Márcia Oliveira
Professora
Ele foi um cantor, violonista, pintor, ator e compositor que teve como tema a Bahia e todo o seu mistério: sua vida, seu povo, seu drama, amores, sua luta e toda poesia que está presente em cada canto da cidade, em cada olhar que busca entender os encantos de uma canção.
Caymmi foi pluralidade em suas músicas, cantou o mar em sua dimensão, suas dores e dissabores, nas ondas que levam nos saveiros os pescadores que partem sem saber se vão voltar: “É doce morrer no mar, nas ondas verdes do mar...”
Nas ladeiras da antiga Salvador, nas malícias do Rio Vermelho, na praia de Itapuã, cresceu o menino Dorival Caymmi. Unindo realidade e sonho fez das serenatas, das rodas de samba, dos terreiros de santos, da pesca, da preguiça gostosa, embalada na rede do tempo, o rascunho das suas canções, provando que “Quem não gosta de samba bom sujeito não é, é ruim da cabeça, ou doente do pé. Eu nasci com o samba, no samba me criei, do danado do samba nunca me separei...”
Podemos dizer que Caymmi foi o grande Patriarca de uma família Cantante. Casou-se com a mineira Stella Maris e tiveram três filhos: Nana, Dori e Danilo, que herdaram do pai o gosto pela música.
Sua sensibilidade era movida por tudo aquilo que dita o nosso cotidiano, a vida tranquila no ambiente doméstico, o cafuné imediato, que vem das suaves mãos da mulher amada, do riso pueril das crianças inquietas, das crendices, do cheiro gostoso, vindo da cozinha, da brisa noturna que convida para uma canção, tocada no violão...
Tudo para ele era sempre motivo para cantar! “Vejo, na música de hoje, uma evasão de sentimentos incontidos A necessidade de fugir a uma certa timidez que sempre houve no caráter do brasileiro”.
Caymmi é a imagem da própria Bahia, quer na pintura ou na música, no olhar sereno ou na voz grave que tatuou em nossa memória histórias cantadas que jamais serão esquecidas.
Nas engrenagens das notas musicais do seu coração eternamente apaixonado, escreveu “A maior e mais formosa arma de sedução é o silêncio. Nada se diz nem que ela pergunte. Muito acima de mim está minha querida, minha amada Stella”.
Foi um grande enamorado, sem dúvida alguma.
Crescemos ouvindo muitas composições de Dorival Caymmi. Canções que nos acompanham ao longo da vida:
“Marina, morena, Marina você se pintou/Marina, você faça tudo, mas faça um favor: não pinte esse rosto que eu gosto/E que é só meu/Marina, você já é bonita com o que Deus lhe deu...”.
Foi o pequeno Dori, o filho, que inspirou essa música, quando tinha quatro anos e vivia dizendo: “tô de mal, tô de mal”. A partir daí, surgiu a história de Marina, a moça que se pintou: “Desculpe, Marina morena, mas eu tô de mal”.
“Ai! Minha mãe/Minha mãe Menininha/Ai minha mãe Menininha do Gantois...”
“Eu vou pra Maracangalha, eu vou/Eu vou de uniforme branco, eu vou/Eu vou de chapéu de palha, eu vou/Eu vou convidar Anália, eu vou/Se Anália não quiser ir eu vou só, eu vou só...”
“Quando eu vim pra esse mundo/Eu não atinava em nada/Hoje eu sou Gabriela, Gabriela iê, meus camarada...”
“O que é que a baiana tem?/O que é que a baiana tem?...”
Tem as doces lembranças e o reconhecimento de que Caymmi deixou para nós, em forma de canção, a história da Bahia, os mistérios de Iemanjá, os segredos da oração, o gingado do samba e a doçura do amor.
Suas músicas são um retrato da terra onde nasceu e delas destacamos Saudades da Bahia, como bem mostra o vídeo de Noemia Hime, publicado no Youtube. Acesse e veja: https://www.youtube.com/watch?v=2YSuvqqSPyM.
O Colégio Estadual João Vilas Boas, de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, que fez 64 anos em março, tem uma rica história, inclusive de dramas, como o vivido na década de 1990, quando suas instalações quase foram a leilão, para pagamento de indenização trabalhista, em ação que a direção teria deixado correr à revelia. Diante da ameaça, a comunidade interna se mobilizou e conclamou a sociedade em geral para um esforço no sentido de salvar o estabelecimento. E o fizeram com muita garra, determinação e esperança. Um instigante artigo do colaborador deste site, Jorge de Piatã, fala desse episódio e de um “misterioso” advogado que intermediou o acordo judicial que pôs termo à ação e tranquilizou a população. No texto, ele coloca “pingos” em muitos “is”. Clique aqui e leia, na íntegra>>
Raimundo Marinho
Jornalista
O prefeito Paulo Azevedo, de Livramento, precisa voltar à Terra e abrir os vidros blindados onde é acusado de se esconder, se quiser evitar que sua administração seja fracasso mais retumbante do que foi a do antecessor. A onda amarela que o elegeu pouco lhe cobra e precisa acordar!
