A seca já se instalou nos sertões do estado da Bahia produzindo os seus efeitos negativos e nefastos sobre a economia dos agricultores. Não é uma seca inusitada, mas prevista de longas datas pelos estudos do Instituto de Atividades Espaciais-(IAE) de São José dos Campos. Esta previsão foi chamada de “Prognóstico do Tempo a Longo Prazo” Baseia-se em interpolações e pesquisas cuidadosas fundamentadas no histórico pluviométrico da região nordeste.
A cada 26 anos ocorre uma grande seca, como aconteceu a de 1979/84 quando o DNOCS e outros órgãos dos estados nordestinos receberam antecipadamente relatórios sigilosos analisando e alertando para o que iria ocorrer. Não é um modelo matemático na acepção do termo, mas um “Método Estatístico de Correlação,” estudo que passou a merecer toda a credibilidade dos técnicos e dos poderes administrativos.
Fizemos, pessoalmente e por curiosidade, uma regressão com o perfil senoidal das secas acontecidas desde a chegada de Tomé de Sousa ao Brasil. A coincidência foi magistral, a cada 26 anos a senóide entra no seu ramo descendente apontando exatamente as secas ocorridas na região em séculos passados. Exemplificamos só algumas: 1582/84-1777/80-1877/80 -1930/33 1957/59 e por aí vai a ciclometria das secas.
Não é uma equação, é um modelo que pode sofre alterações nas datas presumidas das secas para mais ou para menos devido à complexidade da trama atmosférica que foge aos domínios de técnicos, meteorologistas e cientistas. Esta seca instalada agora, sobretudo no estado da Bahia, promete durar todo o ano de 2012 e também por todo o ano de 2013. Neste estudo procuramos mostrar o sistema ondulatório dos períodos de chuvas escassas indicando a projeção das estiagens que afligem a região.
Analisemos agora o Semi-Árido baiano. O Semi-Árido dos quatro estados Ceará, Paraíba, R. G. do Norte e Pernambuco somam uma área total de 327.000 km² e o da Bahia sozinho tem área de 320.000 km², praticamente igual. Desde o final do século XIX aqueles estados começaram a luta pela geração de água construindo açudes de maneira obstinada.
A seca de 1877/80 foi tirana ceifando 500.000 vidas, 10% da população nordestina que era na época de 5.000.000 de habitantes. Uma grande calamidade. Morriam de fome, sede, tifo, bexiga e outras endemias. Uma grande tragédia registrada na história do Nordeste e jamais esquecida.
Juntar água foi, então, o grande objetivo de todos os nordestinos uma vez que estes reservatórios se tornaram essenciais para melhorar os terríveis efeitos da seca. O açude é um núcleo de vida, de atividade social e econômica, sobretudo nos períodos calamitosos de secas.
A nucleação em torno da açudagem foi de tal importância que os nossos técnicos se tornaram os maiores barrageiros do mundo e ao logo do século XX construíram a maior rede de açudes do planeta Terra, mais de 70.000 açudes armazenando 40 bilhões de m³ de água, volume igual a 16 baias da Guanabara. O sertão virou mar.
O Semi-Árido baiano, entretanto, ao longo do século XX, ficou totalmente esquecido pelos governantes apesar da sua mais baixa pluviosidade. Não participou da epopeia nordestina gerando e acumulando água para os períodos inditosos. Não tivemos um programa específico e determinado de construir uma estrutura hídrica.
O Estado já tinha tudo, “Cacau, Petróleo e Paulo Afonso, as riquezas da Bahia”, um jingle eleitoral. O cacau declinou, o petróleo, o maior produtor em terra, é, hoje, o R.G. do Norte e Paulo Afonso é de todo o Nordeste. Construímos, tão somente, cerca de 150 açudes de pequeno e médio porte armazenando 1 bilhão de m³.
Toda nossa água armazenada cabe num único açude do Ceará, o Araras que acumula 1 bilhão de m³. Em 1882, há 130 anos passados, o Rio G. do Norte já tinha açude acumulando 600.000 m³ de água. Em 1934 o Ceará já armazenava 1 bilhão de m³ o que hoje acumula a Bahia. O nosso Semi-Árido possui uma excelente rede filamentar de rios e riachos intermitentes podendo construir um portentoso programa de açudagem, mas nada foi feito.
Vejamos mais, o rio São Francisco banha 850 km no Estado pela margem esquerda, de Carinhanha a Casa Nova e 1300 km pela direita, de Malhada a Paulo Afonso. São mais de 2.000 km lindeiros, mas não possuímos uma só adutora adentrando-se pelos nossos sertões. O estado de Sergipe, com 250 km de rio, tem 5 adutoras levando água aos seus municípios.
O Semi-Árido baiano se constitui, portanto, na maior solidão hidro geográfica do Brasil. Não estamos preparados para enfrentar a grande seca de 2012/13. Os nossos administradores foram sempre absenteístas em relação a esta grande hinterlândia baiana. São 269 municípios, 57% da área do Estado carentes de estrutura hídrica.
O programa de cisternas é excelente para as famílias sertanejas, já é um avanço, mas é água domestica, mitiga a sede, mas não gera economia. Temos, portanto, um Semi-Árido pobre, mas prenhe de riquezas naturais. A caatinga com suas 922 espécies botânicas é um bioma único no mundo. Por ser pouco explorada, esta grande área mantém ainda uma rica vegetação xerófila, verdadeiro baluarte contra a desertificação devido a sua intensa inflorescência para a perpetuação das espécies.
Esta rica fitogeografia é um paraíso, o melhor do mundo para o desenvolvimento de um vigoroso programa de apicultura orgânica. O Semi-Árido baiano, este grande sertão dilatado, pode produzir cerca de 120.000 toneladas de mel por ano, três vezes o que todo o Brasil produz.
