Página Política | Raimundo Marinho
Excelências ausentes
O sistema representativo é um dos aspectos mais sagrados do estado democrático de direito, pois consagra a presença dos cidadãos no poder e na gestão pública, do mais simples ao mais ilustre do povo, através de representantes livremente eleitos, pelo voto direto, secreto e universal. Daí dizer-se que a democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo. Mas no Brasil esse povo começa a ficar órfão dos próprios representantes que elege, bastando observar o que se vê, cotidianamente, no noticiário sobre a atuação parlamentar e as condutas de determinados políticos e membros do governo. É só lembrar o conselho “relaxe e goze” da ministra Marta Suplicy, mas adequado se vindo de quem vive pelas esquinas; e os gestos obscenos do assessor presidencial, Marco Aurélio Garcia.
A senhora Marta referia-se ao sofrimento das dezenas de passageiros vítimas do caos nos aeroportos brasileiros. O assessor do presidente Luis Inácio da Silva, referia-se à tragédia do Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. A infeliz sugestão da ministra paulista costuma ser dada às vítimas de estupros inevitáveis, enquanto o gesto do assessor presidencial normalmente parte de pessoas grosseiras, para ultrajar alguém, mandando-o se submeter a uma outra forma de estupro, ferindo sua moral, sua reputação, sugerindo-o que se posicione da forma mais degradante a que um ser humano poderia se submeter. E quem se dispuser a escarafunchar vai encontrar situações outras, com menor ou maior impacto, que evidenciam o proveito que os políticos nacionais estão tirando da democracia brasileira e o grau de consideração que dispensam aos que formam a Nação, o povo. O descaso é absoluto.
Essa longa e pesada introdução talvez seja desproporcional ao objeto deste comentário, mas, com absoluta certeza, não é desproposital. Dia 26 de julho de 2007, na sede do Poder Legislativo de Livramento de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, ocorreu a “I Conferência Municipal da Cidade”, uma exigência do Ministério das Cidades. Teve dentre os objetivos propor a interlocução entre autoridades e gestores públicos com os diversos segmentos da sociedade, sobre políticas de desenvolvimento; sensibilizar e mobilizar a sociedade para o estabelecimento de agendas, diretrizes, programas, projetos e planos de ação para enfrentar os problemas urbanos; com elaboração de propostas e escolha das formas de execução e fiscalização das mesmas, estabelecendo prioridades e harmonizando as ações dos três entes federativos (União, Estados e Municípios).
Se fosse perguntado ao mais tolo habitante da cidade sobre quem deveria ser os primeiros a chegar para a Conferência, seria razoável arriscar que a resposta não poderia ser outra: os primeiros a chegar, obviamente, deveriam ser os vereadores. Pelo lado mais simples, por serem os anfitriões naturais do evento, como integrantes daquela Casa. Pelo lado óbvio e mais esperado, como os principais interessados nos objetivos da discussão, na qualidade de representantes da cidade. Nem precisaria se argüir a responsabilidade e a obrigatoriedade das suas presenças impostas pelo mandato que lhes foram conferidos. E se esses comezinhos princípios não justificassem, ante o desprezo que a eles possam dispensar os edis, que comparecessem, quando nada, pela decência de recepcionarem os eleitores que acudiram ao convite contido na maciça divulgação do evento, feita pelos organizadores.
Mas, a despeito de tudo dito acima, suas “excelências” (com inicial minúscula mesmo) lá não foram, nem como cidadãos e muito menos como parlamentares. E, claro, fizeram falta. A honrosa exceção foi o presidente da Casa, vereador Marilho Machado Matias, que dirigiu os trabalhos. Fica feitos, então, o registro e o alerta ao eleitor para que reflita bastante na hora de votar, nas eleições do ano que vem.
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Na fronteira
Em recente reportagem, o jornal A Tarde divulgou a existência de vários conflitos de fronteiras entre municípios do Sudoeste da Bahia. Não houve menção a Livramento de Nossa Senhora e D. Basílio, onde há um grave problema nesse sentido. Consta que pertence a Livramento o território onde se formou um pequeno núcleo urbano batizado de “Bairro Osório”, próximo à placa demarcatória do limite entre os dois municípios, às margens da rodovia Livramento-Brumado, que estaria sendo reivindicado pelo vizinho D. Basílio. Resta esclarecer onde os imóveis e eleitores desse povoado estão cadastrados.
Termo de ajuste
“O Mandacaru” divulgou os perigos do “Lixão da Prefeitura”, próximo à rodovia Livramento-Paramirim. O chefe de gabinete do Prefeito, Lafayete Nunes Dourado, rebateu, dizendo que tudo estava em perfeita normalidade, sendo aplaudido por alguns leitores. O Ministério Público periciou o local e constatou que a situação era pior que o denunciado e ajuizou ação contra o Município, requerendo providências. Na “Conferência da Cidade”, o prefeito Carlos Batista anunciou que vai firmar Termo de Ajustamento de Conduta, no processo, comprometendo-se a fazer os ajustes solicitados judicialmente.
Hora dos afagos
Começam os afagos dos políticos nos eleitores, também em Livramento de Nossa Senhora, por conta das próximas eleições municipais. No povoado de Itaguaçu, um candidato a candidato promoveu um churrasco para seus eleitores. Os eleitores de outro candidato a candidato estão exigindo deste um mimo semelhante. Ambos os lados concordes com a engabelação, enquanto as pesadas carretas, cheias de gigantescos quartzitos, e sem recolher impostos, seguem estremecendo o calçamento local, levando tremores ao interior das residências.
Sem iluminação
Ruas e povoados de Livramento de Nossa Senhora, como as do bairro Polivalente, estão com lâmpadas queimadas em vários postes, às escuras. Solicitado a fazer a reposição, o encarregado desse serviço tem dito que falta material, que é fornecido pela Prefeitura. Enquanto isso, a Coelba continua engordando seus cofres com a chamada contribuição para custeio da iluminação pública (Cosip), aprovada pela Câmara de Vereadores, contra a vontade da população, que, agora, paga pelo que não recebe. Nessas horas, é sempre bom pensar nas próximas eleições.
Uma boa madrinha
A deputada estadual Marizete Pereira, esposa do vice-governador da Bahia, Edmundo Pereira, tem visitado muito Livramento de Nossa Senhora. Veio inaugurar o primeiro Centro de Recuperação Social (CRAS), no bairro Benito Gama; teria também apoiado as festas juninas na cidade e, agora, anuncia ampliação da iluminação do Benito Gama, uma área que, de fato, está a exigir atenção especial, pelo alto grau de degradação que o caracteriza. Torce-se para que essa boa madrinha recupere o local daquela pobreza extrema e, principalmente, que substitua o nome por homenagem mais merecida. E há um argumento fatal, o atual homenageado está vivo.
Paralisia na escola
Com a paralisação de 25 de julho, professores da rede estadual acrescentaram mais um dia na inviável agenda de reposição. Em Livramento de Nossa Senhora, a maioria dos alunos comemorou mais essa folga extra, indiferente ao fato de serem os principais prejudicados. Por aqui, o movimento esfriou, com a nomeação dos novos diretores, cabeças locais do movimento da APLB. Wagner mantém a odiosa política eleitoreira de nivelar por baixo catedráticos e os sem qualificação, para agradar a maioria, gastando menos, menosprezando o desagrado da minoria, mais cara, sob o argumento demagógico e perverso de estar favorecendo a baixa renda, mandando às favas o esforço dos que buscaram a qualificação.
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