Finalmente, mudanças
na política da Bahia
A eleição de Jaques Wagner, para governador da Bahia, no 1º turno, contraria pesquisas, surpreende a todos, sugere a reformulação total nas análises político-eleitorais e abre um novo ciclo na história política do Estado. Mais que isso, põe fim a 16 anos ininterruptos de mando de Antônio Carlos Magalhães, que, na verdade, controla a vida política e administrativa da Bahia há quase 40 anos. A derrota do carlismo por si só não deve e nem pode se constituir na reta de chegada. O recado das urnas parece claro, o desejo é de que haja, de fato, mudanças na filosofia da gestão pública estadual.
Cremos não se tratar apenas de simploriamente contrapor quem ganhou com quem perdeu, mas interpretar o verdadeiro desejo dos eleitores que proporcionaram a mudança que, certamente, não se situa no plano meramente ideológico. Jaques Wagner tem discurso, tem postura e currículo à altura das esperanças nele depositadas. Que não decepcione. Sobremodo que não deixe se concretizar a profecia do grande derrotado, ao dizer que “a administração de Wagner será um desastre”.
No plano nacional, também houve surpresa, com o adiamento da decisão da eleição presidencial para o 2º turno. Inversamente do que ocorreu na Bahia, lá o PT esperava ganhar na primeira etapa de votação, como sinalizavam as pesquisas, mas não ganhou. Aqui, o PT só alimentava esperanças de vitória na segunda fase e ganhou já na primeira. Para muitos, foram duas surpresas agradáveis. Agora, a esgrima continua entre os dois candidatos mais bem pontuados na primeira votação, Luis Inácio da Silva e Geraldo Alckmin. Nos estados, os que foram derrotados pelo PT querem a vingança, elegendo o pretendente paulista e, lógico, os vitoriosos do PT vão em busca da vitória completa.
O que será melhor para o Brasil? Pelos fundamentos que convenceram ser Luiz Inácio a melhor opção, no primeiro mandato, continuaria ele sendo a melhor opção. Mas já decorreram quatro anos, os piores da história do Brasil quanto a escândalos, roubos, desvios de dinheiro público, o que obrigatoriamente terá de ser considerado nas ponderações atuais. Quem acreditar que o socorro aos pobres, na forma de “bolsas sociais”, é suficiente para sobrepor-se à parte podre do governo, não terá razão para mudar a escolha. Mas, os que pensam de modo inverso, não poderão furtar-se à obrigatoriedade de incluir nas ponderações o currículo do outro contendor.
A decisão tornou-se plebiscitária, ou será um ou será o outro. Um, o presidente, já disse para que veio. Para avalizar tudo que ele fez, de bom e de ruim, basta digitar e confirmar. O outro, o Geraldo, conhecido dos paulistas, onde foi bem votado, diga-se de passagem, ainda é uma incógnita. Bom para quem ainda quer arriscar na esperança, escolhendo alguém ainda aparentemente limpo. É só digitar e confirmar. Com um ou com outro, a resposta vai durar quatro anos. Seja como for, escolha. Nada de voto nulo ou branco.
Carlão sai vitorioso das eleições
O prefeito de Livramento de Nossa Senhora, o médico Carlos Roberto Souto Batista, foi o grande vitorioso no 1º turno das eleições, no município. Todos os candidatos que apoiou foram eleitos. Deu 6.265 votos ao deputado federal Gedel Vieira Lima; 5.197 para Marizete, deputada estadual, esposa do vice na chapa de Jaques Wagner; 10.560 a João Durval, para senador; 11.344 para Wagner; e 13.141 votos para o presidente Lula. Mobilizou, portanto, 46.507 votos (o eleitor pode votar em mais de um cargo diferente).
Claro que seu mérito predomina para deputado federal e deputado estadual e os seus foram os mais votados no município. Quanto aos outros candidatos do seu grupo, embora tenha trabalhado para evitar dispersão em direção à oposição, o mérito maior foi das lideranças e militâncias do PT e do PC do B. Enquanto isso, seu rival Emerson Leal, só emplacou 2.686 votos para João Almeida, deputado federal; 4.912 para seu filho Nelson Leal, deputado estadual; 6.706 para Rodolpho Tourinho, senador; 7.587 para Paulo Souto, governador; e 6.149 para Geraldo Alckmin, presidente, totalizando 28.040 votos (também considerando que um eleitor pode votar em mais de um cargo diferente).