Primeiro, necessita sair da toca e passar a dar plantão nos canteiros das obras para as quais anunciou ter angariado recursos da ordem de R$28 milhões junto ao governo federal. Deve começar pelas inacabadas ligações Polivalente/Estocada e Avenida Nelson Leal/Bairro Taquari.
A inédita rotatividade do secretariado é sinal eloquente da falta de planejamento e de indispensáveis parâmetros técnicos de gestão. Assim como nomeia, aleatoriamente, aceita e promove as exonerações, mantendo-se impermeável às sugestões para que, de fato, governe.
Há secretários que saíram e nunca deveriam ter entrado, mas existem outros, como a doutora Efigênia, de reconhecida experiência, que, apesar de parente próxima do alcaide, teria deixado de implementar projetos importantes por absoluta falta de acessibilidade ao gestor.
Em síntese, o caro prefeito mostra-se dominado pela síndrome do caramujo, na tosca visão administrativa em que leva mais em conta a opinião familiar, o que soa antirrepublicano, inconsequente e temerário, pois traz riscos de graves prejuízos para a comunidade.
E o tempo urge! Pela contagem normal, passaram-se 16 meses. Porém, no acelerado de 44 anos em 4, transcorreram-se 176 meses, quase 15 anos. Se não for drástico agora, dificilmente retomará o rumo no tempo que resta e terá sido apenas mais um a entravar o desenvolvimento do município.
Jânio Soares Lima, diretor da APLB |
Raimundo Marinho
Jornalista
O núcleo regional da APLB-Sindicato, com sede em Livramento de Nossa Senhora, lançou a Campanha Salarial e Social 2014, cuja pauta contempla, além da atualização salarial, a saúde do professor, gestão escolar e qualidade do ensino e do serviço públicos.
O diretor do núcleo, Jânio Soares Lima, afirma que encaminhou o conteúdo da campanha à Câmara de Vereadores e à Prefeitura, apresentando o quadro diretivo da unidade regional da APLB.
Uma novidade trazida pela entidade é a união dos trabalhadores da educação do estado e do município. Deverá suprir a omissão do sindicato local, que abandou suas bandeiras assim que suas lideranças ocuparam cargos comissionados na gestão municipal.
Segundo Jânio Lima, está sendo reivindicado a aplicação do piso salarial, conforme a Lei Federal n. 11.738/2008, e garantia das vantagens do Plano de Carreira dos trabalhadores da Educação de Livramento, na forma da Lei Municipal n. 1.169/2011.
O piso determinado pelo Ministério da Educação para 2014 é de R$1.697,39, para 40 horas. A proposta salarial da campanha vai do piso a R$ 2.388,41, a depender da carga horária, nível e tempo de serviço.
Sobre a saúde da categoria, a preocupação vem dos resultados de estudo da Universidade de Brasília, revelando que o professor está exposto a 57 tipos de doenças, na sua atividade laboral. Faltou mencionar as agressões físicas e morais que costumam receber dos próprios alunos.
Clique aqui para ver texto completo da campanha>>
Raimundo Marinho
Jornalista
A natureza humana é a mesma desde que o barro se fez carne ou que a evolução das espécies nos emancipou. Eliminar Deus de nossas considerações não clareia o enigma da engenharia humana, cuja eloquência está na própria engenhosidade da nossa anatomia.
Junto retalhos a que posso alcançar, para construir minha crença, iniciada no Pai-Nosso e na Ave-Maria que D. Maria me ensinou, quando eu nem sabia quem era eu. Na convicção de quem fuça a vida, vivo a realidade de Deus, Jesus é meu amigo e Maria, sua mãe, minha madrinha.
O sentido para a vida está dentro de nós. A busca é incessante! Mas nossas maldades e estupidez são demais e nos cegam! Continuamos surdos à mensagem de Jesus, que há mais de dois mil anos prendemos, açoitamos, humilhamos e deixamos agonizar até a morte em uma cruz.
E continuamos a torturá-lo, todos os anos, na simbologia da via-sacra, após a qual retornamos para casa, para nossa vidinha relutante e imutável. Saímos do gólgota das igrejas para nosso cotidiano de concupiscência, gula, malquerença, vingança, intolerância, desamor, corrupção e egoísmo!
