Artigo - 29.03.2011

Cláudio Marques comenta decisão do STF
sobre a Lei da Ficha Limpa (clique aqui>>)

 

Criatividade na educação - 30.03.2011

História contada pelos objetos

Os alunos do 7º e 8º anos da Escola Polivalente de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, realizaram, último dia 25, a exposição "A história contada pelos objetos", que foi visitada por toda comunidade interna. Eles selecionaram os objetos e pesquisaram sua evolução através do tempo, sob a coordenação das professoras de História Martha Celyana Teixeira e Rosana de Cássia Meira Silva.

Os objetos selecionados foram: panela, ferramentas, enceradeira, máquina fotográfica, aparelho telefônico, ferro de passar roupa, máquina de escrever, aparelho de televisão, máquina de costura, cédulas e moedas, pilão, aparelho receptor de rádio e discos.
Para cada um eles foram encontrados o correspondente atual ou chegaram à conclusão de que muitos não são mais usados, entre eles o pilão, antigamente usado, por exemplo, para descascar arroz, fazer fubá de milho e paçoca de carne.

Os estudantes ficaram encantados com esse passeio histórico, ao comparar o formato atual e antigo de muitos dos objetos, como o disco, os aparelhos de rádio e televisão e o telefone. Os alunos foram distribuídos em equipes, cada uma encarregada de pesquisar determinado objeto e explicar aos visitantes sobre a evolução histórica dos mesmos.

Segundo as coordenadoras, o objetivo, entre outros, foi exatamente mostrar aos estudantes as transformações e vantagens trazidas pela evolução tecnológica. Afirmam que "neste projeto, resgatamos a história de equipamentos ou tecnologias que fizerem parte do cotidiano dos nossos pais e avós ou ainda fazem parte do nosso dia-a-dia".

Um quadro da mostra que chamou muito a atenção foi o das unidades monetárias que o Brasil já teve, incluindo réis, cruzeiro, cruzeiro novo, cruzeiro (novamente), cruzado, cruzado novo, cruzeiro real e o real. Revela, ainda, que as primeiras moedas do Brasil surgiram em 1694, com a criação da primeira Casa da Moeda brasileira.

Antes, o comércio se realizava pela troca de mercadorias, sendo o açúcar a primeira moeda de fato do país. Quem primeiro cunhou moedas no Brasil foram os holandeses, para pagamento de seus soldados, no período em que controlou o hoje Estado de Pernambuco (1645, 1646 e 1654).

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Em defesa da água - 29.03.2011

Colégio Estadual Boaventura dá
exemplo de civismo e cidadania

Alunos, professores, funcionários e diretores do Colégio Estadual Edivaldo Machado Boaventura, de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, uniram-se nesta manhã em passeata, pelo centro da cidade, para comemorar o Dia Mundial da Água, transcorrido em 22 deste. Portando faixas, cartazes e divulgando mensagens sonoras, alertaram para a importância da água na vida humana e de outros animais.

Segundo a direção do estabelecimento, o objetivo foi destacar a poluição que afeta nossos rios, a contaminação da água de beber, bem como incentivar o uso racional do produto, tanto doméstico quando na irrigação. O diretor José Maria de Jesus explicou que a escola sempre comemorou a data internamente e esta é a primeira vez que também realiza manifestação pública.

Na passeata, foram lembrados os fundamentos da Política Nacional de Recursos Hídricos, que são: água é bem de domínio público, recurso natural limitado e dotado de valor econômico e, no caso de escassez, a prioridade é para o consumo humano e de outros animais.

Foi lembrado que o uso da água pura e limpa é direito de todos; e alertaram para a contaminação da água consumida pelos livramentenses, com o despejo de desejtos sanitários no Rio Brumado. Algumas das mensagens: “Livramento era uma das cidades de melhor água da região, não podemos dizer o mesmo hoje”; “Quem tem dinheiro bebe água mineral, quem não tem, bebe torneiral”. “É o caos total, quando será o fim? Quem nos socorrerá?”.

Momento emocionante da caminhada foi a solidariedade prestada pela Escola Estadual Rômulo Galvão, na Avenida Presidente Vargas, quando os professores e as crianças ficaram perfilados na calçada para ver o desfile, aplaudindo as coreografias dos estudantes do Colégio Boaventura.


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Administração – 25.03.2011

O que foi isso companheiro?

Por Raimundo Marinho, jornalista

Paulo César Azevedo  e Carlos Souto Batista (D), na posse como vice e prefeito, respectivamente

Muita gente está vendo acerto e oportunidade nos primeiros atos do prefeito interino de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, Paulo César Cardoso Azevedo (DEM), que assumiu o cargo em razão do afastamento do titular, Carlos Roberto Souto Batista (PMDB), para tratamento de saúde. Segundo informação não oficial, ele se submeteu a uma cirurgia cardíaca e se encontra em recuperação.

