Comentário – 30.03.2012

Temas vitais são esquecidos

Raimundo Marinho

Jornalista

Livramento desenvolveu-se sem a correspondente intervenção do poder público, que historicamente tem se omitido em quase tudo que lhe cabia realizar. Refém de políticos sem expressão e oportunistas, vive de pedir e receber migalhas das esferas estadual e federal.

Cresce de forma desordenada e a função pública é usurpada por particulares, que se apropriam de bens de uso comum do povo e degradam o ambiente. Isso ocorre, por exemplo, com os recursos naturais e os espaços urbanos.

A gestão e uso da água passaram a ser privados, tornando-se uma ameaça para o ecossistema e a própria sobrevivência humana. Existe expansão artificial da demanda do líquido, devido à ganância financeira e à insensatez, ultrapassando a capacidade hídrica que é sabidamente restrita no semiárido.

O bioma da caatinga, uma raridade mundial, corre grave risco, representado pelas cerâmicas, para atender ao boom imobiliário experimentado pelo município, nos últimos anos. A agricultura irrigada é outro componente preocupante, ante o uso abusivo da água e a quantidade de agrotóxicos despejada no solo.

Na zona urbana, é escandalosa a omissão da gestão municipal quanto à aplicação do Código de Postura, sendo conivente com os abusos de construtores, que realizam todas as suas operações nas calçadas e ruas, as mesmas por onde circulam diariamente as autoridades municipais, incluindo o próprio prefeito.

Apesar da gravidade dos problemas, nenhum deles é posto para discussão neste momento em que se inicia o debate em torno das próximas eleições. Nenhum pré-candidato abordou a questão com a seriedade e firmeza exigidas. Isso nos leva a concluir que as soluções ainda estão longe de acontecer.

Preferem as picuinhas eleitoreiras. Mas é preciso debater aquelas e outras questões fundamentais, entre as quais, como já reprisado neste site, Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano, abastecimento de água, nova estação de tratamento de esgoto, e adução de água potável para aglomerados urbanos do interior.

E mais: recuperação e preservação dos monumentos históricos, preservação ambiental, polo educacional, anel rodoviário, outra via de acesso ao bairro Taquari, fiscalização e controle do uso do solo urbano, cumprimento do Código de Postura, correção na gestão da água para irrigação e conclusão do projeto do DNOCS.

E, ainda, reestruturação da educação, incluindo cursos pré-vestibulares e faculdade, pois é mais produtivo e mais barato para famílias e poder público que os jovens estudem no próprio município, além de gerar empregos; e a modernização da saúde, com maternidade e novo hospital, por exemplo.

Por que os políticos e os gestores fogem deste debate?

Estiagem – 26.03.2012

Livramento incluído na
situação de emergência”

O governador da Bahia, Jaques Wagner, decretou “Situação de Emergência” em 158 municípios, entre eles Livramento de Nossa Senhora, devido à longa estiagem que vem castigando quase todo o estado, com reflexos altamente negativos para a economia e a população. A medida permitirá a adoção de providências mais rápidas e com menos burocracia para o socorro às regiões atingidas.

Desde 2011, o índice de chuvas nas regiões afetadas está longe do esperado e a situação tende a se agravar. Em Livramento, são atingidas as áreas fora do projeto de irrigação do DNOCS, mas o quadro geral exige atenção. O nível da barragem Luis Vieira, que supre o projeto, já chegou ao mínimo. A própria Embasa anunciou o racionamento de água para abastecimento humano.

Mas as práticas de gerenciamento da água no município contrariam as versões de falta d’água, pois grandes volumes continuam sendo liberados pela barragem, mesmo estando com a reserva em nível crítico. Em 22 de dezembro de 2011, o prefeito municipal baixou decreto prorrogando a “situação de emergência” decretada em 26 de julho daquele ano, alegando agravamento da estiagem. Mas a vigência deste decreto, que era de 60 dias, já estaria esgotada.


Boaventura – 26.03.2012

Estudantes criticam falta
de cuidado com a água

Jaques Wagner fez coincidir a data do decreto emergencial com o “Dia Mundial da Água”, 22 de março. Neste mesmo dia, diretores, professores e estudantes do Colégio Estadual Edivaldo Machado Boaventura, de Livramento de Nossa Senhora, fizeram melhor, promovendo uma reflexão sobre a grave questão da água, que se tornou preocupação no mundo todo.

Explanaram sobre temas como doenças que podem ser contraídas através de água contaminada. Lembraram os dois principais rios que cortam a cidade (Brumado e Taquari), hoje contaminados e mortos por dejetos sanitários. E denunciaram que a água da nascente do Rio Taquari, na Serra das Almas está sendo sugada, de forma ilegal, para sistemas empresariais de irrigação, ameaçando o consumo humano.

Falou da necessidade de se economizar água, principalmente pelos poços artesianos, que ameaçam secar o lençol freático, destacando que os poços perfurados são tantos, na zona rural, que o solo já virou uma “tabua de pirulito”, de tantos buracos. A manifestação dos estudantes foi em forma de texto, cartazes, contendo poesias, paródias; além da dança e do canto.



Literatura – 22.03.2012

A história de Livramento na
visão do cordel de Ester Lígia

A professora Ester Lígia Machado Almeida lançou ontem (21), no Centro Diocesano de Livramento, o seu sexto livro de cordel, intitulado “Livramento de Nossa Senhora – Oásis do Sertão Baiano”, publicado com o apoio cultural da prefeitura municipal.

Segundo a autora, a obra trata da história e da memória do município de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, desde sua fundação e colonização, mostrando as tradições locais, cultura, economia, filhos ilustres, famílias e os modos de viver e fazer do seu povo.

Acrescentou que o trabalho faz parte do “Projeto Um Cordel Para Livramento”, classificado em 6º lugar na seleção local e 82º na etapa nacional do “Prêmio Mais Cultura de Literatura de Cordel – Edição 2010-Patativa do Assaré”, promovido pelo Ministério da Cultura.

O “Encontro Literário” em que se deu o lançamento teve, ainda, a “Exposição de Arte em Papel Machê”, do artista plástico Pedro Souza, de Rio de Contas. Ele possui vasto e elogiado acervo, destacando-se bonecos gigantes e as tradicionais máscaras utilizadas no carnaval.