Embriagamo-nos no vinho da intolerância e falta de compaixão, no viver mesquinho que nos torna desumanos e nos escurece a alma. Necessitamos do verdadeiro Jesus, que não está nas igrejas mundanas! Vamos buscar o Jesus que expulsou os vendilhões do templo, o amigo das criancinhas!
O Jesus, amigo de Madalena, que nos disse para vivermos como irmãos, para sermos reconhecidos como filhos de Deus! Vamos seguir o exemplo do Yeshua açoitado, cuspido, cheio de lama, coroado de espinhos, imolado na cruz e festejarmos com Ele a páscoa da verdadeira ressurreição.
Jornalista
Os sofrimentos de Jesus foram muito mais brutais do que narram os evangelistas. Por conveniências políticas, nem Pilatos nem Herodes quiseram condenar o Cristo. Não viram nele qualquer crime que justificasse a pena de morte. E também tinham medo do poder do Messias, embora não reconhecessem isso publicamente.
Herodes fingiu ter visto nele apenas um tolo e o devolveu a Pilatos, que lavou as mãos e o entregou para ser condenado pelos seus inimigos. Eles distribuíram dinheiro para a claque e amedrontaram a população, dizendo que se Jesus não fosse morto, todos seriam perseguidos e castigados por Cesar, o rei de Roma. E a multidão ignorante gritou pela execução do Mestre.
Cansados e furiosos com as longas caminhadas, indo e vindo entre os palácios de Pilatos e Herodes, os inimigos descarregavam a raiva toda em Jesus, com as mais cruéis e abomináveis formas de tortura e de ultraje. Herodes sorria ao ver Cristo, de que tanto ouvira falar, reduzido a um trapo, sujo, imundo e coberto de sangue. Nem parecia mais gente!
Ao ver o Messias daquele jeito - desfigurado, desgrenhado, rosto dilacerado, imundo, túnica suja de lama – o rei virou o rosto, com um gesto de nojo e dó, dizendo aos sacerdotes:“Levai-o daqui, limpai-o. Como podeis trazer à minha presença um homem tão sujo e maltratado?”.
Herodes pediu a Jesus que provasse tudo que dele ouvira falar, os milagres as curas e se era mesmo filho de Deus, dizendo-lhe: “Que espécie de rei és tu?”. Como Jesus nada respondeu, o rei disse: “Levai este tolo, pois é mais um doido do que um criminoso”.
Jesus não foi só chicoteado, atiraram toda sorte de sujeira nele, fizeram-no andar sobre lama, para vê-lo tentar se equilibrar, cambalear, como se estivesse dançando, somente para ridicularizá-lo. Arrastaram-no por um esgoto, fazendo sua cabeça bater em paredes e pedras.
Muitos batiam nele, dizendo representar cada região onde moravam. Deram-lhe pauladas na cabeça e Jesus olhavam para os algozes de forma suplicante, gemendo de dor. Para zombar, os torturadores imitavam seus gemidos. Cada brutalidade era acompanhada de gargalhadas e insultos. Não houve quem lhe mostrasse piedade.
Então, gente, para alcançar a salvação, temos um longo caminho à nossa frente. Relembrar os sofrimentos atrozes contra Jesus, de ano em ano, na Semana Santa, é muito pouco. É muito comodismo dizer que Jesus já nos salvou. Se fosse hoje, provavelmente estaríamos entre aqueles furiosos torturadores.
Então, o que esperar do Messias e de Deus? Temos de fazer por merecer a sua complacência e sua benevolência! Podemos começar assumindo a vida de verdadeiros cristãos, sem hipocrisia, sem falsidade e conscientes de que o caminho é duro e de muitas dores.
Mas não desanimem, até o último momento, Jesus foi modelo de magnanimidade, que veio para passar a lição de Deus. No estertor da morte ainda insistiu e balbuciou: “Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem!”.
Aracataca (Colômbia): 06.03.1927
Cidade do México: 17.04.2014)
Márcia Oliveira
Professora (*)
Foi com grande tristeza que li sobre a morte desse monstro sagrado da literatura mundial. Gabo, como era chamado pelos amigos, faleceu ontem, vitima de câncer, aos 87 anos. De Cem anos de solidão, ficamos ainda mais solitários, pois García Márquez, além de escritor renomado, foi ativista, editor, jornalista, político, um manancial de conhecimentos. Detentor de uma subjetividade inesgotável, transformava a palavra em sentimento e o sentimento em palavras, mesmo sendo elas, muitas vezes, insuficientes para revelar tudo que em sua alma transbordava.