Um dos atos mais comentados é a exoneração da controladora interna Edjaneyde Matos Lopes, que veio de Jequié, tida como detentora de super poderes na Prefeitura, para onde levou uma empresa de consultoria, cujo contrato também teria sido rescindido, e seria a possível destinatária de pagamentos no montante de R$1.007.000,00, previstos no orçamento municipal para 2011.

“Acerto” e “oportunidade” à parte, os atos revelam o caráter do governante em exercício, mais parecendo um renhido adversário que ascende ao poder do que de um companheiro de chapa. Paulo Cesar foi eleito vice na chapa de Carlos Batista e considerado responsável pela diferença histórica de quase três mil votos na vitória do grupo nas últimas eleições municipais.

Além de exonerar figuras chaves do governo de Carlão, como a controladora e a assessora administrativa, Maria Stela Guimarães de Cássia Alves, transferida para o cargo de secretária do gabinete, o novo alcaide bloqueou o acesso de assessores do antecessor a qualquer dado importante da Prefeitura, agora com o filtro do novo assessor Ginaldo Matias Luz.

Não foram revelados os motivos das exonerações, mas a saída da controladora foi recebida com festa até mesmo por políticos da situação, que viam nela o prefeito de fato e verdadeiro obstáculo na suas relações com o poder. Motivo de críticas à atuação da controladora e sua consultoria é o orçamento municipal de 2011, verdadeiro cheque em branco ao chefe do Executivo, que os vereadores aprovaram sem qualquer pejo.

A ironia do destino é que quem assinou o pedido de afastamento do prefeito titular, julgado pela Câmara de Vereadores, foi justamente Edjaneyde Matos Lopes, cuja legitimidade para o ato sequer foi questionada pelos nobres edis. Tratou-se de situação da esfera pessoal do prefeito, que exigiria manifestação própria ou por procurador habilitado. Também não existe ato de investidura do vice como interino que, de praxe, nesses casos, ocorre em solenidade na Casa Legislativa.

Lamentavelmente, a situação, que resultou de um fato triste, a doença do chefe do Executivo, não vem tendo a transparência necessária. Começa pela falta de informação e ou esclarecimento oficial sobre seu verdadeiro estado de saúde, resultado do tratamento e o tempo provável do afastamento.

Tudo que se sabe, oficialmente, baseia-se no pedido da então controladora e a resolução legislativa deferindo a solicitação. Não houve qualquer satisfação à coletividade, nem mesmo no site da Prefeitura. Isso contribuiu para o surgimento de boatos entre a população e de informações desencontradas na mídia. Uma das principais perguntas é: o prefeito titular voltará?

Seja como for, longe dos efeitos anestésicos, de coração agora corretamente irrigado, graças a Deus, e com os níveis glicêmicos controlados, o prefeito, que é médico, deverá voltar, dentro de 60 a 90 dias, segundo informações não oficiais e não confirmadas.

Então, como tudo ficará? Como reagirá o titular diante dos drásticos ajustes feitos pelo mui amigo em exercício? No mínimo, exclamará: que foi isso, companheiro?

 

Falta quebra-molas - 24.03.2011

Carro de secretário de Paramirim
atropela criança em Livramento

"Nengo" aponta as marcas dos pneus e o local onde sua neta foi atropelada, no Piçarrão

A garotinha Estefane Oliveira de Souza, 11 anos, por milagre não perdeu a vida, dia 19, ao ser atropelada na BA-148, entrada de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, em frente ao posto Chapadão, no bairro Piçarrão. O impacto na sua cabeça chegou a quebrar o pára-brisa do automóvel. Porém, mesmo em estado delicado, recebeu alta após o primeiro atendimento no hospital local. Seu estado piorou e inspira cuidados, voltando a ser internada, hoje, com fortes dores de cabeça.

Consta no registro policial que o veículo atropelador foi um Volkswagen, cor prata, PP, placa NYN-6215, de propriedade de Anselmo Barbosa Caires, dirigido por Luis Santos Bezerra, ambos de Paramirim, Bahia. O dono do veículo é secretário de Esporte, Juventude e Inclusão Racial daquele município, mas, segundo a mãe da garota, Ilma Oliveira Silva, ele está ignorando o fato. Nem mesmo teria disponibilizado o seguro obrigatório para danos pessoais.

O motorista não se furtou a prestar socorro, mas conduziu a criança ao hospital sem os cuidados indicados nessas ocasiões e utilizou o próprio veículo avariado, afastando-o do local do atropelamento sem a realização da perícia exigida em acidentes com vítima. D. Ilma Oliveira queixa-se, também, que está com muita dificuldade no tratamento da filha e critica a precipitação da alta hospitalar, sem a estabilização do quadro.