A faveleira, euforbiácea leguminosa, nativa dos nossos sertões, é, ainda, um diamante bruto da caatinga á espera de lapidação. Ela, sozinha, redimirá o Semi-Árido baiano com a produção de um finíssimo óleo de mesa que substituirá, com vantagens, o óleo de oliva, além da sua excelência como forrageira para caprinos, riquíssima em proteínas. Existem muitas outras riquezas naturais, mas permanecem inexploradas na estática do nada.
Estas potencialidades naturais da região não fazem, entretanto, nenhum progresso sem que haja o empenho da sociedade e dos poderes constituídos. O Semi-Árido setentrional está anos-luz á frente do baiano, preparado para a grande seca e nós aqui no estado da Bahia ainda estamos de calças curtas.
(Texto repassado por Roberto Amaral Modesto, via e-mail)
(Lagoa Real-BA)
A escassez de água no Semi-árido baiano será o maior problema a ser enfrentado pelos sertanejos no médio e longo prazo, tendo em vista a crescente redução das chuvas nesta região, o que já resulta numa significativa redução do potencial hídrico dos rios e bacias hidrográficas. E isso já começa a deixar boa parte dos sistemas de abastecimento das cidades da região à beira do colapso. E pelo que me parece as autoridades não ainda deram conta da gravidade do problema atual e muito menos ao que está se desenhando para um futuro breve.
Há grandes riscos de importantes cidades e comunidades rurais ficarem totalmente sem água por períodos indeterminados, para isto basta que no próximo período de chuvas estas não sejam suficientes para recompor os açudes, como aconteceu este ano com a maioria dos reservatórios. O que não está descartado. A minha preocupação é que este problema não se resolve da noite para o dia, isto demanda planejamento, tempo e muito dinheiro.
No caso da Serra Geral onde conheço de perto a situação. Em minha opinião no que tange a infraestrutura, este é o problema central e crucial a ser enfrentado pelos poderes públicos especialmente por Estado e União. Já que tudo indica que se esta questão na for enfrentada com determinação compromisso e urgência brevemente esta região enfrentara uma crise de abastecimento hídrico sem precedente o que comprometerá toda a sua atividade econômica.
Por isso os governos precisam estar atentos a estas questões, por que os investimentos precisam ser potencializados com urgência nesta área, mas com os devidos cuidados para que barragens não sejam edificadas em qualquer lugar, fabricando assim os chamados elefantes brancos como o caso da Barragem do Rio do Paulo em Livramento e Barragem da Torta em Igaporã.
No meu ponto de vista alem do Rio São Francisco, os que ainda dispõem de potencial hídrico para suprir em parte as futuras demandas do consumo animal e humano no semi- árido e agreste baiano, são apenas os rios provenientes da Chapada Diamantina principalmente os da Bacia do Rio das Contas e Rio Paraguaçu e alguns da Bacia do Paramirim (com menor potencial).
A Serra Geral e o Sudoeste Baiano alem da Adutora do Algodão demandará de um Reservatório de maior porte já que os que existem pequenos e médios, (Rio de Contas, Truvisco, Ceraima, Zabumbão), já não suportam mais as demandas atuais e aqueles menores destinados a abastecerem as pequenas cidades a maioria já secou.
Na Bacia do Rio das Contas os locais onde poderá haver viabilidade de se construir um reservatório deste porte é no Rio da Água Suja na região de Catolés e no Rio das Contas, no trecho que vai de Cristalândia a Jussiape (Ilha João Vaz) para que em caso de haver um ano de maior precipitação, possa aproveitar toda a sua volumosa descarga visto que neste deságuam inúmeros afluentes provenientes da Chapada.
Mas, alem destes locais citados, também deve se buscar o barramento das águas de outros rios menores, construindo pequenas barragens no alto de seus desaguadouros como é o caso do Rio Sincorá e do Rio Tinguí no Distrito de Itanajé, município de Livramento, o qual já foi projetado pelo DNOSC na década de 80) visando o aproveitar as águas que são provenientes da Serra das Almas, o que lhe confere um considerável potencial de descarga, o que permitirá abastecer confortavelmente a população rural e urbana dos distritos de Itanajé, São Timóteo e Iguatemi dando suporte à barragem Luiz Vieira que já entrando em colapso.
Na bacia do Paramirim temos os rios da Caixa, do Pires e Ubirajara com considerável potencial de descarga, por isto deve se buscar o barramento de suas águas, como forma de dar suporte ao reservatório Zabumbão no atendimento á população desta bacia, já que estes são os mananciais economicamente mais viáveis a que estas dispõem.
No Rio Paraguaçu o objetivo de se construir um grande reservatório, é garantir suporte hídrico à população que vive ao leste da chapada e também à do Baixio de Irecê, já que a que esta vem sofrendo coma falta de água potável.
Noutros desaguadouros como a Serra Geral pode se encontrar rios e riachos que em determinados pontos possa apresentar alguma viabilidade para construção de pequenas barragens, mas é preciso muita cautela pra não fabricar os tais elefantes brancos. Também como forma de dar um maior suporte os sistemas de abastecimento, é necessário e urgente que o estado substitua por adutoras, os cursos d’água que transcorre pelo leito dos rios, (as chamadas vazões ecológicas) Seja destinado a irrigação ou o abastecimento humano e animal, como o caso do Rio do Antonio.
Esta é a razão da necessidade de viabilizar o mais rápido possível a construção da Adutora Truvisco - Malhada de Pedra, a fim de potencializar e expandir os sistemas de abastecimento existentes provenientes deste manancial, evitando assim enorme desperdício por evaporação e infiltração e irrigação ao longo de seu percurso. Vale ressaltar que este reservatório vem apresentando baixo potencial hídrico.