Desde menino, despertou o seu interesse pela leitura. Com sabedoria e perspicácia, questionava sempre “por que se admitem letras mudas ou duas letras diferentes com o mesmo som e tantas outras normas sem razão?”. Teve a adolescência marcada pelo livro A metamorfose (Franz Kafka), que, segundo ele, mudou sua vida. Foi influenciado pela obra do “mestre escritor” norte americano William Faulkner, além de outros como Ernest Hemingway, Albert Camus... O nobre escritor colombiano era amante de boleros e, entre seus cantores preferidos, estava o brasileiro Nelson Ned: “Mas tudo passa, tudo passará/E nada fica, nada ficará/Só se encontra a felicidade/Quando se entrega o coração...”.
Mas os livros do grande artífice das letras não passarão, ficarão para todo o sempre, porque ele encontrou a felicidade entregando o coração em cada página que escreveu. Saudade, amor e solidão foram palavras recorrentes em sua obra: “Nostalgia é a matéria prima da minha literatura”, dizia. Seguro das escolhas políticas, fascinado pelo poder, foi amigo de Fidel Castro e, quando questionado sobre sua posição política, respondeu, enfaticamente: “A revolução não é perfeita”. Perfeição esteve, porém, achamos nós, na sua maneira de fazer literatura. Inigualável!
Vendeu mais de 40 milhões de exemplares de sua obra, traduzido em 36 idiomas. Criou o realismo mágico na literatura latino americana. Entre os muitos prêmios que recebeu, está o Nobel de Literatura (1982), pelo conjunto de sua produção. Sua obra prima foi Cem Anos de Solidão (1967), onde escreve sobre guerras, crendice e tragédias, na vila fictícia de Macondo. Esta seria, na verdade, Aracataca, onde o escritor nasceu - aldeia empoeirada, silenciosa e cheia de mortos. No livro, destacou, sobretudo, o ser solitário que existe em cada um de nós, como se extrai da frase: “O segredo da velhice agradável consiste apenas na assinatura de um honroso pacto com a solidão”.
García Márquez foi muito além de um literato perfeccionista, foi um encantador de palavras, transformadas em mensagens profundas, que mexem com sentimentos de todos nós, nos fazendo refletir e ter a sensação de que ele escreveu, muitas vezes, tudo aquilo que temos vontade de fazê-lo e não sabemos como, a exemplo de:
“Um único minuto de reconciliação vale mais do que toda uma vida de amizade”.
“Ninguém merece tuas lágrimas, mas quem quer que as mereça não te vai fazer chorar.”
Fotos copiadas da internet, via Google |
Em Amor nos Tempos do Cólera, Gabo é pura inspiração: “Ele ainda era demasiado jovem para saber que a memória do coração elimina as coisas más e amplia as coisa boas, e que graças a esse artifício conseguimos suportar o peso do passado”.
Fora da ficção, claro, casou-se com Mercedes Barcha, com quem teve dois filhos: Gonzalo e Rodrigo. É impossível acreditar que o dono de uma mente prodigiosa pudesse, nos últimos anos, ficar sem o encanto de suas criações devido à demência senil e à perda de memória. Lutou contra um câncer linfático, por cerca de 15 anos, ao qual veio a sucumbir, ontem, na Cidade do México. Escreveu a autobiografia Viver para contar (2002) e teria deixado inacabados Tigra e Em agosto nos vemos. Não teve tempo para contar tudo o que, na verdade, gostaria de deixar para a posteridade, mas suas obras são o muito que sentiu, pensou e viveu.
Eu não gostaria de escrever essa Crônica de uma morte anunciada, como fez o grande escritor colombiano. Gostaria, na verdade, de escrever-lhe uma crônica sobre o viver, abraçando o lado mágico da liberdade criadora, o encantamento encontrado na literatura, como fez você, Gabo, que nos deixou como legado inúmeras obras, marcas do seu renascer para as gerações futuras, reconhecendo que você levantou a autoestima dos latinos.
Graças a você, a Literatura latina se fez conhecida e reconhecida no mundo inteiro, apesar dos pesares. Dias de solidão certamente viveremos nós, amantes da literatura, face ao silêncio total, desse momento, em nossas almas, porque morreu Gabriel García Márquez!
Raimundo Marinho
Jornalista
A greve da Polícia Militar tem, sim, forte componente político, mas tudo no Estado é político. Além disso, desde quando só deve haver política entre os políticos, os governantes? Seria uma tremenda e inaceitável desvantagem para os governados, sobretudo em nosso Brasil, de tantos políticos e governantes corruptos e desavergonhados!