O avô materno da garota, Alexandrino Pereira Silva, o “Nengo”, disse que a neta só não morreu por milagre e o carro a atingiu no acostamento, após derrapar por mais de 20 metros, indicando que vinha em alta velocidade. Ele acredita que ao ver a criança e mais outra na pista o motorista afobou-se e, em alta velocidade, não controlou o veículo. As marcas dos pneus ainda estão no local. A cabeça da criança entrou no pára-brisa, o que preocupa a família, ante o risco de lesões no cérebro e pescoço.

Estefane atravessava a pista para ir a uma festa de casamento e Alexandrino afirmou que a população enfrenta o drama da travessia desde que a rodovia foi asfaltada. Disse que, desde que começou a contar, em 2001, 24 pessoas já foram atropeladas no trecho da BA-148 entre a estação da Coelba e a entrada para o povoado de Barrinha. Dessas, 11 morreram e muitas estão com sequelas graves.

Os moradores já fizeram quatro “abaixo-assinados”, solicitando “quebra-molas” ou mesmo passarelas, pois é onde as crianças atravessam, para ir à escola. Um desses documentos foi entregue à Prefeitura, mas nunca foi respondido. Nengo afirma que, depois do acidente com sua neta, procurou a Secretaria de Obras para lembrar os pedidos, mas “fui escorraçado pelo secretário, que disse que a Prefeitura nada tinha a ver com isso”.

Em 2006, segundo Nengo, o prefeito Carlos Batista reuniu-se com os moradores e prometeu os “quebra-molas”, mas até hoje nenhuma autoridade ou político se interessou pela causa e a população prepara um protesto, para breve, pois o movimento de carros e motos cresceu assustadoramente com a expansão da agricultura na região. Durante a reportagem, por volta de 11h, o trânsito não parou um segundo, sendo impossível a travessia de pedestre no local.

Nova Administração - 23.03.2011

Prefeito substituto teria demitido
controladora interna da Prefeitura

Prefeito interino Paulo César Azevedo (recorte de foto enviada por arturmoura13@gmail.com)

O vice-prefeito Paulo César Azevedo (DEM) finalmente assumiu o cargo de prefeito de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, em substituição ao titular Carlos Roberto Souto Batista (PMDB), afastado para tratamento de saúde e que hoje se submeteria a uma cirurgia para colocação de ponte de safena, em Salvador, após sofrer princípio de infarto, dia 17, enquanto trabalhava na Clínica São Lucas, em Livramento.

O blog Mural de Notícias, do jornalista Yonélio Sayd, divulgou hoje que o novo prefeito reuniu, ontem, os secretários e outros auxiliares para a tradicional apresentação e boas-vindas, além de conhecer mais de perto a realidade administrativa e financeira do município bem como as ações atualmente em desenvolvimento.

Mas a grande surpresa viria pelo meio dia de hoje, quando circulou a notícia de que o prefeito interino teria exonerado a controladora interna da Prefeitura, Edjaneyde Matos Lopes, o que foi confirmado pelo presidente da Câmara, vereador Lafaiete Nunes Dourado, que disse ter sido informado pela própria servidora exonerada. Só falta a publicação do ato.

O prefeito não foi encontrado na cidade, mas um assessor explicou que ele se encontra em plantão médico, antes agendado, e somente estaria na cidade amanhã. Especula-se, agora, se o novo prefeito também rescindirá o contrato de assessoria, com empresa de Jequié, firmado na gestão da controladora.

Questiona-se, também, até onde irá o ímpeto do prefeito interino em ajustar a administração ao seu estilo e gosto, pois a volta do titular não deverá demorar, principalmente porque, como já se sabe, a cirurgia a que se submeteu, felizmente, foi bem sucedida e ele passa bem. Espera-se, assim, que interesses outros não afetem a estabilidade política e administrativa do município.

 

Falta de água – 23.03.2011

À espera de um milagre!

Por Raimundo Marinho, jornalista

Foto: site http://www.dnocs.gov.br/barragens/brumado/brumado.htm

A mídia eletrônica regional divulgou a ida a Brasília, dia 15 deste, de um parlamentar e dos prefeitos dos municípios de Livramento de Nossa Senhora, Rio de Contas e Dom Basílio, Bahia, levando reivindicações ao Ministério da Integração Nacional. Uma das reivindicações, segundo o site L12.com.br, estaria relacionada ao suprimento de água pela barragem Luiz Vieira, no Rio Brumado, para irrigação em Livramento de Nossa Senhora.

