A mão que balança o cabresto
O primeiro turno das eleições presidenciais demonstrou que as pesquisas eleitorais não são confiáveis, mesmo apresentando margens substanciais de diferença entre um e outro candidato. Mas, não só pelas pesquisas, parece induvidosa a reeleição de Luis Inácio da Silva para mais quatro anos como presidente. E assim será por vontade livre, até prova em contrário, da maioria dos brasileiros. E ficam múltiplas e duras lições, sendo a mais cruel delas a que nos leva a concluir pela inexistência de um nome com as medidas necessárias ao preenchimento dos requisitos exigidos dos pretendentes ao comando de um país como o nosso, nesta quadra civilizatória da humanidade. Mas não fiquemos deprimidos em razão disso, pois acontece também em países desenvolvidos. Vide, por exemplo, a eleição de George W. Bush para presidente dos Estados Unidos.
Outra dura lição é a constatação da existência de um Brasil dicotômico, também no âmbito íntimo da manifestação da vontade, pelo voto. Ou seja, um Brasil que vota pensando pobre e outro que digita e confirma pensando rico, como se extrai da análise do mapa eleitoral advindo com os resultados do primeiro turno de votação. Isto é, o tido “Brasil Rico” teria dado maioria a Geraldo Alckmin e o considerado “Brasil Pobre” votou majoritariamente em Luis Inácio. Contudo, nesse quadro sócio-economicamente devastador, pensando futuristicamente, resta um certo consolo, que é a verificação de que o presidente será eleito pelo “Brasil Pobre”, contanto que isso se traduza, nos próximos quatro anos, na aproximação dos dois “Brasis”, com o nivelamento por cima. Se assim não for, terá havido apenas a troca da mão que balança o cabresto.
Digo isso por entender que, muito ao contrário, não é motivo de comemoração eleger-se um presidente que transforma em bandeiras principais o que deveria ser subitem de um programa consistente de governo. É louvável e imperioso o socorro aos que passam fome, em qualquer lugar do mundo, mas isso não pode ser glorificado e nem alçado à condição de primeira meta de um país e sim resultado do seu enriquecimento. Antes disso, faz-se incondicional a sustentação necessária à justa e profícua distribuição de renda, a compor as bases do fundamento do planejamento do país, sob pena de servir apenas ao processo eleitoral. Não se pode transparecer para os jovens e para as crianças que o Brasil deles, dentro de poucos anos, será um grande “bolsa família”, sabidamente destinada ao socorro dos que passam fome, sem se indagar sobre as razões da fome e se o que se faz é transferência de renda ou distribuição de esmolas emergenciais. E é isso que prometem os dois contendores, um dizendo que vai manter e ou outro garantido que não só vai manter como também vai ampliar.
Resta esperar que Luis Inácio da Silva, ora virtualmente reeleito, una os dois Brasis no ponto do equilíbrio, em que não se impeça o “Brasil Rico” de ficar ainda mais rico e o “Brasil Pobre” de ficar rico ou, quando nada, de resgatar e preservar sua dignidade, cuja comida é tão somente o lado mais vulnerável, dado que vital. De outro modo, as crianças e os jovens de hoje vão herdar uma nação que terá como símbolo indigno uma bengala e uma cuia. É igualmente desejável, para não dizer instante, que ele não permita que sua eleição seja interpretada como condescendência e endosso aos escândalos ocorridos no seu primeiro governo, tendo como principais protagonistas integrantes do seu partido e da sua administração.
Prefeito foi o mais objetivo
Um dos últimos comícios de Jaques Wagner na campanha para o primeiro turno das eleições foi em Livramento de Nossa Senhora, onde ocorreram três momentos que merecem ser fixados, apesar de já distanciados no tempo. Um, foi quando o então candidato disse que venceria a eleição no primeiro turno, rompendo 16 anos de mando político-administrativo do PFL, na Bahia. Nem todos que o aplaudiram acreditaram. A ida para o segundo turno já era considerada de bom tamanho e uma vitória.
Os outros dois momentos tiveram como protagonista o prefeito da cidade, Carlos Roberto Souto Batista, encarregado de abrir o comício e saudar os visitantes. De forma inusitada e comovente, quando se esperava que abordasse outra coisa, abriu sua fala prestando uma homenagem e destacando a pessoa do ex-presidente do diretório local do PT, Enésio Soares de Oliveira, mais conhecido como “Bolinha” e assim citado pelo prefeito. Lembrou a participação e a contribuição de Bolinha, com sua serenidade, capacidade e paciência, no processo político que conduziu às mudanças políticas hoje verificadas em Livramento. No final, externou publicamente seus votos de franca recuperação para Bolinha, que se encontra em tratamento de saúde, em Vitória da Conquista.