PT e PMDB tendem a se esgrimar
A eleição de Wagner, para governador, independente do resultado do 2º turno, para presidente, causará uma revolução no quadro político de Livramento, como de resto em todo Estado. Começa com a distribuição de cargos nos órgãos estaduais e federais, principalmente os estaduais, que sairão do controle de Emerson Leal. Resta só saber quem serão os novos controladores, se o prefeito Carlos Batista, que é do PMDB, ou se as lideranças do PT. Seja como for, o que se espera é que as instituições estaduais no município sejam salvas do sucateamento em que se encontram.
Nesse sentido, vai surgir uma queda de braço como a que envolveu a indicação de Gerardo Júnior para a coordenação estadual do DNOCS. A menos que se chegue a consenso, Jaques Wagner enfrentará o dilema de ter de optar entre confiar a distribuição dos cargos ao aliado Gedel Vieira Lima, do PMDB, através de Carlão; ou dará preferência aos seus aliados históricos do PT, no caso os deputados estaduais Zilton Rocha e Valdenor Oliveira e o federal Guilherme Menezes. Torcemos para que ele, antes de tudo, pense no interesse público.
Como o PT local, liderado pelo vereador Ricardo Matias, encontra-se rompido com o prefeito, que expulsou a legenda da coligação “União, Trabalho e Participação”, haverá muita discussão e muito pano para manga. Ou seja, o governador terá de administrar pedidos do prefeito, através de Gedel, ambos do PMDB; e pedidos de Zilton, Valdenor e Guilherme, seus companheiros do PT. No município, vai ter que tentar a recomposição do prefeito com o vereador Ricardo Matias, presidente do diretório do PT. Enfrentará também o atual coordenador do DNOCS, Gerardo Júnior, demitido da Secretaria Municipal de Saúde e virtual candidato a prefeito; sem falar na militância que lhe arranjou votos, como a ala ligada à igreja, que tem à frente o líder comunitário Hugolino Lima.
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Tentativa melancólica.....................................................
O ex-deputado estadual Raimundo Caíres, natural de Dom Basílio, que foi secretário de ação social do prefeito Antônio Imbassahy, em Salvador, depois de aderir ao carlismo, que tanto combateu, voltou a disputar um cargo eletivo. Antes, ele havia sido deputado estadual por várias legislaturas, pelo PMDB. Nas eleições do último dia 2, tentou retornar à Assembléia Legislativa, mas obteve um resultado pífio. Conseguiu apenas 3.440 votos, dos quais 376 em Livramento de Nossa Senhora, onde sempre fez campanha política.
Voto sanguessuga...............................................................
O deputado federal Robério Nunes, acusado de pertencer à máfia dos sanguessugas, candidatou-se a deputado estadual, mas, embora muito bem votado, cerca de 39 mil votos, não conseguiu se eleger, mesmo tendo o apoio intenso do deputado federal ACM Neto. Em Livramento, contou com o esforço do Dr. Paulo Azevedo, derrotado das últimas eleições para prefeito. Paulo Azevedo é dissidente do grupo de Emerson Leal e tem o apoio de ACM Neto. Próximo a ele, marcha o ex-prefeito Fernando Ledo e sua família, incluindo o vereador Zeferino Wagner.
O PT versus o PT...................................................................
O PT de Livramento ficou dividido na eleição para deputado estadual. Enquanto o presidente do diretório, Ricardo Matias, fazia campanha para Zilton Rocha, outra ala, liderada por Hugolino Lima, cabalava votos para Valdenor Pereira. Ricardo levou a melhor, carreando 1.066 votos para Zilton, contra 683 obtidos por Valdenor. Hugolino considera-se satisfeito e vitorioso, alegando que não se aproveitou das necessidades dos eleitores pobres, fez um trabalho de convencimento, sem assistencialismo e de forma limpa, segundo ele. (veja sua mensagem em e-mails recebidos).
Está explicado..........................................................................
A virada de Jaques Wagner sobre Paulo Souto não é tão difícil assim de ser explicada. Basta verificar o que aconteceu em Livramento de Nossa Senhora, pequena amostra do acontecido em quase todos os municípios. Aqui, onde se via uma foto ou uma mensagem conclamando o eleitor a votar em Lula, a foto ou e o nome de Wagner estava junto, o mesmo acontecendo com os candidatos a deputado. Em Paulo Souto, praticamente não se ouvia falar. Até nos comícios seu nome era esquecido e quando lembravam dele era acidentalmente. Toda a campanha do PFL foi concentrada em Rodolpho Tourinho, para o Senado, e ACM Neto, para deputado federal.
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