A visita teria sido inspirada na movimentação dos fruticultores de Livramento e Dom Basílio ante o preocupante nível de água a que chegou a barragem, devido à longa estiagem que vinha castigando a região. Antes das recentes chuvas, o manancial estava com apenas 28,6 milhões de metros cúbicos de água, cuja capacidade total é de 105 milhões de metros cúbicos.

As preocupações, porém, sempre emergem quando a escassez de chuvas se alonga. É só chover, os ânimos se esfriam e o assunto é esquecido, para ser retomado na estiagem seguinte. Na verdade, a questão é milenar e, portanto, o ciclo climático e de chuvas não mudou desde a construção da barragem, na década de 1980. O que mudou, então?

A questão é que o açude foi dimensionado dentro da estrutura topográfica e hidrológica locais para armazenar água suficiente apenas para irrigar os 5.000 hectares do projeto do DNOCS. Ao ser controlada a vazão da água, porém, a população de Dom Basílio teve sua agricultura bastante prejudicada, à época baseada nas culturas de alho e cebola.

Atendendo reivindicação do prefeito José Maria Caires, daquele município, o ministro Vicente Fialho, do então Ministério do Interior, garantiu-lhe suprimento de água para 1.000 hectares, em caráter precário, até a construção, para solução definitiva, da Barragem do Rio do Paulo. A promessa foi cumprida e, em tese, os problemas estariam resolvidos.

Mas a ganância dos produtores, ante o sucesso do Projeto de Irrigação, usurpado dos antigos colonos, e da fruticultura, fez surgir uma área plantada, paralela ao projeto oficial, de mais de 10.000 mil hectares, ao longo do Rio Brumado, passando a 15.000 hectares, bem superior à capacidade de suprimento oferecida pela barragem.

Por óbvio, só um milagre de Deus, portanto, mudando o ciclo climático e de chuvas, poderia ser a solução natural da questão. Mesmo assim, surgiram propostas paliativas, discutidas pela Comissão Gestora da Água do Açude, que reúne produtores, representantes comunitários, do DNOCS e dos poderes públicos.

A proposta inclui o racionamento do uso da água - que vem sendo desperdiçada em antigos canais, pelo rio, por bombas poderosas e nos próprios lotes oficiais – e a construção de alternativas de armazenamento, aproveitando os períodos de chuvas, em que a água escorre rio abaixo sem ser retida. Todavia, suas excelências não levaram qualquer projeto pronto, nesse sentido, como seria o indicado, para a audiência com o ministro da Integração Nacional.

É pouco provável, assim, que a questão evolua para soluções práticas. Mesmo porque, quem encabeçou a visita ao Planalto Central foi o agora deputado federal Lúcio Vieira Lima, irmão do ex-ministro da mesma pasta, Geddel Vieira Lima, que, apesar de ter privilegiado a Bahia com recursos do Ministério, nunca deu atenção a essa questão.

Aliás, quando o entrevistamos, durante visita à nossa cidade, fizemos pergunta relacionada ao tema e ele respondeu, com certa rispidez, que não era ministro apenas de Livramento. O assunto é histórico, nasceu logo após a construção do açude, há quase 30 anos. Portanto, o passeio brasiliense do nobre parlamentar e dos excelentíssimos prefeitos foi mero bailado para o eleitorado em ano pré-eleitoral.

 

Artigo – 20.03.2011

Desertificação: processo
contínuo e perigoso

Weber Marcilio Malheiro Aguiar (*)

Desertificação é o processo pelo qual ocorre a diminuição progressiva da vida animal e vegetal de uma determinada área que tende a atingir as condições de deserto. É resultado da ação do homem, nas condições climáticas e no solo. È um fenômeno que diminui progressivamente o potencial biológico de uma área, até destruí-la totalmente, provocando a deterioração generalizada dos ecossistemas, reduzindo ou exterminando a produção vegetal e animal. A característica mais marcante da desertificação é a auto-aceleração que apresenta, já que se alimenta de si mesma.

Estima-se que cerca de 45 milhões de quilômetros quadrados, distribuídos por cerca de 170 países do planeta estão ameaçados pela desertificação. De acordo com informações da FAO (Organização para a alimentação e agricultura da ONU) até o final do século passado o mundo perdeu um terço das terras cultivadas, sendo que a cada ano a desertificação reduz ao grau de inutilização completa cerca de 21 milhões de hectares de terra, provocando não só a perda de áreas para a produção agropecuária, mas também o desaparecimento de valiosos produtos genéticos, interferindo no processo de reciclagem natural da água e provocando o aumento de poeira na atmosfera, cujas conseqüências para o clima do planeta são até então desconhecidos.

As regiões semi-áridas do mundo, apesar de possuírem particularidades que as diferenciem, exibem determinadas características comuns. Entre elas está a vocação natural para a desertificação. De uma maneira geral, as regiões áridas e semi-áridas apresentam ecossistemas altamente fragilizados e vulneráveis a degradações. Em virtude da extensão geográfica e dos altos riscos de deterioração a que estão sujeitos ultimamente, muitos países vêm dando uma atenção destacada a estas áreas, visando deter ou evitar a desertificação.