A despeito das graves consequências para a população e da ilegalidade da greve, a tropa está no legítimo direito de impor ao governo aquilo que ele jamais faria pelas vias normais, que é proporcionar condições dignas de trabalho ao setor. Falar em melhorar a educação e a segurança pública sem incluir condições dignas de trabalho e salario é um enojante cinismo.
Jaques Wagner e Marcos Prisco, lider da greve de 2012 (foto internet) |
A Constituição Federal de 1988, art. 142, parágrafo 3o, inc. IV, proíbe expressamente sindicalização e greve por militares, devido à natureza de suas funções, que têm de ser exercidas em plenitude. Caberia, então, ao Estado fazer sua parte e impedir, dentro dos parâmetros da proporcionalidade e razoabilidade, as motivações para greve, evidentemente rebatendo eventuais intransigências.
Por conta do que reza a Constituição, a atual greve já foi decretada ilegal pelo Tribunal de Justiça da Bahia, em decisão monocrática do desembargador Roberto Frank. Mas o governo estadual, repita-se, é cínico, não cumpre a obrigação constitucional de prover a segurança pública, que incluiu a dignidade dos servidores.
O próprio secretário estadual da Segurança Pública disse que o governo vem negociando há nove meses com os militares. É a confissão da incompetência para se resolver, com agilidade, um corriqueiro problema de gestão pública!
No desgoverno, em meio a desculpas de sempre, os bandidos assumiram o comando e promoveram uma quarta-feira de horror, na capital, ficando a comunidade, comerciantes, trabalhadores, famílias expostas à insegurança pública total, com medo, de portas fechadas, antes os assaltos, os arrastões, os saques e a depredação.
Dr. Lourival e servidores Breno e Guilherme, na 101a Zona Eleitoral |
Raimundo Marinho
Jornalista
O presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargador Lourival Almeida Trindade, fez uma visita informal, ontem, às instalações do cartório da 101a Eleitoral, em Livramento de Nossa Senhora, Bahia. Foi recebido pelo chefe da unidade Guilherme Moreira de Souza.
Segundo Guilherme, houve uma conversa amena sobre as atividades do cartório, tendo os funcionários aproveitado para saudar o desembargador pela assunção ao cargo de presidente. A 101a Zona Eleitoral, a que o cartório serve, tem como titular o juiz João Lemos Rodrigues.
Raimundo Marinho
Jornalista
Na região do Itaigara e Pituba, em Salvador, está faltando água. Segundo o síndico do meu prédio o motivo seria greve de funcionários da Embasa, que não vi noticiada nos veículos locais de comunicação. Um absurdo o governo estadual, leia-se Jaques Wagner, deixar a situação chegar a esse ponto!
Faz lembrar Livramento de Nossa Senhora, a 720 quilômetros da capital, onde também falta água, por causa diversa, mas também humana. O escritório local da Embasa distribuiu nota, dia 8, dizendo que a causa é a ação ilegal de irrigantes, que impede a água de chegar ao local de captação.
Acrescenta que a empresa está acionando a fiscalização e monitorando o curso do rio a fim de impedir o desvio ilegal cometido pelos produtores. Não é a primeira vez que isso acontece, no trecho do rio entre a barragem de Rio de Contas e a barragem de derivação do DNOCS, em Livramento.
Pelo visto, há reincidência. Então, que sejam identificados e denunciados os autores do crime. É hora da Polícia entrar em campo, do Ministério Público agir, da Agência Nacional da Água fazer alguma coisa, do Inema dizer para que existe. E, principalmente, da população mostrar que está viva.
Parabéns à Embasa de Livramento, que deixa de culpar a seca para apontar o que, de fato, provoca falta de água para o consumo humano na cidade. Mas não custa perguntar: onde estão as autoridades municipais, como prefeito e vereadores, e outras lideranças, que não fazem nada?
O desembargador Lourival Trindade, natural de Érico Cardoso, na Bahia, antiga Água Quente, que adotou Livramento para trabalhar, onde constituiu família, casado com D. Elizabeth, pai de Alan e das advogadas Mona Lisa e Palas Atenas, e aqui fez sua brilhante carreira como profissional do direito. Agora, é, também, presidente do Tribunal Regional Eleitoral. Ele teve a deferência de conceder entrevista exclusiva ao O Mandacaru, respondendo perguntas do jornalista Raimundo Marinho. Deu verdadeira lição de cidadania e verberou contra a corrupção que esgarça, cada vez mais, o tecido social, no Brasil. Segundo o jurista, “a corrupção é erva daninha que se alastra nos indivíduos e nas sociedades”. Clique aqui e leia, na íntegra, a entrevista>
Raimundo Marinho
Jornalista
O jornalista sempre incomodou ocasionais ocupantes do poder ou quem dele, de alguma forma, se locupleta. Costuma despertar sentimentos variados, conforme a ocasião. Na minha trajetória, por exemplo, já fui alvo de ódio, admiração, inveja, respeito, carinho, gentileza, amor, parabéns, incentivo, revolta, descontentamento, bajulação, amizade etc.