Ele começou a carreira em 1987 e já possui obras espalhadas pela maioria das cidades da Chapada Diamantina, além de cidades maiores como Vitória da Conquista e Salvador. Em Livramento, ele presta orientação técnica aos integrantes do Pró-Jovem e do CAPS.

Patrono da chuva – 20.03.2012

Comunidade do São José
festeja dia do padroeiro

(Fotos cedidas pelo Blog da Paróquia de
Nossa Senhora do Livramento)

Os moradores do bairro São José, em Livramento de Nossa Senhora, Bahia, ao lado de visitantes, festejaram ontem (19) o dia do padroeiro, com uma missa solene, debaixo de chuva, celebrada pelo bispo Dom Armando Bucciol. Foi como se o santo operasse o milagre da esperança, pois, segundo a crença popular, se não chove até o Dia de São José, a previsão é de que o ano será de muita seca.

A força da devoção ao santo e, talvez a alegria diante do bom sinal da chuva, fizeram com os fiéis não arredassem pé do local da missa, que é celebrada na rua, pois a igreja do santo ainda não foi construída. Os fiéis se abrigaram sob guardas-chuva e sombrinhas, formando um pelo espetáculo, tanto no visual quanto na demonstração de fé.

Na homilia, Dom Armando lembrou o exemplo de pai que foi São José e conclamou os pais livramentenses a se dedicarem mais aos filhos, lembrando que essa responsabilidade, apesar de ser do casal, acaba ficando quase que somente com as mães. Tocou na consciência de muitos, pois destacou a importância dos genitores na educação e no carinho aos filhos.

Que a saúde se difunda sobre a terra!”

O canto de entrada da celebração foi uma referência ao tema da Campanha da Fraternidade 2012:

Ah! Quanta espera, desde as frias madrugadas, pelo remédio para aliviar a dor!/Este é teu povo, em longas filas nas calçadas, a mendigar pela saúde, meu Senhor!/Ah! Quanta gente que, ao chegar aos hospitais, fica a sofrer sem leito e sem medicamento!/Olha, Senhor, a gente não suporta mais, Filho de Deus com esse indigno tratamento!/Tu, que vieste pra que todos tenham vida; Cura teu povo dessa dor em que se encerra; Que a fé nos salve e nos dê força nessa lida, E que a saúde se difunda sobre a Terra!”.

Política – 19.03.2012

PR oficializa apoio a Ricardinho

A reunião do PR ocorreu no plenário da Câmara de Vereadores

O diretório municipal do Partido da República (PR) de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, reuniu-se ontem (18) e oficializou o apoio da legenda ao pré-candidato a prefeito, pela situação, Ricardo Ribeiro, o Ricardinho (PSD). Em nota para a imprensa, o partido informa ainda que lançou 14 pré-candidaturas à Câmara de Vereadores, mas os nomes não foram citados.

Acrescenta que “os membros do PR enalteceram a condução do partido, presidido na Bahia pelo ex-senador César Borges, a quem elogiaram pela postura e liderança”. Também definiu as linhas de atuação partidária neste ano eleitoral. O diretório é presidido pelo jovem Lucas Spínola, filho do prefeito Carlos Batista. Segundo ele, “o PR possui excelentes quadros e está preparado para eleger vereadores e ter papel importante na eleição deste ano”.

Entre os integrantes da legenda, em Livramento, estão a primeira-dama e secretária de Governo Suzete Spínola, o ex-vereador e empresário Clarismundo Pires, o diretor do Colégio Estadual João Vilas Boas e presidente da Liga Desportiva Jânio Soares, o gestor do Programa Bolsa Família Marilúcio Marques (Ginga), os ex-vereadores Jorge Lessa Pereira (Caiau) e Edivaldo Cotinguiba (Divardo), e o secretário de Esportes Osvaldo Porto (Badim).

A notícia do PR revela a esperançosa disposição das legendas pequenas de participaram da próxima eleição e traz a constatação de que em política tudo acaba se harmonizando. Por exemplo, o presidente do PR é o ex-governador e ex-senador Cesar Borges e o presidente do PSD de Ricardinho é o ex-deputado e vice-governador Otton Alencar, ambos ex-caciques do carlismo.

Mesa-Redonda – 18.03.2012

Diocese inaugura debate
sobre saúde e fraternidade

A Diocese de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, iniciou as ações práticas em torno do tema da Campanha da Fraternidade 2012 com uma “Mesa-Redonda”, no último dia 16, em que participaram autoridades da saúde, religiosos e muitas pessoas da comunidade local e de municípios vizinhos. O tema da Campanha, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), é A Fraternidade e Saúde Pública, sob o lema Que a Saúde se Difunda sobre a Terra, tirado de um dos livros da Bíblica, o Eclesiástico (38, 8).

O público foi pequeno, mas formado por pessoas realmente determinadas a ouvir e debater a questão com profundidade, tornando a reunião bastante produtiva. O objetivo da campanha, segundo a CNBB, é “sensibilizar a todos sobre a dura realidade de irmãos e irmãs que não têm acesso à assistência de saúde pública condizente com suas necessidades e dignidade”.

Ao abrir o encontro, no Centro Diocesano, o bispo Dom Armando Bucciol, que coordenou o evento, disse que o debate sobre a CF 2012 deverá acontecer em todas as paróquias da Diocese, lembrando que é um convite da Igreja do Brasil para que todos reflitam sobre o problema da saúde pública em nosso país.

FORMAÇÃO DA “MESA-REDONDA”

A “Mesa- Redonda”, que teve como mediador o jornalista Raimundo Marinho, foi composta ainda por Pe. Nicivaldo de Oliveira Evangelista, especialista em Bioética; Carla Patrícia Araújo Bonfim, Secretária da Saúde de Rio de Contas; Dulcemária Assunção Tanajura, representando a Secretaria da Saúde de Livramento; Gilson Cruz Oliveira, médico especialista em ultrassonografia, ginecologia e obstetrícia; Cristiana Oliveira, médica especialista em ultrassonografia, ginecologia e obstetrícia; Carlos Roberto Souto Batista, médico e prefeito do município de Livramento de Nossa Senhora.

Introduzindo os debates, o padre Nicivaldo Evangelista lembrou que o cuidado com as pessoas doentes tem origem nas próprias ações da Igreja, como gesto de caridade. Somente muito tempo depois é que se tornou um direito do cidadão assegurado Estado, destacando que acabou sendo transformado em uma concorrida atividade comercial.