Finalizando, o prefeito brindou os presentes com o discurso mais objetivo do comício, dizendo a Wagner que estava convocando a população de Livramento para apóiá-lo, dando-lhe a certeza de que o apoio não lhe faltaria. Mas pedia ao futuro governo, desde já, elegendo dentre os muitos problemas que o município enfrenta, que resolvesse o problema de água que tanto faz sofrer sua população. Na cidade, que fosse corrigido o descaso e a incompetência da Embasa, responsável por uma crônica e generalizada falta de água, principalmente na periferia, como o Taquari, apesar de existir água em abundância em nossa cachoeira, que considerou uma dádiva de Deus. E no interior do município, onde esperava contar com o apoio do futuro governador para, da mesma cachoeira farta, aduzir água para o abastecimento humano em todo sertão semi-árido, onde as famílias sofrem muito com o problema, de modo particular nas prolongadas estiagens.
De fato, trata-se de obra relativamente simples, dependendo apenas de vontade política, que poderá livrar a população dos famigerados carros-pipas. Aplausos então ao prefeito. Como é também uma reivindicação do PT, como já manifestado pelo presidente do diretório municipal, vereador Ricardo Matias, da tribuna da Câmara, o futuro governador não tem como escapar dessa, ainda que nada tenha respondido por ocasião do comício.
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Segundo turno.........................................................................
Os resultados do segundo turno da eleição presidencial também poderá trazer dados surpreendentes em comparação com as prévias feitas pelos institutos de pesquisas, mesmo sem alterar a tendência nitidamente favorável a Luis Inácio da Silva. Isso porque falta, nessa segunda etapa, a capilaridade petista da primeira, pois não conta com o empenho maciço dos candidatos a deputado, senador e governador como na primeira jornada. O mais prejudicado tende a ser o presidente que busca a reeleição.
Tudo vai mudar.......................................................................
O reboliço político que a eleição de Jaques Wagner está causando na Bahia repercute, por obvio, em Livramento de Nossa Senhora, com a total inversão das forças políticas. Como chefe local da coligação que apoiou o governador eleito e apóia a reeleição do presidente da República, o prefeito Carlos Roberto Souto Batista reina, agora, absoluto. Mas terá de calar o burburinho em sua volta, para evitar a formação de grupos paralelos autônomos e oportunistas.
As quatro forças....................................................................
Por conta das eleições, vislumbra-se em Livramento o surgimento de quatro forças políticas, tudo ainda a depender do resultado do segundo turno. O prefeito Carlos Roberto Souto Batista de um lado, com a trupe do PMDB; o PT de outro, mas que tem uma lista de condições que, se atendidas, aceita voltar ao ninho do prefeito; e mais os grupos do ex-prefeito Emerson Leal e do seu dissidente, Paulo Azevedo, apoiado por ACM Neto. Mas há quem enxergue o Dr. Paulo caminhando janotamente para o grupo do prefeito.
Câmara de manhã.................................................................
Está prevista para o próximo mês a mudança do horário das sessões da Câmara de Vereadores de Livramento de Nossa Senhora, que passam a ocorrer pela manhã, com início às 9 horas, às segundas-feiras, e não mais às 18 horas. A elogiável justificativa para a mudança é facilitar o comparecimento de pessoas que residem no interior do município, antes impossibilitadas de comparecer, por falta de transporte. Agora, os eleitores terão mais facilidades para encontrar e falar com seus vereadores, sem ter que marcar audiência.
Briga pelos cargos..............................................................
Começou a disputa pelos cargos comissionados da administração estadual, primeiro embate a ser enfrentado pelo novo governador, Jaques Wagner. No caso específico de Livramento, a briga promete ser acirrada, com dificuldades de consenso entre as forças que apóiam o governador eleito. Quem fará as indicações? O chefe do Executivo municipal, que é do PMDB ou as lideranças locais do PT, companheiros de Wagner, que o prefeito havia expulsado da coligação “União, Trabalho e Participação”?
Os intermediários................................................................
Em Livramento, o governador eleito tem, intermediando a distribuição de cargos, o deputado federal Gedel Vieira Lima, do PMDB do prefeito, de um lado; e do outro o deputado federal Guilherme Menezes, os estaduais Valdenor Pereira e Zilton Rocha, seus tradicionais companheiros do PT. Os conflitos tendem a se resolver pelo quantitativo e companheirismo ou pela proporcionalidade dos votos arrecadados. Se prevalecer a primeira opção, que tem o maior número de aposta, o PT ganhará a queda de braço. Se a segunda, onde pesa a presença do vice eleito, vencerá o PMDB de Carlos Batista.
Vice em Livramento...........................................................
O vice-governador eleito, Edmundo Pereira, ex-prefeito de Brumado, visitou Livramento de Nossa Senhora, dia 21 de outubro, onde participou de uma barulhenta carreata, organizada e comandada pelo prefeito Carlos Roberto Souto Batista. Enquanto reforçava a campanha local pela reeleição do presidente Luis Inácio da Silva, ele aproveitou para agradecer aos que votaram na sua chapa, elegendo Jaques Wagner governador da Bahia.
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