As cisternas são uma boa alternativa, porem paliativa, por esta razão, onde houver possibilidade de abastecimento total e definitivo deve-se priorizá-lo. As cisternas deve se priorizar a sua implantação nas comunidades mais isoladas onde por enquanto não houver possibilidade de levar água encanada. As águas do lençol freático tem sido uma alternativa, mas dado o excesso de exploração destes mananciais certamente não perdurarão por muito tempo. Por isto precisa ser explorado com cautela.
Também quero ressaltar aqui, a necessidade de se implantar urgentemente a Adutora de Iguatemi, município de Livramento, Visto que a sede deste distrito é um considerável aglomerado urbano, alem das comunidades rurais do seu entorno que somam juntos mais de 6000 pessoas as quais são abastecidas por carros pipas.
Como este projeto visa captar água da barragem de Rio de Contas, o qual vem apresentando déficit hídrico para o abastecimento dos projetos de irrigação de Livramento e Dom Basílio, mas o abastecimento humano é prioridade e Iguatemi não dispõe de alternativa.
O que o estado precisa entender e decretar, é que de hoje em diante não se pode pensar em irrigação em escala utilizando água proveniente dos rios da chapada esta água tem que ser destinada ao abastecimento humano e animal, senão no futuro pagaremos um preço muito alto, ou melhor, não teremos como pagá-lo. O divino líquido da Chapada é uma riqueza que deve ser destinada a saciar a sede do sertanejo e de se criatório.
Os professores da rede estadual de Ensino estão dispostos a manter a greve, mesmo depois que o governador Jaques Wagner ordenou a suspensão do pagamento dos salários. O chefe do Executivo baseou-se no fato do movimento ter sido considerado ilegal pela Justiça, mas para os docentes a maior ilegalidade é o modo desrespeitoso com que são tratados pelo Estado.
Para enfrentar a paralisação, o governo divulga matéria paga na mídia, dizendo das vantagens dadas, mas que, para os professores, são, na verdade, conquistas históricas da categoria e não substituem a necessidade da correção salarial pleiteada, de 22,22%. Na publicidade oficial, Jaques Wagner cita como uma das vantagens o pagamento do piso salarial, a que é obrigado por lei federal.
Também divulgou as médias de salário que, segundo os grevistas, não refletem o que a maioria dos docentes, de fato, recebe. O último concurso, por exemplo, realizado pelo Estado, oferecia ao professor salário mensal de R$800,00.
Os docentes da base sindical de Livramento de Nossa Senhora e Rio de Contas, reunidos, último dia 25, decidiram apoiar a continuidade do movimento. A Delegacia Sindical de Rio de Contas - Sede Livramento informa que “O Governo Jaques Wagner enviou à Assembleia Legislativa e conseguiu aprovar um projeto de lei nefasto para os professores de nível médio, com jornada de até 40 horas”.
Acrescenta que “conquistas históricas conseguidas a custa de muita luta, como regência de classe, adicional por tempo de serviço, avanço horizontal, incentivo à qualificação e aperfeiçoamento profissional e atividade complementar serão extintas da remuneração e transformadas em subsídio, cujo valor total será R$ 1.659,70”.
Critica o fato do governo, para piorar, “ao invés de simplesmente aplicar os 22,22% acordados sobre o salário base, a partir de janeiro, que resultaria num salário base de R$ 1.451,00, fez outra opção, fora do acordo, que prejudicará milhares de professores primários, de licenciatura curta e não licenciados, ativos e aposentados”.
Para a entidade dos docentes, “o governo diz que pagará acima do piso, mas, na verdade, os professores não terão nenhum reajuste, perderão vantagens e dinheiro e terão a carreira arruinada, penalizando, principalmente, os mais de 32 mil professores que têm licenciatura plena, especialização, mestrado e doutorado”.
Segundo a Delegacia Sindical de Rio de Contas - Sede Livramento, a aprovação das Leis 19.778/2012 e 19.779/2012, pela Assembleia Legislativa, com os votos, inclusive, de deputados da região, como Nelson Leal (PSL), João Bonfim (PDT), José Raimundo Fontes (PT), serviu para reforçar a decisão de manter a paralisação, mesmo com as ameaças de corte de ponto e as pressões exercidas pela Direc 19 e diretores das unidades escolares, que tentam minar o movimento, sob a ordem das autoridades educacionais do Estado.
A decisão, agora, é manter a greve por tempo indeterminado. A Delegacia Sindical informa aos pais, alunos e à comunidade que o movimento é o recurso extremo na luta por melhores condições de trabalho e valorização profissional. Pede e agradece a compreensão de todos pela solidariedade recebida, lembrando que estará sempre informando, pela mídia local, sobre os rumos da paralisação.
Professor
silva-josemar@bol.com.br
A democracia é um sistema no qual as pessoas têm o direito de se expressar livremente e de ser cobrada dentro de um processo formal, direto, justo, sempre obedecendo às leis pré- estabelecidas na sua constituição.
O Brasil, de acordo com os últimos levantamentos econômicos divulgados pelos meios de comunicações, vivencia momento financeiro deslumbrante em relação a outras nações, pois chegamos ao posto de sexta maior economia mundial.
Essa colocação, porém, poderia ser melhor se não fosse a corrupção instalada há séculos e que teve sempre como base de sustentação a não formação educacional de qualidade da maioria da sua população.
A Bahia, por exemplo, tem um governador que saiu das bases do sistema sindical, o Sr. Jacques Vagner. E, para aqueles que o consideram fruto de uma traição das esquerdas com a classe operaria, seria o “Vagnininho Malvadeza”.