A reportagem já me levou aos mais profundos contrastes sociais, da pobreza comovente nas periferias urbanas, à suntuosidade dos palácios governamentais. Na maioria das vezes, fui tratado com gentilezas, embora algumas soassem falsas, ou eram para o jornal que eu representava.
Mas o que sempre me interessou foram os benefícios da informação, democraticamente distribuída. Como dizia Ernesto Simões Filho, fundador de A Tarde, minha escola de jornalismo, muitos têm na imprensa a última instância e o jornalista o único interlocutor ao seu alcance.
Só em situações especiais, como quando fui injustamente processado por uma promotora de justiça, é que costumo revelar as durezas das veredas percorridas, por considerar que os espinhos fazem parte do caminho.
Os perigos vão de simples ameaças e tentativas infames de desacreditar o profissional ou mesmo o assassinato de jornalistas. Segundo a organização Repórteres Sem Fronteiras, o Brasil é o primeiro nas américas em mortes de jornalistas e o terceiro no mundo.
Em nosso país, jornalistas costumam ser intimidados por máfias de criminosos e pelas autoridades, estas através de processos judiciais, por insurgirem-se contra a corrupção e os desmandos governamentais.
Para nós, Justiça, Ministério Público, Imprensa e entidades como a Ordem dos Advogados são, em nosso país, vigilantes atentos e guardiões do Estado Democrático de Direito.
Obrigado ao distinto amigo Vinicius Costa, advogado, que assim se expressou, lembrando o dia da nossa categoria: “Meu reconhecimento ao importante papel de todos jornalistas na edificação do estado democrático e da cidadania. Parabéns a todos jornalistas, nas pessoas dos amigos Clécio Max, Raimundo Marinho, Lucia Oliva, Yonélio Sayd e Marcos Santos".
Nós, reunidos no 36° Congresso Nacional dos Jornalistas, saudamos, a partir de Maceió (AL), toda a categoria, pelo dia 7 de abril, Dia Nacional do Jornalista. A data é celebrada em um período especialmente conturbado para a profissão.
Constatamos a falta de compromisso do governo brasileiro, que chega ao final de mais um mandato apostando na aliança com o setor de telecomunicações e abrindo mão de implementar políticas públicas a partir de propostas construídas no processo democrático da 1ª Conferência Nacional de Comunicação.
Assistimos à perigosa e crescente fragilização do papel da mediação, valor tão caro à democracia moderna, como um processo de retrocesso político no país. Testemunhamos as agressões à jornalistas evoluírem até seu ponto máximo no assassinato do repórter cinematográfico Santiago Andrade, da TV Bandeirantes.
Mas, a cada golpe contra os jornalistas, o jornalismo e a democracia na comunicação no país, nossa resposta tem sido a luta. Apontamos para a unidade da categoria na luta contra a violência, por melhores condições de trabalho, por mais regulamentação profissional e pelo aprofundamento dos valores democráticos na sociedade brasileira, como a principal forma de transformar essa realidade.
Raimundo Marinho
Jornalista
Esta foto, no melhor do tradicional preto & branco, é do arquivo de Diva Tanajura, postada no face book, para deleite de saudosistas como nós. Nos remete a 1955, na pequena Caetité (BA), formatura como professoras desse encantador grupo de mulheres, muitas delas de Livramento.
Remonta ao tempo em que professor, diferente de hoje, era tratado com respeito, pela escola, alunos e pela sociedade. Na época, Caetité, berço do genial Anísio Teixeira, era a capital sertaneja da educação, cultura e saber.
Na rede social, o professor Francisco Bastos, um ás da profissão, referiu-se a seu mestre Alfredo José da Silva, que está no retrato, escrevendo: Ensinava português no Seminário de Caetité. Os alunos chamavam-no de prof. "per si"... porque na hora da prova ele recomendava: "agora, cada um de per si...".
E nas sabatinas ele lhe dizia: "dá um quinal aí, no seu colega, seu Rêgo!!!...". Sabem o eram “sabatinas”? E “quinal,” alguém sabe? Chico recorda, ainda, as “disputatios publicas”, adotada pelos professores de latim, francês e grego, às quais compareciam até as altas autoridades locais.