O padre informou que a Igreja traz para o debate uma questão importante, que é a vida. E que o objetivo da campanha é discutir e difundir a questão da saúde. Considerou contraditório que um país como o Brasil, que ocupa a sexta posição entre as maiores economias do mundo, esteja no octogésimo quarto lugar em IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).

Diante disso, indaga sobre quais são as cobranças que devemos fazer e se os conselhos municipais de saúde funcionam, na sua obrigação de ouvir a comunidade e fiscalizar as ações públicas? Pede que o Estado cumpra a sua parte e “a nossa caridade e solidariedade não serão anuladas”.

SUS E MEDICINA PRIVADA

O moderador da Mesa, Raimundo Marinho, externou sua visão em torno da saúde pública, dizendo que “estaremos sempre a brigar com a questão da saúde, pois doença versus saúde é um embate que não acaba”. Para ele, o Estado, que deveria ser o guardião da saúde, é um dos fomentadores das doenças, ao omitir-se na função de evitar, por exemplo, o lançamento de resíduos contaminantes na natureza.

Para o jornalista, o que dificulta a boa atuação do SUS é a falta de vontade política, de prioridade para a saúde pública e, principalmente, a concorrência do sistema com a medicina privada. Ele acha que há interesses capitalistas que fazem com que o Estado ceda aos lobbies para que a saúde pública não desenvolva, a fim de favorecer a medicina empresarial privada. Citou que dos gastos com a saúde, no Brasil, o Estado paga apenas 47% e a população paga 53%, enquanto que em países desenvolvidos essa relação é de 70% (Estado) e 30% (população).

Raimundo Marinho considerou que o descaso para com a saúde pública pode ter relação com o fato de a maioria dos que demandam tais serviços serem de pessoas pobres, sem condições de reivindicar seus direitos. Falou do seu receio de que, no futuro, esta parcela da população seja considerada apenas causadora de gastos e economicamente descartável, assim como temeu a escritora francesa Viviane Forrester, no livro O horror Econômico, referindo-se à França.

FILAS E MAU ATENDIMENTO

O foco dos debates na “Mesa-Redonda” foi o Sistema Único de Saúde” (SUS), cujos princípios e propostas foram considerados de primeiro mundo, mas sem funcionar na prática, sendo causa de grandes filas e mau atendimento, na rede pública de saúde. Isso foi unanimidade entre a plateia e os debatedores.

Uns dos mais demandados com perguntas foi o prefeito de Livramento, Carlos Batista, que reconheceu as falhas do sistema, mas ressalvou que ainda é “o grande pagador dos serviços públicos de saúde em nosso país”, frisando que “todos os programas da área de saúde são mantidos pelo SUS”.

Questionado sobre a qualidade da saúde pública no município de Livramento, incluindo a nota baixa dada pelo SUS (4,23), o prefeito não negou as precariedades, mas garantiu que deixará o município melhor do que encontrou. Lembrou que ao assumir a gestão, em 2005, até lençol faltava nos leitos do hospital local.

Sobre a possibilidade de se ter uma UTI no Hospital de Livramento, disse que a maior dificuldade são os custos dos equipamentos e para atrair profissionais habilitados. Mas informou que a “sala de estabilização” instalada em sua gestão “já salvou muitas vidas”.

SUS: VILÃO E HERÓI

Nos depoimentos, houve poucas defesas e muitas críticas ao SUS. A advogada Carla Patrícia Bonfim, secretaria da Saúde de Rio de Contas, por exemplo, foi uma das defensoras, dizendo que “o SUS tem falhas, mas é um programa de uma grandeza surpreendente. Não funciona como devia, mas é necessário”.

Para a representante da Secretaria de Saúde de Livramento, Dulcemária Tanajura, “a saúde pública no Brasil está melhorando, com a conscientização da prevenção”, citando que “hoje existem programas públicos que atendem as pessoas carentes, com formação para agentes de saúde”. Lembrou “que os profissionais precisam trabalhar com amor”.

A médica Cristiana Oliveira lembrou que, para a OMS (Organização Mundial da Saúde), “a saúde é um estado de bem-estar físico, mental e social”, que não é só falta de doença, mas, de forma muito mais abrangente, é o bem-estar da pessoa. Para ela, “se todos os programas funcionassem como deveriam, seria uma maravilha. O nosso dever é cobrar e lutar por uma saúde melhor”. Defendeu mais investimentos no setor da saúde pública.

O médico Gilson Oliveira disse que “o SUS, na prática, não é uma maravilha. O atendimento é complicado, burocrático. Nosso país é imenso para trabalhar com esse programa, que é muito complexo. Precisa-se de uma capacitação de forma geral para os profissionais da saúde. Faltam também fiscalização e melhoria de equipamentos”. Para ele, “o problema não é quantidade, mas qualidade”.

FALTA HUMANIZAÇÃO

Havia muitos padres da Diocese na plateia, que enriqueceram os debates. Padre Idérico destacou como os piores problemas do setor, a corrupção que existe na gestão pública, envolvendo a saúde, e a falta de interesse dos médicos em atender em comunidades de difícil acesso do sertão baiano, por exemplo.

Questão importante foi levantada, também, pelo Padre Ademário, da Paróquia de Livramento, ao dizer que “falta humanização no cuidado com a saúde e maior cuidado com as pessoas por parte dos médicos”.

O Padre Gilberto lembrou que “o SUS foi criado pela luta da sociedade, mas que a luta maior é conscientizar as pessoas dos seus direitos. Disse que a missão do PSF (Programa Saúde da Família) é muito importante, mas faltam profissionais disponíveis. Os agentes de saúde são insuficientes para atender a população”.

ENCONTRO COM DEUS

O mediador Raimundo Marinho, encerrando as falas, aproveitou para lembrar que o texto-base da Campanha da Fraternidade 2012 faz um apelo à espiritualidade. Para ele, esse destaque faz sentido, pois “à medida que homem evolui tecnologicamente, parece que se distancia cada vez mais de Deus” e “que a procura constante da humanidade e a humanização tão desejada, exigem o encontro incondicional com Deus”.

O evento, com duração prevista de hora e meia, estendeu-se, animadamente, por quase três horas. Ao encerrar, Dom Armando Bucciol agradeceu a participação de todos, desejando que os debates ali ocorridos sirvam de reflexão e produzam efeitos multiplicativos na comunidade.