Nós, professores da rede estadual de educação, estamos em greve desde 11 de abril, por diversos motivos, tais como:
. Não comprimento do acordo para elevação do piso salarial nacional em 22,22% para toda a categoria.
. Melhores condições de trabalho. Atualmente, por exemplo, temos escolas passando por reformas em pleno funcionamento, prestes a acontecer um acidente grave com alunos e funcionários.
. Reposição imediata do quadro dos professores efetivos, através de concurso público. A maioria do quadro, hoje, é de pessoas indicadas por políticos, ou terceirizados, chegando a mais de 60% dos profissionais de carreira.
. Climatização das salas de aula e redução do número de alunos por turma. Em várias escolas, a superlotação tornou-se permanente.
Há vários outros motivos para a baixa qualidade do ensino público brasileiro e, como educador, penso que não serão resolvidos tão cedo.
Só o seriam se os filhos dos políticos e grandes empresários estudassem em escolas públicas, hoje ocupadas por quem precisa muito delas e não tem meios de cobrar e exigir os seus direitos de cidadão.
Na grande maioria, não tem formação adequada para o exercício da cidadania ou se vendem aos gestores exploradores em troca de migalhas, incluindo favores pessoais.
E o que dizer para os meus alunos? Acordam brasileiros! Não podemos ser engolidos por falsas promessas, as ações de fato não tem acontecido. Nosso movimento, no primeiro momento, como aconteceu com o dos policiais e pessoal da saúde, pode ter sido ilegal para o PT, que hoje governa o Estado. Esse partido virou uma catapora e será aniquilado nas urnas pelas pessoas de bem do Brasil.
Qualquer outro partido político poderia errar, mas eles não, pois chegou ao poder dizendo que era o melhor e o mais verdadeiro dos homens dessa nação.
Sendo assim, faço aqui algumas perguntas para que seus seguidores e governantes de plantão, em especial a essa esquerda farsista instalada nos últimos oito anos, possam responder:
- Até quando a bolsa família e o vale gás vão continuar sendo o peixe e não a isca?
- Até quando as cotas raciais vão substituir a qualidade e a entrada por mérito do estudante da classe baixa no ensino superior gratuito?
- Até quando a escola pública e todos os seus funcionários vão ser tratados com descaso e humilhação?
- Até quando a corrupção será a ética das lideranças políticas no Brasil?
- Até quando o futuro promissor dos jovens será apenas promessa de campanhas eleitorais?
Até lá, valeu! Aguardo as respostas. Fui!
Jornalista
Pelo visto, o secretário estadual da Agricultura, Eduardo Salles, foi a Livramento de Nossa Senhora (BA) sem qualquer agenda, no último dia 20. Tudo indica que apenas ampliou contatos políticos iniciados em Rio de Contas, onde teria firmado compromisso de implantar uma cultura experimental de uvas, voltada para produção de vinhos.
Concretamente, nada levou de relevante para Livramento, nem assumiu compromissos, apenas ouviu pedidos que se repetem em véspera de eleições. Mesmo assim, recebeu bajulações, comeu e bebeu à vontade, tendo tratamento digno de chefes de Estado. Deve ter retornado a Salvador dando gargalhadas.
As lideranças do município pareciam em campanha eleitoral, bancando papagaios de piratas nas fotos e submissas a um obscuro servidor do governo estadual. Isso demonstra que nada mudou no sertão, nem entre as lideranças, costumeiramente curvadas para o poder central, nem os eleitores, sempre prontos a aplaudir.
E tudo corre, festivamente, à margem dos graves problemas que o município enfrenta. O convênio com a Apromol, para o combate à mosca da fruta, de R$450 mil, parece não ter sido assinado. O secretário apenas informou que o governador está sensibilizado com o drama da seca na região, mas não acenou com providências a serem tomadas pelo Estado, prometendo apenas “fazer o possível”.
Como convém ao momento eleitoral, Eduardo Salles encontrou-se separadamente com os dois chefes políticos locais. Com o prefeito Carlos Batista, visitou e ouviu produtores de mangas. Com o ex-prefeito Emerson Leal, reuniu-se em um jantar, dominado pela presença de interessados nas próximas eleições, incluindo pré-candidatos a prefeito e vereadores. Foi uma reunião política.
O presidente da Associação dos Irrigantes (ADIB), Rosivaldo Romão, repetiu sua preocupação ante a crise dos recursos hídricos, relembrando medidas que, há anos, tenta viabilizar. Entre os ouvintes, estava o deputado federal Edson Pimenta, aquele que não cumpriu a promessa, feita em 2011, de ceder para o projeto parte das verbas de suas emendas ao orçamento da União.
O prefeito Carlos Batista também reforçou solicitações já feitas, como a inclusão de Livramento nos programas emergenciais destinados aos municípios afetados pela estiagem. Porém, pelos apoios que diz ter, como os de Edson Pimenta e do secretário da Agricultura, receia-se que vá morrer à míngua. Tudo não passa de arroubos eleitoreiros, mas não custa continuar cobrando.
Professor (*)
O professor é um dos poucos profissionais que atendem a mais de um cliente por vez. Mesmo assim, percebe um pequeno salário pelo serviço. Um médico atende um de cada vez, por muito dinheiro, com a intenção de salvar vidas ou para orientar como cuidar de suas dores. Muitas vezes, não resolve o problema do cliente. Alguns, por falta de preparo, fazem o serviço errado, aleijam e até matam seu cliente.
O professor é diferente, orienta seus alunos a se defender das doenças, com as aulas de Ciências e Biologia; ensinam a ler e a escrever, com as aulas de Língua Portuguesa; a somar, subtrair, multiplicar e dividir, durante as aulas de Matemática; desde a tenra idade. Qual o valor que é dado a eles?