Ano 1955, da excursão do Botafogo pela Espanha, com Mané Garricha e tudo, onde empatou de 2 x 2, com o Real Madri. Tempos dos cabelos curtos, da Aero Willys, mas no sertão o principal meio de transporte era o animal. As meninas de Livramento faziam a viagem em duas etapas, dormiam em São Timóteo. O presidente do Brasil era Café Filho.
Little Richard, com Tutti Frutti; Chuck Berry, com Maybellene; Elvis Presley, com Mystery Train; e The Platters, com Only You, lideravam os sucessos musicais internacionais. Entre os nacionais, despontavam: Ataulfo Alves (Pois é...), Luiz Vieira (Nossos destinos), Geraldo Pereira (Escurinho), Tito Madi (Como é triste um adeus) e Zequeti (A voz do morro).
Mas voltemos às meninas da foto. São elas, segundo lista enviada por Diva Tanajura, de cima para baixo e da esquerda para a direita: Luciene, Dulce Magalhães, Azelma, Bernadete Meireles, Ana Flora, Darcy Tanajura, Edimar, Maria do Livramento Guimarães, Nivalda Fernandes, Lenita, Diva, Isabel, Osvaldina, Teresinha Brito, Avani, Clarice Correia, Edimar, Iracema, Denise, Maria de Lourdes Pessoa, Jurandir, Elenisa Pichimel, Maria do Carmo (Lili), Maria Aparecida Meira (Lili), Paquita, Teresinha Moura, Clarice Vilasboas, Adir, Zelia (Lapa), Neusa Alcântara, Alice, Inês, Annete Alcântara, Madalena. Professores: Alfredo e Nisinha (irmã de Helena Lima).
Raimundo Marinho
Jornalista
Acertamos ao antecipar aqui que Paulo Souto seria o pré-candidato oposicionista ao governo da Bahia, nas próximas eleições. Dissemos o obvio, mas vamos arriscar um pouco mais de longe: ele será eleito governador. Oposição e situação fizeram jogo de cena, no processo de escolha dos pré-candidatos, para anunciar o que já se sabia desde o início.
O objetivo foi manter os nomes dos pretendentes nos espaços midiáticos, em busca de visibilidade eleitoral, beneficiando, principalmente, os afetados por atuações medíocres como políticos. Os mass media cederam à manipulação e saturaram os canais jornalísticos com o enredo novelesco fabricado, com direito a “cenas do próximo capítulos”.
São partes do jogo os muxoxos de Marcelo Nilo e Geddel Vieira Lima, pois sabem que não têm ainda a largura exigida pela magna função de governador, como não a tem o desconhecido Rui Costa, poste que Jaques Wagner quer empurrar goela abaixo dos baianos. Ao meu amigo Marcelo restou disputar e perder a vice, ficando em patamar ainda mais baixo.
A Geddel, de bons palavrões, em ambientes fechados, mas também conhecido pela inteligência e arrojos políticos e administrativos, sobrou a dura disputa da vaga para o Senado, com Otto Alencar, ou uma nanica e suicida candidatura solo, já que muito lhe falta dos pré-requisitos de acesso, ainda que pelo voto, à mais alta magistratura do Estado.
Lembro-me dele em dois momentos, em Livramento: ao entrevistá-lo e numa promessa aos eleitores, quando era ministro da Integração Nacional. Perguntei-lhe se iria concluir o Perímetro Irrigado do Brumado, paralisado há mais de 20 anos. Com certa deselegância, permeou a resposta com a frase: “eu sou ministro do Brasil, não sou ministro apenas de Livramento” (http://www.mandacarudaserra.com.br/arquivo/2008/abril_2008.htm).
A promessa foi na inauguração do comitê eleitoral de Carlos Batista (2008), quando proferiu a sugestiva frase: “me entreguem Carlão prefeito e nós vamos fazer a nossa parte”. Foi-lhe entregue e ele não cumpriu a promessa (http://www.mandacarudaserra.com.br/politica/2008/politica_julho_2008.html).
Raimundo Marinho
Jornalista
Contrastando com o que fora, segundo relatos da época, os dias sombrios de abril de 1964, a Associação Bahiana de Imprensa (ABI) viveu hoje, 3 de abril, uma manhã calma, com depoimentos dramáticos, porém serenos, de jornalistas que passaram pela torturante experiência do Golpe Militar, com apoio civil, deflagrado no Brasil, em 31 de março de 1964, quando se instalou no país uma das mais cruentas ditaduras latino-americanas.