Em seguida, provocados e puxados, de surpresa, pela professora Márcia Oliveira, todos saíram para um lanche, cantando a música de Roberto Carlos “É Preciso Saber Viver”.

Abastecimento – 15.03.2012

Embasa começa a racionar
oferta de água em Livramento

O escritório local da Empresa Baiana de Água e Saneamento (EMBASA) avisou, ontem, dia 14, através de “carro de som”, o início do racionamento de água na cidade de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, alertando que o fornecimento passa a ser feito em dias alternados, por tempo indeterminado. O motivo seria a falta d’água, acrescentando que a ação só será suspensa “quando chover”.

A medida surpreende por não ter havido qualquer alerta anterior e pelo fato da cidade ser abastecida pelo Rio Brumado, cuja vazão é controlada pela Barragem Luiz Vieira (foto), que supre projeto de irrigação do DNOCS existente no município. O critério de uso da água dessa barragem inclui a manutenção de uma “reserva ecológica”, que tem entre as finalidades garantir água para o consumo humano.

O manancial, porém, está abaixo do nível crítico, devido à liberação irregular de água, para irrigar lavouras plantadas acima da capacidade hídrica disponível. Se a EMBASA necessitou racionar o fornecimento é porque a chamada “reserva ecológica” não foi respeitada, o que sempre costuma ocorrer em períodos de longa estiagem, pela violação das regras de gestão do produto.

Além disso, o sistema de abastecimento está obsoleto e foi detectada uma defasagem de 30%, desde 2005, pela Agência Nacional da Água, que sugeriu um projeto de atualização, com folga até 2025, orçado à época em R$722.355,00. O projeto previa ampliação da captação e da estação de tratamento, bem como a duplicação da adutora, mas os gestores municipais não deram a devida atenção.

Tolas disputas – 14.03.2012

Impactos do minério de ferro
em Livramento já começaram

O primeiro impacto da iminente exploração de uma jazida de minério de ferro, em Livramento de Nossa Senhora, Bahia, foi o mais tolo e bizarro possível, que é a disputa pela paternidade da vinda do projeto para o município. O minério está lá há milhões de anos e ninguém tinha visto, as tratativas para viabilização da extração já duram meses e ninguém se dignou a informar a população sobre o que estava acontecendo.

Mas bastou o governo estadual divulgar a assinatura do protocolo de intenções com a mineradora australiana, anunciada anteontem (12), para os dois chefes políticos locais iniciarem a briga surda pela autoria do acontecido. Primeiro, o ex-prefeito Emerson Leal, fez a sua propaganda através de uma emissora de rádio livramentense, assumindo a liderança do processo, através da Superintendência de Desenvolvimento Industrial e Comercial (Sudic), da qual é presidente.

No dia seguinte (13), foi a vez do prefeito Carlos Batista “colher os louros da vitória”, divulgando seus feitos a favor do evento no site da Prefeitura Municipal. Ambos ignoraram que a notícia já havia sido divulgada para a imprensa e o Diário Oficial, pela Assessoria de Comunicação do Governo do Estado, dando conta da assinatura do tal “protocola de intenções”, não fazendo qualquer menção à Sudic ou à Prefeitura de Livramento, nem aos dois caciques.

IMPACTOS AMBIENTAIS

Os impactos mais graves, porém, estão por vir, que serão os efeitos da mineração no meio ambiente e, por via de consequência, na saúde da população. É evidente que a extração de minérios da natureza é um dos principais itens econômicos com que lidam as nações, cujos efeitos benéficos são a geração de riqueza, de emprego e o consequente aumento da renda da população.

Mas isso tem um custo ambiental e sanitário elevado, que se espera sejam cobrados dos que atualmente estão se apressando em se apresentar como padrinhos do empreendimento. Isso foi muito bem lembrado pelo internauta que se identificou como José Sinval (Blog Mural de Notícias), dizendo que “Os impactos ambientais vão ser devastadores. Logo vai começar a surgirem as contaminações por chumbo e mercúrio”.

E acrescenta “Vão acabar com uma serie de espécies de animais e plantas. Os rios vão ser aniquilados, toda população do entorno, vai ter sérios problemas com ruído, devido as explosões. Vão surgir as doenças respiratórias graves. Principalmente nas crianças”. E resume o currículo que o autoriza a dizer isso: “Sou especialista no assunto, tenho pós-graduação em gestão ambiental e varias especializações em riscos ambientais”.

É bom os políticos prestarem atenção, acalmar a euforia de véspera de eleição e ir devagar com o andor, pois o citado internauta não está sozinho. O professor de Engenharia Ambiental da PUC-Rio, pós-graduado em Gerenciamento Ambiental pela Universidade de Tufts (EUA) e mestrado em Engenharia Urbana e Ambiental da Universidade de Braunschweig (Alemanha) e da PUC-Rio, Carlos Gabaglia Penna, também não tem boas notícias a respeito.

Em artigo publicado via internet, ele afirma que “Os minérios, tanto metálicos como não metálicos, são utilizados, como é sabido, em uma infinidade de produtos humanos, da construção civil a bens industriais. No entanto, como a mineração em geral trabalha bem distante das cidades, poucas pessoas se dão conta dos seus extraordinários impactos ambientais”.

Em seguida, mostra uma tabela com exemplos de índices de resíduos deixados pela mineração no meio ambiente, na exploração do ferro, cobre e ouro. No caso do minério de ferro, o de melhor aproveitamento, 60% da produção vira lixo. E todo o descarte, com seu potencial de degradação e danos à saúde, é lançado no meio ambiente.

Clique aqui para ler o artigo>>

 

Minério de ferro – 13.03.2012

Multinacional terá unidade
em Livramento e poderá
gerar 850 empregos

A Secretaria Estadual de Comunicação Social informou que o Governo da Bahia assinou, ontem (12), protocolo de intenções com a empresa Cabral Mineração, subsidiária da australiana Cabral Resources, para a exploração de minério de ferra na região de Brumado, com investimentos da ordem de 2,2 bilhões de dólares.

O projeto terá forte impacto econômico e social na área, especialmente no município de Livramento de Nossa Senhora, que terá uma unidade da empresa para fabricar concentrado de ferro, capaz de produzir 15 milhões de toneladas por ano.

O produto já estaria antecipadamente contratado pela China, para produção de aço. A previsão é de que comece a operar em 2015, devendo gerar cerca de 850 vagas de emprego. A jazida estaria em área conhecida como Serra do Gergelim, próxima à Vila de Iguatemi.

