Genialidade da arte
de Érico Lopes
Quem transita pela rua Miguel Tanajura, antiga "Rua de Trás", em Livramento de Nossa Senhora, nem imagina que há um tesouro artístico guardado na casa nº. 208, perto de onde nasceu o maestro Lindembergue Cardoso. A peça de maior grandeza é o próprio dono da casa, o genial artista plástico Érico Lopes de Oliveira, residindo definitivamente em Livramento, desde 2001, depois que voltou de São Paulo, para onde fora em 1956. Filho de José Fulgêncio de Oliveira e Eliza Lopes de Oliveira, Érico nasceu na rua da Alegria, hoje rua Dr. Joaquim Tanajura, em 18.10.1928.
Sua obra surpreende pela versatilidade, como mostram as fotos que ilustram este texto. Ele é quase tudo: pintor, escultor, artesão, restaurador, modelador, marceneiro, pedreiro, mistura que confere genialidade ao seu trabalho. Não há nada que ele não transforma em obra de arte. Possui uma réplica da taça de pentacampeão mundial de futebol ganha pelo Brasil, esculpida aos pouquinhos, pacientemente, durante os lapsos em que a taça era mostrada na TV, até completar o trabalho, com perfeição.
"Mané Bomba"
Seus quadros vão do lendário "Mané Bomba", conhecida figura popular de Livramento, que vivia pedindo esmolas pelos campos e na cidade, terror das crianças, até o velório do polêmico papa Pio XII. Há uma diminuta área em sua casa, do tamanho de um pequeno banheiro, que ele transformou em agradável capela, com maravilhosos detalhes que lembram uma catedral romana. Mas o que há de mais impressionante são as reproduções, fruto da sua privilegiada memória, de ruas, praças e edificações antigas, do tempo da Vila Velha.
Érico Lopes, figura simples e miúda, de formação primária incompleta (até o 1º ano), que passa despercebida pelas ruas, já nasceu artista. Antes de ir passear em São Paulo, de onde só voltou em definitivo 45 anos depois, vinha só a passeio, ele ajudava o pai, José Fulgêncio, raspando pinturas antigas para ser recuperadas. Fazia tachos, lamparinas, castiçais, chocolateiras e desenhava capas de cadernos para os estudantes. Adorava reproduzir as procissões do Senhor Morto e de Nossa Senhora, esculpidas em barro, quando deixava a casa em lama, motivo de brigas encarniçadas com suas irmãs.
Passeio de 45 anos
Quando já trabalhava na oficina do relojoeiro e comerciante Jonas Azevedo (falecido), em Livramento, foi a São Paulo visitar parentes. Conheceu um amigo do Pe. Sinval Laurentino, Pe. Aderbal Vilar, que lhe deu uma carta endereçada ao Sr. Aldo Bavi, na rua Quintino Bocaiúva, que era negociante de imagens religiosas. E lá ficou empregado, por três anos, saindo para trabalhar nas famosas Casas Lima, onde ficou por nove anos. Em seguida, foi para a tradicional Casa José Silva, como decorador de vitrine, onde se aposentou, 17 anos depois.
Depois de ser assaltado 20 vezes em São Paulo, na última delas por seis trombadinhas de vez, decidiu deixar a paulicéia com destino a Livramento de Nossa Senhora. São seus irmãos: Felíssima, Dalila, Manoel, Maria do Livramento, Eliezer, Otávio, Eudésia e Antônio (os três últimos são falecidos). Seu projeto em Livramento é resgatar a história da cidade, completando a reprodução das praças antigas, cujas imagens estão retidas em sua prodigiosa memória. Será uma grande contribuição, sem dúvida nenhuma, à cidade onde nasceu.
Resumo da história de Livramento em pequena escultura decorativa
Imagem da Aparecida, em detalhe da capela, vista da entrada da casa
Visão externa a partir do interior da capela, vendo-se outras obras
Altar-mor, com diversas imagens, tudo construído e pintado por Érico
Teto da bela capela, sob o qual o artista passou dias deitado, pintando
Érico deve ter recebido ajuda do santo, pintado por ele com perfeição
Outro detalhe incrível da capela pintada pelo genial artístia plástico
Érico Lopes, genuflexo, na capela que construiu para suas orações
Reprodução em óleo da antiga filarmônica de Curralinho (D. Basílio)
Vista antiga da atual rua João Pessoa, quando ainda não era calçada
Início da antiga Lad. do Tomba, onde a cidade de Livramento começou
Vista antiga da praça, em frente à casa onde residia "Migué Dola"
Reprodução impecável de "Mané Bomba", figura típica de Livramento
Livramento antigo: no plano médio, o velho mercado, hoje demolido
Livramento antigo: ao fundo o antigo Hotel Luso Brasileiro
Interior da matriz de Livramento, hoje catedral, antes das reformas
Velório do Papa Pio XII, reproduzido por Érico de uma foto de jornal
Reprodução de uma foto do médico e ex-prefeito Dr. Edilson Pontes
Forno rudimentar, feito por Érico, onde queima trabalhos em argila
Pequeno fole, artefato antigo utilizado para "soprar" forno de lenha
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