Jornalista Emiliano José: torturado no Barbalho |
Os depoimentos ocorreram na Mesa Redonda Imprensa e Censura, com a qual a ABI iniciou suas reflexões sobre os 50 anos do evento fatídico que durou 21 anos. Foram convidados para compor a mesa o fotógrafo Valter Lessa, o escritor Emiliano José, o professor Nelson Cerqueira e o ex-presidente da entidade Samuel Celestino. Mas falaram, também, João Eurico Mata, Agostinho Muniz e Romário Costa Gomes.
As falas giraram sobre a drástica censura à imprensa, perseguição, tortura e morte de adversários do regime, além da figura dos torturadores. O número de mortos é estimado em 500 mil, mas novas pesquisas sinalizam para número maior. A nosso ver, o testemunho mais comovente, mas objetivo, foi do ex-deputado Emiliano José, jornalista e escritor, autor de Lamarca – Capital da Guerrilha, coautoria com Oldack de Miranda, também jornalista.
R. Marinho, Samuel Celestino e Walter Pinheiro |
Emiliano começa narrando o ato da sua prisão e que foi introduzido, pelos militares, no forte do Barbalho, local da tortura, em Salvador, completamente nu. Passou pelo pau-de-arara, asfixia na água, choques elétricos e outras formas de sofrimento físico.
Ficou preso durante quatro anos e se considera um sobrevivente. Falou da frieza e sadismo dos torturadores e destacou um deles, que voltou algumas vezes para lhe pedir perdão. Enfim, foi apresentado um painel do horror que foram os chamados “anos de chumbo” da vida brasileira.
Em 1964, eu tinha 14 anos, estava no Ginásio (Ensino Fundamental II de hoje), em Livramento, com pouco acesso às informações. A boataria era grande e se dizia que os militares tomaram o poder para evitar o comunismo e que isso era bom para o país. Não nos foi esclarecido que, na verdade, foi deposto um governo constitucional, através de um golpe de estado.
A junta militar do governo provisório prometia eleições democráticas, mas acabou tomando o poder definitivamente. A crueza e dura realidade só vim conhecer em Salvador, para onde fui em 1971, em pleno governo do general Médici. Foi sob a égide da constituição ditatorial e do Ato Institucional n. 5, que cursei a Escola de Jornalismo (1972-1975) e de Direito (1979-1983).
A mesa redonda da ABI, coordenada pelo presidente da entidade Walter Pinheiro, foi um momento de lembranças, daquelas que fazem chorar, sobretudo diante da narração de episódios de censura aos jornais, como o que relatou Nelson Cerqueira, em que uma edição do então Jornal da Bahia circulou com os espaços da manchete em branco, pois a matéria fora retirada por um general, tarde da noite, quando não era mais possível colocar outra.
Raimundo Marinho
Jornalista
Apenas cinco dias após a paralisação de 28 de março último, os servidores públicos da Bahia voltam a ser convocados para outra parada de 24 horas, neste 2 de abril. Quem convoca é a Federação dos Trabalhadores Públicos do Estado da Bahia, que congrega as entidades de classe do segmento.
Nem foi divulgado o resultado do movimento anterior e outra parede é anunciada. Na pauta, reajuste salarial e a diferença da URV, que o governador Jaques Wagner não quer pagar. A APLB-Sindicato, dos profissionais da Educação, reforça a convocação e conclama os filiados a cruzarem os braços.
A decisão de parar ocorreu em assembleia no Ginásio dos Bancários, em Salvador. Na capital, haverá concentração na Assembleia Legislativa, a partir das 9h. O núcleo da APLB de Livramento informa que haverá reunião plenária, no Centro Pastoral Paroquial, a partir das 8h.
Os servidores têm razão de espernearem. Além dos baixos salários, são ignorados pelos governantes e por boa parte da sociedade. Talvez as entidades da classe devam abrir a pauta, tornando-a menos corporativa, para discutir, por exemplo, a qualidade da educação e a segurança pública.
A maioria das escolas está um caos, devido à má gestão, ao agravamento da indisciplina, da insegurança e à própria postura de docentes e gestores, que avacalham a própria profissão. É vergonhosa, por exemplo, a aprovação graciosa de alunos relapsos e faltosos, só para se verem livres deles.
É o que costuma acontecer, como em Livramento, no tal conselho de classe, criado em respeito a alunos dedicados, merecedores de uma segunda chance, mas foi transformado em algo indecoroso, que agride os critérios regimentais, para aprovar alunos só porque planta maracujá, trabalha na manga, é bom de bola ou toca na fanfarra da escola.