momento de dor. Por fim, deixo uma estrofe que ela sempre dizia quando me encontrava e que ficará para sempre em minha mente e em meu coração:

- Um abraço apertado/Um suspiro dobrado/Um amor sem fim!

E é assim que quero terminar essa pequena homenagem: deixando o nosso amor sem fim por ela e para ela. Que Deus a receba e acolha de braços abertos. Obrigada, Tia Teresa, por compartilhar sua história conosco. Vá em paz e com a certeza de que jamais será esquecida. Amamos a senhora! (Texto de Celene Olímpia Spínola Souto, com a colaboração de Claudete Sofia Spínola Bastos)

Lembranças e saudades!

Diva Tanajura
amiga de infância

Diva Tanajura, princesa da Festa do Arroz, 1948

Teresinha ou “Zinha” - assim a chamava. Éramos muito amigas, primas de terceiro grau, colegas. Um ano mais velha do que eu. Em 1950, fui estudar em Caetité, onde ela já se encontrava. Morávamos no Colégio Interno Santísimo Sacramento, dirigido por freiras, mas o ensino era na Escola Normal, fora do internato, eu no 1º e ela no 2º ano.

As freiras nos levavam e buscavam na escola. O portão era fechado e ninguém saia sem autorização. Tudo muito rígido. Teresinha tinha uma bela voz, participava do Coral do Colégio. Na hora do recreio, trocávamos muitos casos, até mesmo os confidenciais! Bons e inesquecíveis tempos!

Em Livramento, era tradição a Festa do Arroz, nossa maior produção, na época. Na festa, era escolhida Rainha do Arroz a filha do maior produtor do cereal. Em 1948, os agricultores se reuniram para escolher a rainha. A escolhida foi Nely Chaves. Teresinha e eu fomos eleitas princesas. O evento se encerrava com um baile na Associação dos Amigos de Livramento (AAL).

Eu sempre visitava Teresinha, para longos papos. Porém,  ela adoeceu e já não me reconhecia. Então, nunca mais fui vê-la. Triste demais! Guardarei em mim sua imagem sempre bonita, alegre e espontânea, junto com as lembranças e a saudade! Que Deus receba em Sua glória a minha querida amiga!

Capacitação de ministras da Eucaristia, no Ginásio de Esporte

Coral da igreja de Nossa Senhora do Livramento, Natal  na praça, 2006