Todos os profissionais passaram e passarão por ele. Muitos arriscam a vida, sem saber quais serão as reações de seus alunos, quando tentam repreendê-los,por eventual desvio de conduta. Em algumas escolas, docentes tem sido espancados e até mortos no exercício da profissão.
O professor é um profissional polivalente, muitas vezes, é obrigado a exercer a função de pai/mãe, médico, investigador, policial, psicólogo, conselheiro e outras. Quanto recebe por cada função? Nada, apenas seu salário no final do mês.
E ainda tem pessoas que xingam os mestres de vagabundos, quando estão lutando por seus direitos. E dizem que os alunos serão os únicos prejudicados. Não sabem que os únicos prejudicados são os professores, que fazem diversos cursos e, muitas vezes, não são reconhecidos pelo esforço.
Muitos pais, não sabendo como educar seus filhos, passam a bola para a escola. A função duma instituição de ensino é preparar o estudante de forma intelectual e a educação humana deverá vir do lar materno.
Os professores da rede estadual estão em greve. Eles cobram do governo reajuste linear de 22,22%. O índice é o mesmo que foi proposto pelo governo para igualar os salários dos professores da rede que não têm curso superior — 5,2 mil dos 37,8 mil professores do Estado — ao piso nacional da categoria, de R$1.451,00.
No último aumento dado pelo governo baiano, o reajuste, que abrangeu todo o funcionalismo, em 2012, foi de 6,5%. O piso para os professores com curso superior foi para R$ 1.586,00.
Para ser professor, é preciso estudar mais de 16 anos, sem repetir ano, para ter a oportunidade de participar de concurso. Há estudantes que, quando ouvem falar sobre o salário de um docente, eles riem e dizem que na roça ganham muito mais, sem precisar estudar muito.
O salário mensal de um professor não dar para pagar um pedreiro que necessite contratar, o qual, muitas vezes, sabe apenas escrever o próprio nome e ganha cerca de R$80,00 por dia. Em apenas 20 dias, receberá R$1.600,00, bem mais que um professor de nível superior ganha em um mês.
É justo um professor ser tão mal pago? Estudar tanto, passar por angustias, fobias e não ser reconhecido e respeitado?
Na maioria das escolas, as salas de aula ficam superlotadas, barulho dentro e fora da escola é infernal, além do desrespeito dos alunos, agressões diversas, acúmulo de turmas em vários colégios, excesso de pressão dos gestores, que, por outro lado, recebem pressão das diretorias regionais de Educação, que são comandadas por políticos.
Tudo isto pode causar bem mais do que frustração e desânimo ao receber o contracheque no final do mês. A falta de infraestrutura e de condições de trabalho é considerada uma das principais causas de doenças que afetam o magistério. São males que atingem o corpo e a mente e retiram, a cada ano, milhares de profissionais das escolas.
As pressões do dia-a-dia resultam em vários sintomas, como depressão, esgotamento físico e mental e desânimo, que são indícios da chamada síndrome de burnout, que se caracteriza por um desgaste que afeta o interesse e a motivação em trabalhar. Crises de choro, de medo e pânico podem ser sinais de que o profissional sofre assédio moral.
Temos um plano de saúde que limitou as consultas e exames e que só credencia médicos de cidades grandes. Muitas vezes, para fazer uma consulta médica, professores e outros funcionários precisam se deslocar mais de 100 km, depois de 30 dias de espera, mesmo assim, quando acha vaga.
O que fazer? A quem reclamar? Será que devemos cruzar os braços e esperar apenas a salvação de Deus? É hora de refletir e agir. (Fontes de consulta: Folha Dirigida - 26/03/09 e http://noticias.r7.com).
Agindo pior que seus antecessores e contrariando sua história de sindicalista combativo, o governador Jaques Wagner (PT) foi à Justiça tentar conter a paralisação dos professores e conseguiu que a greve fosse declarada ilegal. Mas o sindicato dos docentes (APLB) recorreu da decisão e mantém o movimento paredista, no qual a principal reivindicação é justamente o cumprimento, pelo governador, de acordo salarial e respeito à lei que criou piso nacional, hoje de R$1.451,00, ainda não obedecido pelo Estado da Bahia.
As autoridades governamentais dizem que não há recursos para atender aos docentes. Se fosse no setor privado, seria caso de requerimento de falência. Mas essa circunstância não foi invocada, quando o governador, por exemplo, ajudou a fechar as contas de 2011 da Assembleia Legislativa, um saco sem fundo onde os recursos públicos são gasto sem critério e até desviados, como na denúncia da Polícia Federal, ao investigar parlamentar que tem 22 assessores em seu gabinete e é acusado de sacar os salários a eles creditados.
Ontem (17) a coordenação do movimento grevista, em Livramento de Nossa Senhora, divulgou a seguinte nota, assinada pela Delegacia Sindical Rio de Contas – Sede Livramento:
Em assembleia realizada dia 11.04.2012, em Salvador, professores da rede estadual de ensino da Bahia decretaram greve por tempo indeterminado no Estado. A categoria afirma que o governo não cumpriu o reajuste de 22,22% no piso nacional, ferindo acordo firmado entre representantes governamentais e sindicais, na mesa setorial de negociações, estabelecendo que “o reajuste salarial do magistério da rede estadual do ensino fundamental e médio será o mesmo do piso salarial profissional nacional, nos anos de 2012, 2013 e 2014, a partir de janeiro de cada ano, incidindo sobre todas as tabelas vigentes.”