Este seria o primeiro investimento da multinacional fora do seu país. Segundo Bruno Ribeiro, diretor da subsidiária brasileira, ao escolher o País, “Levamos em consideração a geologia, o interesse do governo brasileiro e o risco soberano baixo”.

A presença da mineradora na região vem gerando grande movimentação nas cidades de Brumado e Livramento, devido à procura de vagas em hotéis. Pelo menos dois ônibus têm sido usados para o transporte de trabalhadores para um hotel em Livramento.

Chamada – 11.03.2012

 

TÕEZINHO! “O maior atleta que já existiu em Livramento”. Leia artigo da professora Maria Teresinha Meira Lima. Clique aqui>>

 

 

 

Chamada – 11.03.2012

ANIVERSÁRIO Alunos, professores, funcionários e diretores comemoraram, dia 9, os 10 anos de existência do Centro Educacional Humberto Leal, no Bairro Benito Gama, em Livramento de Nossa Senhora, Bahia. Clique aqui e confira!

 

 

 

Abaixo da média – 10.03.201

Município de Livramento tem
nota 4,23 em avaliação do SUS

O desempenho do Sistema Único de Saúde (SUS) ficou abaixo da média, com a nota 4,23, na escala de zero a 10, em Livramento de Nossa Senhora, Bahia, durante o ano de 2011. A avaliação, feita pelo Ministério da Saúde, abrange todos os municípios brasileiros e a maioria, como Livramento, também se situou abaixo da média.

Trata-se do IDSUS (Índice de Desempenho do SUS), indicador que diz fazer uma aferição contextualizada de desempenho, quanto à efetividade do acesso da população aos serviços chamados de atenções básica, ambulatorial, hospitalar e das urgências e emergências, nas unidades de saúde espalhadas pelo Brasil.

Os dados indicam que os serviços de saúde prestados à população, pelo SUS, são muito ruins, onde se inclui Livramento de Nossa Senhora. Para o Ministério da Saúde, o IDSUS é um importante subsídio à disposição dos gestores públicos realmente interessados em melhorar esses serviços em suas regiões.

DÚVIDA SOBRE OS MELHORES

Secretária Nádia Cristina Dias Cezar (Foto: Site Prefeitura)

A divulgação do IDSUS ocorre justo quando a empresa privada catarinense MS Brasil Congressos Feiras e Eventos anunciou a premiação dos 100 melhores secretários municipais de saúde do Brasil, escolhidos por ela mesma, entre os quais está a secretária de Saúde de Livramento, Nádia Cristina Dias Cézar.

Nesse tipo de promoções, geralmente é exigido do homenageado o pagamento de uma taxa de inscrição, “para ajudar nas despesas do evento”, cujo valor costuma ser tão alto que, em muitos casos, parece que o título está sendo vendido, independente de mérito.

Ao noticiar o fato em seu site, a Prefeitura de Livramento não menciona a MS Brasil, mas repete a justificativa que ela apresenta em todos os municípios, de que a escolha deve-se à atuação pessoal dos homenageados e que a análise obedeceu a parâmetros do Sistema Único de Saúde (SUS).

Sendo assim, pode ocorrer que os melhores, como em Livramento, com nota 4,23 do IDSUS, estão abaixo da média. E se os melhores estão nessa situação, confirma-se o que se tem divulgado: a saúde pública nos municípios deixa a desejar. Outra indagação: por que se premia o servidor e não o município?

A secretária livramentense Nádia Cristina é considerada profissional séria e competente e não se duvida que mereça o prêmio, mas precisa explicar a nota baixa do IDSUS. O prêmio Qualidade e Excelência na Saúde Pública será entregue no Encontro Nacional de Secretários da Saúde, em Florianópolis, de 15 a 18 deste mês.

REALIZAÇÕES DA PREFEITURA

A gestão municipal de Livramento relaciona várias realizações na área da saúde, como a melhoria do Hospital (dois médicos plantonistas, cirurgião, anestesista, eletrocardiografia, exames de laboratório nas emergências e urgências, sala de estabilização, obstetrícia, pediatria, ultrassonografia, radiologia) e informa que a unidade faz 100 atendimentos diários de emergência, 20 cirurgias semanais e 30 atendimentos diários na enfermagem.

Além do hospital, que diz ser referência entre municípios vizinhos, cita nove equipes do PSF, SAMU 192, Centro de Especialidades Odontológicas, Central de Marcação de Consultas, Controle da Hipertensão Arterial e Diabetes, Policlínica, Farmácia Básica, Almoxarifado, Laboratório de Análises Clínicas, Central de Abastecimento Farmacêutico, Vigilância Epidemiológica, programas Saúde da Família e Saúde da mulher.

Vila Iguatemi – 09.03.2012

Queixas contra falta de
manutenção de estradas

Está faltando manutenção nas estradas municipais da região da Vila Iguatemi, em Livramento em Livramento de Nossa Senhora, Bahia, conforme relato e fotos enviadas por um morador, que pediu para não ter nome publicado. As vias são carroçáveis, mas com intenso tráfego de automóveis, inclusive para acesso à sede do município, a cerca de 60 quilômetros.

A principal queixa refere-se a buracos e ausência de compactação de vários trechos das estradas, fazendo com que o tempo de viagem seja triplicado. Em caso de emergência, aumentam a angústia e o sufoco dos moradores, sem falar nas avarias que costumam ocorrer nos veículos.

Os moradores dizem que a última manutenção foi há mais de quatro anos. A precariedade é geral, mas os piores trechos são Amoreira-Iguatemi e Arrecife-Lagoa das Canas. Há pouco tempo, a Prefeitura adquiriu patrol para essa finalidade, mas seu uso vem sendo disputado por vereadores da situação, para atender seus redutos eleitorais.



Dia da Mulher – 09.03.2012

A homenagem das crianças

Os alunos da Escola Municipal Rômulo Galvão, em Livramento de Nossa Senhora, Bahia, realizou, ontem, uma carinhosa homenagem às mulheres, no dia internacional a elas dedicado. Houve um ato especial, na própria unidade, durante o qual todas as turmas apresentaram trabalhos alusivos às homenageadas. Foram momentos de muita emoção e criatividade, que fizeram parte, também, do processo de socialização dos alunos, com a participação de diretores, professores e demais funcionários.