Um componente agravante do processo de desertificação que se verifica no semi-árido é a alta densidade demográfica. Sabe-se que quanto maior a população, maior a pressão exercida sobre os recursos naturais. O homem do semi-árido ainda não conseguiu viver em harmonia com a natureza. Sua maneira de explorar os recursos naturais e de agricultar a terra é inadequada e predatória. O indiscriminado desmatamento das caatingas para a preparação de novos roçados, feitos a curtos intervalos de tempo, já que os solos rapidamente se esgotam e obrigam a prática da agricultura itinerante é uma das atividades que mais contribuem para o processo de desertificação.

Junto a isso, existe outro fator ainda mais agravador é o fato da região Nordeste apresentar uma baixa nebulosidade e está muito próxima à linha do Equador, recebendo a incidência quase vertical de grande quantidade de raios solares que é traduzida pela grande luminosidade e pelas altas temperaturas durante o ano inteiro e em toda a extensão da região, chegando à temperatura do solo atingir 60º C. A destruição da cobertura vegetal faz com que a superfície do solo reflita mais a radiação solar, diminuindo a precipitação e modificando os micros climas locais e superficiais, além do aumento do poder de difusão dos raios solares adquirido pelo solo, fenômeno conhecido por albedo. A exposição do solo provoca a perda por erosão e a oxidação da matéria orgânica, fazendo com que seja diminuída ainda mais a capacidade de retenção da água. As queimadas sucessivas para a limpeza do terreno, após as derrubadas das caatingas, têm ocasionado destruição do húmus e perdas de fertilidade e da capacidade de retenção hídrica da camada arável do solo.

Um fator que preocupa e está intimamente relacionado com a nossa região é o modelo de cultivo adotado no maracujá, onde penso que num breve momento teremos que fazer uma avaliação do impacto social e do impacto ecológico exercido por essa cultura, pois é sabido que a mesma trouxe desenvolvimento, gera empregos, reduz o êxodo rural, porém é altamente agressiva ao meio ambiente, pois na grande maioria das vezes é feita de forma itinerante, e o uso dos recursos naturais com a extração de madeiras, tanto para a exploração de novas áreas como a sustentação da plantas; utilização de agrotóxicos em larga escala e sem muitos critérios e a irrigação através do uso de recursos hídricos provenientes de poços tubulares e na grande maioria com qualidade ruim e contribuindo para salinizar ainda mais os solos.

Baseado nesses fatores acredito que a agricultura do semi-árido deve ser redirecionada para um modelo mais ecológico e social do que econômico. Neste momento, o mais importante é perseguir a estabilização da produção ao longo dos anos do que aumentar a produtividade mediante o emprego de técnicas inadequadas e/ou predatórias. Em muitos casos, aumentar demais a produtividade significa desertificar. O importante é garantir a produção de alimentos para a população, mesmo nos anos de seca. Deve haver, portanto, a harmonia entre a atividade agrícola e o meio ambiente. O auto-abastecimento de alimentos da região, nos anos secos, é imperativo e urgente, como também o é a preservação dos recursos naturais, em especial dos solos, das bacias hidrográficas e da fauna e flora locais. Isso pode ser conseguido com a agricultura irrigada familiar e com a utilização de plantas resistentes à seca e a criação de animais rústicos.

(*) Eng. Agrônomo, especialista em manejo integrado de pragas, pela Universidade Federal de Lavras (MG) e em epidemiologia com ênfase em defesa sanitária vegetal, pela Unime – Lauro de Freitas (BA), mestrando em defesa agropecuária, pela Universidade Federal do Recôncavo Baiano.

 

Comentário - 18.03.2011

Começa movimento eleitoral

Por Raimundo Marinho, jornalista

Os partidos já se movimentam, nacionalmente, para as eleições municipais do ano que vem. Estão a oferecer espaços a novas filiações. Em Livramento, há uma inflação partidária. Cada grupo, geralmente de duas ou três pessoas, tem uma espécie de dono. Pelo que se sabe, nem sede possuem, a não ser o PC do B, do nosso obstinado João Cambuí. São muitos partidos, mas pouca ação: PMDB, PSDB, PV, PP, PC do B, DEM e PDT.

Tudo gira em torno dos dois grupos hegemônicos, representados pelo prefeito Carlos Batista (PMDB), de um lado, e Emerson Leal (PSDB), do outro. “Carlão” que apoiou Geddel Lima (PMDB), que perdeu a eleição de governador; e “Priquitão” que ignorou seu partido para apoiar Jaques Wagner (PT), de quem é subordinado como presidente da EBDA.

