De costas para o povo
O senador Raimundo Colombo (DEM-SC), em recente pronunciamento no Senado Federal, acusou o atual modelo político brasileiro de ter voltado as costas para o povo. Embora o que constata não seja novidade, seu discurso foi interessante e impressionou os pares. Citou como exemplo a frieza brasiliense, onde a mortalidade infantil, segundo ele, é somente um número, 2% por exemplo. Em um município, acrescenta, é mais que isso. “É a dor, a lágrima de pessoas que conhecemos, que apertamos a mão, no velório”. Quis ele realçar, como autodenominado municipalista, a importância da menor unidade federativa do Brasil, que é o município, mas abandonada. Nesse sentido, disse que “a figura do prefeito é extraordinária, é nobre”.
Cônscio de que não estava a dizer novidade, o senador ressalvou que o Marquês de Tocqueville já havia profetizado essa realidade, há 170 anos. Para Aléxis de Tocqueville, “democrática é a sociedade em que todos os indivíduos que compõem a coletividade são socialmente iguais”, destacando que “a soberania pertence ao conjunto dos indivíduos”, que escolhe os governantes, não com o objetivo do poder e da glória, mas da prosperidade e da tranqüilidade. Como historiador e pensador, Tocqueville falava, naturalmente, de uma sociedade complexa, pois nascera na França e tratava de questões geopolíticas. Nesse contexto, foi atraído pelo surgimento da constituição norte-americana, pela qual muito se interessou.
O que não dizer, então, de uma sociedade simples, como Livramento de Nossa Senhora, em que tudo pode ser visualizado em um só lance de olhar, dispensando argúcias mais aprofundadas. Comungo das teses municipalistas, de Raimundo Colombo e de outros, tendo nelas me inspirado a partir da leitura, há muitos anos, de uma entrevista ao antigo Jornal da Bahia, do então prefeito de Vitória da Conquista, Raul Ferraz. Nunca mais ouvi falar dele, mas sua mensagem me marcou. Em resumo, dizia ele que o “Estado” vive e gasta por si mesmo, desperdiçando recursos dos quais os municípios viviam à míngua.
Mas, voltando à nossa pequenina realidade, nosso município, é certo dizer que temos muito menos do que poderíamos ter. Bem menos. E tudo porque, aqui, o conceito de democracia é visto de forma restrita. Cada número, o 15 ou o 25, em que se transformou a população, interpreta e aplica conceitos democráticos conforme conveniências e interesses próprios. Era difícil saber de que lado estava a razão, pois há muito não havia rodízio de poder. Mas, quando houve, ficou provado que aqui não é diferente do resto do mundo. O que critica, quando assume, assume também as práticas que antes condenava.
O que Raimundo Colombo agora diz, profetizado por Tocqueville, há 170 anos, certamente estará sendo repetido daqui a mais 170 anos. O prefeito Carlos Batista, nos tempos de estilingue, vivia a questionar onde estava o dinheiro. Quando assumiu, viu onde estava, e deixou onde estava, o que parece guardar como segredo. Tudo como em um teatro mambembe, num salão parisiense! Mudam-se diretores e atores. Só a platéia, quase sempre muda, não muda, nem as palmas nem os apupos. A indigência e a fome se eternizam no seio de tantos, conformados com as migalhas que lhes são atiradas, enquanto outros se fartam para preencher todos os espaços do caixão onde um dia encerrarão esta jornada.
Mas haverá de ser real, ou de se realizar, a cidadezinha dos sonhos, circundada de intrigantes serras, ora azuis ora acinzentadas, onde casais passeiam de mãos dadas, expondo o amor que sentem, como homem e mulher; crianças que brincam cirandas, nos jardins e nas praças, sob as luzes fascinantes das guirlandas; com as casas caiadas, onde gatos e cães, fartos e reluzentes, debruçam-se nas janelas! Cidadezinha, de frente para o mundo, perto de Deus, quem sabe, que nem o filósofo Tocqueville nem o poeta Drummond de Andrade ousaram imaginar.
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De camarote
Recebemos denúncia de que o prefeito de Livramento de Nossa Senhora, Dr. Carlos Batista, e assessores próximos passaram o último carnaval em Salvador, onde freqüentaram um camarote na zona chique da folia, com as despesas custeadas pela Prefeitura. Em 11 de abril de 2007, enviamos e-mail ao gabinete do prefeito, cujo recebimento foi confirmado, indagando sobre a procedência ou não da notícia, mas não obtivemos resposta. Restou, então, a eloqüência do silêncio.
Confortável
O vereador Everaldo Santos Gomes, da Câmara de Livramento de Nossa Senhora, sem partido, migrou para a situação, como já sabido, onde parece muito confortável, e está colocando toda sua verve e experiência de velha raposa política do sertão a serviço do prefeito Carlos Batista. Com isso, está obscurecendo os velhos defensores do alcaide, que parecem cansados, e promovendo o enterro definitivo da oposição, agora restrita a praticamente dois vereadores. Eram quatro. Resta saber como vão reagir os eleitores nas próximas eleições.
Estudantes
Por enquanto, ainda não se sabe a posição oficial do prefeito Carlos Batista, de Livramento, sobre a “Carta Aberta” a ele endereçada pelos dirigentes da União Livramentense de Estudantes - Ules e residentes das casas dos estudantes de Vitória da Conquista e Salvador, denunciando o estado de penúria em que se encontram as duas unidades. Temendo represálias, os dirigentes dos grêmios de três colégios locais pediram que os nomes das suas entidades fossem retirados do documento, alegando que não foram consultados antes.
Na Câmara
O presidente da Ules, Júlio Rodrigues Xavier Meira, levou o tema das residências estudantis à Câmara de Vereadores, incluindo a “Carta Aberta ao Prefeito” Carlos Batista. Demonstrou coragem e determinação, mesmo tendo que desagradar o grupo de vereadores que defendem o prefeito. Os estudantes querem bem menos do que os edis concederam a si mesmos, ao aprovar uma resolução que lhes garantem 200 litros de gasolina grátis, por mês, para abastecimento dos seus carros particulares.
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