LEMBRANDO ORIGEM DA DATA

O Dia da Mulher transformou-se em poesia, mas sua origem não foi nada romântica. Em 8 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos de Nova Iorque (EUA) paralisaram suas atividades, reivindicando melhores condições de trabalho, como redução da jornada de trabalho de 16 para 10 horas por dia e equiparação aos salários dos homens, que ganhavam até três vezes mais.

A greve foi reprimida violentamente e as mulheres trancadas na fábrica, que foi incendiada. Estima-se que 130 delas morreram carbonizadas. Mas o Dia Internacional da Mulher somente veio a ser criado em 1910, em homenagem àquelas tecelãs mortas, e a data só foi oficializada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1975.

Homenagem – 08.03.2012

DIA DAS MULHERES

Oito de março é o “Dia Internacional da Mulher”. Será como são lembradas? Como pessoas? Objetos sexuais? Mão-de-obra mais barata? Consumidora? Ou uma simples classe? É quase certo que os homens ainda cometem o erro espiritual de passar por cima das mulheres em tudo.

O autoritarismo de antes deu lugar às sutilezas da enganação e da discriminação de hoje, não raro aproveitando-se da facilidade com que elas choram, da entrega com que amam e da dificuldade com que deixam de amar.

Algumas também incorrem em falhas, quando cedem ao machismo, talvez induzidas pelo processo cultural que se tenta preservar. Os homens também esquecem que o mundo precisa ser olhado pela candura dos olhos de uma mulher.

Nesse caso, seria bom se elas colaborassem, por exemplo, evitando se cobrir com as cores de uma lente de contato, no sentido real e no simbólico. Mesmo em meio à turbulência da vida, é sempre bom parar para sentir o perfume de uma mulher, na simbologia e na realidade das emanações físicas.

Isso a química dos desodorantes ainda não conseguiu abafar. É um sentir agradável, como o deitar no colo da mãe. Das mulheres, há muito a sentir, e a docilidade que exprimem é suficiente para vencer as tolices machistas. São muitas as que deixam marcas em nosso viver e em nosso emocionar.

Nos marcam pelos sorrisos, pelos olhares, gestos, posturas de vida e até pela zanga com que nos respondem. Tudo começa com aquela que nos gerou, como D. Maria, de quem preservo a memória maternal dos primeiros passos em direção a ela e da primeira palavra, dizendo-lhe “mãe”.

São tantos os registros. Cada qual de nós tem imagens e expressão de mulheres a evocar. De afetos íntimos ou de saudáveis amizades, onde se incluem as esposas, as namoradas, as filhas e tantas outras.

E você aí, nos ouvindo, tente trazer para suas lembranças, agora, as mulheres do seu coração, do seu amor e também dos seus desamores. Estou certo de que está sentindo um desejo enorme de perdoar ou de pedir perdão, de tantas que se foram, que só levaram as recordações.

Há as mulheres que nos abrem o coração, nos convida a entrar e nos coloca entre o Céu e a Terra, fazendo-nos sentir, ao mesmo tempo, a pequenez do homem e a grandeza de Deus, sob a leveza da paz e o encanto de uma paixão.

Felizes os poetas que as cantam de modo maravilhoso, as feias e as bonitas, capazes de ver encanto em detalhes mínimos, ainda que singelos como os cabelos molhados ou os olhos tristes, dos quais rolam lágrimas ante a mais tola emoção.

O certo é que dependemos todos delas: esposas, namoradas, companheiras, filhas. Das alegres, tristes, tímidas, magras, gordas, altas, pequeninas, chorosas, birrentas, dóceis. São todas mulheres, são todas meninas. São o símbolo das nossas esperanças!

(SANTOS, Raimundo Marinho dos. Hora do Ângelus, PENSARES
PARA REZAR - Livramento de Nossa Senhora - BA: 2011)

JESUS E AS MULHERES

No tempo de Jesus, as mulheres sofriam severas restrições em seus direitos. Em geral, não tinham direitos. Eram consideradas objetos do homem. Tanto que o 9º mandamento, no texto original, dizia:

Não cobiçarás a casa do teu próximo, nem a mulher do teu próximo, nem seu escravo, nem sua escrava, nem seu touro,...” (BÍBLIA, Êxodo 20:17). Jesus Cristo escandalizava as lideranças religiosas da época, ao pensar e agir de maneira diferente. Valorizava as mulheres e pregava ostensivamente a igualdade entre os seres humanos, derrogando preceitos antigos que desqualificavam o sexo feminino e tratavam a mulher como escrava.

Em algumas passagens dos evangelhos, isso fica explícito, como as que falam da “Mulher Adúltera” e da pecadora que ungiu os pés de Jesus. Certa ocasião, Jesus se encontrava em um templo, na cidade de Jerusalém, e lhe trouxeram uma mulher, acusada de cometer adultério.

Os acusadores lembraram a Jesus que Moisés os havia determinado que, em caso de adultério, a mulher deveria ser apedrejada e morta. E Ele, Jesus, o que dizia?, perguntaram. Na verdade, estavam cheios de más intenções, pouco se preocupando com a Lei de Moisés. Mas Jesus, que lia seus pensamentos, respondeu:

Se foi isso, então, que Moisés disse, aquele de vocês que estiver sem pecado que comece a atirar as pedras contra ela”. Ao ouvir isso, eles foram saindo, um a um, desistindo de condenar a mulher. Então, Jesus dirigiu-se a ela e disse: “Nem eu também te condeno. Vai-te e não peques mais” (BÍBLIA, João, 8, 7-11).

A outra mulher é identificada como “Maria de Magdala” ou Maria Madalena, mas muitos negam essa identificação. Ela teria sido uma prostituta e se aproximou de Jesus quando este se encontrava na casa de um fariseu, para fazer uma refeição, conforme relato do evangelho de São Lucas, que diz:

E eis que uma mulher da cidade, uma pecadora, sabendo que Ele estava à mesa em casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com ungüento.” (BÍBLIA, Lucas, 7, 36-47). Segundo o evangelista, ela lavou os pés de Jesus com as próprias lágrimas, enxugado-os com os cabelos. Em seguida, ungiu-os com o óleo.

Houve um murmúrio entre os presentes, que diziam ter Jesus permitido aquele ato por não saber que a mulher era uma pecadora. Ele sabia, sim, e ainda lhe disse: “teus pecados estão perdoados!”