No meio, dança a raia miúda, aguardando as conveniências de pular para um ou outro lado. Não chegam a ser legendas de aluguel, mas funcionam como satélites dos grupos majoritários. E todos começam a ensaiar suas participações no pleito que se avizinha. Insatisfeitos dos dois grupos maiores discutem a viabilização do que estão a chamar de “terceira via”.

Mas, pelo que já se pôde captar do raciocínio que estão desenvolvendo, não será uma “terceira via” autêntica e sim mero ajuntamento de dissidentes, mera “terceira opção”, contaminada pelos grupos de origem. Entendemos “terceira via” como nascida de lideranças novas, não necessariamente oposicionista, difícil de acontecer no quadro atual da política local.

Seja como for, os ensaios locais visando a 2012 pouco diferenciam dos preparativos para uma partida de futebol. Como já acontece há 90 anos, falam-se de nomes e não de projetos. E os nomes não são avaliados pelas idéias que defendem ou de realizações que trazem nos currículos ou, se eleitos, poderão implementar.

Nomes de pouca viabilidade eleitoral, no momento, circulam pelas sombras. Por ora, somente Ricardo Ribeiro, o “Ricardinho”, do grupo de Carlão, e Paulo Lessa, vereador da oposição, portanto, do grupo de Emerson Leal, arriscaram a se expor. E o fizeram com a consciência de serem, de fato, os únicos com alguma possibilidade eleitoral.

Ricardinho, rico empresário da fruticultura, tem como certo o apoio do chefe do seu grupo, o prefeito Carlos Batista, tanto que ignora a possibilidade de rejeição popular. Paulo Lessa aposta na popularidade angariada nos quatro mandatos seguidos de vereador. Não espera muito do padrinho, o Priquitão, que, dificilmente, abrirá mão para outro, que não seja ele ou alguém da família, Lia Leal, inclusive, bem votada na última eleição.

Em razão disso, Paulo Lessa procura engrossar apoio popular e costurar outras fontes de liderança, nelas incluso o ministro das Cidades, Mário Negromonte, chefe do seu partido. Ricardinho teria apenas, em tese, a força do próprio dinheiro e o empenho do alcaide, caso em que a influência da máquina administrativa seria inevitável.

Aduz-se, ainda, que João Cambuí e Gerardo Júnior também ensaiam. Consta que se reuniram, recentemente, mas, se não assumiram a oposição até agora, dificilmente o fará, doravante, em grau capaz de convencer o eleitor. Nesse sentido, o eleitor não é besta. É como em uma partida de futebol: evita torcer para quem não oferece chances de vitória. Assim, é uma alternativa que se perde.

Por falar em eleitor, é oportuno alertar para a necessidade de confronto entre as idéias dos candidatos, se as tiverem, e as necessidades do município. Só para lembrar, Livramento continua a necessitar, por exemplo, de: novo hospital, maternidade, anel rodoviário, recuperação dos rios Brumado e Taquari, nova estação de tratamento de água, sistema de adução e tratamento de água para a Vila de Iguatemi e região, organização do tráfego e pavimentação de ruas na sede, novo cemitério e nova estação de tratamento de esgotos.

Quem tiver mais idéias nos escreva! E que seja cobrado desde já dos que almejam ser prefeito ou vereador de nosso município.

Artigo – 16.03.2011

OS ANTI-HERÓIS

Zeferino de Paula Lima Neto

(zeferino.neto771@gmail.com)


Francisco Buarque de Holanda, mais conhecido como Chico Buarque. Filho do grande historiador Sérgio Buarque de Holanda e da pianista amadora Maria Amélia, comprova na sua existência, dentre outras coisas, como o meio influência o indivíduo, ou seja, nos mostra o reflexo de um lar regado a amor e cultura. Através da sua arte, Chico vem se manifestando na defesa dos ditos anti-heróis. Evidentemente que é preciso esclarecer que, esse título de “anti-herói”, é dado pela sociedade consumista, positivista, mecanicista, capitalista e, atribuído a classe dos marginalizados como: gays, prostitutas, miseráveis financeiramente, cachaceiros e outras minorias. Mais do que defender, ele nos mostra através de sua música uma postura Cristã (essa postura aqui colocada, não tem nenhuma ligação com as atuais religiões, mas sim com a essência pura e verdadeira de Jesus Cristo) de integração ao invés de segregação, como se pode observar o seu desabafo nas letras de Construção, Geni e o Zé Pelim, Meu Guri, Morte e Vida Severina e outras.