A Delegacia Sindical Rio de Contas – Sede Livramento realizou assembleia geral em 12.04.2012 e todos os presentes votaram em favor da greve, seguindo a decisão da APLB-Bahia. Destacaram que o principal motivo da greve é o não cumprimento por parte do governo em pagar o Piso Salarial Nacional a todos os 37.794 professores da rede estadual, obedecendo aos interníveis, pois a forma assumida por ele divide a categoria, onde apenas 5.210 professores de nível médio (em extinção) seriam contemplados, passando por cima de conquistas históricas no Plano de Carreira do Magistério.
Em nova assembleia realizada hoje (terça-feira, 17.04.2012), os professores da área de abrangência da Delegacia Sindical Rio de Contas – Sede Livramento confirmaram que a greve continua e que, além Piso Nacional, outros pontos devem ser levados em consideração, já que fazem parte do processo de lutas da categoria: redução e extinção ilegais de gratificações, promovida pelo governo; não pagamento da URV; falta de concurso público e contratação de professores aprovados; falta de reavaliação e cumprimento do plano de carreira do magistério estadual.
Os profissionais desta base sindical informam aos pais, alunos e a comunidade, em geral, que aderiram ao movimento grevista, pois entendem que somente mobilizados e organizados os trabalhadores em educação poderão construir uma escola pública gratuita e de qualidade para todos e em todos os níveis e modalidades de ensino e que a deflagração de greve é o último recurso usado para obtenção de melhores condições de trabalho. Nesta oportunidade, agradecem a compreensão e solidariedade de todos, lembrando que serão informados, através da imprensa local, sobre os rumos da greve.
Jornalista
Tudo é previsível no movimento político de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, em razão da limitação dos atores, que limita também as possibilidades de articulação. O arco de ação é restrito e tudo gira como um pião, até com certa velocidade, mas sempre parando no mesmo lugar. Não poderia ser diferente em comunidade tão pequena e não se traduz nas vantagens esperadas, como a qualidade dos debates e a defesa do interesse público.
Avanços e recuos, longe de proporcionarem evolução, suscitando melhorias para a coletividade, são como dança de gazelas, em que acabam caindo no colo uns dos outros. E fazem isso sem cerimônia, quase sempre convencendo outros mortais que se trata, não de esperteza e sim de inteligência política. É tão chocante que o traidor de ontem descompõe o que hoje lhe trai sem o menor pudor.
Quem imaginaria que o vociferante PMDB estaria, agora, no colo do carlista empedernido, como costumava ser rotulado o ex-prefeito Emerson Leal? E há sempre uma possibilidade de malícia nesse processo. A mais teatral delas é o consagrado nome de Emerson Leal, assim como seu patrimônio político, estarem sendo usados contra ele próprio. Nesse caso, o PMDB estaria esquentando outros colos.
Isso pode ser deduzido considerando-se que, se eleito pelas alianças que diz reunir, o Dr. Paulo Azevedo terá consolidado liderança própria e devolverá tudo que sofreu nas unhas do chefe, cuja carreira política tende a sepultar. Como não formou lideranças e até desprezou as que surgiram no seu grupo, Emerson Leal corre riscos, ainda que esteja apenas de olho nos votos para o filho deputado.
Não será surpresa se vier a se saber que até pupilos seus atuam neste projeto, comendo o queijo escondido. Após a traição, o PMDB foi assediado pelos “Paolos” e, como noiva traída, a velha legenda não hesitou em se deixar seduzir, deixando chorosos outros pretendentes, que também pensaram que podiam sustentar o pião na unha.
É assim nossa política. Mas continuamos a cobrar o debate de temas que interessam à comunidade como um todo. Aos muitos já existentes foram acrescentados mais dois, graves: o impacto negativo da mineração de ferro e os venenos detectados na manga, carro chefe da nossa fruticultura e da economia do município.
A Federação Nacional dos Jornalistas saúda neste 7 de abril, Dia Nacional dos Jornalistas, a todos trabalhadores e trabalhadoras que, nas redações de jornais e revistas, estúdios de rádio e TV, nas mídias eletrônicas, escolas e assessorias de imprensa; escrevendo, editando, desenhando, fotografando, filmando, ensinando, narrando ou apresentando notícias em todos suportes, exercem esta profissão que é um dos pilares mais visíveis da democracia.
A FENAJ homenageia a todos aqueles que, com condições de trabalho quase sempre aquém do necessário, ajudam a consolidar o estado de direito. Lembra, neste dia, a saga heróica de militantes da notícia que arriscaram sua integridade, sua liberdade e sua vida. Exige do estado brasileiro a imediata investigação da morte Wladimir Herzog e de todos os jornalistas que foram presos e torturados pela ditadura militar.
A FENAJ reivindica liberdade, condições de trabalho e remuneração justas e dignas por parte daqueles que enriquecem utilizando a força de trabalho dos jornalistas brasileiros. Para isto propõe um piso salarial nacional para a categoria, de maneira a garantir a qualidade de vida e a independência no exercício de sua profissão.
A FENAJ alerta ao estado brasileiro para o perigoso crescimento dos crimes contra a integridade e a vida dos jornalistas. Exige a apuração dos crimes contra jornalistas no exercício de seu trabalho e o julgamento de todos os envolvidos. Também reivindica a federalização dos crimes contra estes profissionais como medida eficiente contra a impunidade.
A FENAJ compartilha com os cursos de Jornalismo, seus professores e alunos, a certeza que superaremos de uma vez por todas esta situação constrangedora criada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), quando da decisão desastrada e obscurantista da retirada da exigência da formação superior para o exercício do Jornalismo. Agradece, mais uma vez, ao parlamento brasileiro que, sintonizado com a opinião pública, está restituindo a dignidade para o jornalista e a qualidade do Jornalismo para a sociedade.