Os relatos sobre as que procuraram Jesus são sempre de mulheres que, aos olhos do mundo, eram de algum modo estigmatizadas e rejeitadas. Ele acolheu a todas, lhes oferecendo uma vida nova.

(SANTOS, Raimundo Marinho dos. Hora do Ângelus, PENSARES
PARA REZAR - Livramento de Nossa Senhora - BA: 2011)

Artigo – 07.03.2012

Gente é que encantais!

Raimundo Marinho

Jornalista

É unânime o dizer que a educação no Brasil chegou ao fundo do poço, embora não seja exclusividade brasileira, tornando-se mais crítico nos últimos 30 anos. Começou, de fato, no período ditatorial, invadindo a fase democrática, a partir de 1986. E toda sorte de absurdos acontece no fundo desse poço.

Os absurdos incluem bizarrices como exibição, por alunos, da genitália em sala de aula, palavrões dirigidos aos mestres, violência física e até casos de morte. A porteira foi aberta quando a corrupção dominou o Estado, passando-se a fomentar a ignorância para facilitar a locupletação.

O marco do sucateamento é a degradação física do sistema escolar, com aviltamento do salário dos educadores, que sentiram na pele, mas não reagiram. Chegaram a propalar o negro humor do slogan “o Estado finge que paga, a gente finge que ensina e o aluno finge que aprende!”.

Faltou ser acrescentado e “os pais fingem que não vêem”. Vê-se, então, que se trata de um poço muito bem cavado. Tudo conspirou a favor do Estado corrupto, cujos representantes estimularam o surgimento, em grande escala, de escolas particulares, para os filhos estudarem, à custa de todos nós.

Foi tão bom para eles que fazem tudo para assim permanecer. Os remanescentes da escravidão e egressos de escolas públicas foram engabelados com cotas de ingresso na universidade, bem mais barato do que oferecer estruturas dignas e capazes de resgatar essas populações.

Autoria e indícios de materialidade dos crimes perderam-se no tempo. Os culpados se refugiam no nome fantasia “Estado”. Os pais, no fogo cruzado e sem visão suficiente para enxergar o Estado, culpam os professores. Os professores, entre a cruz e o emprego, culpam os pais.

E os alunos querem que tudo seja varrido de suas vidas: pais, professores e Estado. Muitas vezes, o professor do aluno que exibe a genitália em aula é o mesmo que vota pela aprovação graciosa, dando o conselho, fora da classe: “Reprovar pra que, só vai dar mais trabalho pra nós”.

Assemelha-se a uma cavalgada de búfalos ou de cavalos, às tontas, em que, salvo exceções justas, os compromissos de gestão educacional e ou de ensinar há muito foram quebrados. De soldados da profissão, professores desdobram-se para não se assemelharem a encantadores de cavalos.

Lembro-me de como fui feliz nos meus tempos de Colégio João Vilas Boas, em Livramento, como aluno de professores como D. Maria, D. Rosália, D. Idália, D. Darcy, Pingo, D. Corina, D. Angelita, D. Rita, D. Lili, D. Ruth, D. Stela, D. Terezinha e tantos de quem agora não me lembro, dignos de homenagens.

Cavalgar, suave, encantadora e amorosamente, é possível! Principalmente, para quem ensina, educa e suporta nossos filhos, muitos deles verdadeiras cavalgaduras. Os mestres tentam aparar heranças nocivas das famílias e a retribuição costuma ser coices e patadas, como se cavalos de fato fossem.

Omissos na educação doméstica, alguns pais, despreparados, não escondem que não controlam os filhos, que o tempo na escola é um alívio e ficam irados quando não há aula. Nas justas paralisações da categoria, chegam a dizer: “professor não quer mais dar aula, só pensam em dinheiro”.

Ainda há tempo para reação, para se evitar que, um dia, mudem a lista de chamada para: “Cavalo José”, que responde “preeeseeente”; “Cavala Ana Maria”, e a resposta: “Num tá veno eu aqui, não, cara, qualé”. “Jumento Luiz”, que retruca: “Uéééé, uéééé, uéééé, tôôôô aqui .... Não enche”.

Está na hora de decidir se devemos ter colégios ou estrebarias, se nossos filhos são mesmos nossos filhos ou seres alienígenas. Se não descobrirmos isso, urgente, tudo ficará ainda pior. A não ser que queiram entregá-los ao mundo das drogas. Então, comecem a exigir mais cadeias e cemitérios na cidade.

Chega! Vamos tirar nossos meninos e meninas das estrebarias sociais, da vida sem objetivos, do viver sem senso crítico, da falta de amor e de carinho, e transformá-los em gente! Não sois cavalos, humanos é que sois! Missionários da educação, não sois encantadores de cavalos, gente é que encantais!

Política – 07.03.2012

Vale a pena ver de novo”

Se vier a ser concretizado o “arco de alianças” anunciado pelo Partido dos Trabalhadores, em Livramento de Nossa Senhora, Bahia, liderado pelo dentista Gerardo Azevedo Júnior, tido como um dos pré-candidatos a prefeito, poderá ser a grande novidade, este ano, na política local. É visto como alternativa para surgimento de uma terceira via capaz de abrigar cidadãos insatisfeitos com os atuais grupos polarizadores, em torno dos quais tem girado a movimentação eleitoral no município.

O anúncio do tal “arco de alianças”, ocorrido no final de fevereiro, surpreendeu e preocupou os caciques dos grupos conservadores, que tinham o petista como o fiel da balança, em papel semelhante ao que desempenhou Paulo Azevedo na eleição passada. As alianças, segundo Gerardo Júnior, estão sendo muito bem costuradas, exigindo certo tato, já que está lidando com misturas de modos de pensar diferentes do jeito de ser do PT.

Mas a tendência é ser bem sucedida, pois os partidos envolvidos são todos pequenos e necessitam dessa união para viabilizar participação nas próximas eleições. Mas, a rigor, não há nada de novo nesse processo articulatório inicial, pois assim também aconteceu, embora de forma mais elementar, nas eleições de 2008. Veja as manchetes estampadas à época pelo hoje extinto jornal Folha da Chapada, cujos recortes ilustram este texto.