E foi numa noite dessas, quando eu escutava a sua obra, que me veio à mente os anti-heróis Livramentenses, que fizeram parte do meu universo. Lembro-me como se fosse hoje, sentado no batente da venda do meu saudoso pai, uma mulher subindo cambaleando e se apoiando na filha junto com seus netos a segurar pelas saias. Essa mulher subia cantarolando com a filha, parando em cada ponto comercial e cumprimentado ao seu modo, as pessoas que lá se encontravam. Iam subindo numa caminhada longa (que poderia ser curta se não fosse a bebida) até sumirem, mexendo com meu imaginário. Ficava pensando onde moravam, se tinham uma moradia como a minha. Felizmente eu cresci e infelizmente descobri a triste realidade daquelas mulheres. E como se não bastassem os insultos e chacotas, elas eram transportadas para o universo do bicho papão. Quem nunca ouviu uma mãe Livramentense dizer ao filho “entre pra casa agora ou então vou mandar fulana te pegar”, ou então “corre que lá vem fulana te pegar”.

Também me recordo, num domingo à tarde, na casa da minha avó Joana, ter visto dois rapazes com certa postura digamos meio estranha. Eles subiam a ladeira com alguns trejeitos um pouco diferente dos homens que eu convivia. Mas eram muito divertidos, principalmente o narigudo magro com cabelos grandes. Eu mal sabia ou tinha percebido naquela época a coragem de ambos em assumir a homossexualidade naquele tempo, um tempo que Livramento mais parecia o talibã (se bem que não mudou muito). Havia outro daquele tipo só que mais velho. Subia geralmente aos sábados, na ladeira do comércio de meu pai e, sempre nos abordava com um sorriso de dois dentes, que, mais parecia duas traves de futebol. Anos mais tarde foi encontrado morto num terreno, em estado de decomposição.

Não consigo esquecer também, de uma figura portadora de necessidades especiais. Era um negro, nem magro nem gordo, de rosto arredondado, usava sempre shorts rasgados que outrora tinha sido calças velhas. Gritava, pulava, uivava e no final acabava caindo de bêbado em qualquer calçada. Tinha os joelhos juntos no qual dificultava sua caminhada. Recordo-me em certa vez, ter

o encontrado deitado no pequeno jardim do BANEB na praça da feira (hoje atual Bradesco) todo sujo de cal. Essa figura sumiu sem eu saber sua origem, o que fazia, o que falava, permanecendo vivo apenas na minha mente e provavelmente de muitos poucos de minha geração.

Já perdi as contas das vezes que presencie essas pessoas serem enxotadas e chamadas de antipáticas, insuportáveis, intragáveis, ou então com um bom “sai daqui porra!”.

Na verdade essas pessoas, nos seus momentos de auto-depreciação, ficavam muito chatas mesmo. E é aí que eu gostaria de compartilhar a seguinte reflexão: será que se nós, ditos normais e sociáveis, tivéssemos nascidos e criados em tais circunstâncias, seriamos diferentes? Será que seriamos legais na terra do ter e não do ser? Bom, isso eu não saberia responder. O que eu sei e percebo, é nossa postura diante dos ricos empresários Livramentenses, principalmente aqueles empresários de determinado setor. Eles que exalam inconveniência, antipatia, repugnância só em caminhar e respirar. E pra completar, ainda caímos no falso moralismo e hipocrisia, de convidá-los a juntarem-se a nós e brindarem conosco. E o pior de tudo, é que, os recepcionamos com um largo sorriso (mesmo que amarelo) e ainda por cima damos risadas de suas histórias nada engraçadas. Essa realidade seria cômica se não fosse trágica.

Relembrando a matéria, do jornal O Mandacaru da Serra, sobre a morte de Gilmar do tomba, que acredito ser conveniente relembrar nesse texto, fico me perguntando, será que ele teria sido melhor examinado e recebido se ao invés de ter sido homossexual e pobre, fosse rico egocêntrico, megalomaníaco e narcisista?

Acredito piamente que é nosso dever defender os marginalizados, pois estes foram e são atacados de todas as formas, levando esses ataques quase sempre a domesticarem seus instintos os tornando tão passivos, ao ponto de responderem com um Deus lhe pague “por um pão pra comer, por um chão pra dormir. A certidão pra nascer e a concessão pra sorrir. Por lhes deixar respirar por lhes deixar existir. Pela cachaça de graça que eles têm que engolir. Pela fumaça e a desgraça, que têm que tossir. Pelos andaimes pingentes que eles tem que cair. Pela mulher carpideira para lhes louvar e cuspir. E pelas moscas bicheiras a lhes beijar e cobrir. Pela paz derradeira que enfim vai lhes redimir. Deus lhe pague”.

