Página Política | Raimundo Marinho
10.01.2008
O Estado que perverte
O Estado Brasileiro é paternalista e aproveitador, em certo sentido, para não dizer cruel e perverso, quando se trata dos extratos carentes da sociedade, do que não faltam exemplos emblemáticos. Fiquemos com um mais antigo, a permissão para as pessoas analfabetas votarem, e com um mais novo, os favorecidos com o “Bolsa Família”. No primeiro caso, o posicionamento correto, para não dizer apenas justo, seria a erradicação do analfabetismo.
E porque isso não ocorreu? São múltiplas as razões, mas tomemos a mais simples delas. É mais fácil dominar o voto de quem não sabe ler. A alfabetização leva as pessoas ao conhecimento, à cultura, à consciência crítica. E nada disso interessa aos nossos políticos. Como seus filhos freqüentam boas escolas, o resto só lhes interessa como massa de manobra. Só lhes interessa o voto. É bem mais fácil, portanto, editar uma lei dizendo que analfabeto pode votar, do que elaborar, custear e implementar um programa sério de erradicação do analfabetismo. Pelo menos dois coelhos são mortos em uma só pancada: são mantidos os eleitores no cabresto e ainda sobram recursos para serem roubados.
Se a face desse exemplo é perversa, a do “Bolsa Família” ainda é bem pior, pelo quanto o programa ilude, já que envolve pessoas que realmente passam fome. Como negar a oportunidade e a legitimidade de um programa que mata a fome de nossos irmãos? Seria louvável e digno de todos os aplausos, porém, se fosse mantido somente até que outros programas, em paralelo, cuidassem para que, em determinado prazo, nenhum brasileiro necessitasse dessa esmola. Ou, no primeiro caso, que não houvesse sequer um analfabeto no país. Brasileiros vivendo com dignidade, com seu próprio esforço, seriam brasileiros conscientes, livres, que jamais votariam nos autores de tais projetos, que não são projetos, são armadilhas. Eis ai, então, algumas razões para que as coisas sejam do jeito que são.
Além disso, vicia o cidadão, pois não há qualquer contrapartida da sua parte, nem mesmo obrigatoriedade de freqüentar a escola, como no caso do “Bolsa Escola”. Não há fiscalização e poucos cumprem. Quem, de sã consciência, vai se esforçar para trabalhar de oito a 12 horas por dia para ganhar menos que um salário mínimo, como ocorre pelo interior do país a fora, se recebe um salário mínimo sem nada fazer? Porque não há um programa de geração de empregos para absorver exatamente os que estão no programa “Bolsa Família”? Sobrariam recursos para se estender o benefício a um maior número de pessoas.
Nos municípios, nossa base territorial, surgem, principalmente em vésperas de eleições, como as deste ano, outras formas de esmolas, que vão da construção de rudimentares instalações sanitárias, passando pelas cestas básicas, indo até os famigerados sacos de cimento. Tudo por um voto, que leva ao poder, minando a dignidade do eleitor e consolidando o mau-caratismo e a perversidade do candidato. Enquanto isso, as grandes questões de relevante interesse, como o meio ambiente saudável e protegido, a assistência à saúde, as escolas com bom ensino, as estradas, os espaços de laser, o alimento saudável etc são como se não fossem necessários.
Prestar um pouco de atenção e ter uma visão crítica em relação ao processo eleitoral que está praticamente em curso poderá ser muito saudável para nossa comunidade!
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No mato sem cachorro
Pode-se dizer que na arena política de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, não há oposição e a situação é ruim. Em se tratando de candidatos à próxima eleição de prefeito, há todos contra um. Esse um é o ex-prefeito Emerson Leal ou sua esposa, D. Lia Leal. O que preocupa os demais pretendentes, porém, é que nunca vão se unir, pois são pretensiosos demais para ceder a cabeça de chapa ao outro. E, concorrendo separados, sabem que funcionarão, na verdade, como cabos eleitorais do Dr. Emerson, pois a divisão praticamente lhe assegura a eleição.
Melhorar a educação
A estudante Michele Moura Lima, do Colégio Estadual João Vilas Boas, de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, será a representante dos estudantes das escolas públicas da região, na 1ª Conferência Nacional de Educação, prevista para abril deste ano, em Brasília. Seu nome foi escolhido durante a 1ª Conferência Estadual, em dezembro, na capital baiana, onde representou o alunado das escolas públicas do seu município. Trata-se de iniciativa do governo federal que visa definir um sistema articulado de políticas públicas destinadas a melhor qualificar o processo de ensino e aprendizagem.
Faltam água e vergonha
A população da Vila de Iguatemi, em Livramento de Nossa Senhora, Bahia, ainda se ressente da falta de boa água para beber, enquanto jorram projetos na burocracia governamental, lembrados apenas nas vésperas de alguma eleição. Um prevê a elaboração de projeto de adutora, saindo da cachoeira, no valor de R$148 mil. Outro anuncia a implantação de sistema de abastecimento, valor de R$203,89 mil, dos quais R$184,58 já pagos. Há um terceiro, de perfuração de poço para abastecer a vila, via sistema simplificado. Só faltam mesmo água e vergonha na cara dos políticos.
Um bom (agro) negócio
O ex-prefeito de Livramento de Nossa Senhora, Bahia, Emerson Leal, bem menos discretamente do que aparenta desejar, está demonstrando que não pretende facilitar, em nada, o sonho de reeleição do prefeito Carlos Batista. Sua presença está cada vez mais constante no município, com todas as armas que a EBDA lhe proporciona. No mês passado, reuniu-se com a comunidade de algodoeiros da localidade de Arrecife e com os assentados, seus críticos de outrora, do Bloco II do Perímetro Irrigado do DNOCS, próximo ao povoado de Barrinha, onde prometeu tudo que a EBDA pode oferecer._____________________________________________________
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