Comentário – 06.03.2012

Dá nóis um saquim de
cimento que nóis vota

Raimundo Marinho

Jornalista

É triste observar como a política em Livramento tornou-se rasteira, nada devendo à maioria dos municípios do Brasil setentrional. Fala-se de forma aberta, descaradamente, que se pretende gastar milhões para preservação do domínio administrativo do município.

Da parte da oposição, nenhuma proposta animadora ou críticas ao descaso e à indiferença que persistem, principalmente diante da miséria endêmica que nos martiriza, da deterioração dos serviços públicos, do conformismo por migalhas, da degeneração de valores.

As articulações se aprofundam, com vistas às eleições deste ano, envolvendo, principalmente, atuais governantes e os derrotados na eleição passada. E parece valer tudo, até a promiscuidade entre os grupos, desde que garantam a manutenção ou a volta ao poder.

Livramento tem problemas gravíssimos pendentes de solução, mas os pré-candidatos não abrem discussão a respeito. Ou por serem os responsáveis atuais ou por serem os responsáveis do passado. A sede municipal está ilhada pelos agrotóxicos e entrecortada por esgotos a céu aberto. As unidades públicas de saúde estão aquém da demanda.

As escolas estão dissociadas dos princípios da moderna educação e dominadas pela superficialidade, sem condições físicas e pedagógicas adequadas, com total desprezo para com os educadores. Os pais vivem distantes dos filhos, cuja indisciplina aterroriza os professores.

O que dizer da insegurança pública? As melhorias exigem projeto político comprometido com a ética e o interesse público. Sobre isso, infelizmente, não se fala. A preocupação é para com a sustentação do que já se convencionou ser normal, corrupção e locupletamento.

A Câmara de Vereadores abdicou-se da sua função de fiscal e virou motivo de chacota. O Legislativo e o povo estão de costas um para o outro e entre os dois viceja o caos.

Assusta nossa falta de indignação diante das mazelas que ameaçam o paraíso ambiental que é Livramento. Não distinguimos mais a beleza cintilante da nossa cachoeira nem o sorriso sedutor da nossa gente da indiferença ante a visível destruição desse presente de Deus.

Livramento virou um mercado de negócios, com um braço forte na política. Se não reagirmos, o despudor degenerativo nos atirará no precipício. Não podemos perder a capacidade de indignação, em nome de nossos filhos e netos. Que seja antes de ficarmos míopes para a beleza e cegos para as mazelas que nos cercam.

Muitos se parecem com o motorista que arrancou postes de uma rua no bairro Taquari. Foi incapaz de perceber que o espaço não cabia o veículo que dirigia e a carga transportada. A mão de Deus evitou uma tragédia, pois as famílias estavam todas em casa na hora.

Simbologia perfeita, pois, além do motorista evadir-se, apareceu alguém e disse que a culpa era dos postes e dos fios que estavam muito baixos. Confirma o sentimento de que o culpado é a vítima, de se perseguir quem denuncia, de se absolver quem matou.

A mediocridade sobrepõe-se ao mérito e a visão de se levar vantagem em tudo, pela via da corrupção, está sufocando a ética e a retidão. Em meio a essa cultura arraigada de desvalor ou de valores rotos, é que está sendo discutido o processo eleitoral deste ano.

Um pré-candidato disse: “Tenho cinco milhões para gastar nas eleições”, sem esclarecer como. O lado contrário, como na era do fetiche, responde: “Será o tostão contra o milhão”. E o eleitor bobão diz: “Cê dá nóis um saquim de cimento que nóis vota nocê”.

Artigo – 05.03.2012

Trânsito à espera de solução

Guto Rodrigues Tanajura

Presidente do Moto Clube Asas da Chapada

Confesso que hesitei muito antes de publicar novamente um comentário sobre a vida em comunidade na cidade de Livramento de Nossa Senhora, sobretudo por se tratar novamente de tema bastante discutido por este autor: o trânsito, sem que fosse adotada pelas autoridades constituídas qualquer solução.

Há muito tempo, alerto as autoridades sobre o caos em que se encontra o trânsito em nosso município, a desorganização é geral. Vai da deficiência na sinalização até a enorme quantidade de veículos automotores que circulam em alta velocidade e de costas para as leis de trânsito, incluindo condutores sem a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), bem como veículos em péssimas condições e com documentação irregular.

No centro comercial, notadamente na área bancária, o problema se apresenta pela falta de estacionamento para carros, motos, taxis, mototaxis, veículos de carga e descarga. Enfim, até mesmo pedestres e ciclistas ficam sem espaço, pela falta de organização do espaço público.

Até hoje, não se sabe qual a finalidade daquela “praça” defronte da agência do Banco Bradesco. Poderia tal espaço ser melhor utilizado em prol do bem-estar social.

No populoso bairro da Estocada, o problema não é diferente. Há intenso fluxo de veículos, com apenas uma via de acesso para o centro comercial, o que provoca, é claro, altos índices de acidentes, com grave desajuste social, em razão de sérias lesões e até mesmo perda de vidas humanas.

Uma alternativa para amenizar o problema seria a construção de uma via de acesso do Bairro da Estocada para o Bairro Polivalente, projetos deve ter vários, basta por em prática.

Mesmo sendo leigo na matéria, sem ter o título de especialista em engenharia de trânsito, sem necessitar socorrer ao mestre Oscar Niemeyer ou a outro renomado urbanista, a cidade de Livramento de Nossa Senhora merece outra via de acesso dos Bairros Taquari e Benito Gama ao centro comercial, que poderia ser feita pela Avenida Dr. Nelson Leal, desconcentrando o trânsito na Avenida Dep. Leônidas Cardoso e facilitando o acesso ao Terminal Rodoviário e à estrada para o município de Paramirim.

Entretanto, o que mais me preocupa neste instante é o excesso de velocidade dos automóveis que circulam pela Av. Presidente Vargas, especialmente defronte ao Colégio Rômulo Galvão, que atende prioritariamente às crianças.

Próximo àquele local, defronte ao CEO (Centro de Especialidades Odontologias), existia um redutor de velocidade, popularmente conhecido como “quebra-molas”, que foi retirado não se sabe o motivo nem se houve parecer da autoridade de trânsito para adoção de tal medida.

O fato é que sua ausência vem provocando sérios acidentes, inclusive com atropelamentos de pessoas. Sou testemunha de alguns deles. Resta apenas aguardar o socorro do SAMU, que chega com eficiência e agilidade, porque de nossas autoridades, até hoje, estamos por esperar.