Falta de segurança – 06.03.2011

Assaltos assustam Livramento

Viaturas, inclusive de outros municípios, sem uso em frente à sede da 46ª CIPM, em Livramento

O Município de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, também está sendo vítima da interiorização da violência. Tornaram-se corriqueiros, no município, os roubos em estabelecimentos comerciais e residências e os assaltos às pessoas, principalmente condutores de motocicletas, além do aumento crescente do tráfico e consumo de drogas proibidas.

Nos últimos meses, pelo menos três corpos de pessoas conhecidas foram encontrados em estado de putrefação, no mato e em um rio, todos com fortes evidências de assassinato. O mais desalentador é a falta de ações efetivas para se enfrentar o problema, seja no âmbito policial ou administrativo.

Os criminosos perceberam isso e se tornaram cada vez mais ousados e invasivos. A população está temerosa, mas não há reação capaz de levar as autoridades a tomarem providências sérias. Setores ditos organizados não colaboram, a polícia está desestruturada e a administração minimiza o assunto.

Exemplos do que pode ser considerado, em tese, um descaso são as cinco viaturas inativas em frente à sede do comando da PM, revelando falta de atenção do Estado, e a irrisória quantia de R$190 mil destinada ao setor no orçamento municipal de 2011, contra R$1.380.000,00 para gastos com passagens e locomoções.

Esse orçamento, com verbas irrisórias também para outros setores importantes (saneamento básico: R$225.000,00, desenvolvimento: R$130.000,00 e assistência à criança e ao adolescente: R$136.000,00), foi placidamente aprovado pelos vereadores, que agora se mostram tardiamente indignados.

Nas sessões semanais da Câmara, os vereadores discursam inflamados para eles mesmos, pois a platéia não passa de duas ou três pessoas. Por que não transformar indignação em representações no comando da Polícia Militar, Ministério Público ou mesmo em ações diretas na Justiça?

HOMICÍDIOS AUMENTAM 50,7%

Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública do Estado, no período do governo de Jaques Wagner, o número de homicídios na Bahia aumentou 50,7%, com 4.856 pessoas assassinadas em 2010, contra 3.222 em 2006. Foram 3.718 em 2007, 4.612 em 2008 e 4.825 em 2009, conforme divulgado no UOL.

O governador promoveu uma mudança completa no comando da SSP, mas para o secretário-geral do Sindicato dos Policiais Civis do Estado da Bahia, Bernardino Gayoso, “os dados alarmantes de assassinatos são consequência direta da falta de uma política de governo para a segurança pública”.

Pesquisa do Ministério da Justiça, de 2011, indica deslocamento da violência para municípios de médio e pequeno porte, sem políticas específicas de combate à criminalidade. Tráfico de drogas e de armas e policiamento precário seriam fatores que elevaram a taxa de homicídio nessas regiões.

Mas como acreditar em solução, ante o descaso, notadamente, do Estado, principal responsável pela segurança pública? Nos pátios de muitos comandos da PM viaturas estão apodrecendo, inclusive em Livramento, os policiais recebem vencimentos irrisórios, que não lhes permitem viver em segurança.

Por que se paga a um deputado federal, para não fazer nada, mais de R$23 mil mensais, enquanto um coronel da PM ganha apenas cerca de R$ 6 mil. Um soldado, que arrisca a vida para enfrentar a bandidagem, podendo morrer e deixar a família desamparada, não chega a ganhar R$ 2 mil líquidos por mês?



História do carnaval - 04.03.2011

Estudantes lembram marchinhas

Nos anos 1970 e 1980, o carnaval em Livramento de Nossa Senhora, Bahia, era uma festa pacifica, que atraia foliões de todas as cidades da região. O desfile percorria a avenida central da cidade, do bairro Primeiro Gole à praça da matriz. Havia bailes de gala, à fantasia, todas as noites, na Associação dos Amigos de Livramento e no Clube de Campo Caiçara.

Quem não era sócio dos clubes pulava atrás do trio nas ruas e das bandas de música, muitos usando as tradicionais caretas e vários outros tipos de fantasia. Era uma festa, pode-se dizer, familiar e cheia da alegria e da inocência ainda reinantes nas populações das pequenas cidades interioranas. Mas, infelizmente, tudo se acabou.

Ontem, dia 3, os estudantes do Colégio Estadual Edivaldo Machado Boaventura recordaram um pouco dos antigos ritmos do carnaval brasileiro. Nas próprias dependências da unidade, eles apresentaram frevo, samba, afoxé, maracatu e as inesquecíveis marchinhas, símbolos dos antigos carnavais.

A idéia era sair com um mini-trio, hoje, dia 4, pelas ruas da cidade, mas não conseguiram o patrocínio necessário, recebendo ajuda apenas para o carro de som. Foi uma pena. Principalmente por se tratar da iniciativa de jovens estudantes, carentes de apoio para ações saudáveis como essa. (Texto elaborado a partir de informações enviadas pela direção do CEEMB).