A FENAJ, finalmente, convida os cidadãos para - ao homenagear seus jornalistas - defenderem um Jornalismo de qualidade: independente, informativo e ético, que assegure a liberdade de expressão contida na constituição brasileira, reconhecendo que esta liberdade não é propriedade privada de jornalistas ou empresas de comunicação e sim propriedade do cidadão brasileiro.
Viva aos jornalistas, lutadores da democracia.
Direção da Federação Nacional dos Jornalistas
Na Semana Santa, cristãos e judeus celebram o calvário de Jesus Cristo, que culminou na sua morte e ressurreição, na cidade de Jerusalém, Estado da Palestina. É, portanto, período religioso que costuma atrair a atenção de pessoas de diversos credos.
A Páscoa em memória de Jesus nada tem a ver com a Páscoa Judaica, que o próprio Cristo festejava. Esta comemora o êxodo dos israelitas do Egito, durante o reinado do faraó Ramsés II, saindo da escravidão para a liberdade.
Na Páscoa Cristã, comemora-se a ressurreição de Jesus. O ponto alto da Semana Santa é a Paixão de Cristo. Os últimos dias antes do martírio foram muito agitados, para Ele e os discípulos. Ocorreram fatos trepidantes, que chamavam muito a atenção, como a entrada triunfal em Jerusalém.
Praticamente fugido da Judéia, onde já O perseguiam, Jesus foi a Jerusalém mostrar que o seu reino era dos desprotegidos e desfavorecidos. E lá chegou montado num jumento. Outros eventos foram: a última ceia; a oração angustiada no Jardim das Oliveiras; a traição de Judas; a negação de Pedro.
Por fim, foi preso ao sair do Jardim das Oliveiras. Na ocasião, repreendeu um dos seus seguidores, Simão Pedro, que tentou defendê-Lo, cortando a orelha de um soldado. Cristo recompôs a orelha do inimigo, determinando a Simão que guardasse sua espada. Mas, ainda assim, levaram-No preso, começando o doloroso martírio.
O modo como lembramos e celebramos estes fatos é que determina o tamanho da nossa fé, a qual o próprio Cristo submetera a um teste, dizendo que se tivéssemos fé equivalente a um grão de mostarda, teríamos poder suficiente para remover uma montanha.
Nunca um ser humano removeu uma montanha, donde se conclui que a nossa fé não chega a equivaler a um grão de mostarda. Isso significa que necessitamos refletir, meditar, orar muito e nos questionar todos os dias sobre o quanto acreditamos e celebramos com sinceridade a Paixão de Jesus Cristo!
Faça, portanto, da sua vida uma via-sacra dedicada a Deus. Descubra quem é você e qual é sua verdadeira missão na Terra, qual é seu papel diante do mundo, qual a responsabilidade que tem com relação à sua família. Dedique-se a isso assim como Jesus se dedicou à pregação na Terra e como se submeteu ao calvário, alcançando, por fim, a vitória, pela glória da ressurreição.
Estamos na Semana Santa, quando são lembrados os principais momentos do padecimento de Cristo, até ser morto crucificado, depois de três anos ensinando aos homens como viver conforme o plano e a vontade de Deus. Pregou muito e deu muitos exemplos a serem seguidos pelos seres humanos, tudo antes de permitir que seus perseguidores colocassem as mãos nEle. Tudo que ensinou pode ser resumido no seguinte:
“Ama o senhor teu Deus de todo teu coração. E ama o teu próximo como a ti mesmo” (BÍBLIA, Marcos, 12, 30-31).
A caminho do Gólgota (nome da colina onde foi crucificado), Jesus era seguido por uma grande multidão, incluindo muitas mulheres. Enquanto caminhavam, elas batiam no peito e lamentavam pela sorte de Jesus. Vendo aquilo, Ele voltou-se para elas e disse:
“Mulheres de Jerusalém, não choreis por mim; chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos. Pois dias virão em que se dirá: ‘Felizes as estéreis, as entranhas que não tiveram filhos e os peitos que não amamentaram’.
Nessa altura, começarão a dizer aos montes: ‘Caí sobre nós’, e às colinas: ‘Encobri-nos’. Porque se fazem assim no madeiro verde, que será no madeiro seco” (BÍBLIA, Lucas 23, 27-31).
Os dizeres de Jesus são um alerta diante de reações puramente sentimentalistas. Mas estaria Ele sendo injusto e mal agradecido com aquelas mulheres, que pareciam tão piedosas? Por certo que não. Jesus conhecia as fraquezas dos homens e aproveitou o gesto daquelas mulheres para lembrar, pelos séculos a fora, que não é suficiente bater no peito, assim como não é suficiente rezar a via-sacra, fazer penitências, como na Semana Santa, se nada mudar para melhor em nosso quotidiano. Se não formos gentis e misericordiosos uns com os outros. Se não vivermos conforme o plano de Deus.
Desse plano, faz parte o amor ao próximo como a nós mesmos, o viver como cristão, cujo destaque são, também, a solidariedade, a compaixão, a defesa da paz, a defesa da natureza e a luta pela liberdade, pela honestidade e pela Justiça, e pelo combate à pobreza.
Na cruz, a dor moral e a dor física dilaceravam o Messias. Seus olhos inchados pelos hematomas, causados pelos golpes com que O torturaram, não permitiam mais que enxergasse. Seus pulmões estavam comprimidos pela hemorragia interna, resultado das pancadas e perfurações recebidas dos algozes, o que O deixava praticamente asfixiado.
Naquele suplício, antes de expirar, ainda encontrou forças para gritar, referindo-se aos que O matavam: “Pai, perdoa-lhes. Eles não sabem o que fazem” (BÍBLIA, Lucas, 23, 34).
Durante Seu martírio, Jesus falou pouco, até porque somente se entregou aos perseguidores depois de concluída a pregação da sua mensagem. Mesmo assim, como enviado de Deus, disse frases concisas, em meio à agonia, que encerram lições sublimes, que somente o espírito de Deus é capaz. Ouviu escárnios e zombarias, como “Salvou os outros, e a si mesmo não pode salvar-se. Se é o Rei de Israel, desça agora da cruz...” (BÍBLIA, Mateus, 27, 42). Mas Ele permanecia doce e sereno!
O Cristo padeceu os mais cruéis sofrimentos físicos e morais. Suas horas de solidão foram horríveis. Era um Deus, mas se submeteu à provação humana da dor, elevada ao máximo com a crucificação. Deixou-nos um grande mistério, que é o “por quê” de ter passado por tudo isso, se tinha o poder de se livrar.
Como devemos interpretar essa realidade? Como devemos estudá-la e nos lembrar dela? Será que na Semana Santa refletimos corretamente sobre isso? As escassas palavras do Cordeiro de Deus, ditas no ápice da agonia, pregado no madeiro, contém ensinamentos tão profundos quanto às tantas mensagens que deixou nas pregações que fez.
Perto da “hora nona”, três horas da tarde, em extrema solidão e na profunda dor da cruz, Jesus exclamou, na sua língua original: “Eli, Eli, lamá sabactani” (BÍBLIA, Mateus, 27, 46). Segundo os evangelhos, significa: “Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?”. (Para alguns interpretes, porém, ele teria dito “Meu Deus, meu Deus, obrigado por me Glorificar!”). Em outro momento, na cruz, em genuína expressão humana, queixou-se: “Tenho sede” (BÍBLIA, João, 19, 28).
Mas o santo que havia dentro dEle sempre se manifestava. Aos que O matavam, disse, piedosamente: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (BÍBLIA, Lucas, 23, 34). Ao malfeitor crucificado ao seu lado, que Lhe pediu para se lembrar dele, quando entrasse em sei reino, respondeu: “Em verdade, te digo que hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (BÍBLIA, Lucas, 23, 43). Foi confiante no pai até o fim. Quando esgotou tudo que havia para dizer e para sofrer, afirmou, finalmente: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (BÍBLIA, Lucas, 23, 46). Em seguida, expirou. Três dias depois, como previsto nos livros sagrados, Jesus ressuscitou.
Será que compreendemos corretamente o martírio e ressurreição do Cristo? Que significado damos à vida, à morte e, por fim, à elevação desse Deus tão humano ou desse Homem tão divino e tão extraordinário?
O certo é que, hoje e ao longo da nossa história, temos procurado sempre o gozo, o prazer, a sensação agradável que os nossos sentidos experimentam. Como nos sentimos nessa vida gozosa, se comparada com a vida mensageira e os tormentos pelos quais Jesus passou? O que será que Ele quis nos dizer, nos ensinar?
Vamos aproveitar esta Hora (tranquila) do Ângelus e a oportunidade de reflexão desta Oração da Ave Maria, para responder, dentro de nós, estas perguntas. No mínimo, Ele quis nos mostrar o quanto Deus quer de nós. O quanto devemos levar a nossa vida a sério. Que essa seja a conclusão das nossas reflexões e das nossas orações nesta Semana Santa.
Jornalista
O velho PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro) de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, poderá ser tragado pelos tentáculos da anêmona e afundar-se no nanismo, servindo de satélite ao grupo a que tanto combateu. A legenda já abrigou figuras combativas, como Zio Machado, no passado, e mais recentemente o então advogado e hoje desembargador estadual Lourival Trindade. Foi sustentáculo da oposição por muitos anos.
Em 2004, liderou o movimento que quebrou uma hegemonia oligárquica de quase 20 anos, elegendo seu primeiro prefeito, o médico Carlos Roberto Souto Batista, reeleito em 2008, fazendo seis dos nove vereadores da Câmara Municipal. Após sete anos de poder e glória política, praticamente se desfaz e, ironicamente, ascensão e débâcle ocorrem sob a liderança da mesma pessoa, de raízes carlistas, Carlos Roberto Souto Batista.
E quem comandava o carlismo era ninguém menos que Emerson Leal, de quem Carlos Batista fora correligionário. Agora, o Priquitão comanda a anêmona que estaria tragando o PMDB, já despojado da ideologia original, que inspirou o MDB do lendário Ulisses Guimarães. Com a ascensão ao poder, o partido trocou os bacamartes oposicionistas pelas treitas do negocismo.
Por fim, foi abandonado pelo seu cacique maior, o Carlão, que debandou para as gramas kassabianas do PSD, que certamente lhe pareceram mais verdes. Fez tudo à revelia dos chefes partidários e deixou a ver navios fiéis escudeiros, como os seis vereadores da legenda. A suposta entrega do comando ao sindicalista Givanildo Rocha salva alguma coisa, mas não obstará o triste destino de satélite do grupo opositor.
Na verdade, a cúpula estadual da legenda quis retaliar Carlos Batista, com quem trocava explícitos favores além de eleitoreiros. O que soava como estratégia de dividir para fortalecer, abrindo tentáculos na base partidária de Jaques Wagner, pode levar à inclusão do PMDB no clube dos nanicos.
Estamos diante da maior promiscuidade partidária vista por aqui, em que quase todas as representações partidárias curvam-se para o governo estadual. Há muito a se lamentar, pois o quadro afasta cada vez mais o foco das verdadeiras necessidades de nosso município, ainda sem qualquer plano de desenvolvimento.